sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

José de Souza Martins* - A pátria em perigo

Eu & Fim de Semana / Valor Econômico

Tumulto bolsonarista é o doloroso retrato do poder invisível legado pela ditadura e mantido na ingenuidade de uma tolerância imprudente dos que se omitiram em nome da democracia

O tumulto insurrecional da turba bolsonarista, de 8 de janeiro, não se explica por si mesmo como ação de baderneiros pura e simplesmente. Há por trás dela uma trama sabida, mais do que óbvia, que vem sendo tecida desde muito antes das eleições de 2018.

O tumulto tem, também, motivações subjetivas de categoria social com mentalidade identificável e causas sociologicamente explicáveis.

À primeira vista os terroristas, inclusive os de aluguel, foram e têm sido manipulados e têm estado disponíveis para a baderna por meio da ação de agentes de visibilidade notória em decorrência de fatores de classe social. São os da baixa classe média raivosa, que vem acumulando frustrações sociais, manipuladas para se expressarem como frustrações políticas e ódio ideológico.

De um lado, em decorrência das crescentes limitações da possibilidade de ascensão social num cenário de crise, incerteza e medo, de desemprego intermitente e reemprego cada vez mais demorado.

César Felício - Lula ganha tempo, mas não muito

Valor Econômico

Intentona de Brasília fortalece o presidente temporariamente, mas condução da economia e da política podem desestabilizá-lo

 “Tudo que foi feito vai por água abaixo pela ação de um grupo de radicais. O governo lulopetista havia cometido vários erros na primeira semana, mas a ação desses vândalos acaba por ajudar o governo”. Conforme os repórteres Gabriela Biló e Ricardo della Coletta, da “Folha de S. Paulo” registraram, essa mensagem foi mandada por WhatsApp pelo ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga, em um grupo chamado “Ministros Bolsonaro”, e flagrada na tela do celular do ex-ministro da Casa Civil e senador Ciro Nogueira (PP-PI), na manhã da terça-feira, dia 10.

A mensagem de Queiroga retrata fielmente uma realidade atestada por observadores da cena política que não são nem bolsonaristas, nem “lulopetistas”, para usar a expressão do antigo auxiliar de Bolsonaro. O levante terrorista do domingo, do ponto de vista político, foi um desastre total para o bolsonarismo e deu de bandeja para Lula uma oportunidade de driblar uma semana ruim, que antevia semanas piores pela frente.

Luiz Carlos Azedo – Lula assume o comando das Forças Armadas

Correio Braziliense

Até agora, Lula não havia se pronunciado publicamente sobre o papel das Forças Armadas, consciente da influência do ex-presidente Jair Bolsonaro junto aos militares

Somente ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu, de fato, o comando supremo das Forças Armadas, após uma transição difícil, com gestos de descortesia em relação ao presidente da República eleito e ao seu ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, por parte de ex-comandantes — que culminaram com o não comparecimento do almirante de esquadra Almir Garnier Santos, ex-chefe da Marinha, à solenidade de troca de comando, na qual deveria passar o timão para Marcos Sampaio Olsen.

Em entrevista aos jornalistas credenciados no Palácio do Planalto, Lula afirmou que as Forças Armadas não são o “poder moderador como pensam que são”, numa alusão à ideia-força que ainda predomina entre os militares, que são o povo brasileiro em armas e tutores das instituições republicanas. Essa é uma velha doutrina, responsável por sucessivas intervenções militares e golpes de Estado, como o da Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder, e o golpe cívico-militar de 1964, que destituiu o presidente João Goulart e nos levou a 20 anos de regime autoritário.

Bernardo Mello Franco – O golpismo com recibo

O Globo

Vídeo com novo ataque às urnas e minuta de decreto para anular eleição complicam ex-presidente

O ministro da Justiça de Jair Bolsonaro guardava em casa uma minuta de decreto para golpear a democracia e anular a eleição presidencial. Anderson Torres é alvo de ordem de prisão desde o último domingo, mas ainda não se entregou. Está em Orlando, cidade em que o chefe se refugiou para não passar a faixa.

Pelas redes sociais, o delegado disse que o rascunho estava numa “pilha de documentos para descarte”. “Tudo seria levado para ser triturado oportunamente”, tuitou. A explicação é intrigante. Para melar os resultados da urna eletrônica, Torres estudou um golpe impresso. Depois resolveu destruir o plano, mas não teve tempo de picotá-lo.

O ex-ministro não é o único a apostar na credulidade alheia. O governador do Distrito Federal, que entregou o comando da polícia a um bolsonarista, agora diz que foi vítima de sabotagem. A conversa de Ibaneis Rocha não convenceu o Supremo. Dos 11 ministros, só dois votaram contra seu afastamento do cargo. Coincidentemente, os dois que foram nomeados por Bolsonaro.

O capitão também deixou as digitais na tentativa de golpe promovida por seus seguidores. Enquanto esteve no poder, ele aviltou a democracia, mentiu sobre o sistema eleitoral e incitou o ódio contra os tribunais superiores. Seu discurso mobilizou os bárbaros que vandalizaram e destruíram patrimônio público em Brasília.

Míriam Leitão - Minuta revela como seria o caminho do golpe do bolsonarismo

O Globo

Documento encontrado na casa de Anderson Torres confirma as intenções golpistas do antigo governo

O que o governo Bolsonaro planejava:  substituir o TSE por uma comissão inconstitucional de maioria de militares que decidiria qual era o resultado das eleições. A minuta do golpe encontrada na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, descortinou o plano do ex-presidente Bolsonaro. Plano este que ele e seus seguidores repetiam o todo tempo nas manifestações: uma intervenção militar com Bolsonaro no poder.

Vários vezes ele fazia declarações cheias de ambiguidades e deixava no ar que algo iria acontecer. Falava que sempre trabalharia nas quatro linhas da constituição. O plano que está nessa minuta era decretar o estado de defesa. O estado de defesa é um instrumento legal à disposição do chefe do Executivo. Só que ele usaria essa possibilidade constitucional de forma totalmente distorcida, para intervir apenas no TSE.

No documento, o tribunal seria substituído por uma comissão de regularidade eleitoral, de 15 integrantes, sendo oito deles indicados pelo Ministério da Defesa. E o sigilo de correspondência e telemático dos ministros seria quebrado. O caminho era quebrar a ordem democrática para mudar o resultado eleitoral, fazendo de conta que estava usando um instrumento constitucional..

Alvaro Gribel - Medidas de Haddad são o início de um ajuste inevitável

O Globo

As primeiras medidas na área fiscal do governo Lula são o início de um ajuste inevitável. O importante do anúncio feito logo no início do ano pela equipe econômica é mostrar que, a menos que os fatos provem o contrário, o compromisso com o reequilíbrio das contas públicas é verdadeiro. 

A primeira etapa anunciada esta semana teve como foco principal recompor perdas de receitas para 2023 produzidas de propósito por Bolsonaro. Ele fez isso com duas finalidades. Tentar ganhar as eleições e, em caso de derrota, sabotar o governo Lula. É por isso que Haddad fez questão de dizer por várias vezes que as projeções de receita tinham caído de 18,7%, em 2022, para 17,2% do PIB, em 2023. Uma queda de 1,5 ponto, cerca de R$ 150 bilhões. A tentativa é repor o que conseguir desse dinheiro. 

As medidas se concentraram no aumento de receitas permanentes, em outras palavras, aumento de impostos, e também temporárias. Não foi à toa que a CNI e a Fiesp – presidida pelo aliado Josué Gomes – soltaram notas para lembrar ao governo que o ajuste fiscal precisa se concentrar em cortes de despesas e não em aumento de arrecadação. Mas esse pedaço do ajuste de fato era inevitável, porque era preciso recompor essas perdas.

Fabio Giambiagi* - Reconquistar o Estado

O Estado de S. Paulo.

É preciso recuperar o rigor técnico em lugares que jamais deveriam ter sido politizados

“Para que você entenda onde estamos: aqui nós colocamos tudo, até os juízes.” Foi com essas palavras que um governador argentino, cuja família foi “dona” da província durante décadas, explicava a um escritor a sua relação com o Estado. Corta para um par de décadas antes, em 1980, quando se deu o diálogo de Carlos Fayt – na época recém-indicado para compor a “Corte Suprema”, equivalente ao nosso Supremo Tribunal Federal (STF)– com o então presidente da República, Raúl Alfonsín: “Quero esclarecer ao senhor que, a partir de agora, não irei mais atender aos seus telefonemas, em função do cargo que estou assumindo”.

Dois diálogos, duas concepções de Estado. Num caso, o patrimonialismo mais acintoso. No outro, o entendimento de que o Estado está a favor do bem-estar geral e sua função é servir o público de modo impessoal.

Eliane Cantanhêde - Dormindo com o inimigo

O Estado de S. Paulo.

Se há infiltração nesses tempos de golpes e vandalismo, é de bolsonaristas no governo Lula

Na primeira semana do governo Lula, uma desconhecida conversou com Jair Bolsonaro em Orlando, saiu saltitante e postou uma mensagem cifrada, avisando que dali a alguns dias haveria “novidades”. Ninguém deu bola, porque parecia só mais uma “bolsonarice”, mas mostra o quanto o ex-presidente estava ciente – senão à frente – da tentativa de golpe que o Brasil sofreu e o mundo, perplexo, assistiu no domingo, 8 de janeiro de 2023.

Foi mais um alerta, como um caminhão de querosene no aeroporto da capital da República, carros e ônibus incendiados, ameaça de invasão da sede da Polícia Federal, milhares de insanos em torno de quartéis, cerco a três refinarias do País. Mas o sinal amarelo não disparou.

Laura Karpuska* - É tudo para ontem

O Estado de S. Paulo.

O debate hoje não é sobre sustentar a democracia brasileira, mas sobre como restaurá-la

Esta é a primeira coluna que escrevo sem termos Bolsonaro como presidente. Apesar disso, o bolsonarismo continua dominando a narrativa e o acontecer dos fatos no Brasil.

Os otimistas enxergam a consequência dos ataques terroristas desta semana como positivos: Lula e as instituições mostraram capacidade de reação e fortaleceram a democracia brasileira. Bolsonaro sai enfraquecido.

A democracia possui um desafio inerente que é o de agregar diferentes vontades. Uns querem Estado grande, impostos altos, muitos serviços públicos. Outros, não. A flutuação de poder funciona como aliada da democracia, pois permite que todos possam, em algum momento, ter suas vontades representadas e manifestadas no acontecer do Estado.

Há chance histórica de isolar extrema direita após ataque golpista, diz presidente do Cebrap

Para Marcos Nobre, governo pode perder autoridade se não enfrentar segmentos mais radicais

Naief Haddad / Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - "Há uma oportunidade sem igual para o sistema político, especialmente para o governo Lula, enfrentar e isolar essa extrema direita que quer o golpe já. É possível partir para uma defesa da democracia muito mais robusta do que a que foi feita até agora."

A indicação de um dos caminhos que se abrem depois dos ataques golpistas promovidos por bolsonaristas no domingo (8) em Brasília é de Marcos Nobre, presidente do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) e professor de filosofia da Unicamp.

"O governo não pode ficar dependente de um ministro do STF [Supremo Tribunal Federal], não tem cabimento", diz ele em referência a Alexandre de Moraes, relator na corte de inquéritos que miram os núcleos golpistas do bolsonarismo.

Existe, porém, o outro lado da moeda, pondera Nobre, autor de livros de análise sobre a turbulenta vida política recente do país, como "Limites da Democracia" (2022) e "Ponto-final: a Guerra de Bolsonaro contra a Democracia" (2020). Caso esse enfrentamento não seja feito de maneira rigorosa, há chance de o governo federal "perder totalmente a sua autoridade logo no começo da gestão. Esse é o dilema em que estamos agora".

Hélio Schwartsman - O papelão dos militares

Folha de S. Paulo

Governo Lula precisa enquadrá-los

Precisamos falar sobre os militares. A essa altura, está mais do que claro que eles falharam. E o "eles" aqui é ecumênico, inclui desde os policiais militares que tiraram selfies com os vândalos do dia 8 até oficiais-generais das Forças Armadas, passando pelo pessoal do Gabinete de Segurança Institucional, em tese um braço do governo petista.

É inadmissível que a polícia mais bem paga do país não consiga proteger os três prédios mais importantes do Estado de uma ameaça que havia sido anunciada com vários dias de antecedência. É inaceitável que os serviços de inteligência militar não tenham detectado e frustrado uma conspiração contra o país gestada nos muros de seus quartéis.

Bruno Boghossian - O bunker do golpismo

Folha de S. Paulo

Minuta encontrada com Torres não é único rastro de tramas para melar eleição

Em sua despedida do poder, Jair Bolsonaro lamentou não ter conseguido apoio para dar um golpe e continuar no cargo. "Eu busquei dentro das quatro linhas se tinha alguma alternativa para isso aí, se a gente poderia questionar alguma coisa", relatou o presidente numa transmissão ao vivo, em 30 de dezembro.

Nos dois meses em que ficou encastelado após a derrota, Bolsonaro transformou o Palácio da Alvorada num bunker do golpismo. Na residência oficial, foi orquestrada a trama de seu partido, o PL, para tentar anular o resultado de quase 300 mil urnas eletrônicas.

A papelada descoberta no armário do ex-ministro Anderson Torres é mais que suficiente para ampliar as suspeitas de uma ação criminosa liderada por Bolsonaro para melar a eleição. Documentos e testemunhas podem revelar como o presidente agiu e quem foram os aliados que o auxiliaram nessa missão.

Ruy Castro - O mundo dá bananas a Bolsonaro

Folha de S. Paulo

Abandonado até pela ultradireita, é para ele ficar mesmo verde de ódio e amarelo de pavor

Sabe o fim do expediente no escritório? As luzes se apagam uma a uma. O último a sair desliga a chave geral e a escuridão toma conta. É como o mundo deve estar parecendo agora para Bolsonaro. Os refletores que se acendiam à sua chegada, os pisos encerados de palácios que ele conspurcou com seus cascos, os celulares sôfregos por selfies ao seu lado, tudo virou passado. Ex-presidente com desonra, as trevas que ele impôs ao Brasil durante quatro anos chegaram à sua miserável existência.

O planeta, de repente, parece estar ficando também despovoado. Sem a faixa presidencial, Bolsonaro perdeu centenas de senadores, deputados, governadores, prefeitos e demais políticos em cuja bajulação enxergava fidelidade cega. Deve doer-lhe um dente vê-los abraçados a Lula. Claro, eles não são bobos: segundo o Datafolha, 93% foram contra a invasão dos três Poderes. Quem vai apostar num perdedor?

Demétrio Magnoli - Silêncios inexplicáveis

Folha de S. Paulo

Não houve um pronunciamento à nação, em rede nacional, do presidente nem comunicado conjunto das Forças Armadas

O 8/1 foi uma tentativa, mesmo que um tanto ridícula, de produzir um golpe militar contra o governo eleito. Cinco dias depois, muito aconteceu. Não há registro, porém, de dois eventos tão previsíveis quanto necessários: um pronunciamento à nação, em rede nacional, do presidente da República e um comunicado conjunto do Ministério da Defesa e dos três comandantes das Forças Armadas.

Lula falou bastante, na reunião com os governadores e em entrevistas. Mas não fez um pronunciamento oficial aos brasileiros. Após golpes fracassados, chefes de Estado ou de governo sempre falam, oficialmente, ao conjunto dos cidadãos. Não é uma formalidade: trata-se de afirmar, do modo mais claro, que o governo legal mantém todas as rédeas do poder.

Vinicius Torres Freire - O contra-ataque de Haddad

Folha de S. Paulo

Resultado de plano da Fazenda é incerto, mas mostra intenção de conter gasto excessivo

Com menos de uma quinzena no cargo, Fernando Haddad armou um contra-ataque razoável à ideia de que haverá descalabro nos gastos do governo. Daí pode sair pelo menos um gol, uma redução do déficit previsto para este ano, ora equivalente a 2,16% do PIB (quase R$ 232 bilhões), para 1% do PIB.

O plano Haddad 1 deve diminuir o prejuízo que o governo de transição arrumou em novembro e dezembro, quando Lula da Silva deu pontapés na ideia de controle da dívida, o que resultou em aumento da taxa de juros, já algo atenuado, mas ainda muito ruim.

É um progresso. A virada do jogo dependerá de mudança de tática e estratégia, em especial da nova regra fiscal (o "teto" de Lula 3), mas não apenas.

Medidas que segurem gastos no Bolsa Família, por exemplo, sem redução da eficácia social, providências que acelerem o crescimento (facilitação de investimento privado) ou a revisão de despesas em programas ineficazes podem melhorar as contas e contribuir para abater a taxa de juros. Isto é, podem recuperar o otimismo que se via até o início de novembro.

George Gurgel* - Assalto aos palácios, a defesa da democracia e da república

O que está acontecendo no Brasil, desde as invasões do Palácio presidencial, da Suprema Corte e do Congresso Nacional, no último dia 8, era um cenário previsível? Na verdade, sim. Foram anunciadas, de diversas maneiras, em diversos momentos do processo político eleitoral que levou Lula, pela 3ª vez, à presidência da República.

O saldo recente deste processo político-eleitoral coloca em disputa visões distintas do Brasil que somos e queremos ser. Uma disputa entre uma parte da sociedade brasileira,  conservadora, de extrema direita, que apoiara e continua apoiando Bolsonaro e, por outro lado,  as forças políticas democráticas que fizeram a campanha do presidente Lula, no segundo turno da eleição presidencial brasileira,  junto com as  outras forças políticas que se agregaram em uma frente mais ampla para a construção da governança  democrática que ora se inicia nesta complexa e desafiadora conjuntura política da sociedade brasileira.

O assalto aos palácios

Como foi e está sendo construído o governo do presidente Lula para dirigir o país, nos próximos 4 anos, enfrentando a grave crise política, econômica, social, ambiental e de valores que vive hoje a sociedade brasileira, agravada com o assalto à sede dos três poderes da República, no último domingo? 

O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões

A condenação aos golpistas une os brasileiros

O Globo

Pesquisa de opinião aponta que apenas 3% da população diz ser a favor de invasões em Brasília

A esmagadora maioria dos brasileiros condena os ataques golpistas. Que os inimigos da democracia eram uma minoria já era sabido. Na quarta-feira, o Datafolha publicou uma pesquisa de opinião realizada em todo o Brasil que deu uma dimensão da pequenez desse grupo. Nove em cada dez (93%) dos entrevistados dizem ser contra as invasões realizadas em Brasília no domingo. Não mais do que 3% afirmam ser a favor. Entre os que votaram em Jair Bolsonaro, o apoio aos golpistas não passa de 10%.

Os adjetivos mais usados para classificar os invasores são vândalos, terroristas, irresponsáveis, criminosos e baderneiros. Na opinião de 77%, haverá punição para aqueles que estão sendo identificados. O mesmo percentual acredita que os financiadores deveriam ser presos.

A sustentação popular à democracia serve como esteio às instituições responsáveis por garantir o cumprimento da Constituição. Sem o apoio do povo, a democracia seria uma vítima frágil para os golpistas. Não é. Para a sociedade brasileira, ficou claro que o embate diante do país é entre quem acredita no sistema democrático e quem quer a sua destruição. A disputa não se dá mais entre os apoiadores desse ou daquele candidato. Isso foi em outubro.

Poesia | Bertolt Brecht - Em louvor da aprendizagem

 

Música | Marisa Monte - Preciso me encontrar