O Globo
Os dois candidatos têm altas taxas de
rejeição popular, mas os brasileiros irão às urnas para votar a favor da
democracia
A reiterada postura do presidente Bolsonaro
de testar os limites de seu poder, e não gostar do que viu, deu ao
ex-presidente Lula uma vantagem que não teria contra um candidato com história
ligada às tradições políticas liberais a defender. A frente ampla em defesa da
democracia que se formou em torno de Lula não abriu mão de suas críticas quanto
à corrupção nos governos petistas, nem esqueceu o descalabro econômico iniciado
em seu segundo mandato, e concluído com o desastroso governo de Dilma Rousseff.
Os sinais de alerta voltaram a se acender com a divulgação da Carta em que esboça alguns pontos de uma política econômica que ameaça repetir erros que deveriam ter ficado no passado, diante do fracasso da adoção de medidas populistas e baseadas no Estado como indutor da economia. O ato falho de Lula no debate da Globo na sexta-feira, desdenhando os empregos gerados pelos MEI (microempreendedores individuais), figura trabalhista paradoxalmente criada em seu governo para desburocratizar as relações de trabalho, explicita que ele ainda não superou uma visão sindicalista antiquada diante das mudanças trazidas pelo anseio individual de progresso independente.