O Globo
Opção por revisitar o governo Dilma não
combina com festejar a decisão de uma agência de elevar a nota de crédito do
país
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad,
celebrou de maneira elegante a decisão da agência Fitch de elevar a nota de
crédito do Brasil: dividiu os louros com os demais Poderes, fez uma aposta na
institucionalidade e na previsibilidade e deixou claro que o objetivo é que o
país retome o grau de investimento que perdeu em 2018.
O relatório da agência, por sua vez, é reticente.
Enxerga boas práticas do governo justamente no que advém da agenda Haddad: o
arcabouço fiscal, a aprovação parcial da reforma tributária e uma aposta no que
chamou de “pragmatismo”. Faz ressalvas, no entanto, à pregação de uma agenda
não liberal e à defesa, aqui e ali, da revogação do que considera pautas
reformistas, como a autonomia do Banco Central, o marco regulatório do
saneamento básico e as mudanças nas leis trabalhistas.
No texto, existe quase uma torcida para que essa tentação de rever o que foi aprovado tenha ficado para trás e o pragmatismo prevaleça. Parece ser esse o empenho de Haddad, que tem contado, para isso, com o apoio do Congresso, a ajuda de decisões judiciais, uma nova boa vontade do mercado e uma parceria leal com o Planejamento sob o comando de Simone Tebet.