Partido integra base de Alckmin em SP; Marina vetou aliança com PSDB
Silvia Amorim
SÃO PAULO - O PPS ameaça rever o apoio anunciado ao pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, se o PSB romper a aliança que tem em São Paulo com o PSDB do governador Geraldo Alckmin. A parceria com Campos havia sido aprovada em dezembro no congresso nacional do PPS, e a ala paulista do partido teve peso decisivo na decisão sobre a aliança com o governador de Pernambuco.
Agora, diante da pressão vinda de Marina Silva e seus aliados para que o PSB rompa a aliança com o PSDB em São Paulo e lance candidatura própria à sucessão estadual, o presidente do PPS paulista, David Zaia, disse nesta terça-feira que a decisão de apoiar o governador pernambucano terá de ser reavaliada se o rompimento entre PSB e PSDB for confirmado.
Ele disse que uma das questões conversadas com Campos, antes do anúncio do apoio à candidatura dele, foi a aliança existente entre PPS, PSDB e PSB em São Paulo.
— Nós aprovamos um apoio com base em um cenário de aliança em São Paulo. Se isso mudar, nós temos que reanalisar — afirmou Zaia, que é secretário no governo Alckmin.
Para o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, não é hora para exigências, mas ele considerou natural que o assunto seja rediscutido se a maioria do partido assim decidir.
— É natural que cada um tenha a sua opinião dentro do partido. Se houver a necessidade, vamos reavaliar. Qual o problema nisso? Agora, isso não pode ser colocado como uma exigência. Nós temos que ter em mente que o principal objetivo é construir essa alternativa com Eduardo Campos — afirmou Freire, que torce para que o pernambucano tenha o palanque de Alckmin no estado.
Assim como o PPS, o PSB também tem espaço no primeiro escalão da gestão tucana. Freire classificou como “praticamente impossível" uma saída do PPS da aliança eleitoral de Alckmin, e defendeu a permanência do PSB nesse bloco como a melhor opção para o próprio Eduardo Campos em São Paulo.
— O melhor para a candidatura Eduardo Campos é estar junto ao bloco político liderado pelo PSDB, e não partir para uma candidatura própria apenas simbólica — avaliou Freire.
Encontro em São Paulo
Campos e Marina se encontraram a sós nesta terça-feira na capital paulista. O encontro se deu num momento em que integrantes do PSB e da Rede medem força sobre as alianças eleitorais. Aliados de Marina exigem que o PSB se desligue do PSDB em São Paulo e outros estados, e tenha candidatura própria a governador para reforçar o discurso da terceira via na eleição nacional.
A aliança com o PSDB no maior colégio eleitoral do país, tendo o partido como seu candidato à Presidência o senador Aécio Neves, pode, na avaliação do grupo, enfraquecer a candidatura de Campos.
O pernambucano teria aceito o veto ao PSDB sob a condição de Marina antecipar para o início deste ano o anúncio da sua candidatura a vice. Por enquanto, nada foi oficializado.
O rompimento com os tucanos, já admitido por Campos, desagrada ao PSB em São Paulo. Mas o presidente estadual do partido, deputado Márcio França, que já não descarta o rompimento, disse ontem que a sigla acatará o que for decidido por Campos.
— A decisão será dele (Campos). Nós conversamos hoje e ele me disse que não há nada decidido — disse França.
Se isso se confirmar, uma nova disputa dentro da aliança PSB-Rede está por vir no estado. França disse que, se opção for pela candidatura própria, ele se colocará como candidato para disputar o governo de São Paulo. A Rede também tem interessados na vaga. Um deles é o deputado Walter Feldman. O desejo de Marina de ter a deputada Luiza Erundina como candidata em São Paulo já foi descartado, por conta da recusa da parlamentar.
Numa tentativa de manter o PSB na sua coligação, Alckmin esteve na semana passada com o vice-presidente do PSB paulista e prefeito de Campinas, Donizette Braga. A ele ofereceu o posto de candidato a vice ou a senador para o partido. No encontro, o tucano disse que pretende se reunir com Eduardo Campos em fevereiro para formalizar a proposta.
Às voltas com a formação da coligação para a sua candidatura à reeleição, Alckmin receberá amanhã Aécio em um almoço no Palácio dos Bandeirantes.
Já a reunião convocada pelo governador pernambucano para sexta-feira, em Recife, para discutir as alianças para a eleição de 2014, foi adiada para a próxima semana. Nesta terça-feira, Campos embarcou para Washington (EUA), para uma evento do Banco Mundial. Ele retorna ao país na quinta-feira.
Além de São Paulo, Campos tenta buscar um consenso entre o PSB e a Rede sobre as alianças estaduais em Minas Gerais, Paraná, Pará, Ceará, Paraná e Piauí.
Nesta terça-feira, também aconteceu na capital paulista uma reunião entre lideranças do PSB e da Rede pra discutir o documento que conterá as diretrizes que nortearão o futuro programa de governo da candidatura Campos.
Fonte: O Globo