terça-feira, 1 de julho de 2014

Opinião do dia: Luiz Sérgio Henriques

Inútil esperar que a luta se trave com invariável elegância, excluindo-se golpes sob a linha da cintura. Ao contrário, costuma-se fazer o diabo para ganhar e manter o poder. Isso, com certeza, só aumenta a responsabilidade dos democratas: seja em que partido estiverem, em qualquer circunstância eles são chamados a defender e a difundir o "patriotismo constitucional" como a única âncora possível da convivência cívica.

Luiz Sérgio Henriques, tradutor e ensaísta, é um dos organizadores das 'obras' de Gramsci no Brasil. A âncora constitucional, O Estado de S. Paulo, 29 de junho de 2014.

Ministério do Planejamento aponta que 30% das obras do Mundial foram concluídas

• Somente 24 das 70 ações programadas estão prontas. Mobilidade urbana foi a área com menor avanço

Danillo Fariello – O Globo

BRASÍLIA — Dois em cada três empreendimentos com verbas federais previstos para facilitar a movimentação de brasileiros e turistas pelo país não ficaram prontos para a Copa do Mundo. Segundo levantamento do Ministério do Planejamento, feito a pedido do GLOBO, das 70 obras de mobilidade urbana, de aeroportos ou de portos, que somam R$ 14,38 bilhões, apenas 24 foram concluídas, no valor total de R$ 3,26 bilhões — ou seja, menos de um quarto do volume financeiro total previsto.

Entre os empreendimentos que menos avançaram estão os de melhoria da mobilidade urbana. Das 35 obras previstas no planejamento do governo federal, apenas nove foram concluídas e outras 11 estão parcialmente em operação, como o BRT Transcarioca, no Rio, que ainda não está totalmente pronto. Quinze obras de mobilidade, que somam R$ 2,8 bilhões, continuam em execução, como o monotrilho de Manaus e o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) de Cuiabá — cidades em que todos os jogos já foram realizados.

Anteriormente, chegaram a ser 51 as obras de mobilidade prometidas para a Copa. Mas o número acabou encolhendo ao longo dos meses que antecederam o evento.

Feriados para desafogar o trânsito
Para Claudio Frischtak, fundador da empresa de consultoria Inter.B, desde que o Brasil ganhou o direito de organizar a Copa já se trabalhava com a possibilidade de os governos decretarem feriados em dias de jogos nas cidades-sede, o que tem sido adotado como alternativa para desafogar os modais de transporte urbano disponíveis.

— Temos feriado em cima de feriado, de meio dia ou dia todo. Afastam-se os trabalhadores e habitantes em geral e alivia-se o sistema. Isso resolve o problema da Copa, possibilitando até a oferta de facilidades como a gratuidade no metrô do Rio — disse Frischtak.

Nos segmentos de portos e aeroportos, o Ministério do Planejamento informa que todas as obras foram concluídas ou estão em operação. A indicação “em operação” significa que a obra, mesmo não totalmente concluída, já começou a aumentar a capacidade de portos ou aeroportos. Mas, exceto pelo aeroporto de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, não houve construção de empreendimento totalmente novo que possa ser considerado apenas em execução, e não em operação. Dos 29 empreendimentos em aeroportos, 13 foram concluídos (44% do total). E dos seis empreendimentos em portos, dois apenas foram concluídos.

Ao longo dos últimos meses, a Matriz de Responsabilidades da Copa foi sofrendo alterações. Foram descartados empreendimentos que não serviriam mais à recepção de turistas para os jogos, ou por pedido de governos regionais para se alterar o tipo de intervenção urbana. Exemplo de obras descartadas são os novos píeres para turistas do Rio, que sequer ficarão prontos para a Olimpíada de 2016. Entre as unidades da federação que resolveram substituir obras estão Distrito Federal e Mato Grosso. Os números apresentados pelo Planejamento levam em conta a versão mais atual da matriz.

De acordo com o governo federal, a Matriz de Responsabilidades foi elaborada com empreendimentos que já seriam necessários para o desenvolvimento do país, mas que deveriam ser priorizados ou antecipados por ocasião da Copa. União, estados e municípios assinaram os princípios da matriz ainda em 2010. O resultado dessas obras seria um legado dos jogos para o país.

Segundo o Portal da Transparência, da Controladoria-Geral da União (CGU), do total de R$ 25,6 bilhões em investimentos previstos para a organização da Copa (entre recursos federais, estaduais e municipais), R$ 17 bilhões foram efetivamente pagos. Esse valor é composto, principalmente, por aeroportos (R$ 6,8 bilhões), estádios (R$ 5,9 bilhões) e mobilidade urbana (R$ 3,4 bilhões). Segundo a CGU, o valor efetivamente investido em mobilidade corresponde à metade dos R$ 6,75 bilhões previstos.

Obras não concluídas vão para o PAC
O Ministério do Planejamento diz que as obras da Matriz de Responsabilidades que não foram concluídas para a Copa foram incorporadas ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o que garante que os recursos para esses empreendimentos estão livres de contingenciamento (bloqueio de repasses) para sua conclusão no futuro.

— Essas obras são para a população brasileira, juntamente com as outras obras que selecionamos no pacto de mobilidade, que alcança R$ 143 bilhões. Isso (falta de mobilidade) é um dos principais problemas urbanos brasileiros — disse a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, semana passada, na apresentação do balanço do PAC.

Como diversas obras não foram terminadas a tempo da Copa, Frischtak tem agora pouca expectativa quanto à conclusão dessas obras pelo PAC. Para ele, a situação fiscal do país põe em risco até mesmo empreendimentos do PAC em 2015, ano em que se prevê um controle mais rígido das contas públicas.

— Em 2015, será outro mundo. O que potencialmente vai acontecer, independentemente de quem venha a assumir o governo, é que o ritmo de execução dessas obras e de financiamentos vai mudar. Isso vai pôr a conclusão dessas obras em xeque — disse Frischtak.

Para o consultor, ainda é necessário rediscutir as obras mais ou menos prioritárias entre as que deveriam ficar prontas para a Copa. A mobilidade de turistas para estádios, por exemplo, não deve mais ser levada em conta para indicar a relevância de um empreendimento.

Aloysio Nunes é escolhido como vice de Aécio Neves com apoio de FH e Serra

• Presidente do DEM será coordenador-geral da campanha tucana à Presidência

Maria Lima e Cristiane Jungblut – O Globo

BRASÍLIA, SÃO PAULO e RIO - O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) foi oficializado nesta segunda-feira como candidato à vice-presidente de Aécio Neves, que disputará a Presidência da República. Aécio se reuniu na manhã de hoje com a Executiva Nacional do partido para convalidar as chapas estaduais e fechou o nome do vice. O candidato Aécio Neves disse que a escolha de Aloysio foi "politicamente acertada".

- Hoje tenho a alegria enorme de anunciar o senador Aloysio como meu companheiro de chapa. É uma homenagem à coerência, algo que está em falta na política - disse Aécio ao anunciar a escolha do vice. - Aloysio é um homem honrado, competente e que honra a política brasileira - disse Aécio

Aloysio, em seguida, disse que continua bastante emocionado por esse momento da sua vida política. Ele brincou que tentara ser mais zen, que gostaria de assumir o espírito de Dalai Lama, mas que não consegue.

Aécio disse que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sempre considerou Aloysio a melhor escolha. O tucano disse que o ex-senador José Serra também comemorou e acrescentou que ele terá papel importante na campanha. Aécio fechou o nome de Aloysio ontem, às 22h, e recebeu telefonema de Serra às 6h30 de hoje. - Serra hoje é talvez dos interlocutores mais próximos que tenho. Acordei hoje com telefonema dele para me parabenizar pela escolha. Dentro de casa mesmo, poderemos ter posições divergentes sobre esse ou aquele assunto, Mas não se pode tirar de Serra que ele tem nome e espírito público. Ele terá um papel muito importante, o PSDB está mais unido do que nunca - disse Aécio.

Ele disse que não encontraria melhor vice na chapa em outros partidos:

- Teria que andar muito pelo Brasil, mais do que tenho andado, mas não escolheria melhor vice.

Para compensar o Nordeste, que poderia disputar a vice presidência representado no Tasso Jereissati (CE), o PSDB vai colocar como coordenador-geral da campanha o presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN). Com essa escolha, o PSDB também reserva lugar especial ao partido na aliança. Aécio disse que conversou sobre isso hoje pela manhã com o representante do DEM.

- Somos um só grupo político a partir de agora. O senador Aloysio soma, e muito, nessa caminhada, mas, sobretudo, pelo homem honrado que é - disse Aécio.

Em seguida, Aloysio disse que será um "militante político".

- Serei um vice muito dedicado, muito leal, muito correto. Orgulhoso por ter alguém do porte, da envergadura, do carisma como Aécio Neves na nossa liderança. Serei um militante político - disse Aloysio.

Chapa puro sangue reforça SP
Os dirigentes tucanos minimizam o fato de o PSDB ter optado por uma chapa pura e ressaltam a necessidade de reforçar o maior colégio eleitoral tucano no país, São Paulo.

- Não creio que a questão seja geográfica. A construção de uma chapa deve levar em conta conceitos e imagem. Temos experiencia de vice de outras regiões como do Nordeste que não produziram votos. O reforço tem de ser onde tem mais potencial de votos. A escolha não está equivocada – disse o senado Álvaro Dias (PSDB-PR).

O líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy, disse que o critério não é de território, mas sim de importância de colégio eleitoral e São Paulo atende a esse quesito.

- O Aloysio conhece bem a estrutura paulista e as pessoas nesse que é o colégio eleitoral mais importante do país. Ele traz para o Aécio um reforço grande – disse. - (a chapa Aécio e Nunes) Encerra essa história de que há um conflito Minas São Paulo, mas esse conflito nunca existiu.

Para analista, escolha traz votos de SP para o mineiro Aécio
O cientista político do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Iesp/Uerj) Felipe Borba avalia que Nunes aparece como forma de “compensar” os paulistas pela mudança de eixo do partido.

— Ele poderia atrair para o mineiro Aécio o voto de São Paulo, o maior colégio eleitoral do país. E sua escolha também seria importante porque, desde 1989, o candidato tucano à presidência é paulista. Desta vez não será, e Nunes poderia equilibrar isso — pondera Borba.

‘Mateus’ na ditadura, Aloysio Nunes atuou com Marighella e considera luta armada um erro

• Senador tucano foi anistiado em 2006 e é contra revisão da Lei de Anistia, que permitiu seu retorno ao Brasil

Evandro Éboli – O Globo

BRASÍLIA - O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), indicado vice na chapa de Aécio Neves (PSDB), atuou ao lado de Carlos Marighella, fundador do grupo armado Ação Libertadora Nacional (ALN) na ditadura. Nunes pegou em armas e usou o codinome Mateus nos anos de chumbo. Foi preso algumas vezes, mas nunca torturado. Deixou o Brasil no autoexílio para a França, em 1967, antes do AI-5, e obteve a condição de anistiado político em 2006, num julgamento da Comissão de Anistia, recebendo prestação única no valor de R$ 100 mil. O valor foi uma reparação referente aos 15 anos, 7 meses e 22 dias de perseguição sofrida, entre 1966 a 1979. Teve também direito de voltar à faculdade e concluir curso de Ciências Sociais.

Na certidão da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) de Aloysio - um resumo da documentação dos órgãos da ditadura nos arquivos sobre aquela pessoa - consta que o senador fez parte do Grupo Tático Armado (GTA) da "organização subversivo-terrorista" Aliança Libertadora Nacional (ALN).

- Se tivesse ficado no Brasil, teriam me matado. Era muito visado - disse o senador ao GLOBO, numa entrevista em outubro de 2011. - No GTA, era operário mesmo - diz ele, numa referência ao trabalho pesado que executava. Seu nome estava espalhado em cartazes com os dizeres "Terroristas assassinos".

O senador tucano não se arrepende da luta do passado, mas disse, em entrevista ao GLOBO, que a luta armada foi um equívoco.

- Participei de ações armadas. Mas não quero bancar herói. Estávamos profundamente equivocados. O que derrubou a ditadura foi a luta de massas, a luta democrática. Mas o que está feito, está feito. Não me arrependo - afirmou.

Durante o regime militar, foi indiciado várias vezes por atos subversivos e, em 1975, condenado a três anos de cadeia e dez anos de suspensão dos direitos políticos. Só retornou ao Brasil com a Lei de Anistia, em 1979.

Há três anos, Aloysio Nunes foi o relator no Senado do projeto que criou a Comissão Nacional da Verdade. Ele defende a manutenção da Lei de Anistia. Declarou não ser a favor de punições para antigos agentes do Estado que cometeram violações na ditadura.

- Para punir, tem que se mudar a Lei de Anistia ou acionar o Poder Judiciário. Não deve ser mexida a Lei de Anistia. Ela foi base do processo de redemocratização, referendada e ampliada na convocação da Constituição. Se dizia que foi aprovada num Congresso manietado e não representativo. Não foi. Por ela, pude voltar ao país. Tenho outra visão - disse na entrevista ao GLOBO.

Na década de 80, já reeleito deputado federal pelo PMDB, respondeu a um processo no Superior Tribunal Militar (STM) por ter, em 1982, num comício em São Paulo, “incitado à subversão da ordem, à animosidade entre as Forças Armadas e instituições civis, por propalar fatos que sabia inverídicos para denegrir a imagem das instituições militares e ofender a honra do sr. Presidente da República (João Figueiredo)”. Foi absolvido em abril de 1986.

Aécio diz que vai deixar o ‘ódio e o medo’ para campanha dos adversários

• ‘Queremos um Brasil em que todos sejamos nós’, diz tucano, que chamou de ‘macabra’ a divisão criada por opositores

Cristiane Jungblut – O Globo

BRASÍLIA - O candidato à Presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves, prometeu não usar o discurso do ódio ou do medo durante a campanha das eleições deste ano. Em entrevista nesta segunda-feira, quando também oficializou o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) como seu vice, Aécio disse que quer ‘olhar para o futuro’.

- O Aloysio respondeu muito bem à essa divisão quase que macabra entre nós e eles. Queremos um Brasil em que todos sejamos nós. Vamos deixar o ódio e o medo para os nosso adversários. Vamos falar do futuro - disse Aécio.

Na mesma linha, Aloysio disse que tem "couro duro".

- Tenho couro duro. O ódio é contraproducente. Mas não sobra ao PT e à presidente Dilma nada de novo, nada de diferente disso - disse Aloysio.

O candidato à Presidência disse ainda que a escolha do vice vai fortalecer os palanques, especialmente em São Paulo. Aécio disse ainda que em 90% dos estados o PSDB fez as alianças que queria.

- A escolha de Aloysio vai fortalecer o palanque no Brasil e, especialmente, em São Paulo. Ele foi escolhido vice porque convergiu (em outros partidos). Aloysio é maior do que o PSDB, do ponto de vista eleitoral e político. O PSDB peca há muito tempo por excesso de quadros qualificados. Não vamos fugir da discussão dos temas que são de responsabilidade dos grandes temas da Presidência da República, como o crescimento do país e a retomada de obras paralisadas.

Serra vai disputar Senado contra Suplicy e Kassab

• Ex-governador e Alckmin selaram acordo; ex-prefeito justificou candidatura sob o argumento de que tucano havia desistido da disputa

Pedro Venceslau, Ricardo Chapola e Elizabeth Lopes – O Estado de S. Paulo

O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB), candidato à Presidência em 2002 e 2010, decidiu nesta segunda-feira, 30, à noite, depois de uma reunião com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) no Palácio dos Bandeirantes, que será candidato ao Senado. Serra vai enfrentar Eduardo Suplicy (PT), que vem sendo eleito sucessivamente desde 1990 para o cargo. À tarde, seu afilhado político Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo e presidente do PSD, havia anunciado a própria candidatura na chapa de Paulo Skaf, candidato ao governo pelo PMDB, sob o argumento de que só aceitara a missão porque Serra estava fora da disputa.

O deputado José Aníbal, que postulava a vaga de candidato ao Senado, será o 1° suplente na chapa tucana, e o deputado Marcos Pereira, presidente nacional do PRB, será o 2° suplente.

O ex-governador aceitou disputar o Senado depois que o governador interveio no processo e convenceu os partidos de sua coligação a não lançarem candidatos próprios ao Senado, o que reduziria o tempo do PSDB na propaganda eleitoral no rádio e TV. No começo da semana, Serra disse a aliados que não disputaria o Senado, por falta de palanque eletrônico, e tentaria uma vaga na Câmara dos Deputados.

A indefinição levou outros postulantes a pleitearem a candidatura. Além de Aníbal, o deputado federal Antonio Carlos Mendes Thame, membro da direção executiva nacional do PSDB, havia se inscrito para o cargo. Ao longo do dia de ontem, membros da direção estadual também ventilaram a possibilidade de um plano B caso Serra decidisse não entrar na disputa. Os tucanos debateram a ideia de tentar nas urnas um nome novo do PSDB, que está ha quase 20 anos poder em São Paulo. Os nomes apresentados foram o vereador paulistano Floriano Pesaro e o deputado Duarte Nogueira, presidente do PSDB paulista.

Anúncio. Depois de negociar seu apoio com Geraldo Alckmin, com o PT e com o PMDB, Gilberto Kassab foi anunciado ontem, na convenção estadual do PSD, candidato ao Senado na chapa encabeçada por Paulo Skaf dizendo que só aceitaria o cargo porque Serra estaria fora. “Ele (Serra) já não é mais candidato (ao Senado), ele já se definiu. Até porque, se ele fosse candidato (ao Senado), todos sabem que eu não seria pelas relações que eu tenho com ele”, disse Kassab, que foi vice do tucano na Prefeitura de São Paulo.

Prefeitos do PSB apoiarão o tucano Pimenta da Veiga em MG

• Márcio Lacerda, de Belo Horizonte, e outros dizem não concordar com rompimento com PSDB

Ezequiel Fagundes – O Globo

BELO HORIZONTE- Principal nome do PSB em Minas, o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, aliado do presidenciável Aécio Neves (PSDB), veio a público ontem demonstrar insatisfação com o rompimento da aliança de seu partido com os tucanos mineiros. Lacerda chamou a direção do PSB de incoerente, realçou que tal decisão desconhece a realidade do estado e reafirmou que vai apoiar a candidatura do ex-ministro Pimenta da Veiga (PSDB) ao governo, contrariando o partido. Sobre a campanha presidencial, o prefeito desconversou. Disse que decidirá futuramente.

— Não vou sair do partido. Estou apenas solicitando a reavaliação da decisão, que achei incoerente. Penso que Eduardo Campos já tem uma votação em BH e no estado. Ele tem seus princípios e valores, que a gente respeita.

Não estou tomando nenhuma posição aqui em relação à eleição presidencial. Estou falando de eleição para governador de Minas. Farei o que a Justiça Eleitoral
permitir. O termo “palanque” é muito amplo, vamos avaliar caso a caso — declarou.

Campos e Aécio haviam firmado um acordo pré-eleitoral que previa apoio mútuo em Minas e em Pernambuco. Na última sexta- feira, no entanto, o PSB lançou o ex-prefeito de Juiz de Fora e exdeputado federal Tarcísio Delgado, pai do deputado federal Júlio Delgado, ao governo do estado.

Corrida para viabilizar chapa
O secretário institucional do PSB de Minas, deputado estadual Wander Borges, calcula que os 32 prefeitos do partido vão fazer campanha em suas cidades para o tucano Pimenta da Veiga:

— A nossa situação é complexa, não tem como voltar atrás. É o mesmo que marcar o casamento, chamar os padrinhos e os convidados, mas, na hora da cerimônia,
trocar os noivos.

O PSB corre contra o tempo para viabilizar sua chapa. Poucos do partido aceitam a empreitada de ser vice e candidato ao Senado em cima da hora. Assim, a sigla
está se aproximando de nanicos. Outro drama é a debandada de candidatos a deputado. Vários nomes demonstram desinteresse de entrar na disputa sem o apoio do Palácio da Liberdade

Para Marina, PSDB é passo atrás e PT, estagnação

• Candidata a vice na chapa de Eduardo Campos (PSB), ex-ministra critica rivais e defende fim do ‘ciclo da corrupção’ e de gastos públicos ‘ineficientes’

Ana Fernandes, Letícia Sorg e Daiene Cardoso – O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - Depois de criticar o PT e o PSDB na convenção que oficializou a candidatura de Eduardo Campos à Presidência da República no último sábado, a vice da chapa Marina Silva voltou nesta segunda-feira, 30, à carga contra os adversários.

Em entrevista ao Broadcast Político, serviço em tempo real da Agência Estado, a ex-senadora disse que os tucanos representam o atraso e que reeleger a presidente Dilma Rousseff é deixar tudo como está.

“O que simboliza o passo atrás é voltar para o PSDB. O que simboliza ficar onde se está - com risco de volta da inflação, baixo crescimento e elevação de juros, toda essa dificuldade na agenda de energia, problemas na qualidade da saúde, educação, segurança pública - é com Dilma. Dar o passo à frente é escolher aquele que está se comprometendo em manter as conquistas, sem que isso signifique ter uma atitude complacente com os erros”, afirmou.

Defendendo a alternância de poder para evitar que a polarização entre situação e oposição “cristalize”, Marina defendeu o fim do “ciclo da corrupção” e dos gastos públicos “ineficientes”.

“A sociedade brasileira começa a trabalhar muito fortemente com o desejo de mudar, mas mudar de uma forma que não seja eliminando tudo aquilo que conquistamos. Nem quer ficar onde está, nem quer dar um passo atrás, quer dar um passo à frente, por isso que nós vamos estar no segundo turno.”

A vice de Campos afirmou que a aliança está tranquila em relação à “ansiedade” dos que esperam uma transferência imediata de votos.

Em 2010, a então candidata à Presidência conseguiu quase 20 milhões de votos no primeiro turno, mas ainda não conseguiu alavancar as intenções de voto para Campos. Na mais recente pesquisa do Ibope, divulgada no dia 19, Campos permanece em terceiro lugar na disputa. O candidato do PSB tem com 10% das intenções de voto, atrás de Aécio (21%) e Dilma (39%). “Nem sempre aqueles que saem na frente chegam na frente no ponto de chegada”, disse Marina.

Resistências. Marina admitiu a resistência de parte de seu eleitorado ao nome de Campos como cabeça de chapa, mas disse que cabe a ele vencer esse obstáculo. Ela acredita que o ex-governador de Pernambuco terá condições de convencer os “marineiros” à medida em que se tornar conhecido.

“Na hora em que ele começar a falar, ele mesmo vai quebrar essa resistência. Uma boa parte dessa resistência vem do desconhecimento”, avaliou.

Por outro lado, a vice ressaltou que Campos também ajuda a vencer setores contrários à sua presença na chapa. “Tem muitas resistências em relação a mim pelo fato de ser ambientalista e o Eduardo, como é uma pessoa que vem de uma experiência de gestão no Estado, ajuda a diminuir”, disse.

Reforma tributária. Se vencer a sucessão presidencial em outubro, Campos anunciou que pretende fazer no primeiro ano de governo a reforma tributária.

Segundo Marina, a ideia é fazer uma reforma gradual e criar um fundo de compensação para Estados e municípios a fim de suprir eventuais perdas e evitar que a medida comprometa a saúde financeira destes governos.

“Todos os candidatos em 2010 disseram que iam fazer a reforma tributária. O PT ganhou e fez a reforma do compromisso. O PSDB foi governo e não foi capaz de fazer as reformas com as quais se comprometeu”, alfinetou.

Para governador do PSB, radicalismo de Marina dificulta crescimento de Campos

Raphael Di Cunto – Valor Econômico

BOA VISTA - Governador de Roraima e candidato à reeleição, Chico Rodrigues (PSB) verbaliza uma crítica à ex-senadora Marina Silva (PSB) que está latente no partido: as posições radicais da ex-ministra do Meio Ambiente contra o agronegócio e na composição de alianças estão prejudicando a candidatura do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) à Presidência.

Em entrevista exclusiva ao Valor PRO, serviço de tempo real do Valor, concedida no Palácio do Setentrião, sede do governo, na noite de quinta-feira, dois dias antes da convenção do PSB que referendou Marina como vice de Campos, o governador diz que seu palanque no Estado só não vai ter espaço para o PT e critica as desonerações do governo federal que estão diminuindo os repasses para Roraima.

Rodrigues assumiu o cargo há três meses, no lugar do ex-governador José de Anchieta Júnior (PSDB), que se desincompatibilizou para disputar a eleição para o Senado. O atual governador era filiado ao DEM até outubro, mas trocou de partido por desentendimentos com o presidente do diretório local e agora vai disputar a reeleição em uma chapa com 20 legendas. A seguir, os principais trechos da entrevista:

Valor: A Marina é muito criticada pelos produtores rurais de Roraima. Como viu a aliança com o PSB?

Chico Rodrigues: A ex-senadora Marina Silva radicaliza muito em relação às questões ambientais. Somos um país continental, que tem o que qualquer nação do mundo gostaria de ter: mais de 22% da água doce do planeta, a maior biodiversidade do mundo e as maiores reservas de minerais estratégicos. O Brasil é um país de vanguarda, não é conservador. Queremos proteger nossos mananciais, nossas florestas, nossas reservas. Agora, desde que exploremos e coloquemos essas riquezas a serviço da população brasileira. Não é justo que, com esse radicalismo ambiental, a ministra dificulte o crescimento do Eduardo Campos.

Valor: De que modo ela tem dificultado a candidatura?

Rodrigues: Ela não tem compreendido a composição de alianças em alguns Estados. Aqui e acolá, tem criado dificuldades. Política é a convivência dos contrários, não é a exclusão dos contrários. E, por conveniência, questão ambientalistas ou outras teses, ela quer sempre excluir os contrários.

Valor: O Eduardo ganhou muita visibilidade por causa da Marina, mas não subiu nas pesquisas. O sr. acha que as posições dela prejudicaram a campanha?

Rodrigues: Diria com toda segurança que sim. Sou engenheiro agrônomo de formação, tenho relação com o agronegócio no Brasil inteiro. Hoje, 68% do PIB brasileiro vem do agronegócio [na verdade, o correto é 23%]. Há um medo geral no setor com esse radicalismo e aí, obviamente, reflete negativamente na candidatura do Eduardo.

Valor: Mas isso vai impedi-lo de ir ao segundo turno?

Rodrigues: Vai ser necessário existir unidade pelo menos no essencial para que possa ser uma chapa com condições de sair vitoriosa. O Eduardo tem teses muito importantes para o Brasil e tem mostrado isso nos debates que tem participado nos grandes centros do país. É o menos conhecido entre os candidatos, segundo as pesquisas, e por isso quando se apresentar na televisão, quando olhar olho no olho com todos os brasileiros, acredito que vai ter crescimento muito expressivo, com chances inclusive de chegar ao segundo turno.

Valor: O senhor era filiado ao DEM. Escolheu o PSB por causa da candidatura presidencial?

Rodrigues: Eu estava sem espaço no Democratas. O partido tem um deputado federal em Roraima, Paulo César Quartiero, que me hostilizava muito, mesmo eu sendo vice-governador. Fui deputado federal com o Eduardo, que é meu amigo, assim como o ex-prefeito da capital, que é do PSB. Os dois me convidaram e, como os incomodados se retiram, foi um estuário natural ir para o PSB.

Valor: PSDB e PMDB estão na sua coligação. O sr. vai fazer campanha para o Aécio Neves (PSDB) e para a presidente Dilma Rousseff?

Rodrigues: O palanque nosso, em função da coligação, só não tem lugar para o PT. Até para o pastor tem [Everaldo Pereira, do PSC]. O PMDB é uma colcha de retalhos. Tem gente que apoia a Dilma, gente que apoia o Aécio e quem apoia o Eduardo. O Aécio foi meu colega de Câmara por vários mandatos, é meu amigo, mas, por conta do partido, vou dar apoio para o Eduardo.

Valor: Mas por que excluir o PT?

Rodrigues: O PT só provocou danos ao Estado. O sentimento da população de Roraima sobre o PT é de absoluta exclusão, o partido não é bem-vindo em Roraima. Prova é que o PT não tem nenhum deputado estadual nem federal aqui e quase não tem vereadores e prefeitos.

Valor: Há dificuldade de relacionamento com o governo federal?

Rodrigues: Assumi há 86 dias. Não poderia nem elogiar nem criticar o governo federal. Estive apenas três vezes em Brasília nestes três meses. Meu tempo é pouco e os projetos que levei estão em tramitação, espero que sejam atendidos. A presidenta Dilma, em relação ao Estado, tem atendido vários projetos de emendas parlamentares. Não no tamanho que a demanda reclama, mas não fomos esquecidos.

Valor: O senhor decretou estado de emergência na educação e saúde há menos de um mês por falta de verbas. O governo federal tem promovido desonerações que diminuem o repasse de recursos para os Estados. Vê situação financeira de Roraima melhorar no futuro?

Rodrigues: Não vivemos um momento republicano no Brasil. Essas desonerações para melhorar a opinião pública sobre o governo no ano eleitoral prejudicam ainda mais a vida dos Estados em que a receita própria é muito pequena e dependem das transferências compulsórias, como Roraima. Espero decretar o fim do estado de emergência até o fim do ano, mas não vejo a situação melhorando em menos de dois anos. Espero que, com a vitória do Eduardo Campos, esse quadro seja revisto. O Brasil é a sétima economia do mundo e precisa de uma gestão diferente.

Valor: O governo de Roraima é muito criticado pela oposição pelos gastos com propaganda...

Rodrigues: A lei eleitoral determina que os gastos com comunicação sejam inferiores [no ano eleitoral] à média dos três anos anteriores, e estamos absolutamente abaixo desta média.

Valor: Mas não é contraditório decretar estado de emergência e não cortar gastos com publicidade?

Rodrigues: Houve uma redução. Mas se a situação é tão difícil e você não mostra para a população o que está fazendo de bom, aí é que afunda, vai para o buraco negro. Temos melhoras visíveis no transporte escolar, recuperação de pontes, de escolas. Não é justo que deixemos de levar ao conhecimento da população o que estamos fazendo.

Datafolha faz nova pesquisa eleitoral para presidente

- Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O Instituto Datafolha registrou na última sexta-feira (27) o questionário de uma nova pesquisa eleitoral para presidente da República. A divulgação dos resultados poderá ser feita a partir desta quarta-feira (2), data em que se encerrarão as 2.884 entrevistas programadas.

Entre outros assuntos, o novo levantamento do Datafolha vai investigar a popularidade da presidente Dilma Rousseff, expectativas do eleitorado sobre temas econômicos como desemprego e inflação, bem como cenários de primeiro e segundo turnos para a sucessão presidencial.

A pesquisa também aborda questões relativas à realização da Copa do Mundo no Brasil.

O questionário completo do levantamento está disponível no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Barbosa participa hoje de sua última sessão no Supremo

• Ministro votará sobre regras para formação de bancadas na Câmara

Evandro Éboli – O Globo

BRASÍLIA — Onze anos após assumir uma cadeira de ministro no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Joaquim Barbosa se despede nesta terça-feira da Corte que o fez famoso por ter sido, como relator do mensalão, algoz dos correligionários de quem patrocinou sua indicação: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. O presidente do STF participa de sua última sessão e, ainda nesta terça-feira, deve encaminhar ao Executivo mensagem com seu pedido de aposentadoria. O STF entra em recesso na sequência.

Aos 59 anos, Barbosa se aposentará de forma prematura e com uma antecedência de 11 anos. A idade limite para deixar a Corte é 70 anos. Ele não preparou discurso, mas pode falar de improviso, e receberá as manifestações dos colegas. Barbosa está no STF desde junho de 2003 e assumiu a presidência da Corte em outubro de 2012. O ministro anunciou mês passado que deixará o STF. Ele vinha sofrendo ameaças de setores insatisfeitos com suas decisões, em especial de militantes do PT.

O ministro terá papel decisivo na pauta do dia. O STF deverá decidir nesta terça-feira as regras que definirão o tamanho das bancadas federais na Câmara nas eleições deste ano. Nas últimas sessões, o tribunal derrubou a resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de 2013 que alterou o tamanho das bancadas parlamentares em 13 estados.

Mas, como as convenções partidárias já começaram, o STF entendeu que deve ser mantida a mesma divisão prevista nessa decisão do TSE. Sete ministros assim entenderam, mas são necessários oito votos para sua aprovação. Como Barbosa foi o único que não participou desse julgamento, deverá dar seu voto hoje, que definirá a matemática desta eleição.

Caso Barbosa acompanhe os sete votos, a resolução do TSE, mesmo sendo considerada inconstitucional, valerá para 2014. Se Barbosa tiver outro entendimento, as regras vigentes para este ano podem ser as mesmas de 2010. Ou seja, nesse caso, o número das bancadas é o da eleição passada.

Pela resolução do TSE, no caso da Câmara, cinco bancadas estaduais aumentariam suas representações — Minas Gerais, Ceará, Pará, Santa Catarina e Amazonas — e oito perderiam deputados — Rio, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco, Paraíba, Espírito Santo, Alagoas e Piauí.

O aumento nas bancadas se daria da seguinte forma: Minas iria de 55 para 57; Ceará, de 24 para 26; Pará, de 21 para 25; Santa Catarina, de 17 para 18; e Amazonas, de 9 para 10. Já a redução ocorreria do seguinte modo: Rio iria de 46 para 45; Rio Grande do Sul, de 30 para 29; Paraná, de 29 para 28; Pernambuco, de 24 para 23; Paraíba, de 10 para 8; Espírito Santo, de 8 para 7; Alagoas, de 8 para 7; e Piauí, de 8 para 6.

Real 20 anos - FH: só política monetária não resolve a inflação

• Para ex-presidente, Plano Real não foi só para controlar os preços, mas um processo educativo sobre prejuízo inflacionário

• No balanço de duas décadas do Real, ex-presidente afirma que é preciso mudar atitude leniente em relação à alta de preços

• “O plano marcou uma mudança na vida brasileira que permaneceu: não aceitar a inflação como inevitável”

João Sorima Neto – O Globo

SÃO PAULO - Vinte anos após dar os primeiros passos para a estabilização da economia, o ex-ministro da Fazenda do governo Itamar Franco e ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso avalia que o Brasil passa por momento político semelhante ao do lançamento do Plano Real, com anseio por mudanças. FH observa que o plano não foi apenas um conjunto de técnicas para controlar preços, mas um processo educativo que permitiu ao brasileiro entender como a inflação o prejudicava. Em entrevista por e-mail, ele alerta que, embora o país esteja longe do descontrole de preços, a memória inflacionária ainda é um risco.

Ainda existe risco de descontrole de preços?
Sempre existe a possibilidade de descontrole de preços. Como o governo menospreza a busca pela redução da inflação, mesmo que gradual, limitando-se a sugerir que basta não ultrapassar o teto da meta inflacionária, e como há muitos preços represados por decisão governamental, o risco aumenta. Não creio que seja iminente nem que estejamos diante do que aconteceu no passado, mas é preciso mudar a atitude leniente e estar sempre de olho no que já está indexado.

Por que a inflação se mantém acima dos 6%?
Como se viu na época do Real, há um componente de inércia que conta. Já que os preços subiram e vão continuar subindo, na dúvida, façamos um pequeno aumento. São resquícios da memória inflacionária. Além disso, a política monetária sozinha não dá conta de controlar a inflação. É preciso combiná-la com a política fiscal. E o que estamos vendo, às vésperas das eleições, é afrouxamento fiscal.

O Brasil teve a menor taxa de juros de sua História. Por que não se sustentou?
Desde o governo Lula, o mantra é: mais crédito (público) e mais consumo. Houve pouca atenção ao aumento de produtividade e à atração de investimentos produtivos. Houve mais gastos correntes do governo.

Como é possível retomar a confiança dos empresários?
A visão econômica do governo, registrada pelos empresários como inamistosa, cria um clima de pessimismo. Se a isso agregamos os erros na política econômica e a demora, desde o governo Lula, em enfrentar os gargalos da infraestrutura pelo temor do investimento privado, temos a situação atual de baixo crescimento. Não se pode esquecer também da percepção de que o processo educativo é falho e, com isso, a recuperação dos índices de produtividade se torna mais difícil.

Após duas décadas, quais conquistas se mantêm?
Sem dúvida o Plano Real, que inicialmente era chamado de Plano FHC, marcou uma mudança na vida brasileira que permaneceu: não aceitar a inflação como inevitável e ver que, com ela, não pode haver melhoria real de salário nem, portanto, de bem-estar. O Plano Real não foi apenas um conjunto de técnicas de controle da inflação. Foi um processo educativo que permitiu ao povo entender como a inflação o prejudicava. Deu condições a governos e empresários de maior previsibilidade para gastos e investimentos. O ajuste econômico foi feito sem perdas, mas com ganhos, para assalariados. Estes objetivos permanecem na mente de todos.


Redistribuição de renda e diminuição da pobreza, com Lula e Dilma, foram complementos ao Real?
A preocupação com salários e bem-estar veio antes dos governos Lula e Dilma. Desde o governo Itamar e do meu, o movimento na direção de melhor distribuição de renda, redução da pobreza e melhores condições de vida estiveram presentes. As conjunturas eram mais adversas, sobretudo as internacionais. Entretanto, o sentido de melhoria veio com o Plano Real. Perder estes ganhos com a aceitação implícita da inflação é erro óbvio de condução da política econômica, que leva à perda da confiança dos empresários e à “estagflação” (crescimento baixo e inflação alta), na qual já estamos. Com o tempo, levará a perdas sociais.

Merval Pereira: Café com leite

- O Globo

Em nenhuma das últimas três eleições presidenciais que perdeu para o PT, o PSDB conseguiu uma unidade formal como a que desaguou na escolha, ontem, do senador Aloysio Nunes Ferreira para compor como vice a chapa do candidato tucano Aécio Neves.

Uma chapa “café com leite” que tem o objetivo de garantir a supremacia no principal colégio eleitoral do país, driblando a armadilha da desunião partidária justamente nos dois estados que, embora governados por tucanos, nunca estiveram juntos nas eleições anteriores e, quando estiveram, elegeram o expresidente Fernando Henrique Cardoso no 1º turno.

A escolha tem o aval do ex-governador José Serra, que nunca deixou de ser um elemento fundamental nas decisões do PSDB, especialmente as que envolvem São Paulo, mas, devido à expressão nacional de sua liderança, também as que repercutem nacionalmente.

O reconhecimento dessa força política, aliás, foi um dos fatores impeditivos para sua escolha como vice, pois meros comentários seus podem gerar repercussões políticas, como foi o caso quando divergia das medidas econômicas da equipe do ministro da Fazenda Pedro Malan nos governos de Fernando Henrique.

Liberado por Serra, o senador Aloysio Nunes Ferreira pôde atuar com mais desembaraço para se colocar como vice e, mais que isso, o governador Geraldo Alckmin terá no estado que governa um apoio a mais para sua candidatura à reeleição. Aécio terá junto a Alckmin um aliado que poderá aparar arestas eventuais.

A união em São Paulo é fundamental para o projeto de Aécio, e por isso ele fingiu que não viu a atuação de Alckmin junto a seus aliados para levar o PPS para os braços de Eduardo Campos. O presidente do ex-partido comunista deve seu mandato a Serra, que o levou para São Paulo dando legenda e apoio político. E é pernambucano, o que o aproxima de Campos.

A esses dois fatores se juntaram os interesses imediatos de Alckmin, que queria ter o PSB a seu lado, com o vice, na campanha para o governo de São Paulo. Aécio sabe que numa campanha como essa os interesses regionais muitas vezes assumem caráter prioritário.

Ele foi acusado de ter relegado a segundo plano as eleições presidenciais de Alckmin e Serra para tratar dos seus interesses em Minas, aceitando a prática do voto Lulécio (Lula e Aécio) e mais adiante o Dilmasia (Dilma e Anastasia). Por isso, fez vista grossa às composições regionais que eventualmente possam prejudicar sua candidatura,
mas trata de montar alianças na política paulista que impeçam sua “cristianização”.

Na prática, trata-se de evitar a plena realização da chapa ‘Edualdo’, mistura de Eduardo Campos com Geraldo Alckmin. A seu favor estão sua capacidade de aglutinação e a necessidade de Alckmin ter um palanque forte em São Paulo, agora que o PT armou uma candidatura aparentemente viável para combatê-lo na figura de Paulo Skaf, do PMDB, “cristianizando” antecipadamente o candidato oficial Alexandre Padilha, que não parece ter condições de decolar.

O golpe de mestre teria sido a adesão do PSD à candidatura tucana, com Henrique Meirelles na vice. Só não aconteceu porque Kassab está preso a compromissos com o petismo e sofreu pressões fortes até por parte do ex-presidente Lula. Não sendo Serra, mas representando-o, o senador Aloysio Nunes Ferreira é quem melhor avaliza a aliança política entre São Paulo e Minas.

Com 11 milhões de votos para o Senado em 2010, para os quais muito contribuiu a decisão de colocar o ex-presidente FH fazendo sua propaganda na televisão, de quem foi ministro da Justiça e da Secretaria-Geral da Presidência, o senador Aloysio Nunes Ferreira foi também secretário estadual no governo Serra e tem conhecimento perfeito da máquina partidária tucana no estado.

Tem um perfil de político de esquerda, o que dificulta os prováveis ataques petistas por esse lado: ex-membro do Partido Comunista Brasileiro, participou da Aliança Libertadora Nacional (ALN), organização guerrilheira contra a ditadura militar, tendo servido de motorista para Marighella em ações armadas.

Provavelmente os ataques virão pelo fato de seu nome ter sido citado inicialmente como um dos políticos que tinham ligação com a formação de cartel no Metrô de São Paulo. Seu nome, no entanto, foi retirado do caso pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello, por não haver indícios contra ele que justificassem uma investigação

Dora Kramer: 360 graus

- O Estado de S. Paulo

O senador Aécio Neves fez que foi, mas não foi. Manteve o clima de suspense até o último minuto, deu um rasante pela cena política e ficou exatamente onde estava desde o início da aparentemente incessante busca pelo candidato a vice em sua chapa à Presidência da República.

Na batalha da comunicação, conseguiu uma proeza: ser manchete com notícia amanhecida. Na política, o senador Aloysio Nunes Ferreira já estava escolhido desde que a cúpula do partido definiu que o critério da composição da chapa não seria mais partidário como em eleições anteriores, mas regional.

Isso aconteceu há meses. De lá para cá foram levantadas várias hipóteses, mas o nome do senador sempre voltava ao centro como aquele sobre o qual não pesava restrição alguma. Não havia "senões".

E ainda a grande vantagem de o vice compensar a ausência de um candidato de São Paulo à Presidência pela primeira vez desde 1989, quando cinco representantes do Estado concorreram: Lula, Mário Covas, Ulysses Guimarães, Paulo Maluf e Guilherme Afif.

O critério partidário esteve fora do radar desde o início da montagem da candidatura. O DEM, aliado tradicional, estaria de qualquer forma na coligação e não dispunha de um nome que pudesse representar ganhos concretos de votos. São Paulo e a chapa puro-sangue então pareceram a escolha óbvia. Até quando as pesquisas começaram a ficar de novo desfavoráveis para o governo. Aí os tucanos nutriram a esperança de que algum partido de peso pudesse integrar a aliança. Mas, qual, o PMDB? Houve até quem sonhasse.

Críticas do ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, à política econômica e a insatisfação crescente no PSD com o PT alimentou o boato sobre uma possível escolha de Meirelles. Gilberto Kassab, porém, havia avisado que seu partido iria de Dilma e manteve a palavra.

Voltou-se, então, ao ninho: José Serra, Tasso Jereissati, Ellen Gracie e, claro, Aloysio. O senador Aécio Neves sempre deixou muito claro que ouviria os companheiros, mas que a decisão seria dele e mediante dois pesos de avaliação: o que fosse melhor para ganhar a eleição e, depois, o que não criasse dificuldades para governar em caso de vitória.

Dentro desses parâmetros, a conversa do candidato, mesmo quando cifrada, levava o interlocutor a concentrar o foco no nome de Aloysio Nunes Ferreira.

Surpreendente mesmo, só o despiste de Aécio nos últimos dias dizendo que poderia haver "surpresas". Como diz a velha piada de mineiros: estava dizendo que ia para Barbacena só para todos pensarem que ia para Uberaba, mas ia para Barbacena mesmo.

Soma zero. O efeito desse festim licencioso entre partidos de oposição e de situação provavelmente não terá efeito algum sobre o eleitor que for às urnas no dia 5 de outubro.

A confusão de legendas que se cruzam umas com as outras é tamanha que para o público em geral é mais fácil deixar essa questão de lado do que tentar discuti-la.

Senão, vejamos. Levantamento feito no fim de semana pela Folha de S. Paulo mostra que as alianças da presidente Dilma Rousseff nos Estados permitem 128 conexões partidárias; as de Aécio Neves se prestam a 87 e as de Eduardo Campos, a 52 conexões.

A tradução disso nessas expressões chulas que andam usando por aí pode até simplificar a abordagem do assunto, mas não facilita a sua compreensão. E que não se pense em contar com os políticos para organizar o quadro porque, ao mesmo tempo em que alguns denunciam a bagunça ao se sentirem prejudicados, não mexem um dedo mindinho para mudar a situação.

Ao contrário. Quando se mobilizaram foi para derrubar a decisão da Justiça que interpretou a Constituição no sentido de que o caráter nacional dos partidos os obrigava a unificar o padrão das alianças nos âmbitos federal, estadual e municipal.

Hélio Schwartsman - Orgias partidárias

- Folha de S. Paulo

A cada quatro anos, é a mesma novela: forjam-se as alianças para as eleições gerais e todo mundo se põe a apontar suas inconsistências ideológicas.

De fato, algo soa estranho quando siglas inimigas no plano federal se coligam em algum Estado, ou quando aliados federais rompem numa disputa local. Também não é fácil engolir os casos em que um balde de legendas, que cobre todos os espaços concebíveis do espectro ideológico, se junta para apoiar um candidato.

Como isso é possível? São nossos políticos ou eleitores que estão errados? Creio que o responsável aqui é uma combinação dos dois fatores.

Os políticos criaram um sistema disfuncional, que, através principalmente do tempo de TV, concede poder desproporcional às pequenas e médias legendas. Em busca de segundos a mais na propaganda gratuita, candidatos se curvam a interesses mais fisiológicos que políticos.

Isso, entretanto, é apenas parte do quebra-cabeças. Os partidos que se especializaram em predar legendas maiores ou mais competitivas, sobrevivem porque têm votos.

O problema aqui é que nossas cabeças ainda operam com uma concepção de democracia que se mostrou errada. Gostamos de imaginar que o eleitor escolhe seu representante de forma racional, ponderando seus interesses, os do país e as propostas de cada postulante. Uma série de experimentos e estudos, entretanto, sugere que, de um modo geral, o cidadão vota nas pessoas e ideias que, por razões subjetivas, lhes são mais simpáticas e depois tenta revestir essa decisão de motivos racionais.

Se esse modelo é correto, não faz muito sentido cobrar consistência ideológica do sistema. Seria mais razoável redesenhá-lo de modo a dificultar a vida das siglas predadoras. Eu acabaria com as coligações para o Parlamento, tiraria o tempo de TV para o Executivo de quem não lança postulante e permitiria candidaturas desvinculadas de partidos.

Luiz Carlos Azedo: O vice paulista

• Paulista de São José do Rio Preto, o senador Aloysio Nunes obteve 11 milhões de votos em São Paulo, ou seja, é um nome para fortalecer a chapa tucana no maior colégio eleitoral do país

- Correio Braziliense

O candidato tucano Aécio Neves finalmente escolheu o seu vice e, assim, completou a chapa do PSDB à Presidência da República, uma coalizão formada ainda pelo DEM, pelo PTB e pelo Solidariedade, além dos nanicos PTC, PTN, PMN e o PTdoB. Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), companheiro de bancada no Senado, foi o nome da preferência de Aécio, depois de uma semana e meia de muito suspense. A opção reforça a estratégia de consolidar a unidade interna do PSDB e obter a maior votação possível em São Paulo, cujo governador, Geraldo Alckmin, também tucano, candidato à reeleição, abriu o palanque para o candidato do PSB, Eduardo Campos. O estado tem 31 milhões de eleitores, o dobro de Minas, com 15 milhões.

Diante das contingências eleitorais, Aécio fez uma escolha pragmática. Havia a possibilidade de compor a chapa com um tucano nordestino, o ex-senador Tasso Jereissati, mas, com ele, a melhor opção foi construir um palanque no Ceará, terceiro estado em importância da região, com o senador Eunício Oliveira (PMDB), que disputa o governo do estado contra o candidato dos irmãos Cid (o governador) e Ciro Gomes, o petista Camilo Santana. Tasso vai disputar o Senado.

A outra opção no Nordeste seria o presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN), porém, o fortalecimento da chapa no Rio Grande do Norte de nenhuma forma compensaria seu enfraquecimento em São Paulo. Hoje, a força do DEM está concentrada na Bahia, o terceiro colégio eleitoral do país, com 10 milhões de eleitores, mas as principais lideranças da legenda no estado não poderiam ocupar a vice: o prefeito de Salvador, ACM Neto, está no primeiro mandato, e o ex-governador Paulo Souto lidera a corrida ao governo da Bahia, garantindo-lhe um palanque robusto no estado.

Para Aécio, Aloysio Nunes não é apenas um homem para ser vice-presidente da República: "É um nome que, em qualquer eventualidade, está absolutamente preparado para presidir o Brasil. A qualidade intelectual dele é inegável. A postura política irretocável é respeitada inclusive por adversários. Essas qualidades fizeram com que chegássemos a essa decisão, que, politicamente, parece-me acertada e, do ponto de vista pessoal, alegra-me muito", disse.

Eis o xis da questão: Aécio escolheu um paulista de São José do Rio Preto que obteve 11 milhões de votos no estado, ou seja, um nome capaz de substituir a outra alternativa que se colocava para fortalecer a chapa no maior colégio eleitoral do país, o ex-governador José Serra. Assim, contempla o grupo serrista e ainda mantém uma ponte com o grupo do ex-prefeito Gilberto Kassab. O presidente do PSD é aliado de Serra, mas decidiu apoiar Dilma Rousseff e o candidato do PMDB ao Palácio dos Bandeirantes, o empresário Paulo Skaf, porque não foi contemplado com a vice de Alckmin, de quem sempre foi desafeto. O vice é o deputado Márcio França, do PSB.

O príncipe
Aloysio Nunes, 69 anos, começou a atuação política aos 18, na Faculdade de Direito de São Paulo, como militante do PCB. Aderiu, porém, à dissidência de Carlos Marighella e Joaquim Câmara Ferreira, que formaram a Aliança Libertadora Nacional (ALN) e lideraram a guerrilha urbana no país. Foi motorista de uma das ações mais espetaculares do grupo: o assalto ao trem pagador da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, que rendeu à guerrilha NCr$ 108 milhões (cerca de US$ 21.600 à época), dinheiro suficiente para o pagamento de todos os funcionários da ferrovia.

Enviado a Paris por Marighella, Aloysio filiou-se ao Partido Comunista Francês e, depois, voltou ao PCB, que o enviou à escola de quadros do PCUS em Moscou, para estudar O Capital, de Karl Marx, a bíblia marxista. Após a anistia, em 1989, voltou ao Brasil e filiou-se ao PMDB. Iniciou uma vitoriosa carreira política, que o levou ao rompimento com o PCB, com ex-deputado federal Alberto Goldman, seu amigo. Foi deputado estadual e vice-governador. Em 1992, disputou a prefeitura de São Paulo e perdeu para a petista Marta Suplicy. Cinco anos depois, deputado federal, filiou-se ao PSDB. Foi ministro da Justiça e secretário-geral da Presidência no governo de Fernando Henrique Cardoso. Eleito com 11.189.168 votos (30,42% dos válidos) em 2010, tornou-se o senador mais votado do país.

Aloysio foi dos primeiros integrantes do grupo serrista a assumir a candidatura de Aécio. Ao agradecer o convite para a vice, lembrou O príncipe, obra seminal da teoria política: "O Maquiavel tem uma reputação sulfurosa, mas dizia o seguinte: que o sucesso da política depende de dois fatores: a fortuna e a virtú. A fortuna são as condições objetivas, condições que, em grande medida, não dependem de nós. E as condições objetivas que vivemos hoje apontam profundo desejo de mudança do povo brasileiro. Essa é a realidade política marcante, que foi, inclusive, fator de desagregação do bloco que governa o país há tanto tempo. O Brasil quer mudar, quer um governo diferente, quer um novo fôlego, um novo impulso, um novo curso para a nossa vida política. E o Aécio conseguiu encarnar esse desejo. E aí entra a virtude".

Raymundo Costa: O perde e ganha da sucessão presidencial

• Pano de fundo é a mão forte do Estado na economia

- Valor Econômico

Assentada a poeira das convenções partidárias, é possível fazer o balanço e projetar o futuro imediato das principais candidaturas à Presidência da República.

A presidente Dilma Rousseff, que por ser candidata à reeleição é a referência do processo eleitoral de 2014, conseguiu o que se propôs a conquistar nesse período: o maior tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV.

Para a campanha de Dilma o tempo de tevê é considerado fundamental para estabelecer a comparação entre os 12 anos de governo do PT com os oito anos de mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Num momento em que mais de dois terços do eleitorado manifesta um forte desejo de mudança, conforme registrado por uma série de pesquisas, no entanto, a campanha de Dilma derrapou ao entregar para o PR o Ministério dos Transportes por um punhado de segundos a mais de propaganda eleitoral.

Algo em torno de 75 segundos, para ser mais preciso, cujo preço será cobrado de Dilma na campanha. Ainda mais quando se sabe que a negociação envolveu um presidiário, o ex-deputado Valdemar da Costa Neto, condenado por seu envolvimento no esquema do mensalão. Valdemar ainda hoje detém o poder real no PR.

O candidato do PSDB, senador Aécio Neves, também atolou-se em antigos vícios da política tradicional. Nada mais feio do que o conselho que o tucano deu a potenciais aliados para "sugar" tudo o que fosse possível do governo, antes de trocar de lado. Referia-se a PP, PR e PSD. Não levou nenhum. Nesse jogo, o governo tem muita mais bala na agulha.

Aécio também foi levado a buscar um candidato a vice-presidente em São Paulo, o senador Aloysio Nunes Ferreira. Se o vice não fosse de São Paulo, a falta de compromisso do PSDB estadual com a chapa presidencial seria completa. Com Aloysio, os tucanos paulistas ainda devem ter algum engajamento na campanha. Mas nem isso é garantido.

Sintomático é o discurso proferido por José Serra na convenção que oficializou a candidatura à reeleição do governador Geraldo Alckmin: "Há economistas, viu Aécio, que dizem que o Brasil não tem poupança e nem capital para poder investir. Isso é falso", disse. Serra falava de Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central e a principal referência econômica da campanha de Aécio Neves - em recente entrevista ao Valor, Armínio afirmou que a taxa de poupança do país está "quase tão baixa quanto os níveis dos reservatórios". A falta de sincronia tucana foi anotada no Palácio do Planalto.
Para o candidato do PSB, Eduardo Campos, o fim do período das convenções pode ser encarado com um certo alívio. A composição das alianças e palanques estaduais era um fator estressante nas relações entre os correligionários de Campos e de sua candidata a vice, Marina Silva. Se Marina atrapalhou muito durante a etapa das negociações, agora pode ajudar.

O PSB vai explorar ao máximo a incorporação do Rede Sustentabilidade, com a elaboração de uma agenda própria para Marina Silva, a ser cumprida simultaneamente com a agenda de Eduardo Campos. Nem Dilma nem Aécio dispõem do mesmo potencial com os respectivos candidatos a vice, Michel Temer e Aloysio Nunes Ferreira, muito embora a presidente tenha Lula como cabo eleitoral. Eduardo e Marina não precisam estar juntos para transmitir a mensagem de que podem ser uma alternativa a PT e PSDB.

Em relação ao futuro imediato, a campanha de Dilma Rousseff está mais empenhada do que nunca em estabelecer a comparação entre os 12 anos do PT e os oito anos de FHC. A indicação de Armínio Fraga como referência econômica de um eventual governo Aécio Neves põe na mira do PT um alvo fixo - seu período no BC é objeto de minucioso exame.

No QG da presidente acredita-se que a candidatura de Aécio Neves cresceu nas pesquisas em cima de um diagnóstico da política econômica, mas no debate ele estará vulnerável à pergunta que importa: o que o Aécio faria se estivesse no lugar Dilma? Do lado de Dilma argumenta-se que o crescimento é baixo, mas no cenário de crise internacional o Brasil ainda é um dos poucos países a apresentar alguma variação positiva.

Armínio fala em "desindexação" e critica a política de subsídios. Desindexar, dirá a campanha Dilma, entre outras coisas significará a redução dos benefícios da Previdência Social; o fim dos subsídios, o aumento brusco de preços como o da gasolina e o comprometimento de programas como o Minha Casa, Minha Vida. Preços "administrados" - afirma-se no governo e na campanha da presidente - são o que o nome diz, "administrados".

O pano de fundo é que, se não fosse a mão forte do Estado, o país estaria em uma crise ainda mais profunda. Fazer diferente significaria exatamente o quê, em termos de desemprego e do impacto que as "medidas duras" terão entre os mais pobres? Na visão palaciana, a política econômica não tem como ser descolada da política social.

Assim como Dilma quer comparar os 12 anos de governos do PT com os oito anos de FHC, a proposta da campanha de Aécio é separar os quatro anos de Dilma dos oito anos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O PSB, por sua vez, já definiu sua linha de ação. No discurso, o partido não deve ser mais radical contra Dilma do que Aécio. Eduardo Campos deve explicar por que saiu do governo: não renega o projeto que elegeu Lula em 2002, mas acredita que ele se esgotou e perdeu a capacidade de se renovar.

O partido também não planeja atacar Lula. Ele pode ser o fiador da governabilidade em um eventual governo de Eduardo Campos, pois tem como atrair parte do PT para ajudar o PSB. Campos confia na sua capacidade de persuasão para atrair parte do PSDB para um novo projeto de governabilidade que prescinda do PMDB. A campanha destaca que Eduardo não precisa de "um Armínio Fraga" para avalizar sua política econômica, pois é reconhecido seu compromisso com o equilíbrio das contas públicas. O eixo de seu programa de governo será "educação".

Arnaldo Jabor: As brancas elites

• Será que sou um daqueles que ‘estimulam setores reacionários a maldizer os pobres’?

-O Globo

Eu sou da elite branca. Infelizmente, nasci com olho azul, herança de sangue alemão temperando meu lado sírio-libanês, o que talvez me faça ser da 'elite árabe' ou suspeitosamente palestino e portanto antissemita e "jihadista"?

Ou serei nazista? De parte de mãe, meu sobrenome é Hess. Serei parente do Rudolph Hess - um dos carrascos do Terceiro Reich? Quer dizer: será que eu sou um daqueles que "estimulam setores reacionários a maldizer os pobres e sua presença nos aeroportos, nos shoppings e nos restaurantes", como afirmam petistas graduados? Será que eu desejo mesmo que os pobres morram de fome, como disse Dilma, porque "a elite branca não suporta ver mulheres e crianças melhorando de vida?".

Por que sou tão malvado? Preciso fazer um exame de consciência. Mas, antes, vamos continuar a analisar esse termo vago: elite branca. Evoca doenças antigas, como "flores brancas, peste branca".

Um comunista clássico diria "classe dominante", mas Lula é um simplificador de categorias.
Lula inventou o termo, obedientemente repetido por Gilberto Carvalho. Este termo é propositadamente impreciso, de modo que sirva de carapuça para todos os opositores. Lula sabe fazer bem um sarapatel de conceitos "marxistas" para o povão entender. Discorda? Elite branca.

E elite? Essa palavra sempre foi muito usada por Lula, para engrandecer sua ignorância pessoal, para desovar sua inveja de gente que teve a sorte de estudar (Ex: FHC, sua obsessão).

E "branca"? Há um claro racismo nisso aí. Brancos não são classe, são raça. Será que existe uma elite afrodescendente? Ou uma elite caucasiana? Não haverá cotas raciais para as elites? Afinal, e as elites pardas, onde ficam? E a elite amarela, elite índia? Não há elite preta, claro, pois Lula decretou que os pretos são pobres e bons. Branco é ruim? E os brancos que ajudam o PT como aliados? Sarney, Renan serão da elite branca e, portanto, malvados? Não; para Lula, eles são agentes duplos da elite branca e usados pelo PT para combatê-la. E são puros e bons os que roubaram e foram presos pelo Joaquim do STF? Claro; bons 'revolucionários' injustiçados. Ele, obviamente, deve ser chefe de alguma elite negra secreta e pode ser 'merecidamente' ameaçado de morte. Como seria essa malévola elite negra?

Digamos que o termo 'elite branca' tivesse sido usado pelo ministro Joaquim; ele seria trucidado por racismo, sem dúvida. E se o Gilbertinho ou o Lula fossem pretos, eles usariam o termo? Não. Seria inconveniente politicamente. É muito melhor que eles sejam brancos e assim possam atacar brancos porque, apesar de o serem, estão do lado dos negros que 'sofrem no País todo'. Ou seja, são brancos, mas são bons, são brancos que não temem condenar os maus brancos. Por exemplo, "não havia pretos pobres nas arenas porque a terrível elite branca é que concordou com os preços da Fifa". Ou foi o Lula, que topou tudo desde 2008?

Lula é um mestre em inventar termos úteis para desfigurar a verdade. Ele não tem o menor pudor disso, porque sabe que os pobres não sabem nada e engolem tudo que ele diz. "Pobre pensa que dossiê é doce de batata!" - ele falou com desdém no escândalo do dossiê dos aloprados, lembram? Havia negros entre os aloprados? Não, mas eles não eram brancos da elite - talvez fossem aloprados (militantes esforçados, mas, trapalhões... coitados) da "ralé branca".

Outro dia, o Lula bradou: "A elite brasileira está conseguindo fazer o que nunca conseguimos: despertar o ódio de classes". Este 'ato falho' de Lula é sensacional. Tradução: sempre quisemos despertar o ódio de classes, mas nunca conseguimos. Mas eis que vem a elite branca e consegue!
Ou seja, a elite branca é 'capitalista-leninista', quer a luta de classes contra o pobre PT, com seus militantes desvalidos, proletários oprimidos. Lula, que culpou os "brancos de olhos azuis" pela crise econômica mundial, só pensa em dividir os brasileiros entre "nós" e "eles". É uma paranoia programada: a técnica de vitimização que funciona bem para ditadores que se dizem sempre 'defensores do povo' - suas vítimas.

Todo mundo é responsável pelos anos de governo do PT, menos o PT.

Fascina-me a caradura com que condenam o passado, se eles são o passado. Estão aí há 12 anos e só conseguiram o caos. Mas a culpa não é deles, claro. Nunca. Através de mentiras 'revolucionárias' vão aos poucos 'fulanizando' os escândalos, como, por exemplo, na Petrobrás. Segundo Gabrielli e seus colegas, "houve erros passageiros, como Pasadena, Abreu e Lima, que ficaram um pouco caras..." (só US$ 20 bilhões)... Graças a CPI's fajutas, ninguém jamais saberá como era o esquema entre os políticos de apoio e a Petrobrás.

E os milhões desviados desde o mensalão, que foram um troco, comparados com os bilhões ainda lá fora, tirados dos fundos de pensão 'revolucionários'? E a inflação? Quando haverá correção monetária para o Bolsa Família?

Mas, o perigo máximo é o programa ideológico que traçaram para o País. Não querem governar. Querem mudar o Estado. Se conseguirem, seremos jogados num bolivarianismo abrasileirado, que acabará desmanchando nossas instituições já abaladas. Isso é o óbvio, mas tem de ser repetido! Pena que o povo não entenda porra nenhuma.

Se não, vejamos:

Em 1985, o PT foi contra a eleição de Tancredo Neves e expulsou deputados que votaram nele. Em 1988, votou contra a Constituição. Em 1994, votou contra o Plano Real, dizendo que era eleitoreiro.

Em 1996, votou contra a reeleição, que hoje defende. Depois, em 1998, foi contra a privatização da telefonia, hoje com 200 milhões de linhas. Depois, foi contra a adoção de metas para a inflação. Em 2000, luta ferozmente contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, que obriga os governantes a gastarem apenas o que arrecadam. O Proer, que nos salvou, impedindo a quebradeira dos bancos em 2008, foi demonizado. Quando FHC criou o Bolsa Escola, o Vale Alimentação e o Vale Gás, o PT foi contra, dizendo que eram esmolas eleitoreiras.

Ou seja, o PT se acha uma elite vermelha, mas não passa de uma reles elite branca.

Brasília-DF - Denise Rothenburg

- Correio Braziliense

Contagem regressiva
E, aos poucos, os peemedebistas vão engrossando a fila contra a presidente Dilma Rousseff. Desta vez, a briga envolve o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), que soltou o verbo contra o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, no fim de semana. Os peemedebistas cearenses acusam o ministro de patrocinar a chapa encabeçada pelo petista Camilo Santana, com a promessa de Dilma e de Lula, de baixar no Ceará para derrotar o PMDB. Tudo porque, depois de entornado o caldo com o PT, Eunício abriu seu palanque ao tucano Tasso Jereissati.

Em tempo: com o líder do PMDB no Senado nas fileiras da oposição, a CPI Mista da Petrobras promete ganhar um fôlego nos próximos dias. Se não for esta semana, será depois da Copa. Daqui para frente, é só pedreira. Nos gramados e fora deles.

Enquanto isso, no Pará...
Ao mesmo tempo em que no Ceará os petistas vão agir para derrotar os tucanos com o risco de atingir Eunício em cheio nesse fogo cruzado, no Pará, eles estenderam tapete vermelho para Helder Barbalho, filho do senador Jader Barbalho e candidato ao governo. Com direito inclusive à presença de Lula para lançamento oficial da candidatura. Sabe como é, em tempo de CPI da Petrobras, melhor segurar pelo menos um pedaço do PMDB no Senado.

Minha vingança será maligna
O PP de Paulo Maluf se deslocou em direção a Paulo Skaf depois de ser rejeitado no palanque de Geraldo Alckmin. A ordem agora entre os malufistas é fazer tudo o que for possível para derrotar os tucanos. Como Padilha até aqui não decolou, buscaram outro rumo para tentar cumprir a vendeta.

Deixa...
Gilberto Kassab jogou tudo dentro do script para ser candidato ao Senado na chapa de Geraldo Alckmin à reeleição. Já havia inclusive aceitado o convite. Afinal, avisam alguns, Alckmin não teria convidado publicamente se não tivesse certo de que Kassab aceitaria.

... Que eu deixo
Ocorre que José Serra, segundo os tucanos, teria pedido a vaga. Serra, entretanto, ao perceber o deslocamento de Kassab para a chapa de Paulo Skaf e a perspectiva de divisão dos votos entre ele e Kassab, não quis arriscar. Preferiu anunciar que será candidato a deputado federal. Com Serra fora do páreo, Kassab se apresentou. E assim, o presidente do PSD acabou candidato ao que queria sem melindrar o amigo tucano. Sobrou para Alckmin o problema de escolher entre Mendes Thame e José Aníbal.

Boca de siri/ Júlio Delgado, do PSB de Minas Gerais, passou o fim de semana em Brasília, voou para Belo Horizonte no domingo e, hoje, está de volta a Brasília para a reunião do Conselho de Ética e a videoconferência para ouvir o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava-Jato da Polícia Federal. Youssef, arrolado como testemunha no processo interno contra André Vargas (sem partido-PR), já avisou que ficará calado.

Futebol não tem neutralidade/ Em tempo de Copa do Mundo, a paixão pelo próprio país fala mais alto. Até o secretário-geral da Fifa, o francês Jerôme Valcke, deixou de lado a carapaça de coordenador e torceu a valer pela França ontem, no Mané Garrincha. Visivelmente nervoso no primeiro tempo, só relaxou depois do primeiro gol, quando percebeu que a Nigéria começava a perder o gás em campo.

Telões da galera/ Acabou aquela história de os telões da Fifa nos estádios mostrarem as autoridades. Ontem, o governador Agnelo Queiroz estava no estádio e passou longe das telas, assim como os diplomatas da França e da Nigéria. A ordem agora é exibir gente bonita e torcedores fantasiados. As vaias ficam apenas para os times que têm as menores torcidas. Ontem foi assim no Mané Garrincha e no Beira-Rio.

E o feriadão continua/ Quem entende das coisas fez as contas e descobriu que o Congresso terá apenas a semana de 14 a 17 de julho para votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias, a única lei que, se não for votada, deixa os congressistas sem recesso. O problema é que, eles já encontraram um "jeitinho" de escapar dessa obrigação. O velho "recesso branco". Os próximos dias dirão se essa história se repetirá.

Diário do Poder – Cláudio Humberto

- Jornal do Commercio (PE)

• Apoio a Arruda pode gerar intervenção no DEM
Membro da Executiva Nacional do DEM, o prefeito de Salvador, ACM Neto, exigiu providências urgentes do presidente nacional do partido, José Agripino (RN), para impedir apoio do diretório do DF à candidatura do ex-governador José Roberto Arruda (PR), que foi preso na Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal. “Eu não aceito de jeito nenhum esse apoio”, disse Neto. Arruda foi expulso do DEM em 2009.

• Pauta da semana
Segundo José Agripino, o apoio a Arruda “não foi comunicado” ao DEM nacional: “A executiva deve discutir o caso em reunião esta semana”.

• Ainda dá tempo
José Agripino alega que o partido tem até o dia 5 de julho para registrar na Justiça Eleitoral as chapas, que ainda poderão sofrer alterações.

• Dito e feito
O ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles (PSD) havia dito que não disputaria o Senado, por São Paulo. Não era conversa mole.

• Conversa mole
O ex-prefeito Gilberto Kassab garantiu peremptoriamente que jamais disputaria o Senado, por São Paulo. Mas era só da boca para fora.

• Aéreas mantêm ‘padrão Brasil’ de maus tratos
Empresas aéreas continuam desrespeitando a clientela impunemente. Ontem, a TAM manteve passageiros de Brasília para São Paulo trancados, a bordo, por mais de uma hora, sem qualquer explicação. No dia 21, um voo da GOL do Rio para Ilhéus saiu com 4 horas de atraso e, na conexão em Salvador, ofereceram aos passageiros viagem de ônibus (10 horas de duração) se quisessem chegar ao destino.

• Bonitinhos, mas…
Vários aeroportos brasileiros passaram por recentes reformas, mas os serviços das empresas aéreas continuam insultando a clientela.

• Agência inútil
Alheia ao desrespeito permanente das aéreas, a Agência de Aviação Civil (Anac) nem sequer tem guichês para reclamação, nos aeroportos.

• Minha casa melhor
Ignora-se a razão da bondade do INSS, sempre se dizendo na pindaíba, alugar quase 300 apartamentos em áreas nobres do DF.

• Nome consensual
Aécio Neves estava aliviado ao anunciar, aos 45 do segundo tempo, Aloysio Nunes para vice na briga pela Presidência. A decisão abre portas no eleitorado paulista e diminui arestas com José Serra.

• Reaproximação
Aécio Neves recebeu ontem quatro telefonemas do quase ex-desafeto José Serra. O primeiro foi pela manhã, quando o notívago Serra em geral dorme. Estava excitado com a solução Aloysio Nunes para vice.

• Ê, vidão
Nesta terça, servidores federais de Brasília voltam a bater ponto, se é que lhes exigem isso. Não trabalharam na quinta e na segunda, porque houve jogos no estádio Mané Garrincha, e enforcaram a sexta-feira.

• Elite popular
O próprio site planalto.gov.br desmentiu a lorota de Lula das “elites brancas paulistas” xingando Dilma nos estádios: 100 mil ingressos foram doados e 261 mil vendidos a preços populares.

• Tiro de meta
O corte de custos do Itamaraty em segurança na rede, salários e até papel higiênico, não impediu a publicação de uma revista em papel couchê, colorida, para explicar a Copa aos torcedores do… Paquistão.

• Noblesse oblige
O presidente do Uruguai, José Mujica, chamou os dirigentes da Fifa de “filhos da p*”, porque a entidade suspendeu o animal uruguaio que morde adversários. Mujica deveria ser convidado para encarar com Dilma o coro da torcida brasileira, no jogo de encerramento.

• Era castigo?
Do jeito que o juiz ignorou as agressões dos franceses, ontem, até parecia que os autorizava a espancar os jogadores da Nigéria pela ousadia de desafiá-los, na classificação às quartas de final da Copa.

• Dois senhores
A aliança com Henrique Alves (PMDB-RN) para o governo potiguar incomoda a cúpula do PSDB. O presidente da Câmara apoia Dilma, mas compôs com PSDB de Aécio Neves e PSB de Eduardo Campos.

• Pensando bem…
…o problema não é ganhar o caneco da Copa, mas ter que vendê-lo depois para fazer superávit primário.