O Globo
Uma guerra que se ganha perdendo parece ser
o destino da Rússia de Vladimir Putin na escalada militar contra a Ucrânia. O
discurso do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, diante do Congresso
americano, muito assertivo, fez uma análise geopolítica sobre a guerra
interessante, que parece ser consensual: Putin está saindo enfraquecido dessa
guerra, e seu desejo de menos Otan em seu entorno parece estar proporcionando o
ambiente político internacional para que mais países queiram se proteger na
aliança militar ocidental.
A provável derrota militar de Volodymyr Zelensky poderá se transformar numa
derrota política de consequências inimagináveis para a ambição de Putin de
recriar a Grande Rússia. Se não for morto na guerra, Zelensky, que era o alvo
número um do aparato militar russo, será o líder da resistência à dominação,
com grande capacidade de comunicação e uma rede de apoio político que poucos
líderes têm.
Digo que Zelensky era o alvo, e não é, porque, a esta altura, um assassinato
dele poderá ser o estopim de uma reação internacional com reflexos internos,
que podem levar à deposição de Putin. Os interesses financeiros dos oligarcas
que literalmente o sustentam estão fortemente abalados pelas sanções impostas
pelo Ocidente.