segunda-feira, 30 de junho de 2014

Opinião do dia: Ferreira Gullar

O ódio contra a esperança? Parece piada. Que esperança pode representar um partido que, após doze anos de governo, levou o país à inflação e paralisou o crescimento econômico?

A esperança não pode estar em reeleger quem fracassou e, sim, em mudar o que não deu certo.

Ferreira Gullar, poeta, ensaísta e critico de arte. Em artigo ‘Da vaia ao papo furado”, Folha de S. Paulo / Ilustrada, 29 de junho de 2014.

O vale-tudo para garantir minutos na TV

• A primeira etapa da campanha eleitoral termina oficialmente hoje com a confirmação das alianças, que definem o tamanho dos programas dos candidatos ao Palácio do Planalto no rádio e na televisão

Paulo de Tarso Lyra – Correio Braziliense

Às vésperas do fim do prazo para as convenções partidárias, o eleitorado brasileiro presenciou uma corrida frenética e ensandecida por alianças políticas que trouxessem tempo de televisão e palanques fortes nos estados para que os presidenciáveis pudessem ter espaço para expor propostas de campanha. A data-limite é hoje, mas os tempos de televisão estão praticamente definidos (leia quadro). A presidente Dilma Rousseff, com nove partidos coligados oficialmente terá aproximadamente 9 minutos e 40 segundos na propaganda eleitoral; Aécio Neves (PSDB e mais cinco legendas) terá 3 minutos e 10 segundos e Eduardo Campos (PSB e mais quatro partidos) terá ao seu dispor 1 minuto e 46 segundos.

Os acordos de última hora, contudo, incluíram nomeações às pressas para ministérios, defecções de último momento de aliados e necessidade de liberar acordos estaduais para fechar coligações no plano nacional. A convenção do PP, por exemplo, foi parar na Justiça, e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi obrigado a ratificar a aliança do partido com a presidente Dilma Rousseff no plano nacional. "Não havia por que reclamar, já que não fizemos nada que estivesse contra os estatutos do partido. Tanto que a bancada de deputados federais não reclamou da decisão", disse o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), acrescentando que pepistas mineiros não questionaram a aliança apesar do efusivo discurso contrário feito pelo presidente do diretório de Minas, o governador Alberto Pinto Coelho.

O PR, para acatar a aliança nacional com Dilma, chantageou o Planalto e conseguiu a exoneração do ministro dos Transportes, César Borges, substituído por Paulo Sérgio Passos. Existe a expectativa de que a legenda recupere também o controle do Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (DNIT), presidido atualmente pelo general Jorge Ernesto Pinto Fraxe, nomeado pela presidente Dilma em 2011, quando ela decidiu desalojar o PR do Ministério sob a acusação de superfaturamento em obras. "O PR pediu a porteira fechada para apoiar a presidente. Com a promessa de que isso acontecerá, não há por que o apoio não vir", disse um interlocutor da legenda.

É no plano estadual, contudo, que os arranjos políticos mais confundem a cabeça dos brasileiros. "É evidente que aqueles que sonham com os partidos políticos transformados em um espaço de divulgação de propostas e ideologias saem desse processo desapontados", disse o cientista político da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo Rui Tavares Maluf. "Mas quem conhece minimamente o processo de fragmentação partidária sabe que é impossível fazer campanha sem alianças", completou o cientista político.

Os principais embates e reviravoltas se deram, especialmente, nos dois maiores colégios eleitorais do país: Rio e São Paulo. Fechado com a presidente Dilma no plano nacional, o PSD, de Gilberto Kassab, flertou com o PSDB, de Geraldo Alckmin, e confirmou que não havia possibilidade de coligar-se com o PT, de Alexandre Padilha, e acabou unindo-se ao PMDB, de Paulo Skaff. No Rio de Janeiro, Aécio Neves e Dilma Rousseff racham o PMDB fluminense.

A máquina peemedebista local mergulhou de cabeça na campanha de Aécio Neves, estimulada pelo presidente do diretório estadual, Jorge Picciani. Ele lançou a chapa Aezão (Aécio + Pezão, Luiz Fernando Pezão, candidato do PMDB ao governo do Rio), movimento que recebeu a adesão do ex-governador Sérgio Cabral Filho. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, contudo, reagiu à aliança, chamou-a de "bacanal eleitoral" e anunciou que apoiará Dilma. Interlocutores do prefeito carioca reconhecem que ele "não morre de amores pela presidente". Mas não seria, segundo aliados de Paes, possível apoiar uma composição estadual que ressuscitou César Maia (DEM) para o Senado.

Ensaios
Rio e São Paulo também se transformaram no pesadelo da dupla Eduardo Campos e Marina Silva. Depois de ensaiar, sem sucesso, o lançamento de candidatos próprios no primeiro e no terceiro maior colégio eleitoral do país, a aliança PSB/Rede acabou tendo de se contentar em pegar carona no palanque de outros candidatos estaduais. Em São Paulo, o PSB acertou a vaga de vice para Márcio França na chapa do tucano Geraldo Alckmin, em uma jogada que foi considerada por estrategistas como uma derrota política de Eduardo Campos. No Rio, o PSB também foi obrigado a buscar uma aliança, surpreendemente com o PT: o candidato petista Lindbergh Farias terá como companheiro de chapa para o Senado o deputado Romário (PSB).

A última grande interrogação ainda em aberto é quem será o vice na chapa do tucano Aécio Neves ao Palácio do Planalto. A decisão sairá nesta segunda, 30, durante reunião da Executiva Nacional do partido, em Brasília (leia mais na página 3). Dois nomes agora são cotados para a vaga: o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e a ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie.

"É evidente que aqueles que sonham com os partidos transformados em um espaço de divulgação de propostas ficam desapontados. Mas quem conhece o processo de fragmentação partidária sabe que é impossível fazer campanha sem alianças" - Rui Tavares Maluf, cientista político

Aécio passa madrugada em reunião para definir vice

• Com Alckmin e FH, tucano discute em Brasília vantagens e desvantagens de um paulista, nordestino ou uma mulher

Maria Lima e Martha Beck – O Globo

BRASÍLIA — Disposto a manter em segredo o nome do seu candidato a vice até os últimos minutos, o candidato do PSDB a presidente, Aécio Neves (MG) só deverá formalizar o convite ao escolhido na manhã desta segunda-feira. Ele chegou a Brasília no início da noite de domingo e passará a madrugada discutindo com o governador Geraldo Alckmin e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso as vantagens e desvantagens de um paulista, nordestino ou uma mulher.

O nome que todos os tucanos apostavam neste domingo era o do líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira. Mas Aécio sinalizou que ainda há espaço para surpresas e todos poderiam perder a aposta. O anúncio do vice e das coligações estaduais será feito por Aécio amanhã as 11 horas, em reunião da Executiva nacional do PSDB, em Brasília.

Praticamente descartado para vice, o ex-senador Tasso Jereissatti permaneceu hoje em Fortaleza, onde discute com a família a possibilidade ainda de disputar uma vaga ao Senado, na chapa do peemedebista Eunício Oliveira, candidato a governador do Ceará. Hoje a noite os dois ainda teriam uma nova rodada de negociações. Interlocutores de Tasso dizem que ele não quer, mas poderia ceder se for convencido que é fundamental para ajudar Aécio. A maior resistência é dos filhos.

Há ainda o nome de duas mulheres: a ex-ministra Ellen Gracie e a deputada cadeirante Mara Gabrilli. O ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, tentou se viabilizar para o cargo, mas não houve acordo com o seu partido, o PSD de Gilberto Kassab, que fechou apoio a presidente Dilma Rousseff.

Aloysio Nunes é escolhido por Aécio candidato a vice

• Executiva Nacional do PSDB se reúne hoje para anunciar indicação de senador de São Paulo na chapa presidencial

O Estado de S. Paulo

O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, promete anunciar hoje o nome que irá compor sua chapa como vice. O escolhido deverá ser o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), de acordo com informação publicada ontem pelo blog Direto da Fonte, de Sonia Racy.

A Executiva Nacional do partido se reúne em Brasília para anunciar o escolhido. Ontem, Aloysio Nunes não descartou a possibilidade de ser candidato a vice-presidente.

"Pode até ser eu, mas não tem nada resolvido. É uma decisão que vai ser anunciada amanhã (hoje). Não tenho como antecipar isso, lamento. Fica até indelicado", afirmou ao Broadcast Político, serviço em tempo real da Agência Estado, após desembarcar em Brasília na noite de ontem.

Na disputa de 2010, o tucano conquistou 11,1 milhões de votos (30,42% dos válidos) ao ser eleito para uma das vagas do Senado do Estado de São Paulo, maior colégio eleitoral do País. Em caso de derrota na disputa presidencial deste ano, ele ainda tem quatro anos de mandato como senador.

A escolha do Aloysio, ligado ao ex-governador José Serra, é um sinal da importância de São Paulo para a candidatura de Aécio e da necessidade de engajamento do grupo serrista em sua campanha.
Além do senador, eram cotados para a vaga de vice a ex-ministra do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie e o ex-governador do Ceará Tasso Jereissati (PSDB).

Serra. A Executiva Estadual do PSDB paulista também se reúne hoje e deve anunciar o candidato ao Senado na chapa à reeleição do governador Geraldo Alckmin. Serra, um dos cotados, não fez comentários ontem sobre o assunto durante a convenção do partido. A aliados, ele disse cogitar disputar uma vaga de deputado federal, mas sua decisão final só será conhecida hoje.

Aécio: PT vai colher repulsa nas urnas por frustrar população

• Depois de participar de convenções do PSDB e PTB em SP, tucano reafirmou em Curitiba que vice pode ser uma mulher

Silvia Amorim e Dimitri do Valle - O Globo

SÃO PAULO e CURITIBA- Candidato do PSDB à Presidência da República, o senador Aécio Neves disse neste domingo na convenção estadual do PSDB em São Paulo que o PT vai colher a “repulsa” do povo na eleição nacional. Ao pedir o apoio dos paulistas a sua candidatura, o mineiro voltou a dizer que entrega a Presidência ao PSDB se vencer a disputa em São Paulo.

— Aqueles que frustraram a confiança popular e abdicaram de um projeto de país para se contentar exclusivamente com um projeto de poder vão colher nas urnas daqui a três meses aquilo que plantaram: a repulsa da população— discursou Aécio.

Num pronunciamento menos agressivo do que o feito no início do mês ao lançar-se candidato, o presidenciável voltou a criticar o aspecto ético da gestão petista no governo federal. Ele disse que, para muitos dos que estão na administração federal hoje, a possibilidade de enriquecimento através da política se sobrepôs aos interesses públicos.

— Para alguns daqueles que estão hoje no governo federal a vitória das urnas não significou apenas a oportunidade de concretizar um projeto de poder. Significou para muitos deles a oportunidade de ascensão econômica e social e nós queremos resgatar no plano federal a capacidade de construirmos um novo projeto generoso com a federação, permitindo que volte a ter refinanciamento adequado para a saúde e se restabeleça uma efetiva política de segurança.

Em Curitiba, onde esteve no início da tarde deste domingo para o evento que homologou a candidatura à reeleição do governador tucano Beto Richa, Aécio voltou a fazer mistério sobre a definição do nome do vice para compor sua chapa. O nome será anunciado nesta segunda-feira. Ele admitiu, em Curitiba, que o vice pode ser mesmo uma mulher. Em entrevista num restaurante ele voltou a falar sobre a possibilidade de uma vice mulher quando informou que o nome será conhecido durante anúncio marcado para às 11 horas desta segunda-feira, em Brasília.

Indagado por uma jornalista se tinha mais detalhes sobre quem seria o vice, respondeu:

- Pode ser o vice ou a vice. Não posso dizer mais nada até amanhã.

Aécio disse que iria dedicar o restante do domingo às discussões sobre a definição do futuro ou futura vice de sua chapa. Um dos nomes cotados é o da ex-ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Ellen Gracie.

Em clima de Copa, o candidato tucano também criticou a ausência de projetos de mobilidade urbana prometidos para funcionar durante o Mundial da Fifa e culpou o governo federal por ter deixado “obras inacabadas”.

- O que ficou pronto para a Copa do Mundo foram os estádios. As grandes promessas de mobilidade, feitas em 2007, não saíram do papel. A grande verdade é que a inaptidão do atual governo para realizar alcançou também a Copa do Mundo. O Brasil é um grande cemitério de obras inacabadas e com sobrepreços espalhados por toda a parte. O que eu espero é ganhar dentro do campo, dando uma imensa alegria à população brasileira. E dois meses e meio depois da final da Copa do Mundo, vamos ganhar de novo, elegendo um governo que tenha compromisso com a ética, a eficiência e com as mudanças, tudo o que o governo do PT não tem tido.

Aécio Neves lembrou das cheias que afetam os estados do Sul, como Paraná e Santa Catarina, nas últimas semanas. Ele responsabilizou o governo federal por não ter investido em planos de prevenção para conter as calamidades.

-Faltam ações, sobretudo do governo federal, de prevenção, que permitam uma resposta mais rápida a essas regiões, a essas famílias. Essa coordenação por parte do governo federal vem faltando não apenas no Paraná, mas em outras partes do Brasil.

Pela manhã, ainda em São Paulo, Aécio prestigiou a convenção estadual do PTB na capital paulista. Ao agradecer o apoio ao secretário-geral da sigla, deputado Campos Machado, o presidenciável tucano disse que a parceria continuará num eventual governo dele na Presidência da República.

A convenção do PSDB oficializou nesta tarde a candidatura à reeleição do governador Geraldo Alckmin e a indicação do PSB para a vice. O nome do escolhido ainda será formalizado, mas tudo indica que será o presidente estadual do PSB em São Paulo, Márcio França, que estava na convenção tucana.

O ex-governador José Serra teve a candidatura a deputado federal homologada nesta tarde, mas lideranças do partido disseram que esse quadro ainda pode mudar até o dia 4, embora considerem pouco provável uma indicação dele à vaga para o Senado. Serra fez um discurso em defesa da continuidade do legado do PSDB no estado e, ao pedir voto para Aécio, ele pediu à população que não tenha medo de mudar.

— Só podemos ter medo de uma coisa na vida pública: o medo do medo de mudar. Não podemos ter medo de mudar. A nossa coragem vai ter que se desdobrar em duas frentes. A primeira é para que esse estado continue a ser uma das grandes forças que movem o Brasil. A segunda é mobilizar o povo de São Paulo para mudar o Brasil elegendo para a Presidência da República Aécio Neves.

Serra recebeu elogios de Alckmin e Aécio. O primeiro referiu-se a ele como "guerreiro incansável" e Aécio disse que ele é um "extraordinário líder político".

Alckmin oficializa candidatura e diz que SP não quer 'esperteza'

Daniela Lima, Gabriela Terenzi e Gustavo Uribe – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Em um discurso carregado de críticas indiretas aos seus principais adversários, o governador Geraldo Alckmin afirmou neste domingo (29) que São Paulo não quer "esperteza" nem "arrogância". De acordo com ele, muitos semeiam o "caos" e a "discórdia", mas não chegaram ao governo estadual e "não chegarão".

"São Paulo não quer saber de contabilidade criativa. São Paulo não quer esperteza ou arrogância, mas quer experiência e honestidade", criticou.

O tucano, cuja candidatura à reeleição foi lançada neste domingo (29) na convenção estadual do partido, ressaltou que "não existe atalho na vida pública" e que não há "jeitinho" para conseguir avanços em educação, saúde ou segurança.

A afirmação se refere ao fato de os principais adversários do governador, Alexandre Padilha (PT) e Paulo Skaf (PMDB), nunca terem exercido um mandato público e eletivo. "Foi sem atalho que chegamos até aqui", afirmou.

"Pode-se enganar algumas pessoas, mas não se pode enganar todas as pessoas todo momento", disse o governador, reproduzindo citação do ex-presidente americano Abraham Lincoln (1809-1865), que governou os EUA de 1861 a 1865.

Em um discurso de tom ufanista, no qual ressaltou o "orgulho" de ser paulista, o tucano resgatou o legado do partido nos últimos 20 anos em São Paulo, enumerou obras feitas pela sigla e citou três vezes o seu principal padrinho político, o ex-governador Mário Covas, de quem já foi vice.

Em um aceno ao pré-candidato do PSDB à sucessão presidencial, o senador Aécio Neves, citou o ex-presidente Tancredo Neves –avô do senador mineiro– e declamou trecho de poema do poeta Carlos Drummond de Andrade, natural de Itabira (MG).

"Fácil é sonhar todas as noites, difícil é lutar por um sonho", disse.

Críticas
Os tucanos aproveitaram a convenção do partido para subir o tom contra o PT e o governo Dilma.

Aécio Neves insinuou que o PT assumiu o governo federal para fazer seus dirigentes ascenderem economicamente.

"Infelizmente, a vitória para eles não significou apenas uma oportunidade de exercer um projeto de poder, mas a possibilidade de ascensão econômica."

Antes, o ex-governador de São Paulo José Serra acusou o PT de fazer uma "pregação terrorista" contra a oposição que, segundo ele, não tem mais o que oferecer ao país.

O deputado Márcio França (PSB), candidato a vice-governador na chapa de Alckmin, defendeu a chapa formada com os tucanos, fruto de "muitas conversas", e fez uma crítica velada ao PSD.

"Que bom que ainda temos políticos no padrão Geraldo Alckmin. Aliás, governador, vale a ressalva: que bom que nós conseguimos purificar a nossa canoa. Porque na nossa canoa havia gente que não cabia direito nesse padrão. Que bom que escolheram outros caminhos. Vão se sentir melhor por lá certamente", alfinetou França.

Na sexta-feira (27), o presidente do PSD e ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, anunciou apoio à candidatura de Paulo Skaf (PMDB) ao governo estadual. No plano federal, a sigla apoia a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT).

Aécio diz que petistas subiram ao poder para ascender economicamente

Daniela Lima, Gustavo Uribe e Gabriela Terenzi – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Os tucanos aproveitaram a convenção estadual do partido, que oficializou a candidatura do governador Geraldo Alckmin à reeleição, para subir o tom contra o PT e o governo Dilma.

O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, insinuou neste sábado (29), durante discurso na convenção, que o PT assumiu o governo federal para fazer seus dirigentes ascenderem economicamente.

"Infelizmente, a vitória para eles não significou apenas uma oportunidade de exercer um projeto de poder, mas a possibilidade de ascensão econômica", afirmou.

Aécio defendeu a reeleição de Alckmin, a quem fez elogios, mas deu tom nacional ao seu discurso. Disse que o PT vai "colher nas urnas o que plantou": "a repulsa" do povo brasileiro.

O tucano defendeu a unidade do partido, após impasses sobre quem seria o candidato do PSDB de São Paulo ao Senado.

Em maio, Serra manifestou disposição em disputar o Senado ou uma cadeira na Câmara. Na última semana, no entanto, o governador Geraldo Alckmin ofereceu a vaga de senador ao PSD, partido do ex-prefeito Gilberto Kassab, que acabou fechando aliança com o PMDB de Paulo Skaf.

Houve reação de líderes do partido, que defendiam Serra como o nome para o posto. O impasse em torno da vaga, porém, levou Serra a optar por disputar uma vaga na Câmara.

"A partir de agora, somos um só corpo, uma só alma", afirmou Aécio.

O deputado Márcio França (PSB), candidato a vice-governador na chapa de Alckmin, defendeu a chapa formada com os tucanos, fruto de "muitas conversas", e fez uma crítica velada ao PSD.

"Que bom que nós conseguimos purificar a nossa canoa. Porque na nossa canoa havia gente que não cabia direito nesse padrão. Que bom que escolheram outros caminhos. Vão se sentir melhor por lá certamente", alfinetou França.

O ex-governador de São Paulo José Serra, em seu discurso, acusou o PT de fazer uma "pregação terrorista" contra a oposição porque, segundo ele, não tem mais o que oferecer ao país.

De acordo com Serra, no "desespero", o partido adentrou em "terras perigosas" e recorrido ao discurso da intolerância.

Para ele, o PT nunca foi uma sigla "socialista" ou de "esquerda", é um "partido autoritário e que manipula os interesses do país.

Já o presidente do PSDB paulista, o deputado federal Duarte Nogueira,criticou adversários do governador Geraldo Alckmin que, na disputa pelo governo de São Paulo, propõem ser governos de mudança.

"São Paulo não tem espaço para laboratórios. Laboratórios do PT e dos nossos adversários", disse.

Esta campanha será uma batalha, mas vamos vencer, diz Serra

• Ex-governador participa da convenção que confirmou candidatura de Alckmin à reeleição em SP, mas evita falar sobre seu futuro político

Elizabeth Lopes - Agência Estadão

SÃO PAULO - O ex-governador de São Paulo José Serra disse neste domingo, 29, que a campanha eleitoral deste ano será uma batalha, mas que seu partido conseguirá vencer. A afirmação foi feita na convenção estadual do PSDB, que homologou o nome do governador Geraldo Alckmin como candidato à reeleição ao governo de São Paulo.

No rápido discurso, Serra classificou a gestão petista de "incompetente" e disse que o PSDB não tem problema com o passado, diferentemente dos outros partidos. Ele falou dos problemas que o País enfrenta na seara econômica e listou os feitos de seu partido a nível nacional e estadual. O PSDB governa o Estado de São Paulo há 20 anos.

Nas críticas ao PT, Serra disse que a legenda nunca foi socialista ou de esquerda. “É um partido autoritário”, afirmou.

O ex-governador tucano disse que é preciso estar presente nesta campanha eleitoral “de forma corajosa”. Usando o mote que o PT vem imprimindo nesta campanha, ele afirmou que a única coisa que não se deve ter medo é o de mudar, numa referência à gestão de cerca de 12 anos do PT na Presidência da República.

No discurso, Serra não falou sobre seu futuro político. Ao deixar o evento, não deu entrevistas e não comentou as informações de membros da executiva do partido de que ele deve disputar uma vaga a depurado federal.

Em MG, PSB tenta evitar debandada de aliados

• Socialistas, incluindo o prefeito de BH, já decidiram apoiar Aécio

- O Globo

BRASÍLIA- Dirigentes do partido de Eduardo Campos em Minas Gerais se desdobravam ontem para evitar a debandada de aliados que começou desde que a cúpula do PSB definiu pela candidatura própria no estado. Segundo cálculos preliminares, o PSB poderá perder ao menos 10 das 40 candidaturas que teria na coligação mineira. O partido corre contra
o relógio — o prazo de convenções termina hoje — para assegurar um número viável de alianças no estado.

Isso porque uma parcela significativa de integrantes do PSB e de legendas aliadas em Minas, incluindo o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, decidiu romper com Campos para permanecer ao lado do tucano Aécio Neves, com quem estiveram aliados há mais de dez anos.

— Está havendo um assédio pesado, tanto do lado do PT, quanto do PSDB, para que gente do nosso partido e nossos aliados pulem fora. Estamos conversando, tentando estancar, mas sabemos que alguns vão sair — disse o presidente do PSB mineiro, deputado Júlio Delgado (PSB-MG).

— Lacerda está apoiando o Aécio, assim como a maioria esmagadora dos prefeitos e deputados estaduais do partido. O PSB fez uma opção arriscada — disse o presidente do PSDB de Minas, deputado Marcus Pestana.

Candidaturas postas no DF

Helena Mader – Correio Braziliense

A corrida eleitoral no Distrito Federal já tem seis candidatos a governador, mas apenas dois concorrentes a vice. Somente Agnelo Queiroz (PT) e Toninho do PSol formaram a chapa majoritária completa. José Roberto Arruda (PR), Rodrigo Rollemberg (PSB), Luiz Pitiman (PSDB) e Eliana Pedrosa (PPS) ainda não têm vice, e a expectativa é que os nomes sejam anunciados nos próximos dias. Hoje é o último dia para a realização de convenções partidárias, mas algumas decisões importantes podem ficar para o próximo sábado, data-limite para o registro de candidaturas na Justiça Eleitoral.

No início de abril, Rollemberg recebeu o apoio do deputado federal Reguffe (PDT), que abriu mão da candidatura própria para fazer dobradinha com o senador do PSB. Na época, houve especulações de que o pedetista poderia ser o vice de Rollemberg, mas o deputado optou pela vaga ao Senado.

Na última sexta-feira, a candidatura do senador ganhou o apoio do PSD e do Solidariedade. Juntos, os dois partidos têm quase três minutos de propaganda na televisão, o que transformou a dupla no alvo da cobiça de todos os concorrentes ao Palácio do Buriti. Os presidentes regionais das legendas, Rogério Rosso e Augusto Carvalho, respectivamente, decidiram formar aliança com Rollemberg e a indicação do vice ficará por conta do PSD.

"Em menos de seis meses, fizemos uma excelente construção política, primeiro com a Rede e com o PDT, agora com o PSD e com o Solidariedade", comemora o senador Rodrigo Rollemberg. "Ninguém acreditou na aliança com o PDT, diziam que o (Carlos) Lupi interviriria. Depois, questionaram a viabilidade da aliança com o PSD e o Solidariedade. Mas fizemos uma aliança programática muito produtiva, com uma chapa competitiva tanto para as majoritárias quanto para as proporcionais", acrescenta o senador. Ele aposta na escolha de um nome para vice ainda hoje.

Depois do acordo com o PSD, militantes da legenda chegaram a cogitar o nome da ex-primeira-dama Karina Rosso, mulher do presidente da sigla, para o posto. Mas pedetistas e integrantes do PSB reagiram à possibilidade, que foi desmentida pela família Rosso. Entre os citados como possíveis indicados, estão o jornalista Hélio Doyle e o ex-chefe de gabinete de Rosso, Luiz Fernando Costa.

Puro-sangue
A costura para escolher o número dois de cada coligação pode levar até mesmo à redução do número de candidatos ao GDF. Entre os arrudistas, existe uma expectativa de que Eliana possa abrir mão de disputar para se juntar à coligação liderada pelo PR. No último sábado, a distrital foi lançada oficialmente candidata na convenção do PPS. Pessoas próximas ao ex-governador, no entanto, ainda apostam na união dos dois grupos.

O presidente regional do DEM, Alberto Fraga, que será candidato a deputado federal na chapa de Arruda, disse ontem que ainda tem esperança na dobradinha. "Espero que o PPS entenda o seu papel na política e na construção de um palanque forte para derrubar o governo que está aí, diferentemente do PSDB, que tem sido irredutível nas conversas. Caso Pitiman confirme sua chapa, fará um grande desserviço para o DF", disse Fraga.

José Roberto Arruda também falou sobre a escolha do vice durante a convenção do PR e prometeu uma novidade para hoje. As negociações vão se estender até o último momento. "A definição vai ocorrer até amanhã (hoje) e estamos caminhando para essa escolha, mas, independentemente do nome, ele virá para agregar. Nossa decisão será pensada para o futuro do DF", justificou Arruda.

Além da aposta em Eliana, os arrudistas contam com a possibilidade da formação de uma chapa puro-sangue. Nesse caso, o escolhido pode ser o ex-deputado federal Jofran Frejat (PR), antigo aliado de Joaquim Roriz. Ele foi o candidato a vice nas últimas eleições, quando Roriz se lançou ao GDF, mas foi substituído por dona Weslian. A deputada federal Jaqueline Roriz (PMN) também é cotada.

O PP, partido presidido no DF pelo deputado distrital Benedito Domingos, também realizou convenção ontem. Mas a legenda não definiu ainda o rumo nas próximas eleições. A intenção é analisar o cenário para tomar uma decisão que pode ser tanto permanecer na base do governador Agnelo Queiroz ou fechar com um dos candidatos da oposição. "Temos que levar em conta não apenas a questão da coligação majoritária, mas também das proporcionais. O partido está dividido", reconheceu Benedito. O PP tem em seus quadros aliados de Arruda como o ex-vice-governador Paulo Octávio e o deputado distrital Paulo Roriz.

Um dos motivos de interesse dos demais partidos é o tempo de televisão do PP. A legenda tem um minuto e meio para oferecer numa negociação com as demais legendas. Como tem ocorrido em todas as eleições, o partido deixa para anunciar os aliados no último dia.

Isolados
No sábado, o PPS e o PSDB confirmaram em suas convenções as candidaturas de Eliana Pedrosa e Luiz Pitiman, respectivamente, ao Palácio do Buriti. Mas, por enquanto, os dois concorrentes não conseguiram aliados para coligações, o que dificulta não apenas a eleição ao governo, como também de deputados federais e distritais.

Tempo na tevê
A coligação de Agnelo Queiroz e Tadeu Filippelli é a que terá mais tempo de tevê. O PT, o PMDB e os 15 partidos da base aliada terão, juntos, cerca de 10 minutos. Em segundo lugar está Rollemberg, que graças ao apoio de partidos como SDD, PDT e PSD terá cerca de cinco minutos no ar. O candidato com menor tempo de propaganda será Toninho do PSol, que junto com o PSTU terá cerca de um minuto.

Terceira Via no palanque tucano

Julia Duailibi – O Estado de S. Paulo

Na viagem que fará para Cartagena, na Colômbia, o presidenciável tucano Aécio Neves (PSDB) captará imagens para o seu programa de TV no horário eleitoral, que começa em agosto. A partir de amanhã, Aécio participa ao lado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso da Cumbre da Tercera Vía, encontro de ex-presidentes e ex-primeiros-ministros que discute a doutrina política que propõe um caminho entre a direita e a esquerda.

Uma equipe de gravação acompanhará o tucano com a ideia de mostrar Aécio entre os ex-líderes que estarão na cidade histórica colombiana. O objetivo é dar uma dimensão de “estadista” ao presidenciável, que tem como principal adversária Dilma Rousseff (PT) – na agenda oficial da presidente, há encontros com líderes internacionais, principalmente durante a Copa do Mundo, como a reunião com a chanceler alemã Angela Merkel.

Além de FHC, participam do encontro na Colômbia o ex-presidente americano Bill Clinton, o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, o ex-primeiro-ministro espanhol Felipe González e o ex-presidente chileno Ricardo Lagos. Os tucanos esperam ainda conseguir colher um depoimento de algum desses líderes a favor de Aécio.

O encontro será capitaneado pelo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos. Durante as discussões, os ex-presidentes tentarão relançar a “terceira via”, conceito criado pelo sociólogo inglês Anthony Giddens nos anos 90, que, em termos gerais, defende a aplicação do liberalismo econômico com conceitos sociais-democratas.

A ideia usada por Aécio não é original. Em 2008, durante a campanha eleitoral norte-americana, o então candidato democrata Barack Obama era questionado sobre suas credenciais na área de política externa. Para tentar reverter a situação, ele realizou uma viagem pela Europa na qual cumpriu agenda com líderes internacionais.

Lei permite 'bacanal eleitoral', diz TSE

• Emenda aprovada em 2006 prevê que partidos façam alianças e coligações regionais diferentes do que foi decidido no plano federal

João Domingos - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O vale-tudo criado pelos partidos na formação de alianças para disputar a Presidência e os governos estaduais tem recebido críticas, mas está garantido pela Constituição e foi autorizado pelo Tribunal Superior Eleitoral em 2010. "Hoje prevalece o entendimento de que podem ser feitas alianças e coligações regionais diferentes do que foi decidido no plano federal", diz o presidente do TSE, José Antonio Dias Toffoli.

"Em 2006 o Congresso aprovou a Emenda Constitucional 52, que derrubou a verticalização adotada pelo TSE e pelo Supremo Tribunal Federal nas eleições anteriores. É a regra do jogo", afirma o ministro do TSE, para quem não há o que fazer em relação a esse clima de "bacanal eleitoral".

A definição "bacanal eleitoral" para as alianças feitas nos Estados foi dada pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), ao saber que o ex-governador Sérgio Cabral tinha abandonado a disputa ao Senado para ceder a vaga ao ex-prefeito Cesar Maia (DEM).

Entre os exemplos do vale-tudo que tomou conta da campanha está a mudança de posição do PTB, até então integrante da base aliada de Dilma, que migrou para a candidatura à Presidência do tucano Aécio Neves, um dia antes do PT confirmar a indicação de Dilma Rousseff à reeleição. O PTB alegou que não obteve apoio do PT em coligações nos Estados.

Autonomia. A emenda a que Dias Toffoli se refere assegura aos partidos autonomia para adotar o regime de coligações eleitorais. Diz que as siglas ficam desobrigadas de vincular as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo cada estatuto definir normas de fidelidade partidária.

Uma passada de vista nas alianças regionais mostra o quadro esquizofrênico deste ano. Em São Paulo o governador Geraldo Alckmin (PSDB), candidato à reeleição, tem como vice Márcio França, do PSB, sigla de Eduardo Campos, o principal adversário de Aécio na corrida presidencial.

Já o candidato a vice de Dilma é o peemedebista Michel Temer, mas o PMDB não se coligou com o PT em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul, Ceará e Goiás, que estão entre os dez maiores colégios eleitorais do País.

Contas públicas têm déficit de R$ 11 bi em maio, o pior para o mês em 13 anos

• É a primeira vez que um mês de maio tem saldo negativo

Gabriela Valente – O Globo

BRASÍLIA - O Brasil gastou mais do que economizou em maio e teve um déficit primário nas contas públicas de R$ 11 bilhões. Foi o pior resultado já registrado no mês desde quando o Banco Central começou a registrar os dados em 2001. Nunca houve um resultado no vermelho em meses de maio. Até este ano, o chamado setor público (União, estados, municípios e empresas estatais) sempre tinha feito um esforço fiscal para poupar recursos e pagar juros da dívida pública (superávit) primário. Analistas esperavam déficit menor, de R$ 9,5 bilhões.

Um forte resultado negativo já era esperado pelos analistas do mercado financeiro desde a sexta-feira da semana, quando o Tesouro Nacional divulgou as contas do governo federal. Com receitas em queda por causa da debilidade da atividade econômica e gastos numa desaceleração muito menor, Tesouro, Previdência Social e BC gastaram R$ 10,5 bilhões a mais do que arrecadaram. Com isso, os economistas apostavam em um rombo de cerca de R$ 9 bilhões em maio.

Pela quinta semana seguida, mercado reduz previsão para o PIB deste ano

• Agora, expectativa é de alta de apenas 1,1%

- O Globo

RIO - Pela quinta semana consecutiva, analistas do mercado financeiro reduziram a projeção para o crescimento da economia brasileira. Agora, a expectativa é que o Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país) avance apenas 1,1% em 2014, segundo o boletim Focus divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central (BC). Na semana passada, a estimativa era de 1,16%. A mediana das previsões para o desempenho de 2015 também diminuiu — esta pela sexta semana seguida —, para 1,5%.

Já a estimativa para à produção industrial, cuja estimativa para este ano ficou negativa pela primeira vez na semana passada, ficou estável em -0,14%. Para o ano que vem, os economistas continuam esperando crescimento do setor de 2,2%.

A perspectiva para a inflação também ficou inalterada em 6,46%, pouco abaixo do teto da meta do governo, que é de 6,5%.

Ricardo Noblat: Morderam Dilma

“Eu nunca fui comunista. Fui torneiro mecânico”
Lula

- O Globo

Na última sexta-feira, em Salvador, ao participar da convenção que lançou o candidato do PT ao governo do Estado, Lula afirmou que a política vive um momento de descrédito e que é preciso moralizá-la.
E completou: “Aos olhos do povo parece uma coisa vergonhosa”. E não é? Ora, Lula e o PT, mas não somente eles, contribuem para que boa parcela dos brasileiros sinta nojo da política e dos políticos.

Um dia antes, em Brasília, a presidente Dilma Rousseff havia dado posse a Paulo Sérgio Passos, o novo ministro dos Transportes.

Ministro costuma ser empossado em uma das amplas salas do segundo andar do Palácio do Planalto. As cadeiras, ali, jamais são suficientes para o número pessoas interessadas em prestigiar o novo ministro.

Pois a cerimônia ocorreu numa sala menor do terceiro andar. Durou menos de 20 minutos. E foi quase clandestina. Políticos de peso não compareceram. O discurso de Dilma não passou de uma peça chocha e cínica.

Ela disse que a ocasião se prestava para uma “pequena reorganização do time que toca a infraestrutura e logística do governo”. E concluiu: “Estou realocando as melhores pessoas em funções diferentes”.

Referia-se à transferência de Paulo Sérgio, presidente da Empresa de Planejamento e Logística, para o lugar de César Borges, até então ministro dos Transportes.

Borges foi rebaixado à condição de ministro da Secretaria Especial dos Portos em substituição a Antônio Henrique Silveira, que doravante responderá pela secretaria-executiva do ministério de Borges. Por que esse troca troca?

A implacável faxineira ética do início do governo, a dura executiva que não perdoa falhas dos seus auxiliares, a mulher valente que se orgulha de manter distância dos políticos por considerá-los desprezíveis, enfim essa senhora antipática e refratária a salamaleques rendeu-se à pressão de uma agremiação inexpressiva chamada Partido da República (PR).

Piscou primeiro. E ofereceu o ombro para ser mordido. Arrancaram-lhe uma fatia de autoridade.

Preocupada em assegurar o apoio do PR à sua reeleição e, por tabela, pouco mais de um minuto de propaganda eleitoral na televisão e no rádio, Dilma demitiu do Ministério dos Transportes quem mais de uma vez apontara como um dos seus melhores ministros.

Borges é filiado ao PR – assim como Paulo Sérgio. Mas o PR se queixava de que Borges não atendia aos pedidos dos seus parlamentares.

A escolha de Paulo Sérgio desagradou ao PR, que o considera resistente à ideia de facilitar negócios inconfessáveis. Por isso, nenhum nome do partido foi visto na posse dele.

O anúncio oficial do apoio do PR a Dilma está marcado para esta segunda-feira. É improvável algum recuo. Salvo se o inquilino de uma das celas da Penitenciária da Papuda, em Brasília, acordar de mau humor.

Valdemar da Costa Neto é o nome dele. Envolvido com o mensalão do PT, acabou condenado por corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. É ele que manda no PR.

A República sabe disso. Como sabe que foi de uma cela do presídio Ary Franco, no Rio, a do ex-deputado Roberto Jefferson, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, que partiu a ordem para o PTB abandonar Dilma e aderir à candidatura a presidente de Aécio Neves (PSDB).

A propósito: Fernandinho Beira-Mar não movimenta milhões de reais de dentro de cadeias de segurança máxima?

Por que tenebrosas transações políticas não podem aproximar da Praça dos Três Poderes outro gênero de bandidos?

José Roberto de Toledo: A trave e a janela

- O Estado de S. Paulo

Após Neymar cobrar o escanteio e Thiago Silva resvalar para trás, Gonzalo Jara tentara evitar que David Luiz marcasse para o Brasil. A bola espanou e entrou na sua própria meta. O registro do gol para o brasileiro não foi alívio. A cobrança do último pênalti para o Chile seria, essa sim, a redenção de Jara. Empataria a série e ressuscitaria sua seleção na Copa.

Correu convicto. Firmou a perna esquerda no gramado, inclinou o corpo para trás e fez uma alavanca. Bateu na Brazuca com o lado de dentro do pé direito, jogando a perna para cima. A bola saiu girando, forte, à meia altura, no canto, bem no canto, além do alcance das mãos defensoras de Júlio César. Certo de que ela entraria, Jara esboçou uma comemoração.

Deu os primeiros dois passos do que seria a corrida para a glória. Mas congelou o terceiro, incrédulo, ante o que acabara de ver. A Brazuca chocou-se contra a parte interna da trave esquerda, girou no sentido horário e descreveu uma parábola impossível. Voou paralela à linha do gol, driblou a trave oposta, e saiu pela linha de fundo. Bola fora, Brasil dentro.

Um centímetro que ela batesse mais à esquerda, houvesse uma concavidade na trave, e talvez a Brazuca enfunasse a rede brasileira, mudasse a carreira de um jogador, a trajetória de sua seleção, o futuro da melhor geração chilena no futebol, o resultado da Copa. Quem sabe até, a história da eleição.

O duplo erro de Jara, no escanteio e no pênalti, garantiu mais uma semana de indivisível atenção dos brasileiros à Copa. Os erros foram tão improváveis que seria impossível planejá-los. Para despeito de quem acredita que há sempre alguém puxando as cordas do destino, trata-se apenas do aleatório, o deus que rege o universo e, acima de tudo, o futebol. Sorte de Dilma.

Ao longo de junho, a presidente conseguiu sustentar sua taxa de aprovação e, por consequência, seu eleitorado - a despeito de mais uma queda da confiança do consumidor medida pelo INEC. O índice calculado pela CNI com base em pesquisa do Ibope é a série histórica que guarda maior correlação com a popularidade presidencial. Foi assim com Lula e FHC, é assim com Dilma.

Por que, então, o aumento do pessimismo em relação ao próprio poder de compra, à inflação e ao desemprego não fez mais eleitores virarem casaca contra a petista? Porque é, para além do marketing oficial, uma Copa de copas e imagens. Os gols decisivos de James Rodríguez, os dribles desmoralizantes de Robben, o tique-taque alemão, os aviões de dinheiro africanos, as mordidas de Luis Suárez, o choro dos jogadores brasileiros - e milhões de doses de cerveja, caipirinha e tequila.

Não há enredo de ficção que iguale o drama da realidade. A Copa é o maior palco do mundo e ao seu redor pulsa um carnaval multinacional. A festa dentro e fora de campo mudou a opinião dos brasileiros, melhorou seu humor. Pesquisa Ibope divulgada por Época mostra que a atitude dos anfitriões perante a Copa esquentou e que mais gente apoia o evento. Alívio para Dilma.

Até quando? Até a Copa acabar ou até o Brasil ser eliminado. Nas oitavas, a eliminação da seleção brasileira seria precoce, e a ressaca, grande. Das quartas para frente, é do jogo - e o jogo mostrado até aqui pelo time de Felipão não alimenta muita esperança. Seja quando for, a festa acaba quando termina. E aí começa uma janela de tempo desafiadora para Dilma.

A publicidade governamental estará suspensa, por lei, a partir de 7 de julho. O palco da Copa será desmontado no dia 14. E ainda faltará mais de um mês até que Lula possa entrar em campo durante o horário eleitoral no rádio e na TV. Serão 37 dias sem musiquinha da Fifa, sem a enxurrada de propaganda das estatais, e sem Messi nem Neymar para dividir as atenções. Será hora de Dilma mostrar se é Espanha ou Holanda.

Valdo Cruz: Lições da Copa

- Folha de S. Paulo

A Copa do Caos virou a Copa das Copas depois que a bola começou a rolar. Duas versões cujos fatos, de ontem e de hoje, confirmam, pelo menos em boa parte, o que se passa no país do futebol.

Vamos por partes. Lula e Dilma saíram da retranca e partiram para o ataque. Com pose de campeões antecipados, batem nos que entoaram o coro do "Não vai ter Copa", que está sendo "extraordinária".

Compreensível e até justo. Eles viveram meses numa agonia só. De fato, difundiu-se uma versão de que a Copa seria uma tragédia, e o Brasil passaria um enorme vexame.

Deu-se o contrário. O país entrou no clima de Copa. Quem já foi aos estádios, como eu, está adorando. À exceção de alguns incidentes aqui e ali, tudo está sendo um grande sucesso. Fora e dentro dos campos.

Êxito que levou a presidente a cobrar das mídias nacional e internacional que admitam ter errado na avaliação sobre o evento. Aí começa a outra parte da história.

Guiados pela política, certos grupos pregaram o desastre, tal como o PT do passado. Mas boa parte da mídia só cumpriu seu papel e expôs o improviso na preparação da Copa.

Balanço da Folha mostrou que, a dez dias do torneio, apenas metade do prometido em obras e ações foi cumprido. O Itaquerão, palco da abertura, foi entregue no sufoco. A Arena das Dunas foi vistoriada por bombeiros com a Copa iniciada.

Os aeroportos funcionam muito bem, mas estão repletos de tapumes cobrindo obras inacabadas. Enfim, há exemplos de sobra para mostrar que a maravilha de hoje sobreviveu a uma baita desorganização.

Justiça seja feita, confusão criada não só pelo governo Dilma mas também pelos estaduais e parte do setor privado --que deram farta munição para os profetas do caos.
O risco é repetirmos o engano de sempre. O desastre anunciado não se realiza e os erros são esquecidos. Tomara que a seleção não siga este rumo depois do sufoco de sábado.

Paulo Brossard: O imprevisto presidiu os acontecimentos

- Zero Hora (RS)

A circunstância de dois ilustres homens públicos terem anunciado seu propósito de não disputar nova eleição lembrou-me que, com isto, o país ficou privado de personalidades de inegável experiência. Pareceu-me que, com a decisão personalíssima dos dois políticos, a nação sofreu o que se poderia chamar de desperdício, perdendo o que não se encontra no mercado, nem a peso de ouro.

Não preciso lembrar aos gaúchos que Pedro Simon atravessou mais de meio século de vida pública sem ter sido alvo de uma nódoa e com o respeito de seus colegas e inclusive de seus adversários. Quanto ao presidente José Sarney, que encerra sua carreira de quase 60 anos, limitar-me-ei a apreciá-lo como presidente, o que constituiu uma mudança na sua vida e foi a mais exaustiva das provas.

Na eleição congressual na sucessão do presidente general Figueiredo, a chapa da oposição foi composta por Tancredo Neves e José Sarney. Como é notório, o presidente eleito, na noite anterior à posse, foi operado com urgência, vindo a falecer dentro de algumas semanas, razão pela qual o vice-presidente, eleito para substituí-lo nos impedimentos e sucedê-lo na vacância do cargo, viu-se investido na presidência da República. O imprevisto presidiu os acontecimentos. A meu juízo, e na medida das informações que armazenei, o novel presidente, deixando à margem todos os antecedentes da sua vida, imbuiu-se da singularidade da sua investidura, exercendo o governo como se fora uma espécie de testamentário. De início, manteve o ministério escolhido por Tancredo, só alterado quando as eleições levaram alguns ministros a buscarem novos cargos. Na sua mesa de trabalho, colocou a relação de todos os compromissos assumidos por Tancredo e passou a cumpri-los, rigorosamente, executando-os sem alarde.

Segundo a Constituição da Itália, quem foi presidente da República (e na Itália vige o regime parlamentar, segundo o qual o presidente da República é tão só o chefe de Estado) passa a ser senador vitalício. Cada presidente da República possui também a prerrogativa de nomear cinco senadores vitalícios que tenham "enaltecido a pátria em virtude de elevadíssimos méritos no campo social, científico, artístico e literário". Atualmente, esses incluem, entre outros, um maestro, um arquiteto, um físico e uma neurobiologista, todos de renome internacional.

Não estou a propor a imitação italiana, mas limito-me a mostrar tentativas de inovar procedimentos benfazejos. Não estou a propor a imitação italiana

*jurista, ministro aposentado do STF

Renato Janine Ribeiro: Pode diminuir a corrupção?

• O corrupto não rouba supérfluos mas o essencial

- Valor Econômico

Levanto aqui uma questão controversa: com o avanço das tecnologias de gravação e o enfraquecimento dos laços conjugais, será que ficou mais fácil desmascarar a corrupção? Essas duas mudanças, uma técnica, outra social, diminuirão o desvio de recursos públicos?

Primeiro ponto. Hoje, não há praticamente mais conversa secreta, salvo entre duas pessoas nuas na água. Fora deste caso, um dos participantes - ou uma terceira pessoa - sempre pode gravar a conversa. Esse registro poderá servir para negociar um acordo de delação premiada ou, antes mesmo, pressionar e chantagear a outra parte. Um caso exemplar é o do mensalão do DEM, quando se descobriu uma rede de corrupção no Distrito Federal. Pudemos até ver dois políticos agradecendo a Deus pelo dinheiro roubado que recebiam. Sem câmeras portáteis de vídeo, não haveria o escândalo nem o castigo.

Tivemos, no começo da Nova República, uma novela emblemática da exaustão de nossa paciência com a corrupção: "Vale Tudo" (1988). Faz já mais de um quarto de século! Nela, a vilã Odete Roitmann forçava o genro Ivan a corromper um funcionário público - mas ela mandava gravar a cena, de modo que Ivan acabava preso. Na vida real, funcionários paulistanos chantagearam o empresário Ricardo Semler - que os filmou e denunciou. A corrupção se tornou mais arriscada. Mas a tecnologia complexa que foi usada nesses casos hoje é banal. Está ao alcance de qualquer um. Qualquer smartphone registra qualquer malfeito.

Quer dizer que todo ato de corrupção hoje é denunciado? Não. Mas a facilitação de seus registros cria um risco maior para o corrupto. Ele sabe que tudo pode ser revelado. A única forma de evitar isso é as pessoas estarem sem roupa e num lugar - como uma piscina ou o mar - em que aparelhos eletrônicos não possam ser utilizados.

A corrupção, no Brasil, foi tolerada porque parecia não prejudicar ninguém. Furtava-se dinheiro da Viúva; ora, por que dar esse nome ao Tesouro Público? Porque, se um galã leva uma viúva a festas e jantares, para pegar o dinheiro dela, não estaria prejudicando ninguém, a não ser sobrinhos ou netos que só querem que ela morra logo para herdarem um dinheiro que não merecem. Mas essa é a mesma justificativa do fiscal que, para não emitir uma multa, aceita ou cobra um agrado: todos saem ganhando, pensa ele. Ele não entende que sai perdendo o Tesouro, o dinheiro de todos, o bem comum. Esse descaso criminoso pela coisa pública só é igualado pela sua aparente inocência - um crime que seus autores não percebem como crime, que prejudica milhões de pessoas, sobretudo as mais vulneráveis, sem eles o notarem.

O dinheiro da viúva é estéril. Se eu não pegá-lo, ele não será usado. Mas a analogia não cabe com a Viúva, isto é, o tesouro público. O dinheiro de todos é, ou deve ser, tudo, menos improdutivo. Quando se rouba a Viúva, perdem-se obras, perdem-se serviços. O corrupto não furta indolentes, mas contribuintes. Não rouba o supérfluo, mas o essencial. Não tira de ninguém o que este não merece, mas sim o que poupou, pagou, constituiu. Por isso, seu crime é horrível. Por isso, a China os executa.

Mas esta consciência parece estar longe do "nosso" corrupto. Daí que tantos deles flutuem vagamente entre a corrupção deslavada e o simples descaso no trato dos dinheiros. Daí que alguns sejam simpáticos e até generosos. Daí que seu crime não seja "hediondo". O hediondo é quem afirma, na sua cara, que não preza a sua vida, ou mesmo sente prazer em matar, em torturar. Lembra a "Anedota Búlgara", de Carlos Drummond de Andrade, sobre o czar naturalista que caçava homens: "Quando lhe disseram que também se caçam borboletas e andorinhas,/ ficou muito espantado / e achou uma barbaridade". Pois é, o corrupto pratica dois pesos e duas medidas. Ele, como o sonegador, não se reconhece como criminoso.

Por isso, no patrimonialismo brasileiro, e em sua derivada a corrupção, o uso da crueldade parece raro, ao contrário da Máfia. A doutrina que sustenta patrimonialismo, nepotismo e corrupção é a da bondade de quem os pratica: se rouba o que é de todos, é porque é de nenhum. Daí que seja importante enfrentá-lo num de seus pontos mais fracos, a rede de confianças entre cúmplices que permite funcionar a corrupção. Ele precisa desconfiar do sócio e da mulher.

Assim, o segundo elo fraco que um bom investigador pode atacar é o enfraquecimento dos laços antes pouco dissolúveis do amor, como o casamento. O corrupto confiava na esposa, porque ela pertence a sua vida doméstica, privada, íntima, não ao mundo público. Se na política alianças se fazem e desfazem, a aliança na vida pessoal era permanente. Isso valia não só para o casamento mas, até mesmo, para o estatuto duradouro de certas amantes. Ora, acabou esse asilo íntimo contra as agruras do mundo. As mulheres deixaram de assegurar o repouso do guerreiro. A insegurança pública invadiu a alcova. Relações se desfazem com uma raiva que não poupa segredos. A crise que derrubou o senador Renan da presidência do Senado foi exemplar. Acabou o papel secundário da mulher, que sustentava acordos num meio em que a palavra era constantemente quebrada; por que arcaria ela, sozinha, com tudo?

Microgravadores e amores líquidos expõem mais a corrupção a uma investigação bem conduzida. Mas a investigação tem que ser de primeira. Tem de jogar um contra outro. Tem que dissolver as alianças, premiando a denúncia do parceiro ou mesmo do amor. É o que a legítima defesa da sociedade exige. Mas qual o impacto destas mudanças que vulneram o segredo sobre a corrupção? Espera-se que consigam reduzi-la.

Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo.

Nelson Paes Leme: Morte e vida das Repúblicas

• O país não tem mais a mínima clareza de suas estratégias e o destino é uma obscura incógnita

- O Globo

Só mesmo quem passou por experiências muito próximas da morte pode avaliar o que venha a ser essa fronteira tão tênue e tão frágil entre o ser e o não ser mais. Shakespeare dela se ocupou na maioria de suas peças. Quase um obcecado pelo tema. Os gregos a transformaram em duas criaturas míticas quase irmãs siamesas: Eros, o deus do amor e da vida, e Tanatos, o deus alado que deixa certa bruma prateada depois da sua obra letal concluída. Sem falar nas copiosas tragédias. O magistral Jorge Luis Borges em seu conto “O imortal”, um dos mais expressivos textos de realismo fantástico jamais escritos, descreve o périplo intertemporal e interespacial insone e aflitivo do personagem principal que deseja ardentemente morrer e não consegue, até encontrar uma tribo de bugres também imortais mas que dispunha do bendito antídoto procurado incessante e desesperadamente pelo "Imortal": a água de uma benta chuva sazonal que representava, afinal, o fim da vida doentiamente eternizada desses trogloditas. Isto porque o fim é dialeticamente também o princípio. A imagem do hexagrama do I Ching para a reconstrução ou “trabalho sobre o que se deteriorou" é um caldeirão com vermes no fundo.

A ordem social, a política e o Estado organizado repetem essa dualidade do indivíduo. Também as repúblicas e os regimes políticos falecem, como empresas podem falir e pessoas simplesmente desaparecer, independentemente do momento escolhido e da quantidade de pranto derramado.

As coletividades repetem essa dialética individual até porque se constituem de indivíduos, obviamente, sujeitos a esse mesmo processo eterno. Mesmo espécies inteiras se extinguem a despeito da continuidade das demais. Estrelas apagam seus fogos supostamente eternos e aparentemente perenes no escuro nanquim da eternidade e do infinito.

O que ocorre hoje com essa nossa República em cínicos estertores e nítidos frangalhos morais é sintomático dessa falência múltipla de órgãos que ora vivenciamos, sempre na expectativa otimista de que não seja o último suspiro dessa purulenta senhora, esse mau hálito exalado pelas instituições no Brasil, sem exceção. O país não tem mais a mínima clareza de suas estratégias e o destino é uma obscura incógnita. Seja no planejamento econômico, com um Estado gigantesco e inadministrável em sua obesidade mórbida, loteado em múltiplas fatias das conveniências politiqueiras dessas espúrias alianças por tempo na TV; seja na representação partidária totalmente distorcida e dissociada da realidade das ruas e dos clamores diários da sociedade por melhores condições de saúde, educação, transporte e segurança; seja na falta de lideranças com propostas objetivas e realmente saneadoras desse verdadeiro caos em que esses últimos 12 anos de gestão petista nos enfiou a todos goela abaixo. A República faleceu e ninguém se dá conta. Nem governo nem oposição refletem isso em seus discursos delirantemente dissociados da chamada realidade plausível de Fernando Pessoa.

O poder corrompe, já disseram Lao Tzu e Maquiavel, mas também aliena. Quanto mais tempo no poder, mais corruptos, impunes mas, sobretudo, mais alienados seus ocupantes. Como obter lisura e isonomia em eleições adredemente corrompidas, onde o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, nomeado por uma candidata, exatamente a ocupante do Executivo, foi até ontem militante e advogado do partido político desta candidata? Como obter lisura e isonomia numa eleição onde a candidata do governo dispõe do dobro de tempo de propaganda eleitoral de todos os candidatos da oposição? Como acreditar em um governo cuja cúpula dirigente está atrás das grades, com um diretor da maior empresa estatal também preso e outro do maior banco estatal, condenado e foragido na Itália? Desde os brioches de Maria Antonieta na França da Bastilha decaída, ao Baile da Ilha Fiscal que pôs fim ao Império no Brasil que os decadentes alienados se sucedem. O poder petista desses tempos não estaria imune a essa fatalidade histórica. Nunca se viu tanta corrupção, tanto descaso e escárnio com a coisa e com a opinião públicas e tanta alienação para o que está por vir.

Preveem-se tempos sombrios e confusos. Quem viver, verá. Ninguém se dispõe a enterrar essa fétida senhora: a república lulopetista. Não há coveiro que resista a tanta putrefação. E o mais incrível de tudo: a única proposta de reforma política do Estado vem pelas mãos exatamente do próprio PT.

Nelson Paes Leme é cientista político

Um governo a serviço do PT: O Estado de S. Paulo - Editorial

É grave a informação segundo a qual um funcionário da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República pretendia elaborar uma lista de prefeitos do PMDB do Rio de Janeiro que aderiram à candidatura presidencial de Aécio Neves (PSDB). Não se pode aceitar que um servidor público trabalhe na coleta de informações com o óbvio objetivo de municiar a campanha da presidente Dilma Rousseff (PT), ainda mais quando se trata de dados sobre dissidentes da coligação governista. O espantoso caso constitui mais um exemplo de como os petistas confundem seu partido com o governo - além de revelar as táticas pouco republicanas do PT contra aqueles que ousam desafiá-lo.

Conforme informou o jornal O Globo (26/6), Cássio Parrode Pires, assessor da Secretaria de Relações Institucionais, enviou um e-mail à assessoria de imprensa do PMDB fluminense solicitando a lista de presença do almoço de lançamento da aliança entre o governador peemedebista Luiz Fernando Pezão, candidato ao governo do Estado, e Aécio.

Conhecido como "Aezão", o movimento de adesão ao tucano por parte do PMDB do Rio representa uma importante dissidência no principal partido da coligação que apoia a reeleição de Dilma e tem, inclusive, o vice na chapa, Michel Temer. Como o Rio é o terceiro maior colégio eleitoral do País, é possível medir o grau de apreensão no comando da campanha petista. Por esse motivo, nos últimos dias, o Planalto vem procurando reduzir o alcance da aliança favorável a Aécio, tentando mobilizar prefeitos do Estado que ainda não aderiram ao "Aezão".

Tal articulação, do ponto de vista político, é legítima. Usar a máquina do Estado para fazer uma lista de dissidentes com propósitos obscuros não é. Lembra o modus operandi de regimes autoritários, que desqualificam, perseguem e criminalizam qualquer forma de oposição.

Com impressionante naturalidade, Pires, o funcionário público que solicitou os nomes dos prefeitos ao PMDB, disse que os dados seriam usados "apenas a título de conhecimento". "Nós temos interesse em saber quais prefeitos do Rio que vão apoiar declaradamente ou que pelo menos estiveram nessa convenção com o intuito de apoiar o Aécio", afirmou ele. E continuou: "É para a gente saber quem está apoiando. A gente faz o controle de todos os pré-candidatos ao governo federal. A gente quer saber quem está do lado do Aécio, do lado da Dilma...".

Essa prática não tem rigorosamente nada a ver com o trabalho da Secretaria de Relações Institucionais, órgão que é responsável pela relação da Presidência da República com o Legislativo e com governadores e prefeitos. As diretrizes gerais da Secretaria no que diz respeito a assuntos federativos, conforme se lê em seu site, são "qualificar as relações com os entes federados", "fortalecer a cooperação federativa" e "operar a concertação federativa". Fazer uma lista de prefeitos do PMDB que decidiram não apoiar a candidatura de Dilma obviamente não se enquadra em nenhum desses objetivos - e, portanto, só pode servir para ajudar a campanha eleitoral petista e constranger aqueles que dela decidiram desembarcar.

Práticas sorrateiras como essa, que visam a prejudicar a oposição, não são novidade na trajetória recente do PT. Na disputa pelo governo de São Paulo em 2006, dois emissários petistas foram flagrados num hotel com R$ 1,75 milhão, dinheirama que serviria para comprar um dossiê com informações que supostamente comprometeriam o então candidato tucano, José Serra. O escândalo atingiu vários petistas, inclusive alguns graúdos, como Ricardo Berzoini, à época presidente nacional do PT e coordenador da campanha à reeleição do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na ocasião, Lula qualificou esses companheiros de "aloprados".

Passados oito anos, Berzoini não só foi "reabilitado", como se tornou ministro de Dilma - justamente na Secretaria de Relações Institucionais. A respeito do contato da Secretaria com o PMDB do Rio para obter informações sobre os prefeitos do partido que decidiram apoiar Aécio, Berzoini disse que só queria "chamá-los para almoçar". Acredite quem quiser.

Amir Khair: Visões em debate

- O Estado de S. Paulo

Nos cinco anos (2004/2008) que antecederam a crise do subprime nos Estados Unidos, o Brasil cresceu à taxa média anual de 4,8% e, nos cinco anos após a crise (2009/2013), essa taxa caiu para 2,7% e deve cair mais ainda ao se considerar os quatro anos sob a política econômica do atual governo, que estimo em 1,8%.

Ao se comparar os cinco anos após a crise (2009/2013) com os cinco anos antes da crise (2004/2008), o País sofreu uma queda na taxa de crescimento de 45%, que foi a mesma registrada para a América Latina, porém superior à dos países emergentes, que foi de 31%.

Mas, ao se comparar o desempenho esperado para os quatro anos do atual governo (2011/2014) com os cinco anos após a crise, estimo que o País vá registrar uma queda de 32%, enquanto a América Latina e os países emergentes devem apresentar a mesma média de crescimento, portanto, sem queda. Esse é o fato mais grave.

Assim, a piora da economia brasileira neste governo tem mais a ver com o fracasso das medidas adotadas para recuperar o crescimento. Tentando explicar esse mau desempenho, algumas análises atribuem o que consideram a política do governo de priorizar o consumo em detrimento do investimento. Justificam com dois argumentos: a) o consumo atingiu seu ponto de saturação pelo excesso de endividamento das famílias e; b) que o investimento está aquém do nível considerado necessário de 22% do Produto Interno Bruto (PIB) para fazer o crescimento passar a 4% ou 5%.

Desenvolvem esses argumentos considerando que parcela considerável da população está sem a capacidade de assumir novos empréstimos por causa do somatório de prestações contraídas como da casa própria, do automóvel e de outros bens e serviços e que o investimento nos últimos anos não tem alcançado mais do que 19% do PIB.

Por seu lado, a política econômica do governo vem tentando estimular o consumo, com expansão do crédito, desonerações tributárias e políticas de renda, e o investimento, através do crédito subsidiado do BNDES, das concessões ao setor privado nos modais de transporte (rodoviário, ferroviário, portuário e aeroportuário), desoneração da cota patronal do INSS e outros benefícios fiscais.

Não creio que se possa conseguir deslanchar o crescimento com as propostas de priorização do investimento face ao consumo nem com a política seguida pelo governo com os estímulos adotados.

Senão vejamos. A tese do esgotamento do consumo deve ser vista com reservas. É fato que parcela da população se encontra com menor disponibilidade financeira face aos empréstimos contraídos, mas não é o nível de endividamento que lhe tolhe as compras, mas sim a taxa de juro elevada que cria prestações que consomem parte do orçamento doméstico. Além disso, a inadimplência não se encontra elevada, o que poderia sinalizar o esgotamento afirmado. A inadimplência tanto dos últimos seis meses quanto dos últimos 12 meses está na média de 4,7% para atrasos até três meses (t-3). Esse nível é o mais baixo na comparação anual desde 2004 quando foi de 4,2%. O nível atual é, também, inferior à média histórica registrada desde 1988, que é de 6,0%.

O que o governo vem errando nessa questão do crédito é que quer ampliar a oferta dos bancos privados sem a correspondente queda nas taxas de juros ao consumidor e às empresas que apresentam demandas à rede bancária para obter capital de giro e expandir atividades. É o mesmo que oferecer a corda para enforcar o esfolado cliente.

A presidente assumiu posição corajosa face às escorchantes taxas de juros bancárias em abril de 2012, levando o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal a reduzir suas taxas de juros e apelando aos bancos privados que fizessem o mesmo. Mas não deu a devida sequência à iniciativa tomada e assim, embora os bancos oficiais tenham seguido as ordens da presidente, os bancos privados reduziram em média apenas 10% sobre as taxas que vinham cobrando e face à falta de sequência da ação governamental, seis meses após retornaram às taxas que haviam praticado. Houve, no entanto, uma redução na média dessas taxas por causa, exclusivamente, da redução ocorrida nos bancos oficiais. As modalidades mais usadas de financiamento para a pessoa física continuam extorsivas: o cheque especial atingiu em maio 158% e o cartão de crédito 232%! As análises, no entanto, nessa questão das taxas de juros botaram o foco na Selic que passou a ser reduzida. Será que foi para tirar o foco das taxas ao tomador? Talvez.

Quanto aos investimentos e ao famoso número que deve atingir 22% do PIB não há base empírica que sustente isso. Conforme afirmei em artigos anteriores não há relação entre taxa de investimento e crescimento. Considerando médias anuais, na década de 50, o crescimento foi de 7,4% e a taxa de investimento 15,5%; na década de 60, o crescimento foi de 6,2% e a taxa de investimento 16,4%; na década de 80, o crescimento foi de 1,6% e o investimento 21,9% (!). Considerando agora os últimos dez anos: a) nos cinco anos antes da crise (2004/2008), o crescimento foi de 4,8% e a taxa de investimento 17,0% e; b) nos cinco anos após a crise (2009/2013), o crescimento foi de 2,7% e a taxa de investimento 18,6%. Portanto, há que se discutir melhor essa questão do número mágico de 22%.

É claro que se deve estimular o investimento, especialmente do setor privado, que é o carro-chefe do investimento, responsável por cerca de 80% do mesmo. Mas para crescer o investimento privado é necessário que haja expansão da demanda, que é o faro por excelência do empresário. Investir sem perspectiva de expansão do produto é arriscado especialmente no mercado altamente competitivo internacionalmente. Não basta a inovação e a produtividade que são fundamentais. É necessária a perspectiva de mercado como agente disparador do investimento.

Creio que não se deve opor investimento ao consumo. Ambos são imprescindíveis ao crescimento e interagem positivamente. Como afirmado em artigo anterior, a política econômica que pode destravar o crescimento deve-se apoiar na remoção de barreiras que impedem a expansão do consumo e do investimento. Em termos macroeconômicos, vejo como essencial colocar no lugar as taxas de juros (Selic e ao tomador) e o câmbio para permitir o equilíbrio das contas internas e externas e devolver parte da competitividade retirada das empresas.

Vamos ver o que defendem os candidatos na disputa eleitoral que ganhará corpo após a Copa. Até agora, as manifestações desses candidatos e suas assessorias têm passado ao largo das questões essenciais. A conferir.

Painel - Bernardo Mello Franco (interino)

- Folha de S. Paulo

Esse cara sou eu
Aliados mais próximos de Eduardo Campos passaram a defender que ele assuma o protagonismo na chapa presidencial do PSB, que tem Marina Silva como vice. Para o grupo do ex-governador, a convenção deste sábado, que deu o mesmo peso aos dois, deve ser um divisor de águas. Agora, seria hora de ele tomar a frente para se tornar mais conhecido. Os "eduardistas" argumentam que a estratégia de se colar a Marina não deu o resultado esperado --a dupla tem 7% no Datafolha.

Ponta de lança O entorno do pernambucano defende que ele assuma as tarefas de rebater e criticar Dilma Rousseff e de apresentar as propostas da coligação.

Avisa lá Ao chegar à convenção, uma parlamentar disse a um dirigente: "Você precisa urgentemente avisá-lo para assumir a campanha".

Estática O discurso de Marina se alongou tanto que Campos perdeu a oportunidade de aparecer ao vivo na TV Globo. A emissora mostraria o presidenciável às 12h --logo antes da partida entre Brasil e Chile pela Copa.

Disciplina Apreensivo, o estrategista Diego Brandy brincou: "Vou mandar seguranças tirar do palco quem falar demais". Ao final, sem sucesso, consolou Campos: "Ao menos a imagem das bandeiras no salão ficou bonita..."

Déjà-vu Adotado pelo PSB, o slogan "Coragem para mudar" foi usado pelo PSOL nas disputas municipais de Santos (SP) e Vitória, em 2012.

Faca no pescoço Segundos antes de deixar a área VIP para subir ao palco, Campos foi puxado por Roberto Freire (PPS), que cobrava espaço em coligações estaduais.

Embate O governador de Minas, Alberto Pinto Coelho, reage a colegas do PP que o criticam pelo apoio a Aécio Neves. "O partido está rachado. É triste ver integrantes assumindo a postura do PT, de esconder a realidade", diz.

Pé do ouvido Na véspera do anúncio de seu vice, Aécio Neves passou a convenção do PSDB paulista ao lado do senador Aloysio Nunes. Os dois conversaram durante todo o encontro.

Equilibrista Ao discursar, o vice na chapa de Geraldo Alckmin, Márcio França (PSB), criticou "aventureiros", em ataque a rivais do tucano no Estado. O termo já foi usado por adversários contra Campos, o concorrente de seu partido à Presidência.

Pode, Arnaldo? Com aliados de Alckmin decididos a ter candidatos próprios ao Senado, o PSDB faz consultas a advogados para saber se as outras siglas da coligação, que não apresentaram concorrentes, podem se unir para apoiar um mesmo candidato.

Apelo Tucanos acham que José Serra pode rever a decisão de disputar a Câmara e se candidatar ao Senado, caso seja costurada aliança ampla com os remanescentes.

Esbanjando Candidatos do PSDB a deputado se incomodaram com o volume de propaganda de Bruno Covas na convenção. Além de cartazes e boneco, o ex-secretário do Meio Ambiente montou uma sala VIP exclusiva, com ar condicionado e sofás.

Ver para crer Após lançar chapa com o PSDB, o candidato do PMDB ao governo do Cerará, Eunício Oliveira, diz que pedirá votos na campanha presidencial apenas para Dilma, que é apoiada por seu partido nacionalmente.

Preferências Integrantes da Torcida Jovem do Flamengo reforçaram a convenção que lançou a candidatura de Anthony Garotinho (PR) ao governo do Rio. A organizada costuma empunhar bandeiras com imagens de Saddam Hussein e Bin Laden.

Tiroteio
Os tucanos precisaram de vinte anos para descobrir o nome do Estado que governam. Está explicado por que a gestão vai tão mal.
DE EMIDIO DE SOUZA, presidente do PT paulista, sobre mote da convenção que lançou Geraldo Alckmin (PSDB) à reeleição, com o slogan Aqui é São Paulo'.

Contraponto
Manda quem pode
Ao final de uma cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, Saulo de Castro, o secretário de Logística e Transporte de São Paulo, marcou uma reunião em uma sala da Secretaria do Planejamento, já que seu gabinete fica fora da sede do governo. Enquanto as pessoas o aguardavam, Julio Semeghini, "dono" do espaço, apareceu. Como, coincidentemente, tinha agendada uma conversa com o mesmo grupo, logo se desculpou:
--Me perdoem, não vou conseguir recebê-los hoje!
Avisado de que não era ele o esperado, brincou:
--Digam ao Saulo que nunca mais empresto a sala!

Diário do Poder – Cláudio Humberto

- Jornal do Commercio (PE)

• Dilma mandou Kassab apoiar Skaf ao governo
Diante do crescimento pífio de Alexandre Padilha (PT) nas pesquisas ao governo de SP, a presidenta Dilma deixou claro ao presidente do PSD, Gilberto Kassab, que o preferia apoiando Paulo Skaf (PMDB), em lugar do governador tucano Geraldo Alckmin. Após naufrágio das costuras com PSDB, o ministro Guilherme Afif informou ao vice Michel Temer que a sigla ainda tinha interesse em compor com PMDB.

• Sinal verde
Assim que obteve sinal verde de Guilherme Afif, Michel Temer orientou Skaf a reforçar o convite para Kassab disputar mandato de senador.

• Desvalorizou o passe
Kassab tanto negociou com PT, PSDB e PMDB que saiu perdendo. Na negociação anterior com Skaf, teria levado a vaga de vice e do Senado.

• Todos os cenários
Serristas chegaram a defender José Serra (PSDB) ao Senado com Gilberto Kassab (PSD) de primeiro suplente na chapa de Alckmin.

• Jogam juntos
Dias atrás, Kassab disse a dirigentes que, seja qual fosse caminho, não havia hipótese de contrariar ou se desentender com José Serra.

• Dirceu deixa a cadeia pela 1ª vez na quarta-feira
Ex-ministro de Lula, o mensaleiro José Dirceu deve sair quarta-feira (2) da prisão pela primeira vez, desde que foi preso, em dezembro, para cumprir a autorização do Supremo Tribunal Federal de trabalhar durante o dia no escritório do criminalista José Gerardo Grossi. Todos os dias, às 18h, ele retorna ao Centro de Prisão Provisória (CPP), localizado no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), em Brasília.

• Nada de reuniões?
Dirceu trabalhará na biblioteca do escritório de advocacia. Seu patrão já avisou que não permitirá reuniões políticas no local de trabalho.

• Só haverá reuniões
É inútil a advertência de José Gerardo Grossi sobre reuniões políticas: seu escritório vai atrair a peregrinação de petistas de todo País.

• O melhor do pior
O Índice de Confiança do Comércio caiu 6,4% no segundo trimestre, o pior desde dezembro de 2011. A boa notícia: melhor que PIB de 1,6%.

• Skaf faturou
Dirigentes do PSDB paulista agora desdenham, afirmando que não queriam mesmo o apoio de Gilberto Kassab, que fechou acordo com o PSD. Paulo Skaf (PMDB) faturou o apoio e o tempo do PSD na TV.

• Ingresso garantido
A Câmara já pagou aos deputados federais a primeira metade do 13o salário dos parlamentares, na faixa dos R$ 13 mil. Dá até para comprar de cambistas um ingresso para a final da Copa do Mundo.

• Sonolentos
A turma do ex-jornalista Franklin Martins responsabiliza o marqueteiro João Santana pelos discursos xoxos de Dilma e do presidente do PT, Rui Falcão, nas convenções do partido, que não conseguem empolgar nem mesmo petistas religiosos, como os que negam o mensalão.

• Lavoura tecnológica
O Ministério da Agricultura saiu a campo para modernizar seus computadores: comprou 3,2 mil PCs de mesa por R$ 11, 9 milhões. Com monitores, cada um custou cerca de R$ 3,6 mil. Pechincha…

• Troco verde
Ressentido com a dupla Eduardo Campos e Marina Silva, que bateram martelo apoiando o petista Lindbergh Farias ao governo do Rio, Alfredo Sirkis (PSB) já fala em apoiar Eduardo Jorge (PV) a presidente.

• Troca-troca
Após decisão do Tribunal Superior Eleitoral, suplente Denilson Pereira (PV-MG) deve tomar posse na vaga do deputado Subtenente Gonzaga, que trocou o PV pelo PDT e seu antigo partido reivindicou a vaga.

• Em harmonia
Para o líder da minoria, deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), “soou como música” o discurso do ex-governador José Serra pela unidade do partido em torno da candidatura do senador Aécio Neves a presidente.

• Candidato azedo
Heraldo Rocha, do DEM de Salvador, disse que a candidatura de Rui Costa (PT) para o governo baiano é como remédio azedo em boca de criança. “Só desce se tiver alguém mais forte pressionando para que não seja cuspido”, disse, referindo-se ao governador Jaques Wagner.

• Batendo na madeira
Anunciada no final da Copa, dia 13 de julho, Dilma estará desafiando duas maldições no estádio: as vaias e o fatídico número 13 do PT.