Perito contratado pelo presidente tenta desqualificar fita de dono da JBS
OAB prepara pedido de impeachment e afirma que, independentemente de ter havido ou não edição na gravação da conversa no Jaburu, o diálogo entregue ao MP indica que Temer cometeu crime de responsabilidade
Depois de apostar tudo no julgamento que o Supremo faria na quarta-feira, o presidente Temer desistiu de seu pedido de suspensão do inquérito aberto contra ele. Para evitar uma debandada de aliados a partir de quarta, caso o STF mantivesse o inquérito, Temer reforçou a estratégia de tentar desqualificar o áudio de sua conversa com Joesley Batista, gravada pelo dono da JBS. Contratado pela defesa do presidente, o perito Ricardo Molina disse que a fita tem 70 “pontos de obscuridade” e é “imprestável” como prova judicial, além de afirmar que o MP foi “ingênuo e incompetente”. Outros peritos, como George Sanguinetti e Nelson Massini, contestaram Molina e disseram que, apesar de ruídos e interferências, fica evidente que não há edições na gravação. O presidente da OAB, Claudio Lamachia, anunciou a formalização do pedido de impeachment de Temer e afirmou que, independentemente de ter havido ou não edição no áudio, a conversa indica que o presidente, que não negou a conversa nem os assuntos tratados, cometeu crime de responsabilidade. A OAB cita dois trechos: quando o dono da JBS diz ter a favor dele dois juízes e um procurador, sem que Temer o repreendesse ou denunciasse, e quando Joesley pede ajuda para resolver pendências no Cade.
Temer aciona plano B
Presidente desiste de pedir fim de inquérito após STF condicionar julgamento a laudo da PF
Carolina Brígido e Cristiane Jungblut | O Globo
-BRASÍLIA- Sob risco de ser derrotado no Supremo Tribunal Federal, o presidente Michel Temer mudou de estratégia. Depois de, no sábado, anunciar pedido para suspender inquérito aberto para investigá-lo, ontem Temer desistiu da ideia. A defesa do presidente avisou ao relator da Lava-Jato, ministro Edson Fachin, que não será mais preciso submeter ao plenário do STF o pedido de paralisação da investigação sobre as acusações feitas pelo empresário Joesley Batista, do grupo JBS. Os advogados recuaram por receio de manchar ainda mais a imagem do presidente em meio à crise. Fachin levaria o pedido para a votação do tribunal. Muitos ministros já tinham decidido votar pela continuidade das investigações, o que enfraqueceria Temer ainda mais.