O Estado de S. Paulo
No barco do presidencialismo
multipartidário, partidos pivô sempre irão existir. O que muda é o timoneiro
Em regimes presidencialistas é o presidente
que é percebido como o responsável pelo desempenho de políticas universais.
Isso é consequência direta da distribuição de seus eleitores em todo o
território nacional. Portanto, não é crível que o presidente transfira
responsabilidade para outros atores políticos se, por exemplo, a inflação sair
do controle, se a população não for vacinada, ou se o desemprego aumentar. Da
mesma forma, se políticas nacionais apresentam um bom desempenho, é o
presidente que tem condições de auferir crédito e benefícios políticos desses
acertos.
Por outro lado, os legisladores, por terem
uma base eleitoral geograficamente mais restrita e delimitada (no caso
brasileiro, os Estados), obtêm maiores créditos e retornos eleitorais
principalmente a partir de políticas locais e/ou setoriais que venham a gerar
benefícios às suas redes locais de interesse na esfera municipal.
Muitos acreditam que o Centrão desembarcará do governo Bolsonaro por uma questão de sobrevivência eleitoral. Mas, será que a sobrevivência eleitoral desse amontoado de partidos ideologicamente amorfos estaria ameaçada com a queda vertiginosa de popularidade do presidente e o aumento de sua rejeição? Será que apoiar o governo Bolsonaro representaria um “abraço de afogados” para o Centrão?