Fábio Matos/Assessoria do Parlamentar
As conversas gravadas por Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, com o ex-ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) e o agora ex-ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, não representam, de forma prática, qualquer obstáculo às investigações da Operação Lava Jato. A avaliação é do deputado federal Roberto Freire (PPS-SP), que concedeu uma entrevista (veja abaixo) à jornalista Maria Lydia Flândoli no Jornal da Gazeta, da TV Gazeta, nesta segunda-feira (30).
Questionado sobre o conteúdo das gravações reveladas nos últimos dias, o presidente do PPS lembrou que Michel Temer já se manifestou reiteradamente em defesa dos trabalhos conduzidos pela força-tarefa que investiga o esquema de corrupção na Petrobras durante os governos de Lula e Dilma Rousseff.
“Não vejo nenhum agravamento em relação àquelas gravações envolvendo Dilma, Lula e outros personagens do governo anterior”, afirmou Freire. “Nós estamos em pleno processo de funcionamento da Lava Jato. Essas conversas não estão obstaculizando o trabalho dos investigadores.”
Segundo o parlamentar, as conversas revelam apenas a contrariedade de alguns investigados em relação à atuação do Ministério Público, da Polícia Federal e do juiz Sérgio Moro. “Eu não posso imaginar que o criminoso não queira impedir que a Justiça se exerça. O que cabe a nós, em um regime democrático, é exigir que a Justiça puna os responsáveis [por desvios], como fez com Delcídio [do Amaral, ex-senador pelo PT]”, recordou o deputado.
“O que Temer não pode permitir em hipótese nenhuma, e ele não tem permitido, é que a Lava Jato sofra qualquer tipo de interferência”, concluiu Freire.
Otimismo e recuperação
O presidente do PPS também falou sobre as perspectivas de recuperação da economia sob o governo de transição e ressaltou alguns sinais positivos que já começam a aparecer após a nomeação da nova equipe econômica. “Nós estamos vivendo talvez o momento mais difícil da história econômica brasileira, após o desmantelo dos governos do PT”, disse Freire. “Mesmo assim, a partir deste momento [com o impeachment de Dilma], o Brasil está, pelo menos, começando a sair do fundo do poço. Há no país um clima de certa esperança em relação ao futuro.”
O parlamentar também foi perguntado sobre a forte reação do PT e dos partidos aliados ao antigo governo contra o processo de impeachment de Dilma. “Eu vivi o impeachment de Collor. E o processo foi muito mais tranquilo do que estamos vivendo agora. Talvez porque o governo Collor devesse ser julgado por um tribunal de pequenas causas se comparado a Dilma”, ironizou Freire.