Eu & Fim de Semana / Valor Econômico
Tumulto bolsonarista é o doloroso retrato
do poder invisível legado pela ditadura e mantido na ingenuidade de uma
tolerância imprudente dos que se omitiram em nome da democracia
O tumulto insurrecional da turba
bolsonarista, de 8 de janeiro, não se explica por si mesmo como ação de
baderneiros pura e simplesmente. Há por trás dela uma trama sabida, mais do que
óbvia, que vem sendo tecida desde muito antes das eleições de 2018.
O tumulto tem, também, motivações subjetivas
de categoria social com mentalidade identificável e causas sociologicamente
explicáveis.
À primeira vista os terroristas, inclusive
os de aluguel, foram e têm sido manipulados e têm estado disponíveis para a
baderna por meio da ação de agentes de visibilidade notória em decorrência de
fatores de classe social. São os da baixa classe média raivosa, que vem
acumulando frustrações sociais, manipuladas para se expressarem como
frustrações políticas e ódio ideológico.
De um lado, em decorrência das crescentes limitações da possibilidade de ascensão social num cenário de crise, incerteza e medo, de desemprego intermitente e reemprego cada vez mais demorado.