sexta-feira, 12 de abril de 2013

OPINIÃO DO DIA – Roberto Freire: derrotar o bloco governista

"O PPS está muito plural. Estamos analisando quem pode melhor representar o que nós pensamos para o Brasil e quem pode derrotar esse bloco (governista) que aí está.

Roberto Freire, deputado federal (SP) e presidente do PPS. Ontem na Conferência Política do PPS.

Manchetes de alguns dos principais jornais do País

O GLOBO
Pressão no bolso - Alta dos preços já derruba vendas em supermercados
Multa de FGTS de domésticas pode ser 10%
Estudo critica criação de TRFs
EUA temem míssil nuclear coreano
Maduro e Capriles aproximam discurso
Gigantes duelam pelo Maracanã

FOLHA DE S. PAULO
Alta de alimentos derruba
vendas de supermercados
Após crime, Alckmin pede mais punição a menor infrator
Congonhas terá reforma para recuperar estilo original
Jersey rejeita recurso de empresas da família Maluf
Coreia do Norte é capaz de ter míssil nuclear, afirmam EUA

O ESTADO DE S. PAULO
Revisão de tarifas de energia corrói corte da conta de luz
Governo quer barrar plano para nova aposentadoria
Rigor com menor assassino
Bilhete de trem, metrô e ônibus sobe em junho
Faculdades da USP rejeitam cotas do Estado
Projeto esvazia Lei da Improbidade
Anvisa criará regras para recall de alimento

VALOR ECONÔMICO
Governo vai mudar regra de leilões de energia nova
Mercado vê alta de juro só em maio
Inflação já corrói vendas do comércio
Vilão dos preços, tomate frustra produtor

BRASIL ECONÔMICO
Expansão da internet no país vai exigir investimentos de R$ 125 bi
A primeira prova do chavismo sem Chávez
Prazo maior para linhas de transmissão

ESTADO DE MINAS
A praça é deles
Só as mães salvam
R$ 2,1 bi: Anastasia lança programa de suporte a municípios

O TEMPO (MG)
Inflação impacta nas vendas do varejo e consumo cai no país
PEC das domésticas: Congresso discute regulamentação
Aécio sinaliza apoio ao nome do vice-governador mineiro
Maiores potências do mundo criticam ameaça norte-coreana

CORREIO BRAZILIENSE
Quando o drama da vida real...
Senado dos EUA debate uso de armas

GAZETA DO POVO (PR)
Ministro do STF recua e autoriza o pagamento parcelado de precatórios
Alimento encarece e contrabando cresce
Estudantes do Chile de novo nas ruas
Decisão do Supremo deve apoiar o MP
Governo tenta barrar nova aposentadoria

ZERO HORA (RS)
Polícia prende quadrilha que roubou cem carros na Grande Porto Alegre
Voz do além: Chávez, o onipresente da eleição
Smartphones: Os aparelhos que vão ficar mais baratos
Dilma no RS: Na 14ª visita, prestígio ao ensino técnico

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Proposta alivia peso da lei das domésticas
Corte de tributo de celular já está em vigor
Alunos carentes livres de taxas para vestibulares
Brasil amplia opções para gerar energia
Denúncias não afetam imagem do Legislativo

O que pensa a mídia - editoriais de alguns dos principais jornais do País

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

Pressão no bolso - Alta dos preços já derruba vendas em supermercados

Consumidor compensa alimentos mais caros comprando menos, aponta IBGE

No atacado, tomate e batata começam a cair, mas reajustes de transportes e serviços devem pressionar custo de vida até meados deste ano. Tarifa de energia em 66 municípios do Rio sobe 12,13% na segunda-feira

A alta de preços de alimentos levou o consumidor a comprar menos nos supermercados, segundo Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE. O recuo foi de 1% em fevereiro em relação a janeiro e de 2,1% sobre 2012. Na taxa geral, que inclui outros ramos do comércio, a queda foi de 0,4%. "O preço freou a demanda e influenciou muito", disse Reinaldo Pereira, do IBGE. "A inflação mais alta de alimentos pesa nos orçamentos. Deixa-se de gastar com outros produtos"," completa Luís Leal, do ABC Brasil. No atacado, preços de alimentos, como tomate e batata, co-meçam a ceder, mas metrô e ônibus subirão em SP, em junho. No Rio, a tarifa da Ampla terá alta de 12,13%. Esses preços estavam represados após acordo com o governo.

Sob pressão

Comércio tem queda de 0,4% com alta da inflação. Nos supermercados, recuo foi de 1%

Clarice Spitz, Ronaldo D"Ercole

RIO e SÃO PAULO - A alta da inflação nos últimos meses, com a disparada de preços de alimentos, já provoca uma queda nas vendas do comércio. O IBGE informou ontem que as vendas do varejo recuaram 0,4% em fevereiro, frente a janeiro, já com ajuste sazonal. O resultado surpreendeu os analistas, que previam uma alta de 1,2% nas vendas do comércio varejista. Em relação a fevereiro do ano passado, o movimento caiu 0,2%. No segmento de supermercados e varejo de alimentos e bebidas, as vendas recuaram 1% em relação a janeiro e 2,1% na comparação com fevereiro de 2012.

- O preço freou a demanda e influenciou muito - disse o economista do IBGE Reinaldo Pereira - Apesar da massa salarial maior e do emprego, começamos a observar o impacto da alta de preços.

Os preços de alimentos e bebidas subiram 13,48% nos 12 meses até fevereiro. Além de afetar as vendas nos supermercados, a inflação desse grupo acaba prejudicando o resultado de outros setores do varejo.

- A inflação mais alta de alimentos diminui o consumo porque pesa muito nos orçamentos das famílias. Ao gastar mais com alimentos, que são uma despesa que não se pode substituir, deixa-se de gastar com outros produtos - diz Luís Otávio Leal, economista-chefe do ABC Brasil.

Depois das fortes altas de preços de alimentos no primeiro trimestre, o consumidor deverá ver um alívio este mês. O fim do período das chuvas vai coincidir com os efeitos da desoneração da cesta básica, anunciada pela presidente Dilma Rousseff em 8 de março. Itens como açúcar, óleo de soja e carnes terão queda mais acentuada de preços. Mas começam a aparecer novos focos de pressão, caso do leite longa vida. E analistas afirmam que serviços e transportes poderão puxar a inflação.

No atacado, os preços de alguns alimentos começam a ceder. A caixa com 18 quilos de tomate tipo Débora, que chegou a custar R$ 150 no início de abril, já era comercializado a R$ 80 ontem na Ceasa do Rio. O feijão preto deve se beneficiar da chegada do produto importado da China e passar de cerca de R$ 180 (a saca de 60 quilos) para R$ 120 em maio, no atacado, na previsão do presidente da Bolsa de Gêneros Alimentícios do Rio de Janeiro, José de Souza e Silva.

Na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), que é o maior centro de abastecimento de hortifrutigranjeiros do país, a expectativa é de uma "normalização" nos preços. A oferta de tomate, por exemplo, melhorou, e fez o preço cair de R$ 7,80 para R$ 4,20 o quilo. Josmar Macedo, assistente-executivo do Ceagesp, diz que a expectativa é que esse preço caia para R$ 2,50.

No varejo, dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) apontam queda de 3,29% do quilo do açúcar refinado nos 30 dias encerrados em 10 de abril. Nos 30 dias encerrados em 1º de abril, a queda era menor, de 2,61%. O frango inteiro passa de uma alta de 1,19% em 1º de abril para uma queda de 0,57% agora. Mas o leite sai de uma alta de 1,36% para 2,82%. Segundo André Braz, da FGV, a alta do leite está relacionada ao clima. Com menos chuvas, as pastagens começam a secar. Para Elson Teles, do Itaú Unibanco, o aumento do leite pode ter relação com a seca na Nova Zelândia, que é grande produtor.

Se a alta da maioria dos alimentos começa a perder fôlego, outros itens poderão pressionar a inflação daqui para frente, como os serviços e as tarifas de transportes. O emprego e a renda em alta, apesar do "PIB anêmico", segundo Paulo Picchetti, da FGV, são algo sem precedente que dificulta projeções, mas vão continuar pressionando a demanda. Juan Jensen, da Consultoria Tendências, lembra que, em São Paulo, o último reajuste das tarifas de ônibus foi em janeiro de 2011, o que significa que em junho, quando serão reajustadas, as tarifas estarão há 30 meses congeladas.

Fonte: O Globo

Energia - Tarifas da Ampla vão subir 12,13%

Cristiane Bonfanti

BRASÍLIA- A distribuidora Ampla recebeu sinal verde para reajustar em 12,13% na média as tarifas de energia elétrica, a partir de segunda-feira. O índice, aprovado ontem pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), vale para 2,4 milhões de unidades consumidoras localizadas em 66 municípios do Rio, sobretudo na região metropolitana de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Magé. Para os consumidores residenciais, atendidos em baixa tensão, o reajuste médio é de 11,93%.

No caso das tarifas de iluminação pública e rurais, o aumento será de 12,02%. Já para o segmento de alta tensão, que atende a indústrias e shoppings centers, por exemplo, a correção será de 12,43%. O aumento nas tarifas será realizado um mês após a data prevista de correção, que era 15 de março. O adiamento ocorreu a pedido da própria distribuidora, sob a justificativa de que havia dúvidas sobre o Decreto 7.945, que permitiu o uso da Conta de Desenvolvimento Energético para cobrir custos de geração de termelétrica.

Inicialmente, a Ampla pediu para prorrogar o reajuste para 30 de junho, a fim de “contribuir com os esforços do governo federal em reduzir as despesas embutidas no custo da energia”. Na terça-feira, no entanto, a diretoria colegiada da Aneel recusou, por unanimidade, a proposta, mas concedeu um mês de prazo. De acordo com a agência, o que deixou de ser faturado nesses 30 dias será incluído no cálculo da revisão tarifária do ano que vem.

O índice aprovado ficou abaixo dos 15,79% calculados pela Ampla, devido à decisão do governo de usar a Conta de Desenvolvimento Energético para cobrir custos da distribuidora com a geração de térmicas. O governo se preocupou com a possibilidade de o uso das térmicas anular o recente corte de 18% nas contas de luz das famílias, que no caso da indústria chegou a 32%. O novo reajuste vai incidir sobre a tarifa já reduzida.

Fonte: O Globo

Revisão de tarifas de energia corrói corte da conta de luz

Em alguns casos, o ganho já foi praticamente zerado; problemas climáticos são apontados como "vilões"

Revisões tarifárias das distribuidoras de energia elétrica corroeram parte da redução média de 20% das contas de luz, em vigor desde fevereiro, informa Renée Pereira. Há casos, como os da Cemig e da CPFL, em que as tarifas voltaram a subir para determinados tipos de consumidores. Em outras situações, a queda já foi praticamente zerada. Caso das tarifas de alta-tensão da CPFL, apenas 0,9% abaixo das praticadas antes da redução da conta. Cálculos feitos pela comercializadora de energia Comerc, com base em dados da Aneel, mostram que, em 2012, o preço médio de energia para consumidores da companhia era de R$ 229,91 o megawatt hora (MWh), caiu para R$ 181,18 em janeiro e, em março, chegou a R$ 227,94. Problemas climáticos tiveram, segundo o setor, peso nos resultados. Com a queda dos reservatórios e chuvas abaixo da média, o governo teve de colocar todas as térmicas, mais caras, em operação. E alguns contratos novos são reajustados pelo índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que está pressionado.

Revisão de tarifas de elétricas já reduz impacto de cortes nas contas de luz

Renée Pereira

Parte da redução média de 20% das tarifas de energia elétrica conseguida com a Medida Provisória 579, que renovou os contratos de concessão do setor elétrico, já foi corroída pelas revisões tarifárias das distribuidoras. Em dois grandes processos, encerrados na semana passada (da Cemig e da CPFL), as tarifas voltaram a subir para algumas classes de consumo. Há casos em que a queda anunciada - e comemorada - pela presidente Dilma Rousseff já foi praticamente zerada.

É o caso, por exemplo, das tarifas de alta tensão (usada pelos grandes consumidores) da distribuidora paulista CPFL, que estão apenas 0,9% abaixo das praticadas antes da MP 579. Segundo cálculos da comercializadora de energia Comerc, com base em dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em 2012, o preço médio da energia para esses consumidores era de R$ 229,91 o megawatt hora (MWh). Em janeiro, o governo reduziu para R$ 181,18. E, agora, com o resultado da revisão tarifária, subiu para R$ 227,94. Ou seja, o consumidor teve apenas dois meses de alívio na conta de luz.

O presidente da Comerc, Cristopher Vlavianos, responsável pelos cálculos, afirma que vários fatores influenciaram na elevação da conta de luz. Apesar da tarifa fio (transmissão) e do preço da energia na usina terem caído por causa das novas regras de renovação dos contratos de concessão, os problemas climáticos tiveram peso importante nos resultados.

Com a queda no nível dos reservatórios e chuvas abaixo da média, o governo teve de acionar todas as térmicas (a diesel e óleo combustível). A medida teve efeito devastador no setor. "Além disso, alguns contratos novos de geração são reajustados pelo IPCA (que está pressionado) e ainda houve aumento da tarifa da Eletronuclear", explica Vlavianos.

Ele destaca que as elevações nas revisões tarifárias variam entre as classes de consumo. Nos clientes residenciais, o peso da tarifa fio é alto. Como a MP promoveu uma queda grande na receita das transmissoras, a conta de luz ainda mantém desconto significativo, mas abaixo do anunciado pelo governo. Na Cemig, o corte para os consumidores residenciais caiu de 18,1% para 16,01% e para os comerciais, de 18,1% para 10,31%.

Apesar da forte revisão promovida pela Aneel nos ativos da companhia - decisão que derrubou as ações da distribuidora as tarifas para os clientes de alta tensão tiveram alta substancial. Em dois meses, os descontos decorrentes da MP caíram entre 7,7 e 12,34 pontos porcentuais. A estatal mineira não quis comentar o assunto.

Tesouro. O efeito nas tarifas de energia poderia ter sido ainda pior para as distribuidoras se o governo não tivesse decidido financiar parte dos custos das térmicas: o Tesouro vai capitalizar a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e pagar as distribuidoras. Em 2014, os valores começam a ser repassados para o consumidor num período de cinco anos, explica o gerente de Regulação Econômica da CPFL Energia, Manoel Negrisoli. Ou seja, o problema foi deslocado para os anos seguintes, de forma a não pressionar ainda mais os índices de inflação no País.

O presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Paulo Pedrosa, afirma que o setor viveu fenômenos bons e ruins neste início de ano. O movimento de revisão tarifária, que reavaliou as bases de ativos das empresas, a redução dos encargos e o corte na tarifa decorrente da MP 579 foram extremamente positivos para a indústria. Mas também teve a parte ruim; queda no nível dos reservatórios, aumentos do preço no mercado spot e exposição das distribuidoras no curto prazo (sem a adesão de Cernig e Cesp ao plano de renovação do governo, as distribuidoras ficaram descontratadas e tiveram de recorrer ao mercado spot, com preços altos).

"Foram movimentos distintos. Um jogou a tarifa para baixo e outra para cima. Mas, se o governo não tivesse reduzido os preços, o efeito sobre a sociedade seria pior", completa o professor da UFRJ, Nivalde Castro.

Próximas revisões. A tendência é que as próximas revisões tarifárias ou reajustes tarifários que serão anunciados nos próximos meses sigam o mesmo caminho de Cemig e CPFL e corroam parte do desconto promovido pela MP.

Ontem, a Aneel anunciou o reajuste tarifário anual da Ampla, distribuidora que atende 66 municípios no Estado do Rio de Janeiro. As tarifas para os consumidores atendidos na baixa tensão, como os residenciais e comerciais, terão alta média de 12,02%. Já a conta para os clientes na alta tensão subirão, em média, 12,43%. As novas tarifas da Ampla valem a partir de segunda-feira.

Procurados pelo Estado, o Ministério de Minas e Energia e a Aneel não responderam aos pedidos de entrevista feitos pela reportagem.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Alimento caro derruba venda de supermercados

Comércio de comida e bebidas registra primeira queda desde março de 2009

Outros ramos que recuaram foram móveis, veículos e eletrodomésticos, além de combustíveis

Pedro Soares

RIO - Os preços mais salgados de alimentos afastaram os consumidores das gôndolas dos supermercados. As vendas do setor tiveram a maior queda em nove anos e levaram à retração do comércio varejista como um todo em fevereiro.

Apesar do emprego e do rendimento ainda em expansão, as vendas de alimentos e bebidas caíram 2,1% em fevereiro na comparação com o mesmo mês de 2012.

Foi a primeira redução desde março 2009 e a mais intensa desde novembro de 2003, quando o país vivia uma crise cambial e de confiança.

Em relação a janeiro, a perda foi de 1%, segundo o IBGE.

O comércio, que matinha bons resultados graças ao dinamismo do mercado de trabalho, sentiu a corrosão do poder de compra com a forte alta dos alimentos e recuou 0,4% ante janeiro e 0,2% em relação a fevereiro de 2012 --primeiro resultado negativo desde novembro de 2003.

"Devido à subida de preços, acreditamos que haja uma freada da demanda das famílias por alimentos", diz Aleciana Gusmão, do IBGE.

Fretes mais caros

Com peso de 45% na pesquisa do IBGE, o setor de alimentos e bebidas determinou a retração do varejo. Outros ramos que recuaram foram os de combustíveis, móveis e eletrodomésticos e veículos --os dois últimos em resposta à expectativa da redução gradual do desconto do IPI, que acabou prorrogado.

Segundo Gusmão, o reajuste dos combustíveis também pesou nos alimentos. É que os fretes ficaram mais caros, e os alimentos, por serem transportados em grande quantidade e muitas vezes em longas distâncias, sentiram mais o impacto.

Os dados de fevereiro do comércio são um primeiro sinal de arrefecimento do consumo e vieram na contramão das expectativas do mercado.

Em dezembro, a queda das vendas também já havia surpreendido, mas houve uma retomada em janeiro.

Os preços de alimentos ainda em alta em março podem levar a uma nova retração do varejo de alimentos, segundo especialistas.

"É possível afirmar que a desaceleração do varejo em fevereiro é, ao menos em parte, explicada pela corrosão da inflação", diz José Francisco de Lima Gonçalves, economista do banco Fator.

Para a consultoria LCA, a freada do comércio reflete a perda de ritmo das contratações formais e da remuneração --e, claro, a alta dos preços dos alimentos.

Já Aurélio Bicalho, do Itaú, não vê a queda "como uma tendência" nem crê que ela vá afetar os dados do PIB do primeiro trimestre.

Fonte: Folha de S. Paulo

Inflação dos alimentos castiga os mais pobres - Roberto Freire

Uma das grandes conquistas da sociedade brasileira nos últimos 20 anos, o controle da inflação está seriamente ameaçado pela irresponsabilidade que marca o atual governo na área econômica. Apesar do discurso falacioso da presidente Dilma Rousseff de que a prioridade de sua gestão é o combate à pobreza, é justamente a população de menor renda que vem sentindo no bolso os efeitos perversos da escalada no preço dos alimentos.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o grupo de alimentação e bebidas teve alta inflacionária em todos os meses desde agosto de 2011, com elevação de 16,5% no período. Por outro lado, em escala mundial, de acordo com dados divulgados pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a deflação acumulada chega a 9%, o que escancara a incompetência da gestão petista. No mundo, os preços dos alimentos estão em queda desde outubro de 2012, com deflação de 2,6% no período, enquanto no Brasil houve alta de 5,5%.

Os bolsos do trabalhador e da dona de casa têm sido tão castigados que, vejam só, o tomate virou item cada vez mais raro nas listas de compras. Segundo o IBGE, o preço do alimento subiu 105,89% nos últimos 12 meses, embora a inflação tenha ficado em torno de 6,5%. A farinha de mandioca é outro item que apresentou alta estratosférica, de acintosos 140,57%. Um levantamento divulgado esta semana pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que os preços dos alimentos essenciais subiram em 16 de 18 capitais brasileiras pesquisadas no 1° trimestre.

Para piorar, como consequência do processo inflacionário no setor alimentício, as vendas do varejo começaram a ser fortemente atingidas. Números divulgados pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) apontam que o faturamento real do setor caiu 4% em 12 meses, provavelmente porque o consumidor teve de reduzir suas compras diante da disparada dos preços.

A Dilma que adota o discurso da defesa dos pobres, mas se mostra leniente com a inflação que tanto os castiga, é a mesma que anuncia a desoneração da cesta básica como se fosse iniciativa de sua autoria, escondendo que meses antes vetara emenda de teor idêntico apresentada por um parlamentar da oposição. É a mesma que edita uma medida provisória ampliando o limite para as empresas declararem imposto de renda pelo lucro presumido, plagiando escandalosamente outra proposta feita por um deputado oposicionista. É a mesma Dilma, afinal, que escala um de seus ministros para negar que os órgãos de inteligência do governo tivessem espionado portuários e sindicalistas no Porto de Suape, em Pernambuco, e horas depois acaba desmentida por documentos da própria Abin revelados pela imprensa.

Como se vê, a propagada preocupação do governo Dilma com os brasileiros de menor renda é facilmente desconstruída pelos fatos. Enquanto a presidente e seus ministros traçam um cenário fantasioso sobre nossa economia, a inflação já é realidade nas prateleiras de qualquer supermercado do país. E o pobre trabalhador, que a presidente diz defender, é quem mais sofre ao fazer as compras do mês e não ter dinheiro sequer para o tomate.

Roberto Freire, deputado federal (SP) e presidente do PPS.

Fonte: Brasil Econômico

Forma e conteúdo - Marina Silva

Na noite desta quarta, o Brasil assistiu, envergonhado, a um debate indigno do Legislativo e sua tradição democrática. Na forma e no conteúdo, houve o que o deputado Roberto Freire com acerto classificou como tentativa de golpe.

Todos já esperávamos que a reforma política fosse adiada outra vez, por falta de interesse dos que estão no poder e não querem mudar o sistema que lhes favorece. Mas há um fantasma que querem afastar: que novos partidos políticos (especialmente a Rede Sustentabilidade, que recolhe assinaturas para seu registro e ousa antecipar em seu estatuto avanços como o teto de contribuição financeira, limitação de dois mandatos para parlamentares etc.) venham renovar a política brasileira e mudar, na prática, regras que permanecem no papel.

A imprensa noticiou uma reunião no Planalto em que o governo instruiu seus operadores a votarem, em regime de urgência, um projeto que retira dos novos partidos o acesso ao tempo de TV e ao fundo partidário. Os direitos que foram garantidos a um partido aliado, recém-criado, seriam negados aos que não seguem a cartilha governista. Esse é o conteúdo do debate, baseado numa ética de ocasião expressa pela máxima "Aos amigos, tudo; aos inimigos, a lei".

Mas a forma conseguiu ser pior. Basta ver as metáforas de mau gosto, com termos impróprios à publicação, usadas para debater as regras políticas da República. O regime de urgência não passou por falta de dez votos. A bancada governista diz que aprovará o projeto na próxima semana. Talvez o tempo sirva para que os deputados repensem a forma e o conteúdo do debate.

Os movimentos que defendem o patrimônio socioambiental exigem ética na política, protestam contra o loteamento dos cargos públicos, além de outras justas causas do povo brasileiro. Buscam ampliar a visão encurtada pelo poder a qualquer preço, democratizar os processos políticos monopolizados pelos partidos e criar novas estruturas para reconectar a política com a ideia de bem público. Justamente o contrário dos privilégios e deleites particulares sugeridos pelas metáforas vulgares. Esse é o novo conteúdo que trazem a um debate que precisa chegar ao século 21, que bate à nossa porta de forma dramática.

Renovar a linguagem é urgente. Em vez do ódio, expresso em ofensas, estimulado numa polarização em que o outro é visto como inimigo, deve ter espaço a fraternidade, capaz de construir consensos sobre o que é urgente para o futuro. É por isso que o novo ativismo, que está na base das novas propostas políticas, é bem-humorado, criativo, irreverente sem ser desrespeitoso.

Uma nova política tem como uma causa central a qualidade da educação. É o que parece faltar à velha política.

Marina Silva, ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente

Fonte: Folha de S. Paulo

Dilma e os 40 ministros - Fernando Gabeira *

É muito difícil fazer a revolução, é muito difícil vencer, mas as dificuldades mesmo começam quando se chega ao governo - essa frase é de um personagem do filme A Batalha de Argel, de Gillo Pontecorvo. Sempre me interessei pelo tema na literatura que descreve as transformações na cabeça das pessoas que alcançam o poder. O personagem de Pontecorvo referia-se a uma guerra de libertação nacional contra o colonialismo francês, algo muito mais dramático do que a vitória da esquerda brasileira em 2002.

Minha experiência no Brasil me leva a ressaltar um ponto decisivo na corrosão dos objetivos estratégicos - quando existem - dos vencedores de uma luta prolongada: o desejo patético de continuar no poder, desde o primeiro dia em que nele se instalam. A contradição entre o discurso modernizador e as atitudes do governo fica muito mais clara no período eleitoral, embora exista todo o tempo.

Dilma Rousseff convidou o empresário Jorge Gerdau para colaborar na racionalização administrativa do governo. Gerdau foi decisivo na modernização do governo do Estado do Rio de Janeiro. Temos uma dívida de gratidão com ele, que investiu dinheiro do próprio bolso no projeto. O único efeito colateral dessa operação bem-sucedida foi o aumento do prestígio do governador Sérgio Cabral. Nada de muito grave que não pudesse ser anulado com uma noitada em Paris, a bajulação do dono da Delta, guardanapos amarrados na cabeça e as mulheres exibindo os sapatos Christian Louboutin como se dançassem um passo de cancan.

Apesar de todo o trabalho de Gerdau, Dilma criou mais ministérios. Oficialmente temos 39. Com o marqueteiro João Santana funcionando como ministro especial, podemos chamá-los de a presidente e seus 40 ministros. A racionalidade foi para o espaço porque existe apenas o patético desejo de continuar no poder.

Como se não bastasse, Dilma resolveu prolongar a redução do IPI dos carros até o fim do ano. Qualquer pessoa sensata que ande pelas ruas das metrópoles brasileiras sabe que estamos chegando ao limite e a falta de mobilidade urbana é um grande desafio à produtividade nacional. Isso para não mencionar os portos, como o de Santos, com filas quilométricas de caminhões. Não conseguimos exportar nossa produção com fluidez, a mercadoria adormece no asfalto. E quando importada de avião não consegue ser liberada pela burocracia.

É surpreendente como uma esquerda que se inspirou no marxismo, mesmo sem o ter lido bem, com raríssimas exceções adota o caminho irracional com tanta naturalidade. Falando com um americano do setor de petróleo, ele se mostrou perplexo com a decisão da Petrobrás de comprar uma refinaria em Pasadena, nos EUA. O equipamento é superado, custou alguns milhões de dólares mais do que valia e nos deixou com o mico nas mãos. Não posso afirmar que essa irracionalidade esteja ligada às eleições, assim como a tentativa de entregar ilhas do patrimônio nacional ao ex-senador Gilberto Miranda. Mas se alguém ganhou dinheiro com o negócio desastroso, os dólares têm toda a possibilidade de aparecer nas campanhas.

Muitos gostam de enriquecer, comprar imóveis em Miami, alugar aviões, etc... Mas o dinheiro da campanha é sempre sagrado: the show must go on. Isso num contexto geral mais obscuro, em que eleitoralmente é possível saber quem ajuda o governo, mas, pelo fechamento do BNDES, é impossível saber quem o governo ajuda.

O trânsito para a total irracionalidade é mais nítido na esquerda venezuelana, que usa o mesmo marqueteiro do PT. Num dos anúncios criados por Santana, Hugo Chávez aparece no céu encontrando-se com Che Guevara, Simón Bolívar. Nicolás Maduro, o candidato chavista, vai mais longe: afirma que o comandante Chávez reaparece em forma de passarinho quando se reza por ele. Breve teremos passarinhos trinando nos campos verdes, a encarnação de Chávez protegendo nosso sono, aconselhando-nos nos dilemas cotidianos e, claro, batendo pesado na oposição.

Como foi possível sair da leitura de Marx para um realismo fantástico de segunda categoria? Como foi possível do caldo das teses de Marx sobre Feuerbach, mostrando a origem social do misticismo, ou do tempero de A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado, a crença de que exista um canto no céu onde se encontram os ícones da esquerda latino-americana e que eles viram passarinho para nos indicarem o caminho da libertação? Mesmo sem parecer muito inteligente, não creio que Maduro leve a sério essas histórias da transfiguração de Chávez.

No caso de Lula, posso falar com mais propriedade. Ao nomear Dilma a mãe do PAC, houve uma nítida inflexão em suas ideias sobre o mundo. Lembro-me de que em 2002, na Caravana da Cidadania, ao visitarmos São Borja, onde Getúlio Vargas está enterrado, Lula hesitou em levar flores ao seu túmulo. "Não seria fortalecer um populismo desmobilizante?", perguntou. Certamente Lula não acredita que a sociedade democrática seja uma réplica da família, na qual os governantes fazem o papel dos pais e os eleitores, de filhos obedientes.

A verdade é que a esquerda no poder deixou para trás muitas convicções. Oscila entre o paternalismo e o misticismo religioso. Suas fontes não são apenas as religiões de origem cristã. Inconscientemente, já pratica o vodu, sobretudo a ouanga, um feitiço para envenenar simbolicamente os adversários por intermédio de seus sacerdotes eletrônicos. Não percebe que o destino final de seu sonho de poder é a criação de uma nação de zumbis, manipulando gadgets, povoando supermercados, mentalmente mortos por falta de oxigênio no cérebro.

Em vez de avançar por meio da prática e da autocrítica, de aprender com os próprios erros e contribuir para o alargamento do horizonte intelectual, a esquerda em alguns países latino-americanos optou pelo atraso e pela superstição simplesmente porque tem pavor de perder o governo, como se não houvesse vida fora dele. Assim, uma jovem rebelde dos anos 60 se transformou na Mãe Dilma, apoiada pelo Pai Lula, e seu 40.º ministro produz filmes sobre a esquerda no céu para os herdeiros de um passarinho chamado Chávez.

* Fernando Gabeira é jornalista.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Eduardo Campos critica Dilma no BID

Governador presidenciável assume palestra que seria do secretário de Planejamento e leva aos EUA críticas à atual gestão

Denise Chrispim Marin, Agência Estado

WASHINGTON - Em sua estratégia de descolar o PSB da base de apoio do governo Dilma Rousseff e de consolidar sua candidatura para o Palácio do Planalto em 2014, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, declarou ontem, mais uma vez, que o País não pode "perder 2013". Campos bateu na incapacidade do governo de estimular o crescimento da economia sem disparar a inflação, condenou a intervenção do Executivo na Petrobras e criticou a demora na regulamentação de setores essenciais para atrair investimentos, como o de energia.

O governador apresentou seus pontos de vista à imprensa brasileira no prédio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), onde discursara sobre programas que tiveram êxito na sua gestão em Pernambuco durante a conferência Fortalecendo a Capacidade do Estado para o Resultado. O convite havia sido feito pelo BID à Secretaria de Planejamento de Pernambuco. Mas ele próprio decidiu apresentar-se no evento.

"Precisamos ganhar 2013. O Brasil teve 2011 pior do que 2010, 2012 pior do que 2011", afirmou o governador, ao ser questionado sobre sua possível candidatura à Presidência. "Já foi utilizado quase todo o ferramental macroeconômico, sobretudo de política monetária, para animar a economia. A depender das ações que serão tomadas, podemos comprometer 2013 e 2014. Cada um vai assumir as consequências do que vai ser adotado", completou.

Eduardo Campos afirmou que o Comitê de Política Monetária (Copom) tende a elevar a taxa de juros básica da economia (Selic) na próxima semana, como meio de evitar uma disparada nos preços ao consumidor.

A inflação nos doze meses encerrados em março alcançou 6,59%, segundo o IBGE. O governador não chegou a avaliar o mérito dessa possível decisão do Copom, mas afirmou ser necessário também um ajuste nos gastos públicos como meio de controlar a inflação. Conforme ressaltou, "quando a política monetária perde peso, a política fiscal ganha importância".

Em seu discurso ácido contra o governo, Campos delineou uma alternativa para promover o crescimento econômico sustentável. "O fundamental é controlar a inflação, atrair mais investimentos e ampliar o motor do consumo, o mercado de trabalho", afirmou.

Nessa agenda, indicou, a gestão de Dilma Rousseff estaria atrasada. Conforme afirmou, investimentos privados estão represados pela demora na regulamentação dos setores de gás e petróleo e por equívocos do governo na concessão de serviços portuários.

Indesejada

Os investimentos públicos municipais - historicamente maiores do que os federais e os estaduais, sem incluir os de empresas estatais - foram reduzidos, analisou ele. "Em especial, porque a União decidiu ampliar a renúncia fiscal a determinados setores valendo-se de impostos cujas receitas são repartidas com Estados e municípios", completou.

A intervenção federal na formulação do preço da gasolina e de outros combustíveis nos últimos anos, insistiu ele, levou a Petrobrás e o setor sucroalcooleiro a uma "situação indesejada". A política de manter esses preços mais baixos diminuiu a capacidade de investimento da Petrobrás e levou o País à necessidade de importar petróleo, advertiu.

"A gente não pode cair na armadilha de ter um preço de combustível que não seja de classe mundial. Pode ser que não seja o caso de fazê-lo (um novo reajuste) neste momento. Mas isso (as perdas pelos preços baixos) se acumulou e teve forte repercussão na vida da Petrobras e do setor sucroalcooleiro. As consequências, como dizia o conselheiro Acácio, vêm sempre depois", completou, referindo-se a personagem emblemático de Eça de Queirós.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Reeleição a qualquer custo - Rogério Furquim Werneck

Pensando no imediatismo e na inconsequência que vêm marcando a condução da política econômica no país, por conta da precoce fixação do Planalto na reeleição, lembrei-me de uma passagem marcante de um livro que li há mais de 50 anos.

Sou da época em que crianças ainda liam Júlio Verne. Assim mesmo, com prenome aportuguesado, como o autor era conhecido por aqui. "A volta ao mundo em oitenta dias", publicado em 1873, é um dos seus livros mais famosos. Conta as aventuras de Phileas Fogg, um solteirão inglês rico e excêntrico, que aposta com outros sócios de seu clube que poderia fazer uma viagem ao redor do mundo e retornar a Londres em apenas 80 dias. Bastam dois parágrafos curtos para situar, no enredo, o episódio de que me lembrei.

Fogg cruza a Europa e a Ásia, atravessa o Pacífico e segue, por trem, de San Francisco a Nova York. Mas não chega a tempo de embarcar no navio em que pretendia retornar à Inglaterra. E aí se vê em dificuldades. Os navios que estavam prontos para zarpar não eram suficientemente rápidos. Os que eram, não sairiam a tempo de Nova York. Mas Fogg afinal descobre o Henrietta, um cargueiro que parecia adequado, prestes a partir vazio para Bordeaux. Era um navio típico do período de transição da navegação a vela para a vapor. Já tinha propulsão a vapor, mas ainda era dotado de velas. E, afora o casco de aço, a caldeira e a máquina a vapor, era todo de madeira.

Fogg embarca no Henrietta e consegue desviá-lo para a Inglaterra, graças a um motim por ele fomentado. Mas a travessia acaba tendo de ser feita em meio a uma tempestade. E logo fica claro que o estoque de carvão do navio, dimensionado para uma travessia calma de Nova York a Bordeaux, era insuficiente para a viagem a todo vapor, em mar revolto, que estava sendo empreendida.

É nesse ponto que vem o episódio que me veio à mente (capítulo 33, para quem se interessar). Com o carvão prestes a acabar, Fogg convence o capitão, a quem o navio pertencia, a lhe vender o Henrietta. E, para manter a pressão da caldeira, ordena que todas as partes em madeira do navio sejam desmanteladas e lançadas à fornalha. Quando, afinal, o Henrietta chega às Ilhas Britânicas, só lhe restam o casco, a caldeira e a máquina a vapor.

A ideia de um navio que vai sendo desmantelado para que seus pedaços sejam usados como combustível que o mantém em movimento propicia excelente metáfora para perceber com mais clareza o que hoje vem ocorrendo no país. Ajuda a realçar o que há de mais errado na forma inconsequente com que a presidente Dilma Rousseff vem tentando assegurar sua reeleição a todo custo, em frenético vale-tudo.

Não há espaço aqui para um balanço de tudo o que já foi desmantelado para avivar a fornalha da reeleição. Mas uma lista curta teria de incluir o controle da inflação, a credibilidade do Banco Central e previsibilidade da política fiscal. Num quadro em que o dispêndio público continua a mostrar rápida expansão, já não se tem mais ideia do que será o resultado fiscal de 2013, deixado agora ao sabor de pacotes de desoneração anunciados de improviso, a cada mês, em desesperada tentativa de mascarar a inflação com medidas que implicam inflação mais alta no futuro.

Merecem ainda destaque o abandono cada vez mais escancarado da ideia de realismo tarifário - como bem ilustra a insistência na política de preços de derivados de petróleo - e a decisão populista de não repassar, aos consumidores, o custo mais alto da energia elétrica proveniente das térmicas. E há, também, outras conquistas valiosas, como a solidez dos bancos federais, sendo consumidas na fornalha da reeleição. A inconsequência na gestão da Petrobras e do pré-sal não pode deixar de ser mencionada. Mas tem mais a ver com o vale-tudo anterior, que marcou a travessia do biênio eleitoral de 2009-2010.
Faltam hoje 560 dias para o segundo turno das eleições presidenciais. Uma travessia de 80 semanas. E ainda há muito o que queimar a bordo. Mas em que estado estará o nosso Henrietta no fim de outubro do ano que vem?

Rogério Furquim Werneck, economista e professor da PUC-Rio

Fonte: O Globo

A emenda 72 dos trabalhadores domésticos --Raimundo Santos

Fez bem o blog Democracia política e novo reformismo em chamar a legislação nova para os empregados domésticos de Lei Joaquim Nabuco. E, relembrando a experiência histórica, em acrescentar os comentários de Caio Prado Jr. sobre o Estatuto do Trabalhador Rural (ETR) feitos à hora da sua promulgação em 1963. Vendo nele significado equiparável à Abolição, o militante pecebista atribuía as indefinições e os defeitos daquela lei ao desinteresse das forças progressistas da época durante sua tramitação no Congresso Nacional.

Então, Caio Prado convocava à mobilização para que os direitos tivessem vigência efetiva no mundo rural, reclamando da incompreensão e do pouco empenho das esquerdas em relação à CLT nos anos subsequentes a sua outorga em 1943. Depois de 1964, sim, o ETR tornou-se um instrumento permanente de luta pelo alargamento da cidadania dos grupos subalternos.

Segundo a teoria caiopradiana do Brasil, a valorização do trabalhador consistia em conquistas decorrentes da reestruturação da economia nacional fundada na sua incorporação produtiva de modo a vencer a fragilidade do industrialismo substitutivo e o seu caráter heteronômico e errático. Ele a entendia como um consistente processo de generalização de uma espécie de Estado de bem-estar, que não era uma revolução propriamente dita, como disse Florestan Fernandes ao se referir ao que lhe parecia ser o limite mudancista máximo contido no livro do historiador A Revolução Brasileira, publicado em 1966 (Fernandes, 1968).

Tal busca de homogeinização produtiva (em todo o território nacional) pressupunha superar a própria debilidade das classes sociais, particularmente a dos contingentes rurais, por meio de dois processos convergentes: a ativação autônoma e demandas do associativismo amplo (sempre progressivo devido a sua forma permanente sindical) e a proteção sob forma de lei que assegura às conquistas socioeconômicas (extensivas ao "conjunto da população brasileira", no dizer usual do historiador) sustentabilidade.

Não tem sido fácil avançar nesse rumo. É uma luta que vem de longe, ora em andamento, particularmente difícil para levar os direitos trabalhistas e sociais aos "condenados do sistema" rurais (expressão de Florestan Fernandes, cf. Fernandes, 1973). Há, neste país, larga tradição de luta por políticas públicas de incorporação e afirmação da cidadania, como, justamente, são exemplos o já referido ETR, e, agora, a Emenda 72, que está a exigir atenção. (Continua no próximo número).

Referências bibliográficas

Fernandes, Florestan. Caio Prado Jr. não disse tudo, in Jornal Senzala n. 1, jan./fev. 1968 (republicado sob o titulo Sobre A revolução brasileira”, in Fernandes, F., Em compasso de espera, São Paulo: Hucitec , 1980.
________. Anotações sobre o capitalismo agrário e mudança social no Brasil (1973), in Vida rural e mudança social (orgs.). T. Szmreecsayi e O. Queda, Sao Paulo, Hucitec, 1978.

Fonte: Primeira parte do texto “A Emenda 72 dos trabalhadores domésticos”, Rural Semanal (UFRRJ), Seropédica, 15 a 21 de abril de 2013.

PT, PSDB e PSB iniciam disputa por siglas aliadas

Aécio e ministra de Dilma cortejam PP em convenção; líder do PSB faz assédio a PPS.

João Domingos

BRASÍLIA - O senador Aécio Neves (MG), pré-candidato tucano à Presidência? e a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, que representou a presidente Dilma Rousseff aproveitaram ontem a convenção do PP para assediar o partido, No evento, o PP elegeu o senador Ciro Nogueira (PI) presidente da legenda, mas o cerco do presidenciável do PSDB e da ministra de Dilma chamaram mais a atenção. Â cerimônia partidária realizada pela manhã mostrou como será acirrada a pré-campanha à Presidência, embora a eleição só vá ocorrer daqui a um ano e seis meses.

Nogueira substituiu o senador Francisco Dornelles (RJ) na direção da sigla. O ex-governador Paulo Maluf (SP), cujo apoio ao petista Fernando Haddad na eleição para a Prefeitura de São Paulo em 2012 gerou grande polêmica – e que teve os bens da empresa de sua família, até o limite de R$ 520 milhões, bloqueados nesta semana -, participou da convenção.

Ideli fez juras de amor ao partido. Queremos continuar juntos, por bem do Brasil e por muito tempo", disse ela, logo após lembrar que o PP é um dos partidos mais fiéis nas votações difíceis no Congresso e que "faz um trabalho excelente" no Ministério das Cidades - pasta que garante o partido na base de Dilma.

Aécio chegou à convenção logo depois da saída de Ideli e não perdeu tempo no assédio ao partido, que até ontem foi presidido por Dornelles, seu tio.

"Não enxergo o Brasil justo e solidário sem o PP junto com o PSDB", afirmou. O tucano foi aplaudido, mas não obteve nenhuma garantia de uma futura aliança.

O ex-ministro Mário Negromonte, afastado da pasta das Cidades numa das "faxinas" feitas pela presidente da República contra ministros suspeitos de irregularidade, respondeu em seguida:

"O senador Aécio Neves está fazendo uma verdadeira cantada. Nós, do PP, ficamos honrados em votar no Bolsa Família, PAC e Minha Casa, Minha Vida", programas do governo federal. PPS, O assédio do presidenciável do PSDB continuou à tarde, durante seminário promovido pelo PPS, que atua na oposição de forma radical. Dessa vez, o governo não apareceu. Mas o líder do PSB na Câmara, deputado Beto Albuquerque (RS), foi representando o governador Eduardo Campos. Depois de enaltecer a união do PSB e do PPS, Albuquerque afirmou que seu partido não é candidato a sublegenda. "Também não está condenado à escravidão do governo."

Um pouco mais ousado do que de costume, Aécio anunciou que é candidato à presidência do PSDB e que deverá ser eleito no dia 19 de maio. E falou como pré candidato ao Planalto: "Vamos disputar e vencer a eleição. Juntos, ao lado um do outro". "Nossa parceria existiu no passado, existe no presente e existirá no futuro, a depender do PSDB."

O ex-governador José Serra havia sido convidado a participar do evento, mas alegou que não poderia viajar por problemas de saúde.

No encontro do PPS, Aécio voltou a criticar o governo. Disse que a presidente Dilma "é leniente com a inflação" e que, para os que têm renda até dois salários mínimos e meio, a taxa já chegou a 14%. Acusou o governo de não ter seriedade nem firmeza, de viver num mundo virtual, sem compromisso com a ética e com o crescimento econômico.

"O Brasil da propaganda oficial, do ufanismo do governo, não tem correspondência na realidade das pessoas", atacou o senador tucano. "O governo tem hoje a maior base de apoio da história do Brasil, mas ela não avança em nenhuma questão estruturante. Portanto, o PSDB, o PPS, o DEM e outras forças de oposição têm o dever de apresentar ao Brasil um projeto alternativo a este que está aí."

Fonte: O Estado de S. Paulo

PSDB escala FH para defender sigla em SP

Ex-presidente aparecerá na propaganda do partido ao lado de Alckmin

Silvia Amorim

SÃO PAULO - Em um momento delicado para o partido, diante do crescimento do PT em São Paulo na última eleição e da perspectiva de uma disputa acirrada para a sucessão estadual em 2014, o PSDB escalou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para defender a legenda na propaganda política a ser veiculada no rádio e na TV a partir de hoje no estado. FH vai aproveitar o aniversário de 25 anos do PSDB para falar do legado deixado pelos tucanos ao Brasil, especialmente em São Paulo.

A próxima eleição paulista tem sido apontada por líderes tucanos como a mais difícil dos últimos anos para o partido. Depois de 18 anos no poder, há uma preocupação com o discurso de mudança pregado pelo PT e que foi bem-sucedido na eleição para a prefeitura de São Paulo.

Em março, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff foram os protagonistas da propaganda institucional do PT no rádio e na TV em São Paulo. Lula apareceu dizendo que estava na hora de o PT "fazer mais" pelo estado.

FH dividirá com o governador Geraldo Alckmin, candidato natural à reeleição, o espaço nas inserções partidárias. O ex-governador José Serra não aparecerá nas gravações, que serão veiculadas até a semana que vem.

Com o slogan "PSDB sabe o jeito certo de governar", a propaganda faz também um ataque ao PT, embora não mencione o adversário nem entre no mérito de comparar gestões petistas e tucanas. A escolha do tema não foi aleatória, e sim resultado de pesquisas com grupos de eleitores sobre os pontos positivos e negativos do PSDB em São Paulo. A sondagem mostrou que a maior fragilidade da legenda continua sendo a imagem de governar somente para ricos.

Não por acaso esse é um dos assuntos em pauta na eleição interna do PSDB este ano. No próximo domingo, o partido vai eleger a nova direção na capital paulista. O vereador Andre Matarazzo deverá ser eleito presidente da sigla.

Fonte: O Globo

“A Esquerda Democrática pensa o Brasil”: Apesar da ausência de Serra, Aécio pede união da oposição em evento

Tucano discursa em conferência do PPS e diz que ‘em 2014, a nossa proposta será clara, com nome e sobrenome’

Maria Lima

BRASÍLIA – O senador Aécio Neves (PSDB-MG) fez, nesta quinta-feira, o mais contundente discurso assumindo sua candidatura à presidência em 2014. Na abertura da conferência “A Esquerda Democrática pensa o Brasil”, promovido pelo PPS, Aécio conclamou as oposições, os partidos que querem interromper o ciclo do PT no poder, a estarem juntos. Apesar do discurso, o ex-governador José Serra, após ter confirmado presença, não apareceu. Na noite de quinta-feira, Roberto Freire informou que, devido a um problema na coluna, Serra recebeu ordens médicas para faltar. Entretanto, o presidente do PPS ressaltou que, se for liberado, o tucano estará presente na segunda parte do evento, na sexta-feira.

Aécio citou, em seu discurso, dificuldades internas do PSDB:

- No PSDB, estamos construindo nossa unidade, vencendo obstáculos internos de forma muito vigorosa, com a compreensão de que essa unidade é fundamental para alcançarmos nosso projeto de poder - disse ele, dirigindo-se a Roberto Freire. Aécio não comentou a ausência de Serra no evento.

Aécio pediu união à oposição:

- Independente das alianças formais, estaremos caminhando na mesma direção para mostrar que é possível romper este ciclo. No momento certo estaremos todos juntos – disse. - No final, vamos entender que nossa convergência é completa.

Ele conclamou o presidente do PPS, Roberto Freire, a estarem juntos para construir um projeto alternativo para 2014. O tucano encerrou o discurso deixando muito claro que será candidato. E disse que “no momento certo, em 2014, a nossa proposta será clara, com nome e sobrenome”.

- Vamos disputar e vencer essas eleições, porque o Brasil merece um governo muito melhor do que este que está aí, e vamos vencer juntos, Roberto – disse Aécio, para Freire.

- O ciclo do governo do PT se exauriu e vamos mostrar isso viajando o país a partir de agora – afirmou Aécio no discurso.

O líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS), representando o presidente do partido Eduardo Campos, não poupou críticas ao governo Dilma. Albuquerque reforçou a fala de Aécio, de que chega ao fim um ciclo. Ele afirmou que o PSB participou de três fases importantes para o Brasil, começando no governo Itamar, depois no Fernando Henrique, e lançando as bases para o governo Lula.

- Os três ciclos foram concluídos e estamos chegando numa cruzada da vida em que são necessárias novas etapas, que talvez não se realizem com quem está aí. Mas podem ser realizar com a consolidação do novo, do diferente. Não é verdadeiro que tudo foi resolvido no Brasil. Há muito o que ser feito, Não será com inflação, com baixo crescimento, que vamos dar sustentação às conquistas desses três ciclos. Podemos colocar em risco sim todas essas conquistas – disse Albuquerque.

O líder do PSB disse que trazia um abraço de Campos, que queria estar ali e não podia. Ele criticou a inclusão, pelos líderes da maioria dos partidos na Câmara encabeçados pelo PMDB e PT, de última hora, de requerimento para a votação em regime de urgência de projeto que torna mais rígidas a criação de novos partidos, na noite de ontem. Albuquerque chamou a tentativa de “golpe” para inviabilizar a criação do partido de Marina Silva, a Rede.

- A livre organização dos partidos não pode ser confundida com a malversação dos partidos. Nesses casos, os grandes partidos estão dando mau exemplo. Isso ficou claro no golpe tentado ontem, e que pode ser conseguido com a maioria que tem aí - disse. - Lamento que o governo se envolva em questões partidárias aqui no Congresso. A tarefa do governo é administrar o Brasil, combater a inflação. Não há porque, através de golpes, substituir a vontade do eleitor.

Fonte: O Globo

Clima de campanha movimenta Congresso com eventos do PP e do PPS

Jeferson Ribeiro

O Congresso viveu um dia de clima de campanha eleitoral nesta quinta-feira com eventos do PP e do PPS mobilizando governistas e opositores de olho nas alianças para a disputa do ano que vem.

O senador Aécio Neves (MG), provável candidato do PSDB à Presidência em 2014, e Ideli Salvati, ministra das Relações Institucionais do governo da presidente Dilma Rousseff, que buscará a reeleição ano que vem, foram à convenção do PP que elegeu sua nova comissão executiva.

Ideli justificou sua presença dizendo que o PP, que tem cinco senadores e 37 deputados, é um importante aliado e era preciso prestigiar o evento partidário. Mas tentou despistar o interesse eleitoral com vistas à eleição de 2014.

"Essa discussão a respeito de campanha e de reeleição obviamente cada um dos partidos tomará a decisão no tempo adequado", afirmou ao ser questionada se sua presença estava relacionada à busca de apoio do PP a Dilma ano que vem.

O PP não fez parte da aliança formal de Dilma em 2010, mas comanda o Ministério das Cidades, que tem um dos maiores orçamentos da Esplanada.

Aécio, que é sobrinho do presidente de honra do PP, senador Francisco Dornelles (RJ), esperou a saída da Ideli do encontro para comparecer e discursar, pedindo abertamente inclusive o apoio da legenda.

"Não enxergo um Brasil justo e solidário sem o PSDB e o PP juntos no futuro na sua construção", disse o mineiro.

Ordem natural das coisas

Horas mais tarde, Aécio participou de um seminário do PPS, partido oposicionista e aliado dos tucanos nos últimos anos, que tem dado mostras que pode apoiar uma eventual candidatura presidencial de Eduardo Campos, governador de Pernambuco e presidente do PSB.

O PPS realiza o seminário "A Esquerda Democrática Pensa o Brasil" até sábado e esperava inclusive a presença de Campos nesta quinta, mas o governador viajou para os Estados Unidos e não compareceu.

O partido também convidou o ex-governador paulista e candidato presidencial tucano derrotado em 2002 e 2010, José Serra, para os debates, sendo aguardado para sexta-feira.

No seminário, Aécio disse que assumirá o comando do PSDB em maio e que o tradicional aliado estará com os tucanos no futuro, tentando conter as especulações de que o PPS apoiaria a candidatura do PSB.

"Eu acredito muito nas coisas naturais na política, como na vida, e é natural nossa aliança... ela é focada nas nossas convicções de que é preciso mudar o Brasil e tenho absoluta convicção que no momento certo o PSDB e o PPS estarão juntos como já estiveram no passado", disse o tucano a jornalistas na saída do seminário.

Em fevereiro, o presidente do PPS disse à Reuters que a candidatura tucana é um das "hipóteses de trabalho" do partido, assim como a de Campos, do PSB, e até mesmo da ex-senadora Marina Silva, que tenta criar uma legenda a tempo de disputar as eleições de 2014.

Campos não foi ao evento do PPS, mas pediu que o líder da bancada na Câmara, deputado Beto Albuquerque (RS) o representasse. O PSB é um aliado histórico do PT de Dilma, mas o crescimento eleitoral da legenda nas eleições municipais do ano passado, quando elegeu 444 prefeitos, sendo seis capitais, impulsionou o desejo de candidatura própria à Presidência.

Desde então, o governador de Pernambuco tem participado de reuniões pelo país e feito discursos com críticas ao governo, indicando que entrará na disputa pelo Palácio do Planalto.

"Esse compromisso do passo adiante, do fazer mais, é um compromisso que está posto e nós não nos sentimos proibidos de debater isso. Ninguém impedirá os nossos partidos, o meu partido o PSB, de fazer o debate que o Brasil precisa fazer agora", disse Albuquerque, que tem acompanhado Campos nas articulações com os outros partidos.

A corrida presidencial do ano que vem ganhou um impulso antecipado em fevereiro, quando Lula apresentou Dilma como candidata à reeleição durante a comemoração de 10 anos do PT no comando do governo federal.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Aécio diz que fará campanha de 'oposição clara' ao PT

Ricardo Brito

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou nesta quinta-feira que fará uma campanha de "oposição clara" ao governo do PT em 2014. Num recado indireto ao PSB, cujo presidente nacional e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, quer concorrer à eleição presidencial, mas ainda compõe a base aliada do governo Dilma Rousseff, Aécio disse que o PSDB "não está no divã".

"Não temos dúvidas sobre qual será a nossa postura. Faremos uma campanha permanente de oposição clara ao governo do PT porque, para o Brasil, esse ciclo de governo do PT precisa e deve ser interrompido", discursou, sob palmas, na abertura do Seminário A Esquerda Democrática Pensa o Brasil, organizado pelo PPS, na Câmara.

Ele afirmou que o PSDB e o PPS têm "os mesmos valores", uma "identidade profunda" e sempre foram "parceiros sólidos". "As nossas alianças não foram construídas com trocas de espaços públicos e circunstâncias eleitorais", disse. As declarações foram feitas na presença do deputado Beto Albuquerque (RS), líder do PSB na Casa. O partido também assedia o PPS para um acordo eleitoral em torno da possível candidatura de Campos.

Aécio defendeu a refundação da "Federação do Brasil", diante, de acordo com ele, da "hipertrofia" e "fragilização" da administração federal realizada pelo PT. Na fala, o senador do PSDB de Minas Gerais criticou a atuação federal nas áreas da saúde, segurança e educação, assim como a publicidade oficial do Poder Executivo de acabar com a "miséria por decreto". Assumindo-se candidato a presidente nacional do PSDB, cargo que deve assumir em maio para assegurar a visibilidade a fim de consolidar o nome para 2014, Aécio conclamou os integrantes do PPS para andar pelo País.

"Essa será a missão da nova direção do PSDB, talvez ouvindo mais do que falando, para que, no momento certo - parece-me que este momento é o amanhecer de 2014 -, nós possamos oferecer ao Brasil, aí sim, uma proposta clara, com nome, sobrenome, com projeto e programa que permita aos brasileiros que é possível sonhar, que é possível ter um governo ético no Brasil. É possível ter um governo transformador, que não se contente com isso que aí está", discursou.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Aécio oficializa candidatura para presidir PSDB com críticas ao governo

Gabriela Guerreiro, Erich Decat

BRASÍLIA - Em discurso com duras críticas ao PT e ao governo da presidente Dilma Rousseff, o senador Aécio Neves (MG) oficializou nesta quinta-feira (11) a candidatura à Presidência do PSDB, numa clara sinalização de que será o nome escolhido pelos tucanos para disputar o Palácio do Planalto em 2014.

Com tom de candidato, Aécio também mandou recados ao PSB do governador Eduardo Campos (PE) e cobrou apoio do PPS -- que estuda fusão com o PMN e possível adesão à candidatura de Campos.

As declarações foram feitas no seminário organizado pelo PPS, em Brasília. Apesar de também ter sido convidado, o ex-governador José Serra comunicou na véspera do encontro que não compareceria ao encontro, que também contou com a participação de integrantes do PSB e do DEM. A ausência de Serra teria sido em razão de dores nas costas.

Primeiro a discursar no evento, Aécio acusou o PT de estar levando o Estado à hipertrofia.

"Grande parte das mazelas e dos graves problemas brasileiros está na fragilização da federação", disse.

"Temos inúmeras etapas para serem vencidas, para a propaganda oficial que diz que é possível erradicar a miséria no Brasil por decreto, tenha a mínima correspondência na realidade dos brasileiros", acrescentou.

O tucano também defendeu o legado do plano Real, criado ainda durante o governo Itamar Franco e estabelecido pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

"Não foi o Bolsa Família, mas o Plano Real, o maior indutor de distribuição de renda de nossa história moderna. O Real, pilar fundamental para a construção das outras etapas que vieram a partir dele, hoje está em risco", afirmou.

O senador lembrou ainda dos problemas que o atual governo enfrenta com a alta da inflação.

"A leniência do governo federal no controle inflacionário. Estamos constatando para a população que recebe até 2,5 salários mínimos, e grande parte dos empregos gerados nos últimos anos está nessa faixa, a inflação de alimentos ultrapassou os 14%".

Alianças

Em outro momento do discurso, Aécio tentou demonstrar uma relação histórica de proximidade entre o PSDB e o PPS, que atualmente não esconde preferir uma possível candidatura de Eduardo Campos à presidência.

"O PPS sempre foi, talvez dentre todos, o mais firme dos partidos aliados do PSDB. Me sinto extremamente em casa aqui hoje", disse o tucano se dirigindo à mesa composta pelo presidente da legenda, Roberto Freire (SP).

Na presença do líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS), Aécio deu um recado velado ao PSB.

"O PPS não está no divã. Não temos dúvidas sobre qual será nossa postura. Faremos campanha permanente de oposição clara ao governo do PT. Para o Brasil, esse ciclo do governo do PT precisa e deve ser interrompido", disse.

Candidatura

O evento também serviu para Aécio oficializar sua candidatura à presidência do PSDB nacional prevista para o próximo mês de maio. De forma indireta também citou a disputa presidencial.

"No amanhecer de 2014, oferecer ao Brasil proposta clara com nome, sobrenome, projeto e programa que permita aos brasileiros
voltar a sonhar, a pensar que é possível ter governo ético, que não se contente somente com isso que aí está".

Fonte: Folha de S. Paulo

Na abertura da Conferência do PPS, Aécio diz que oposição vai derrotar o PT em 2014

Por: Assessoria do PPS

Na abertura da Conferência Política do PPS, que ocorre na Câmara dos Deputados, em Brasília, o senador Aécio Neves (MG), pré-candidato do PSDB à Presidência da República, fez um discurso duro contra o PT, criticou a propaganda oficial do governo e disse que a presidente Dilma Rousseff acredita que pode acabar com a miséria do país por decreto. Citando dificuldades nas áreas de educação, saúde, segurança pública, infraestrutura, entre outras, o tucano disparou: "A propaganda oficial considera que é possível erradicar a miséria no Brasil por decreto", afirmou Aécio. CONFIRA ABAIXO TRECHOS DO DISCURSO DE AÉCIO.

Defendendo a união da oposição, o pré-candidato disse o PSDB não está no divã e pregou o diálogo entre as várias forças que vão disputar a corrida presidencial em 2014. "Tenho plena confiança de que nós chegaremos vigorosos lá na frente. Vamos disputar e vamos vencer essas eleições, ao lado do PPS. Vamos juntos à luta!", finalizou o senador Aécio Neves, muito aplaudido ao final de seu discurso.

Compuseram a mesa inicial de abertura, além de Aécio, o presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (PE), o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), o presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), o líder tucano na Câmara, Carlos Sampaio (SP), o líder do PSB, deputado Beto Albuquerque (RS), o líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), o ex-deptuado Fernando Gabeira, a presidente do PMN, Telma Ribeiro, o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), além da deputada estadual Luzia Ferreira (PPS-MG) e do deputado federal Márcio Bittar (PSDB-AC).

Trechos do discurso de Aécio Neves

"É possível, através de um programa discutido com a sociedade, construir um Estado onde a justiça social não seja apenas aparente ou instrumento de propaganda eleitoral", afirma o senador Aécio Neves, citando sua experiência como governador de Minas Gerais e a parceria com o PPS neste projeto. "Tudo isso só foi possível porque nós tivemos, desde o início, parceiros muitos sólidos. O PPS sempre foi o mais firme dos aliados."

Aécio cita a importância histórica e a "firmeza de princípios" do antigo Partido Comunista Brasileiro (PCB), sucedido em 1992 pelo PPS.

"Nós temos a nos aproximar a convicção de que o Brasil precisa mudar. Eu quero aqui afirmar e reafirmar: sou oposição a isso que está aí. Ao grupo político que abandonou o conceito da ética", diz o senador Aécio Neves. "Sou oposição a um governo que se contenta apenas com a administração da pobreza. A um projeto político que se contenta apenas com a manutenção de um projeto de poder."

"A nossa responsabilidade com o Brasil de hoje e de amanhã é o mais importante a nos unir daqui a por diante", continua Aécio. "O Brasil precisa ter coragem e vontade político para enfrentar as reformas que esse governo sucessivamente vem adiando."

O pré-candidato do PSDB à Presidência da República faz um duro discurso contra o governo Dilma Rousseff, citando dificuldades nas áreas de educação, saúde, segurança pública, infraestrutura, entre outras. "A propaganda oficial considera que é possível erradicar a miséria no Brasil por decreto", afirma Aécio.

Para Aécio, o PT faz crer "que o Brasil foi descoberto em 2003". "Se hoje somos um país melhor do que décadas atrás, e somos, foi a partir do governo Itamar que começamos construir um país moderno", diz. "O Plano Real foi o maior indutor de distribuição de renda de nossa história moderna", completa o senador tucano, que também cita a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

"A estabilidade da moeda foi o pressuposto fundamental para que outras etapas pudessem vir", continua o senador Aécio Neves, evidenciando a preocupação com o retorno da inflação no país.

"Faremos uma campanha de oposição clara ao governo do PT. O PSDB não está no divã", afirma Aécio.

"Essa coerência do PPS é que me dá segurança de que, independentemente de alianças formais, estaremos caminhando na mesma direção e fortalecendo um ao outro", prossegue o senador Aécio Neves. "É possível, sim, interromper esse ciclo (do PT)."

"Mais do que a vontade pessoal de uma ou outra liderança política, a realidade dos fatos e a convergência de objetivos vai fazer com que, no momento certo, estejamos todos juntos", afirma Aécio.

"A cada tema que vier a ser discutido, na área econômica, na área de infraestrutura, nas várias nuances do tema social, em cada um desses temas, no final, nós vamos compreender que a nossa convergência é absoluta. Não vejo, no quadro político-partidário atual, identidade tão clara e tão profunda como a que existe entre o PPS e o PSDB", prossegue Aécio.

"Um velho amigo do Partidão, meu avô Tancredo, dizia que quando um homem público está falando, você deve olhar aqueles que estão ao seu lado, em volta dele. Eu sempre, em todas as minhas caminhadas, quando eu olhava para o lado, eu encontrava os companheiros do PPS. Vencemos juntos e governamos juntos", lembra o senador Aécio Neves.

"O PPS honra as suas origens. Este sempre foi um partido democrático, aberto às novas ideias e inovações. É um partido que teve coragem para revisar o seu programa e apostar na democracia e na modernidade", continua Aécio, elogiando a iniciativa da conferência política organizada pelo partido.

Aécio chama o atual sistema de coalizão que sustenta o governo da presidente Dilma Rousseff de "governismo de cooptação".

Aécio reitera que será candidato à presidência nacional do PSDB. "Pela primeira vez, de público, digo que meu nome será colocado em maio como candidato a presidente nacional do PSDB, para fortalecer o nosso diálogo com as forças oposicionistas do Brasil. Desde já, de público, eu o convido, Roberto, para um debate permanente, em que nossas convergências se mostrarão muito mais vibrantes do que eventuais divergências", diz o senador tucano ao presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP).

"Tenho plena confiança de que nós chegaremos vigorosos lá na frente. Vamos disputar e vamos vencer essas eleições, ao lado do PPS. Vamos juntos à luta!", finaliza o senador Aécio Neves, muito aplaudido ao final de seu discurso.

Fonte: Portal do PPS

Líder do PSB alerta sobre alta da inflação e defende o "novo" em 2014

Por: Fábio Matos

A conferência política “A Esquerda Democrática Pensa o Brasil”, organizada pelo PPS e iniciada nesta quinta-feira no Auditório Nereu Ramos, da Câmara dos Deputados, contou com a presença do líder do PSB e vice-presidente nacional da legenda, Beto Albuquerque (RS), que representou o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e aproveitou para defender o “novo” nas próximas eleições presidenciais.

Em um discurso pontuado pela preocupação com a alta da inflação e o baixo crescimento econômico do país, o parlamentar gaúcho deixou claro que o PSB não se curvará diante de eventuais pressões para que não lance candidatura própria à Presidência da República em 2014.

“Nós estamos chegando a um outro momento nacional que talvez não se realize com a repetição do mesmo, mas com o aparecimento do novo, do diferente. O Brasil ainda não resolveu todos os seus problemas. Há muito o que ser feito. Há muito a ser melhorado", afirmou Albuquerque. “Esse compromisso do passo adiante, do fazer mais, está posto e ninguém impedirá os nossos partidos de fazer o debate que o Brasil precisa fazer agora. A hora é de debater que futuro nós queremos para a nossa gente. O PSB, que fez parte dessa história, inclusive da recente, não é um partido candidato a sublegenda”, completou o deputado, em clara referência à possibilidade de Campos se candidatar ao Planalto no ano que vem.

No início de seu pronunciamento, o líder do PSB na Câmara destacou os fundamentos econômicos firmados durante os governos de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, com a criação do Plano Real. “Nossa caminhada não foi pequena e ainda não acabou, mas consolidou uma expectativa econômica deste país, que se tornou sólida, forte, baseada em princípios e contratos, com o Plano Real. Esse ciclo de consolidação da economia é um ciclo do qual nós fizemos parte. Itamar, Fernando Henrique e o começo do governo Lula consolidaram essa política econômica", disse.

Em tom crítico ao atual governo, o deputado do PSB afirmou que o país não pode ser novamente atingido pela inflação. “Não será com inflação alta, com baixo crescimento ou com baixo investimento que nós vamos dar sustentabilidade às conquistas sociais que esse país já encaminhou até agora”, disse Albuquerque.

‘Golpe’ contra novos partidos

O vice-presidente do PSB foi enfático ao tratar das pressões do atual governo para evitar que surjam novos partidos e citou o requerimento de urgência apresentado pela base governista na noite da última quarta-feira que defende a limitação de recursos do Fundo Partidário e do tempo de televisão às novas legendas.

“O golpe tentado ontem, no calar da noite, teve no PSB, no PPS, no PSDB, a resistência. Lamento que o governo se envolva em questões eleitorais e partidárias. A tarefa do governo não é se meter na organização dos partidos, mas cuidar do Brasil, combater a inflação... Esse é o papel do governo”, afirmou Albuquerque.

Fonte: Portal do PPS

Gabeira: Políticos não se deram contra da imensa revolução democrática que o mundo vive

Gabeira também descartou disputar à Presidência da República em 2014

Em discurso na abertura da Conferência Política do partido, que ocorre na Câmara dos Deputados, em Brasília, o ex-deputado Fernando Gabeira destacou que o mundo vive hoje uma imensa revolução democrática e o mundo político, os partidos, não estão se dando conta.

"Nós vivemos uma imensa revolução democrática, mas não nos demos conta. Quando nos dermos conta, acho que os políticos e os partidos políticos podem se aproveitar muito dela", afirmou Gabeira, se referindo as velhas estruturas partidárias que não têm acompanhado os avanços da comunicação entre as pessoas por meio das redes sociais e o fortalecimento do poder de mobilização das entidades da sociedade civil. Esse processo, na avaliação dele, ampliou a participação dos eleitores nas discussões políticas.

Gabeira também descartou disputar a Presidência da República em 2014. "Não sou candidato a nada. Só vim aqui contribuir com o debate sobre a sustentabilidade urbana." O ex-deputado também disse que não se sentia à vontade, no momento, para fazer um discurso político a respeito do futuro. “Minha tribuna neste momento tem sido o jornalismo".

Fonte: Portal do PPS

Presidente do PSDB destaca vocação democrática do PPS

Por: Fábio Matos

Em um breve pronunciamento durante a abertura da conferência política “A Esquerda Democrática Pensa o Brasil”, nesta quinta-feira, no Auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados, o presidente nacional do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra (PE), manifestou sua admiração pelo deputado Roberto Freire (SP), presidente do PPS.

“Roberto é um grande líder pernambucano, um grande líder brasileiro e um companheiro que merece nossa solidariedade e nosso apoio entusiasmado”, elogiou Guerra. “O PSDB está presente nesse seminário, assim como estará presente em qualquer seminário que o PPS promova. Nós temos uma grande identificação. O PPS, e Roberto Freire em especial, seguramente é uma referência para o PSDB.”

Segundo o presidente do PSDB, que deixa o cargo em maio e deve ser sucedido pelo senador Aécio Neves (MG), “o PPS é um partido profundamente democrático”. “É assim que nós o vemos”, afirmou

Fonte: Portal do PPS