Correio Braziliense
O Brasil atravessa uma contrarrevolução:
retrocessos no padrão civilizatório. A eleição de um ministro evangélico para o
Supremo Tribunal Federal poderia ser sinal de avanço se o novo ministro tivesse
dito que sua escolha era vitória da República laica ao quebrar o predomínio
histórico do catolicismo. Mas a comemoração em função de sua denominação
religiosa indica passo atrás no que deveria ser um passo à frente.
Quebrar o quase monopólio católico seria um avanço, dividir o Supremo por religião é atraso. Ainda mais se o novo ministro servir para compor aliança contra as outras denominações que compõem o imaginário religioso brasileiro: as matrizes africanas, o judaísmo, o islamismo, o budismo e o pensamento ateu. Um ministro evangélico não ameaça conquistas, mas reconhecer que se fez ministro por ser "terrivelmente evangélico", e não por ser "terrivelmente jurista" pode indicar parte de uma contrarrevolução em marcha.