Pobreza em queda revela força e limites do Bolsa Família
O Globo
Programa contribuiu para retirar 6,5 milhões
da miséria, mas a um custo bem maior do que no passado
Os
brasileiros em situação de pobreza — renda inferior a R$ 637 por mês — caíram
de 36,7% da população em 2021 para 31,6% em 2022, segundo o IBGE.
Caiu também a pobreza extrema — rendimento inferior a R$ 200 mensais —, de 9%
para 5,9%. A desigualdade, medida pelo índice de Gini, diminuiu de 0,544 para
0,518. Em termos absolutos, 6,5 milhões saíram da miséria e 10,2 milhões da
pobreza. Num país como o Brasil, com milhões na penúria e uma das maiores
desigualdades do mundo, o avanço merece celebração.
O melhor remédio contra a pobreza é, obviamente, a geração de riqueza. Só o crescimento econômico robusto e sustentado, aliado a uma política educacional capaz de promover mobilidade social, será capaz de erradicar a miséria em definitivo. Mas, enquanto ainda se patina para atingir tal objetivo, os programas sociais, mesmo com seus defeitos, têm desempenhado papel imprescindível. Pelos cálculos do IBGE, sem transferência de renda, a proporção de miseráveis seria 80% maior, a de pobres 12% maior, e a desigualdade 5,5% superior. Ainda que o nível de emprego tenha se recuperado, a ajuda governamental representou 67% do rendimento dos mais pobres em 2022.