O
governo Bolsonaro não planeja bem e ainda se omite da articulação política.
Descumpre, portanto, responsabilidades básicas do Executivo
A tramitação da PEC Emergencial no Congresso mostra um governo incapaz de articular minimamente propostas responsáveis para o País. A rigor, não se pode nem mesmo acusar a oposição de irresponsabilidade fiscal, pois, como ficou evidente, a principal tolerância com o afrouxamento dos gatilhos fiscais veio do presidente Jair Bolsonaro, preocupado que estava em não desagradar aos grupos que formam sua base eleitoral. Uma vez mais observa-se na atuação deste governo a antítese de qualquer espírito reformista.
Vale
lembrar que a PEC Emergencial, prevendo restrições e mecanismos para conter os
gastos públicos, foi proposta pelo governo federal no fim de 2019, dentro do
pacote de medidas intitulado “Plano Mais Brasil”. No entanto, o governo logo se
esqueceu dela, não fazendo nenhum esforço para sua aprovação.
Ao
longo do segundo semestre de 2020, o então presidente da Câmara, deputado
Rodrigo Maia, alertou várias vezes para a necessidade de sua aprovação. “Sem a
PEC Emergencial, (o governo) vai ter muita dificuldade de aprovar
o Orçamento”, disse Maia. O fato é que no ano passado nem o Orçamento nem a PEC
Emergencial foram aprovados.
Agora, com o recrudescimento da pandemia e a consequente necessidade de restabelecer algum auxílio à população mais carente, o governo incluiu na PEC Emergencial um dispositivo possibilitando o pagamento de um novo benefício emergencial, no valor total de R$ 44 bilhões. Foi sobre esse novo texto que Senado e Câmara se debruçaram nos últimos dias.