terça-feira, 17 de novembro de 2015

Opinião do dia – José Serra

"O Brasil precisa de um governo novo, é uma realidade política, não estou entrando no mérito de se pode ou não pode."
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José Serra, senador (PSDB-SP), em evento para empresário. O Estado de S. Paulo, 17 de novembro de 2015.

Temer pede reunificação das forças políticas em Congresso do PMDB

• Ministros de Dilma sabem que a ala minoritária do partido promete barulho, defendendo até o impeachment da presidente

Vera Rosa - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O vice-presidente Michel Temer vai pregar nesta terça-feira, 17, a reunificação das forças políticas, para superar a grave crise que o País atravessa e retomar a estabilidade institucional, ao abrir o congresso do PMDB, em Brasília. Embora Temer tenha garantido nesta segunda, na reunião da coordenação política do governo, que o encontro não terá o objetivo de discutir o divórcio do PMDB com o Palácio do Planalto, ministros sabem que a ala minoritária do partido promete barulho, defendendo até o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Em agosto, quando a tensão política atingira o seu auge, Temer disse que o Brasil precisava de alguém capaz de "reunificar a todos". A frase foi interpretada no Planalto como um sinal de que o vice pretendia se cacifar para assumir o comando do País, aproximando-se do PSDB e dos empresários. Presidente do PMDB, Temer negou qualquer tipo de "conspiração", mas a propaganda de TV da legenda, em setembro, não deixou dúvidas sobre o distanciamento entre o principal partido da coalizão e o governo Dilma.

Provocado ontem pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que quis saber qual seria o tom do congresso do PMDB, o vice respondeu que não haveria incêndio. "Podem ficar tranquilos", assegurou.

Os microfones do encontro, porém, ficarão abertos para qualquer manifestação. Acusado de manter contas na Suíça com dinheiro da Petrobrás, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deve fazer uso da palavra.

Temer garantiu que o encontro, promovido pela Fundação Ulysses Guimarães, não terá caráter deliberativo nem tratará de rompimento com o governo. "Nós vamos debater o programa econômico e sugerir propostas para o País", afirmou ele.

Intitulado "Uma Ponte para o Futuro", o programa do PMDB faz críticas à condução da economia, diz que "nosso desajuste fiscal chegou a um ponto crítico" e sugere medidas polêmicas para sair do "atoleiro", algumas delas contestadas dentro do próprio partido.

Parlamentarismo. Um grupo de 25 deputados do PMDB, da ala contrária ao governo, vai apresentar uma emenda em defesa do parlamentarismo. "Se houvesse o parlamentarismo, crises como essa não aconteceriam porque, com tantos erros, cairia o gabinete", disse o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS).

Os peemedebistas dessa corrente também vão endurecer ainda mais a proposta para a Previdência, contida no programa do PMDB. A ideia é sugerir uma idade mínima progressiva para acesso aos benefícios sociais, que ficaria igual tanto para homens quanto para mulheres (65 anos), em 2032.

"Queremos mostrar que o PSDB está vacilante; o PT, perdido, e o PMDB é o único de pé, com uma proposta construtiva", afirmou Perondi. "Nós fomos convencidos a não jogar querosene na crise, mas não deixaremos de dizer que temos um plano e uma pessoa muito preparada em nossos quadros, que é Michel Temer."

O senador Romero Jucá (PMDB-RR) admitiu não haver consenso em todos os pontos do documento "Uma Ponte para o Futuro", que parece ter sido redigido por um partido de oposição ao governo. "Eu, por exemplo, defendo o orçamento impositivo, mas não de 'base zero'. É preciso deixar claro, ainda, que a CPMF, se vier, não virá isoladamente, sem reforma estrutural", argumentou ele.

Jucá disse que o texto será apenas "um roteiro" para discussão. As propostas passarão pelo crivo do partido nos Estados e somente serão votadas na convenção do PMDB, em março de 2016. "Com certeza até lá haverá uma modulação", comentou o senador.

Apesar de não esconder que votou em Aécio Neves (PSDB-MG) para presidente, Jucá afirmou que este não é o momento de romper com o Planalto. "Agora precisamos construir a unidade partidária e a nossa linha programática é a de ajudar a melhorar a economia", insistiu.

Para o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), o partido não pode virar as costas para as ruas. "Não é preciso ter um Fiat Elba para cassar alguém", disse ele, numa referência ao carro que deu origem ao processo contra o então presidente Fernando Collor, hoje senador pelo PTB.

Temer defenderá uso de 'remédios amargos' para reajustar a economia

Daniela Lima, Gustavo Uribe – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), vai usar o congresso promovido pelo centro de estudos de seu partido nesta terça-feira (17) para fazer um novo apelo pela reunificação do país em nome da superação da crise econômica.

Na última vez em que defendeu o engajamento das diversas forças políticas na superação da crise, o peemedebista incomodou aliados de Dilma Rousseff, que viram no gesto dele uma tentativa de se colocar como o agente capaz de promover essa união.

Segundo aliados, Temer vai reconhecer a gravidade da situação das contas públicas, defenderá a adoção de remédios amargos para reajustar a economia e endossará as propostas feitas no programa de governo lançado em outubro pela Fundação Ulysses Guimarães.

A mensagem do vice seria de que, no documento, o PMDB aponta um rumo para a superação da crise. O documento, intitulado "Ponte para o futuro" será usado como escudo por integrantes da sigla que têm criticado a política econômica adotada na gestão Dilma. "Ele é a nossa bíblia", afirmou o ex-ministro Moreira Franco, presidente da fundação e organizador do encontro.

A realização do evento e o conteúdo dos discursos preocupam a equipe de Dilma no Palácio do Planalto, que vê risco de o congresso do PMDB se transformar em palco de críticas ao governo.

Para diminuir o mal-estar, Temer fez questão nesta segunda-feira (16) de, em reunião da coordenação política do governo, ressaltar que o encontro não tem poder deliberativo e que embora seja defendida abertamente por setores de sua sigla, a proposta de ruptura com o PT é defendida por uma minoria.

Ele ressaltou, contudo, que o PMDB, assim como o PT, precisa defender suas bandeiras políticas e seguir seu percurso partidário. "Esse congresso não é deliberativo, é um espaço para discussões. As decisões só serão tomadas em março [mês da convenção nacional da legenda]", ponderou o senador Romero Jucá (PMDB-RR).

Apesar das falas contemporizadoras, o PMDB vai tentar dar peso institucional ao evento levando figuras tradicionais no partido, como o ex-presidente José Sarney. Outros nomes da sigla deverão aparecer, como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Submerso em uma crise, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, disse a aliados que também marcaria presença no evento. A decisão preocupou aliados do deputado. Neste momento, dizem, cercado por acusações, Cunha não deveria se expor.

O Planalto vai acompanhar o evento e pretende atuar junto à ala governista do PMDB caso a defesa pelo desembarque da administração federal domine o evento. Petistas defendem que Dilma dê mais espaço ao vice no governo para evitar o risco de desembarque.

Peemedebistas mais alinhados ao governo fizeram chegar a Temer críticas ao programa de governo feito pelo PMDB. Nos últimos dias, o vice se reuniu com aliados para conter os críticos e evitar um bombardeio à agenda.

No script dos aliados do vice, além da construção de um discurso que apresente Temer como alternativa segura caso Dilma não conclua o mandato, está a organização de uma agenda de viagens pelo país. O objetivo é tornar Temer conhecido e aumentar sua capilaridade junto a lideranças regionais.

Contenção de gastos públicos só entrou agora na pauta do PMDB

Gustavo Patu – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - "Valeria a pena pensar no social, mesmo que voltasse minimamente a inflação."

Assim falava Michel Temer (PMDB-SP), então presidente da Câmara dos Deputados, em junho de 1998 –quando o Executivo defendia o controle de gastos públicos, mais na teoria que na prática, para consolidar o Plano Real.

A declaração sintetiza o instinto político que se confunde com pensamento econômico na maior parte dos partidos do país: ampliar o amparo do Estado será sempre mais urgente do que conter a alta dos preços e outros obstáculos ao crescimento da renda nacional.

Agora que está diante de Temer a possibilidade de assumir um governo devastado pelo colapso das contas públicas, o PMDB quer apresentar um ideário diferente daquele que pautou sua prática desde a redemocratização.

"Uma Ponte para o Futuro", documento lançado pelo partido, é, se levado a sério, um rompimento com o passado e o presente.

Ali estão reunidas propostas que poucos candidatos a cargos eletivos ousariam defender em público –desvinculação entre os benefícios sociais e o salário mínimo; fim da regra de gastos mínimos em saúde e educação, aumento da idade mínima exigida para concessão de aposentadoria.

Também há teses redigidas ao gosto do mercado credor da dívida pública, caso da condenação a tentativas de reduzir os juros sem ajustar as contas do governo e controlar a inflação.

A relação entre a alta dos preços e a política social é muito diferente da exposta em 1998 pelo hoje vice-presidente: "Se, para manter o poder de compra dos que recebem rendas do Estado, deixamos a inflação fora de controle ou muito alta, estaremos penalizando a grande maioria da população".

DNA peemedebista
O partido procura se contrapor a ideias e políticas do governo Dilma Rousseff que levaram à atual crise econômica –e às quais não falta o DNA peemedebista.

"A expansão do gasto público na área das políticas sociais clássicas constitui uma exigência mínima de uma sociedade democrática", dizia o histórico documento "Esperança e Mudança", publicado em 1982 pelo PMDB.

Daquele texto constavam diretrizes social-democratas, desenvolvimentistas, protecionistas e inflacionistas que inspirariam a Constituição de 1988, a conduta do partido nas décadas seguintes e preferências arraigadas na classe dirigente nacional.

Em resumo, despesas sociais crescentes e com recursos reservados; reajustes do salário mínimo acima da inflação; tarefas para o poder público em áreas tão diferentes quanto o fomento à cultura e a proteção da indústria nacional.

Ali estava, por exemplo, a fixação de uma parcela mínima da receita federal reservada à educação, que acabou chegando ao texto constitucional. Neste ano, o Congresso estendeu a regra aos gastos com a saúde.

Em defesa de direitos e garantias há sindicatos, entidades, congressistas e militantes organizados.

A favor de reformas, só há a falta de dinheiro –que, diga-se, nunca foi tão evidente como agora.

Congresso do PMDB é 'preparação' para candidatura de 2018, afirma Temer

• 'Nós temos a ideia de lançar um candidato em 2018, então nós temos que nos preparar para isso. Se nós não tivermos um programa, como vamos ter um candidato?', afirmou o vice-presidente

Isadora Peron - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O vice-presidente Michel Temer defendeu que o congresso do PMDB que será realizado nesta terça-feira, 17, tem como objetivo discutir o programa de governo lançado pela fundação do partido em outubro e preparar o terreno para o lançamento de uma candidatura própria à Presidência da República em 2018.

"Nós temos a ideia de lançar um candidato em 2018, então nós temos que nos preparar para isso. Se nós não tivermos um programa, como vamos ter um candidato?", afirmou o vice durante um jantar com jornalistas promovido pela senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) na noite desta segunda-feira, 16.

Durante o encontro, Temer tentou minimizar o mal-estar instalado no Palácio do Planalto com a divulgação do documento intitulado "Ponte para o Futuro", que contém duras críticas à política econômica da presidente Dilma Rousseff.

O vice fez questão de afirmar que apresentou as propostas à presidente assim que elas ficaram prontas e que o programa não deveria ser visto como uma crítica ao governo e sim como uma "colaboração". "Se o governo quiser adotar as ideias do PMDB, ótimo, vamos aplaudir", disse.

Temer ressaltou ainda que o congresso desta terça não terá caráter deliberativo, ou seja, não vai discutir se o PMDB deve deixar a base aliada do governo. O vice, no entanto, admitiu que será difícil conter as manifestações a favor do rompimento com o PT. Segundo ele, uma decisão final sobre o assunto deverá ser tomada somente em março, durante a convenção nacional do partido.

O vice também afirmou que, a despeito da polêmica causada recentemente, vai voltar a pregar a necessidade de reunificar as forças políticas do País para superar a crise econômica. Em agosto, Temer disse que o Brasil precisava de alguém capaz de "reunificar a todos". A frase foi interpretada por auxiliares de Dilma como um sinal de que o vice pretendia se cacifar para assumir o comando do País, caso a presidente viesse a sofrer um processo de impeachment. Nesta segunda, Temer defendeu que foi mal interpretado e sugeriu que petistas alimentaram em Dilma o sentimento de que ele deveria ser visto com "suspeição".

Para o ex-ministro Moreira Franco, presidente da Fundação Ulysses Guimarães e um dos responsáveis por organizar o encontro desta terça, o fato de o PMDB decidir discutir um conjunto de propostas para o País não deve ser visto como um ato de "hostilidade" contra o governo. "O nosso programa não foi feito nem a favor nem contra ninguém. Não houve nenhuma intenção de romper com o governo, de apontar erros. O nosso objetivo é definir um programa que resolva a maior crise econômica da nossa história", disse.

Além de Temer e Moreira Franco, o ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil) também participou do encontro realizado na casa da senadora. Ex-petista, Marta disse que vai adotar uma posição mais moderada nesta terça e que, por ora, não vai voltar a defender o desembarque do governo.

PPS saúda iniciativa do PMDB e defende 'uma ponte para o futuro'

Por: Assessoria do PPS

Em nota oficial divulgada nesta segunda-feira (16), o Partido Popular Socialista (PPS) saudou a iniciativa do PMDB, por meio da Fundação Ulysses Guimarães, de lançar o documento intitulado “Uma ponte para o futuro”, que apresenta propostas para a superação da crise político-econômica do país e defende uma correção de rumos.

No texto assinado pelo presidente nacional da legenda, deputado federal Roberto Freire (SP), o PPS afirma que a iniciativa peemedebista “instigou, em outros atores políticos, entre os quais o PSDB, a necessidade de se manifestar com mais consistência sobre a atual crise”.

Segundo o texto, o impeachment da presidente Dilma Rousseff “permanece na ordem do dia”. “Tanto mais rápido será alcançado quanto mais claro forem o programa do governo de transição e a mobilização popular em torno deste”, prossegue a nota.

Leia a íntegra da nota do PPS sobre o documento “Uma ponte para o futuro”:

O Partido Popular Socialista (PPS) saúda a iniciativa do PMDB, por meio da Fundação Ulysses Guimarães, de lançar um documento para debate com a sociedade brasileira, intitulado “Uma ponte para o futuro”, que aponta uma correção de rumos da política econômica em relação ao desastrado governo do PT.

Tal iniciativa instigou, em outros atores políticos, entre os quais o PSDB, a necessidade de se manifestar com mais consistência sobre a atual crise política e econômica e suas alternativas. Nesse mesmo sentido, o PPS já vem patrocinando debates com economistas, acadêmicos e intelectuais para aprofundar a análise sobre a crise brasileira e suas saídas democráticas, juntamente com as fundações do PSB e do Partido Verde.

Em nosso entendimento, a saída para a crise brasileira passa inexoravelmente pela troca do atual governo, que já demostrou claramente sua incapacidade de conseguir aglutinar forças políticas e condições para fazer os necessários ajustes, por estar desmoralizado pelos casos de corrupção e atrelado aos interesses consolidados do mercado financeiro e do petismo nacional, fortemente beneficiado pela atual política econômica que aprofunda a desigualdade e a concentração de renda.

A solução da crise, o impeachment da presidente Dilma Rousseff, permanece na ordem do dia, e tanto mais rápido será alcançado quanto mais claro forem o programa do governo de transição e a mobilização popular em torno deste. Um programa amplamente discutido, que gere um consenso nos principais pontos, centrado no combate à inflação e na preservação dos empregos e, fundamentalmente, que aponte as necessárias reformas estruturantes do Estado como introdução de uma política de desenvolvimento projetada no longo prazo.

O PPS está aberto a esse diálogo e conclama todas as forças democráticas a assumir suas responsabilidades e participar desse debate cujos pontos centrais de ação são o impeachment de Dilma e o enfrentamento da crise político-econômica, ética e moral pela qual passa o Brasil.

Roberto Freire
Presidente do PPS

Em congresso, PMDB deve elevar tom das críticas ao governo

• Ala do partido pode apresentar pedido para romper aliança com PT, mas isso não será votado no encontro

- Por O Globo

BRASÍLIA - Com o mote “O PMDB tem voz e não tem dono”, e depois de divulgar um documento com diretrizes econômicas para tirar o país da crise, o congresso nacional do PMDB, que será realizado em Brasília amanhã, pode se tornar um palco para o vice-presidente Michel Temer e para as alas da legenda que querem romper a aliança com a presidente Dilma Rousseff.

— O partido é player para a sucessão presidencial, agora ou numa futura eleição — diz um aliado do vice.

O congresso peemedebista vai dar visibilidade ao documento intitulado “Uma ponte para o futuro”, elaborado por economistas sob a coordenação do ex-ministro Moreira Franco, presidente do Instituto Ulysses Guimarães. Quando foi divulgado, há algumas semanas, o programa econômico gerou controvérsia com parte do governo, já que propõe uma ruptura do atual modelo, apontado pelo PMDB como a origem da grave crise que o país atravessa na economia.

A ala descontente do PMDB quer também aproveitar o congresso para dinamitar a relação com o governo e o PT. Esses peemedebistas devem apresentar uma moção de rompimento da aliança, mas o efeito disso será apenas midiático, porque qualquer deliberação partidária sobre o posicionamento do partido só poderá ocorrer na convenção nacional, marcada para março do ano que vem. Porém, uma outra ala do partido, encabeçada pelos ministros que estão satisfeitos com a nova fatia de poder na Esplanada, tenta botar panos quentes e evitar que o movimento antigoverno ganhe corpo.

Nesse cenário de divisão, o PMDB terá ainda que administrar outra saia justa: a participação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha(PMDB-RJ). Ele já disse várias vezes que prefere que o partido rompa a aliança com o governo. Agora, pressionado pelas investigações da Operação Lava-Jato, também pode usar o evento para buscar apoio contra sua cassação no Conselho de Ética.

Temer, que é presidente da legenda, deve adotar o tom de “reunificar a sociedade que está muito dividida”, segundo Moreira Franco — que trabalha nos bastidores para viabilizar a posse do vice em caso de impedimento de Dilma. Outro integrante dessa ala, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) comandará uma sala de discussão sobre o programa econômico do partido e, no encerramento, vai apresentar o documento final com as mudanças propostas.

No discurso, Temer vai detalhar a crise e defender as medidas do programa do PMDB para resolver, por exemplo, a crise que tem devolvido 40 milhões de brasileiros que ascenderam à classe C a condições até piores do que enfrentavam antes. Vai ressaltar que o modelo de retomada do crescimento econômico e da capacidade de investimento do PMDB não tem nada a ver com a atual matriz econômica do governo Dilma.

— Estão querendo nos colocar num falso dilema. Cunha e Dilma ficam se ameaçando ao redor do impeachment, os números pioram a cada dia, e, enquanto isso, o país não discute alternativas para o que aí está. Neste quadro, temos que discutir saídas para a crise. Não se trata de Michel (Temer) se colocar como “esse cara sou eu” — diz Moreira Franco.

Outro dirigente do PMDB, mais ligado à ala governista, diz que não há movimento para esvaziar o congresso da sigla: pelo contrário, o trabalho seria para trazer o máximo de gente possível para mostrar a vida partidária nos estados e a unidade partidária para os desafios do futuro.

— É o momento para falar. É bom ter essas sessões de exorcismo, ver o que vai na alma do partido. Michel e Moreira lançaram o programa para debate na sociedade. Temos a espinha dorsal de um programa para assumir hoje ou depois de uma nova eleição. Se tiver que assumir amanhã, esse é o nosso programa — diz esse integrante da Executiva Nacional.

O ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), que defende o rompimento com o governo, afirmou ao GLOBO que há uma tentativa da ala mais governista de esvaziar o congresso da legenda.

— Como houve uma grande repercussão no lançamento do programa, os ministros não querem uma manifestação real contra o governo no congresso — avalia Geddel.

Justiça vai ouvir Youssef em inquérito sobre Pezão e Cabral

• Ministro do STJ autorizou mais prazo para investigar Tião Viana e Negromonte

- O Globo

- BRASÍLIA- O ministro Luís Felipe Salomão, relator da Lava- Jato no Superior Tribunal de Justiça ( STJ), determinou que o doleiro e delator Alberto Youssef preste depoimento no inquérito que investiga a suspeita de participação do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, e do ex- governador Sérgio Cabral, ambos do PMDB, no esquema da Petrobras. A decisão foi tomada semana passada, mas só foi divulgada pelo tribunal ontem.

Youssef vai prestar depoimento por videoconferência. Ele será interrogado pelo juiz Ricardo Starling Barcellos, no dia 10 de dezembro. Pezão e Cabral são suspeitos de terem recebido R$ 30 milhões em doações não declaradas para abastecer a campanha de 2010. O dinheiro teria sido entregue pelo ex- diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Os dois negam ter recebido dinheiro de forma ilícita.

A Polícia Federal pediu em setembro o arquivamento do inquérito que investiga Pezão e Cabral. A Procuradoria- Geral da República pediu a continuidade. Salomão não decidiu ainda.

O ministro autorizou também a prorrogação por 60 dias de outros dois inquéritos: contra o governador do Acre, Tião Viana ( PT), e contra o ex- ministro Mário Negromonte ( PP- BA).

Meirelles foi o pior presidente do Banco Central que o Brasil já teve, diz Serra

• Em evento para empresários, senador afirma que Levy é sujeito bom e que trocá-lo por alguém ligado a Lula não resolve problema; para o tucano, País precisa de governo novo

Ana Fernandes - O Estado de S. Paulo

O senador José Serra (PSDB-SP) afirmou nesta segunda-feira, 16, que Henrique Meirelles, um dos nomes cotados para eventualmente assumir o Ministério da Fazenda no lugar de Joaquim Levy, foi o pior presidente do Banco Central que o país já teve. O senador chegou a chamar Meirelles de ignorante e especulador. "Não lembro de presidente do Banco Central tão ignorante ou comprometido com especulação cambial como esse senhor", disse Serra em apresentação a empresários do setor químico na capital paulista.

Para Serra, enquanto o mundo estava diminuindo juros na época da crise financeira de 2008, Meirelles à frente do BC aguardou mais de cinco meses para baixar a taxa brasileira e quando o fez, foi lento na reação. "O dólar voltou ao patamar de R$ 1,06, foi um golpe de morte na indústria", disse o tucano.

Serra disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "jogou pela janela" a bonança econômica da década passada e que a presidente Dilma Rousseff é culpada por equívocos em licitações de infraestrutura. Segundo o senador, a primeira década do século XXI foi o período de maior bonança para a América Latina dado o boom das commodities. "Jogaram essa chance pela janela, esse dinheiro foi torrado em consumo, não foi usado para aumentar a competitividade da economia".

O senador criticou Dilma por "regular a taxa de lucro" e afastar o interesse da iniciativa privada. Disse também que, em sua gestão, a presidente cedeu desonerações para a indústria sem exigir contrapartidas de investimento.

Governo novo. O senador avaliou, ainda, que o governo Dilma não terá condições de proporcionar uma "união nacional", recuperar credibilidade e levar o País a sair de um ciclo vicioso para um ciclo virtuoso. "O Brasil precisa de um governo novo, é uma realidade política, não estou entrando no mérito de se pode ou não pode."

Serra disse que Joaquim Levy, ministro da Fazenda, é um "sujeito bom" e que não resolve o problema trocá-lo por alguém ligado ao ex-presidente Lula - referindo-se a Henrique Meirelles.

Ao criticar a política de comércio internacional desenvolvida pelos governos petistas de Lula e Dilma, Serra disse que o Mercosul se tornou uma "supernação bolivariana" que deixa o Brasil amarrado. Para o senador, se o Brasil não estivesse preso ao Mercosul, poderia "embarcar" em acordos de livre comércio com os Estados Unidos. O tucano avaliou que o Brasil "carrega" países menos industralializados. "A China não vai carregar países como Vietnã e Camboja em acordos internacionais, com todo respeito que esses países merecem."

CPMF. Na apresentação, Serra também afirmou que a CPMF não vai passar no Congresso Nacional."Não vai passar", disse convicto e muito aplaudido pelos presentes.

"O Brasil não queria o diabo da CPMF em 2007, com o governo Lula em alta, você acha que agora vai aprovar?", disse o senador em referência ao ano em que a contribuição foi derrubada no Congresso, contra a vontade de prorrogação do governo.

Serra concordou com integrantes da plateia que reclamavam que não é o momento para aumento de impostos, dado que a economia está em recessão. "A economia não está caindo, está parando", respondeu à observação de um empresário inconformado com as propostas do governo de aumentar a carga tributária.

Presidente afirma que Levy ‘ fica onde está’

• Dilma diz que não concorda ‘ sobre tudo’ com Lula. E garante que está numa fase ‘ Dilminha paz e amor’

Vivian Oslvald - O Globo

- ANTÁLIA, TURQUIA- Para colocar um fim nas especulações sobre o futuro da pasta da Fazenda, a presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que o ministro Joaquim Levy "fica onde está". Nos últimos dias, os mercados estiveram agitados sob rumores de que o ministro poderia deixar o cargo e ser substituído pelo ex- presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

— Acho extremamente nocivas as especulações para o país, o que me obriga a vir sistematicamente a público para reforçar que Joaquim Levy fica onde está — afirmou a presidente, pouco antes de deixar a Cúpula do G- 20, a caminho do aeroporto de Antália, na Turquia, de onde seguiu para o Brasil.

Os boatos sobre a saída de Levy se devem em boa medida às críticas do ex- presidente Luiz Inácio Lula Silva ao ministro da Fazenda. De acordo com notícias veiculadas semana passada, Lula teria dito que o ministro tinha “prazo de validade" no cargo. Mas Dilma deixou claro que não concorda com a avaliação e salientou que o ministro é um grande servidor público que tem o compromisso com a estabilidade e o país.

— Não concordo. Não só gosto muito do presidente Lula, como é público e notório, como o respeito, mas não concordo, e não temos de concordar sobre tudo. Até porque somos adultos, mesmo considerando que, no geral, a gente concorda quanto ao país — afirmou Dilma, sobre as críticas de Lula.

Defesa da  CPMF
Bem humorada, quando perguntada se tinha alguma coisa contra Meirelles, um possível candidato ao posto, a presidente não titubeou:

— Não tenho nada contra ninguém. Estou na fase Dilminha paz e amor. Eu sou a Dilminha paz e amor — brincou.

Depois de sair em defesa do seu ministro da Fazenda, Dilma voltou a insistir na importância da aprovação da CPMF, que considera fundamental para estabilizar a economia do país e criar as condições para acelerar o processo de saída da crise. Esta é uma das principais medidas da pauta que o xerife da pasta vem tentando aprovar nos últimos meses para promover o ajuste fiscal e buscar a retomada do crescimento do país.

— É fundamental que se aprove a CPMF. Acredito que muitos que, como eu, antes eram contra aumentar impostos, entendem hoje que esse aumento não é para se gastar mais. É para crescer mais — afirmou.

A presidente destacou que o governo acaba de fazer um esforço fiscal que vai exigir, além de todas as medidas de redução de despesas para fechar as contas públicas e fazer um superávit primário ( arrecadar mais do que gastar para pagar a dívida pública), a “consciência e a responsabilidade para aprovar a CPMF".

— É uma questão fundamental para o Brasil se ancorar, se estabilizar e ter condições de acelerar o processo de saída da crise. 

Presidente diz ter maioria no Congresso 
Na avaliação da presidente, o cenário político tem apresentado melhoras. Segundo ela, a avaliação do governo, neste momento, é de que tem maioria no Congresso.

— Em alguns casos, uma maioria bem confortável. Em outros, mais apertada. Mas temos maioria. Eu acredito que a situação política no Brasil está cada dia mais se normalizando — destacou.
Antes de defender a aprovação da CPMF, Dilma disse ainda que o governo tem sido acusado de ter feito uma excessiva desoneração fiscal e concedido excessivos subsídios aos juros, e que isso teria levado ao desequilíbrio orçamentário.

— Somos um governo que tem um retrospecto. Diminuímos impostos. Nos últimos anos, fomos o governo que mais diminuiu impostos. Não é questão de opinião, mas de números — argumentou a presidente.

Dima Rousseff
Presidente da República 

“Não só gosto muito do presidente Lula, como é público e notório, como o respeito, mas não concordo, e não temos de concordar sobre tudo. ”

“Não tenho nada contra ninguém. Estou na fase Dilminha paz e amor. Eu sou a Dilminha paz e amor”

Ricardo Noblat: Dilma reassume o comando do seu governo


  • O que Lula pretendia com a troca era fazer, na prática, o impeachment econômico de Dilma

- O Globo

Antes que alguém tivesse a ideia de escrever que vencera o prazo de validade do seu governo, a presidente Dilma Rousseff, de Antália onde se encontrava, cidade ao sul da Turquia, avisou que Joaquim Levy, ministro da Fazenda, permanecerá no cargo.

Foi Lula, há mais de um mês, quem disse que o prazo de validade de Levy havia vencido. Desde então pressionava Dilma para que trocasse Levy por Henrique Meirelles, ex- presidente do Banco Central nos seus dois governos. Meirelles só pensava nisso.

O que Lula pretendia com a troca era fazer, na prática, o impeachment econômico de Dilma. Não só Lula, mas também o PT, interessado em se livrar de Levy e em controlar os passos de Dilma desde a reeleição dela no ano passado.

O último arremedo de reforma ministerial não serviu apenas para enfraquecer Dilma e abrir mais espaço no governo para o fisiologismo. Serviu também para que Lula aumentasse sua capacidade de influenciar o governo e de, ao cabo, mandar nele. Lula plantou dois nomes seus nos gabinetes mais próximos de Dilma: Jaques Wagner na Casa Civil e Ricardo Berzoini na coordenação política do governo. Quis derrubar Levy e despachar José Eduardo Cardozo do Ministério da Justiça.

Cardozo e Lula não se dão bem desde primórdios do PT. E Lula está incomodado com a liberdade que tem a Polícia Federal, subordinada a Cardozo, para investigá- lo, e também seus filhos. Dilma não dá sinais de insatisfação com Cardozo, pelo contrário.

Resta saber se Lula, doravante, recolherá os flaps ou se seguirá insistindo em governar antes do fim do governo de Dilma.

Dilma rebate Lula e afirma que Levy fica

Por Assis Moreira e Cristiane Agostine – Valor Econômico

BELEK (TURQUIA) e SÃO PAULO - A presidente Dilma Rousseff assegurou ontem que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, permanecerá no cargo. "Repito: considero o ministro Levy sobretudo um grande servidor público, que tem compromisso com a estabilidade do país", declarou Dilma em entrevista coletiva, antes de deixar Antalya, na Turquia, onde participou da reunião do G-20.

Para a presidente, são "extremamente" nocivas para o país as "especulações que, vira e mexe, são feitas sobre o ministro Levy, que me obrigam a sistematicamente vir a público e reforçar que ele fica onde está". "Isso não contribui para o país", criticou, para em seguida fazer clara referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que a vem pressionando para substituir Levy pelo ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles. "Não tenho de concordar em tudo com pessoas das quais gosto imensamente, até porque somos adultos e cada um de nós pode ter sua forma de encarar a realidade, mesmo considerando que a gente concorde no geral quanto ao país".

O PT, segundo apurou o Valor, continua defendendo a nomeação de Meirelles. O comando do partido compara a situação de Levy à de Aloizio Mercadante, que perdeu apoio na sigla para continuar na Casa Civil e acabou retornando ao Ministério da Educação. Os petistas ponderam, contudo, que Meirelles não deverá ter autonomia para trocar o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa.

Dilma afirma que Levy "fica onde está"
Joaquim Levy fica no cargo de ministro de Fazenda. A presidente Dilma Rousseff chegou preparada para martelar essa mensagem, e mostrar diferença com seu mentor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista à imprensa brasileira antes de deixar a Antalya (Turquia), de onde viajou antes do fim da cúpula do G-20.

A presidente sabia que a pergunta sobre Levy era inevitável. E ao ser indagada se concordava com a declaração de Lula, de que o prazo de validade de Levy na Fazenda tinha expirado, a presidente respondeu rapidamente que não concordava, mesmo "gostando imensamente" do ex-presidente.

"Repito: considero o ministro Levy sobretudo um grande servidor público, que tem compromisso com a estabilidade do país".

Para a presidente, é "extremamente nocivo e negativo para o país as especulações que vira e mexe são feitas sobre o ministro Levy, que me obrigam a sistematicamente vir a público e reforçar que o ministro Levy fica onde está".

"Isso não contribui para o país", acrescentou a presidente, no seu pronunciamento visivelmente preparado. "Eu não tenho de concordar com tudo que pessoas das quais gosto imensamente, até porque somos adultos e cada um de nós pode ter sua forma de encarar a realidade, mesmo considerando que a gente concorda no geral quanto ao país."

Mais tarde, quando foi perguntada se tinha algum problema com o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, a presidente respondeu sem mencionar o nome daquele que é apontado como candidato de Lula ao Ministério da Fazenda. "Não tenho problema com ninguém", disse. Deu um passo à frente e acrescentou: "Estou na fase de Dilminha paz e amor."

Na delegação brasileira, a nova resposta ao "fogo amigo" deveria ser feita. Ainda mais num cenário em que Dilma acha que situação política "está cada dia se normalizando mais", e que dá para focar ação no Congresso.

"A avaliação do governo é de que temos hoje maioria [no Congresso] em alguns casos bem confortável, em outros mais apertada, mas temos maioria", afirmou a presidente.

Considerando esse cenário, Dilma Rousseff continua não apostando em um plano B e insiste na aprovação da CPMF. "É fundamental aprovar a CPMF", disse ela, argumentando que é um imposto "para acelerar o processo de saída da crise". De acordo com a presidente, "não é [imposto] para [o governo] gastar mais, e sim para [o país] crescer mais''.

Depois de afirmar que seu governo foi o que mais diminuiu impostos, Dilma acrescentou que agora o "reequilíbrio fiscal vai requerer de nós para fechar as contas, e fazer superávit, a consciência de responsabilidade para aprovar a CPMF".

Para Dilma, em dois ou três anos os emergentes voltarão a crescer. "Há reconhecimento no G-20 da desaceleração acentuada do crescimento nos emergentes, e a crença de que isso não permanecerá."

Dilma notou que o Brasil é um dos países que sofre mesmo retração economica. Mas que a visão no G-20 é de que nos os países desenvolvidos "a economia está se recompondo, e de que os emergentes voltarão a crescer num horizonte mais próximo".

Para ela, os emergentes "não têm grandes bolhas financeiras para superar, e as que existem foram superadas", sem entrar em detalhes.

Caso Pedro Paulo divide aliadas

• Pedro Paulo, que agrediu ex- mulher, recebe solidariedade de peemedebistas

“(Pedro Paulo) é um agressor confesso, e a punição maior seria perder a candidatura” Simone Tebet (PMDB- MS) Presidente da Comissão Mista de Combate à Violência contra a Mulher

Maria Lima, Simone Iglesias, Evandro Éboli Marco Grillo - O Globo

Pré- candidato a prefeito do Rio, Pedro Paulo divide aliadas: entre as que defendem o secretário está a presidente do PMDB Mulher. Relatora da Lei Maria da Penha na Câmara, em 2006, a líder do PCdoB, Jandira Feghali ( RJ), classificou como infelizes tanto as declarações do secretário de Governo do município, Pedro Paulo — de que sua agressão à ex- mulher não se enquadra na lei — como as do prefeito Eduardo Paes, de que o problema é particular do casal.

— Quando relatei a lei, disse que em briga de marido e mulher se mete a colher sim. Na verdade, deixou de ser uma questão do mundo privado e passou a ser um tema amplo da sociedade. As declarações do Pedro Paulo e do prefeito não foram felizes.

A decisão do prefeito de manter a candidatura de Pedro Paulo, à sua sucessão, mesmo depois da confessada dupla agressão à ex- mulher, Alexandra Marcondes, divide lideranças femininas aliadas. Pedro Paulo recebeu duras críticas de duas senadoras, principalmente de Simone Tebet ( MS), presidente da Comissão Mista de Combate à Violência contra a Mulher, mas teve solidariedade da presidente do PMDB Mulher, Fátima Pelaes, e de outras correligionárias.

— Mais do que constrangimento, esse caso do secretário é um péssimo exemplo em um partido que sempre lutou pela democracia e justiça social, diante de uma realidade terrível. O caso dele não é de homicídio. Mas a violência doméstica leva ao homicídio na maioria dos casos. Não me interessa se o secretário vai ser enquadrado na Lei Maria da Penha. O que interessa é que é um agressor confesso e o mínimo que podia fazer era dizer: eu preciso ser punido. E a punição maior seria perder a candidatura — defendeu Simone Tebet.

Já a presidente nacional do PMDB Mulher, Fátima Pelaes, relativizou a situação vivida pelo correligionário carioca:

— O núcleo estadual, que conhece mais a situação, entende que ele pode ser reabilitado. Nada justifica a violência, é inaceitável a agressão em qualquer tempo, mas há uma segunda chance.

No Rio, as agressões de Pedro Paulo não comoveram a bancada feminina do PMDB. Presidente da seção estadual do PMDB mulher, Kátia Lôbo recusouse a conversar.

— Não tenho nada para falar sobre isso — afirmou, antes de desligar o telefone.

A presidente da Comissão Mista de Orçamento, senadora Rose de Freitas ( ES) se mostrou revoltada com a demora de Paes em sepultar o projeto Pedro Paulo:

— Me recuso a tratar isso como uma questão partidária. É uma questão de Direitos Humanos inaceitável. O Eduardo Paes não tem que esperar a sociedade reagir, é um contencioso que fica para sempre. O próprio Pedro Paulo deveria se considerar sem condições de ser candidato. Quebra o pau na mulher e não quer que a gente fale?

Procurada, a senadora Marta Suplicy ( SP), histórica defensora dos direitos femininos, solidarizouse às mulheres, por e- mail, sem mencionar Pedro Paulo:

— Fui e sou sempre solidária à luta e ao direito das mulheres, principalmente contra essa chaga que é a violência.

Para a deputada Laura Carneiro ( RJ) o assunto está superado:

— O trabalho dele como Executivo, 20 anos de atuação, não pode estar atrelado a uma questão pessoal. Na política, há coisas boas e coisas ruins, ou se está no barco, ou não. E eu estou.

Abordada em evento em Brasília, a titular da pasta que abarcou a antiga Secretaria de Políticas para Mulheres, Nilma Lino, recusou- se a tratar do assunto.

Para a vereadora Verônica Costa, Pedro Paulo é o “mais indicado” para suceder Paes:

— É difícil acreditar ( nas agressões). É melhor esperar a Justiça se posicionar. Não é o perfil do Pedro, não o vejo assim.

A vereadora Leila do Flamengo também evitou críticas.

— Por lealdade, preferia não me pronunciar. Me preocupo em não machucar quem me deu apoio — disse a vereadora.

PF investiga se OAS pagou obras em sítio utilizado por Lula e familiares


  • Polícia investiga sítio usado por Lula

Flávio Ferreira, Graciliano Rocha – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - A Polícia Federal investiga se a empreiteira OAS beneficiou a família do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao pagar por obras feitas em um sítio no interior de São Paulo que é frequentado pelo petista e seus parentes.

A apuração faz parte de um pedido de perícia contábil para saber se a OAS fez repasses de propinas para políticos, agentes públicos e partidos políticos em operações de lavagem de dinheiro.

Com 150 mil m², o sítio fica na cidade de Atibaia (SP) e está registrado em nome dos empresários Jonas Suassuna e Fernando Bittar –ambos sócios de Fábio Luís da Silva, filho do e¬¬x-presidente.

Além do requerimento para elaboração de laudo sobre o sítio, a Polícia Federal também encaminhou na última quinta-feira (12) um ofício ao CREA-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo) pedindo a documentação referente a obras feitas no imóvel, tecnicamente denominada ART (Anotação de Responsabilidade Técnica).

Em abril, a revista "Veja" publicou a informação de que o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, então preso na Operação Lava Jato, realizou uma reforma no sítio de Atibaia a pedido de Lula, seu amigo.

Posteriormente Pinheiro foi solto por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) para se defender em liberdade e em seguida foi condenado a 16 anos de prisão pelo juiz federal Sergio Moro.

De acordo com a revista, o ex-presidente costuma pescar na propriedade rural.

Atribuindo as informações a anotações feitas por Pinheiro no Complexo Médico Penal, em Curitiba, a revista afirma que as obras foram realizadas no primeiro semestre de 2011 e incluíram a reforma completa de duas casas, a construção de um pavilhão e de área para churrasqueira, a ampliação de uma piscina e a instalação de um campo de futebol, além da transformação de um antigo lago em tanques de peixe.

A publicação afirmou, na ocasião, que os operários trabalharam em turnos de dia e noite, incluindo finais de semana, para acelerar a conclusão das obras e receberiam seus pagamentos em dinheiro vivo. Os trabalhos teriam sido coordenados pelo arquiteto Igenes Irigaray Neto, que, ainda segundo "Veja", teria sido indicado pelo empresário José Carlos Bumlai, outro amigo de Lula.

De acordo com a "Veja", as anotações do empreiteiro à época seriam o esboço de um possível acordo de delação premiada, o que não foi formalizado até hoje.

Perícia
Na perícia que envolverá o sítio a PF também vai analisar contratos da OAS com a Petrobras de 2004 a 2014 e as transações financeiras entre a empreiteira e agentes públicos e partidos políticos nesse período, com base em quebra de sigilo fiscal e bancário. O objetivo é descobrir eventuais operações de lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava Jato.

Propina em Pasadena poderia chegar a US$ 100 milhões, segundo delator

• Agosthilde Mônaco de Carvalho relatou que quantia seria paga porque litígio em arbitragem se arrastava havia dois anos

Por Julia Affonso, Fausto Macedo e Ricardo Brandt – O Estado de S. Paulo

A propina na compra da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA) poderia chegar à cifra de US$ 100 milhões. A informação é do novo delator da Operação Lava Jato, Agosthilde Mônaco de Carvalho, subordinado ao ex-diretor de Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró – principal responsável pelo negócio.

Carvalho declarou ao Ministério Público Federal que Alberto Feilhaber, um ex-executivo da Petrobrás que havia se tornado representante da trading Astra Oil, disse ao engenheiro Carlos Roberto Barbosa – funcionário da Petrobrás cedido à Petrobras America Inc (PAI) – que estaria disposto a pagar entre US$ 80 milhões e até US$ 100 milhões ‘para resolver definitivamente’ litígio em arbitragem relativa à Pasadena – a demanda se arrastava havia dois anos.

Segundo ele, o auge da disputa ocorreu entre 2010 e 2012.

Nesta segunda-feira, 16, a Polícia Federal deflagrou a Operação Corrosão, 20ª fase da Lava Jato. A nova etapa da investigação mira em Pasadena, caso emblemático da corrupção instalada na Petrobrás. Segundo o Tribunal de Contas da União, a compra da refinaria causou um prejuízo de US$ 792 milhões.

O litígio envolveu a compra da segunda metade da refinaria da Astra – negócio iniciado em 2005 por Cerveró. Tanto Carvalho como outro delator da Lava Jato, Fernando Baiano, confessaram terem participado da movimentação de propina de US$ 15 milhões, na primeira etapa do negócio, envolvendo a compra de 50% da unidade da antiga dona, a Crown.

Na ocasião, Mônaco de Carvalho exercia a função de assistente do diretor da Área Internacional – cadeira que ocupou entre 2003 e 2008. “Após o início do processo de arbitragem, o declarante (Mônaco de Carvalho) recebeu a visita do sr. Alberto Failhaber na BR Distribuidora.”

A visita, segundo o delator, ocorreu pouco antes da data designada para o depoimento do então diretor de Internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró, nos Estados Unidos.

“Neste dia, o sr. Alberto Failhaner pediu a Cerveró para ‘dar uma força’ junto ao diretor Zelada (Jorge Zelada, sucessor de Cerveró na Internacional), auxiliando no fechamento de um acordo pois a Astra estava precisando de dinheiro. Nestor Cerveró disse que não teria condições de ajudar; que, posteriormente, no auge da disputa em litígio nos Estados Unidos o engenheiro Carlos Roberto Barbosa disse ao declarante (Mônaco de Carvalho) que o sr. Alberto Failhaber estaria disposto a pagar a quantia variável de US$ 80 milhões e US$ 100 milhões para resolver definitivamente o problema.”

Mônaco de Carvalho disse que ’em uma viagem de rotina’ ele tomou conhecimento que a Astra Oil teria adquirido uma refinaria em Pasadena e que ‘um ex-funcionário da Petrobrás, Alberto Failhaber, era vice-presidente da operação de trading para a América Latina nesta empresa’.

O novo delator da Lava Jato disse que pediu ao engenheiro Carlos Roberto Barbosaque o ajudasse a fazer contato com Failhaber. Segundo ele, os dois, Failhaber e Carlos Roberto Barbosa, haviam trabalhado juntos na Petrobrás e ‘mantinham uma relação de amizade’.

“Em janeiro de 2005, soube que a empresa tinha acabado de adquirir a refinaria de Pasadena e teria interesse de negociar até 100% da mesma”, relatou Mônaco de Carvalho. Ele disse, ainda, que Cerveró o orientou a receber Alberto Failhaber na Petrobrás ‘para confirmar o teor da proposta’.

Lava-Jato "verticaliza" investigação em estatal

Por Carolina Leal – Valor Econômico

CURITIBA - Após ser fatiada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e passar 56 dias sem novas etapas, a Operação Lava-Jato entrou ontem na sua 20ª fase com duas prisões e indícios de que as investigações referentes à Petrobras devem ser aprofundadas. "Embora tenhamos agora algumas limitações de crescimento horizontal nas investigações, no sentido de expandir as investigações para outros órgãos públicos, vamos continuar expandindo a investigação verticalmente, até atingir o núcleo da corrupção na Petrobras", afirmou o procurador Carlos Fernando de Souza Lima, integrante da força-tarefa.

Roberto Gonçalves, ex-gerente executivo da Petrobras foi preso temporariamente. Outros cinco mandados de condução coercitiva (quando o investigado é levado para prestar depoimento) tiveram como foco suspeitos de envolvimento em irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). Também foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão.

Desde setembro, a operação passava pelo que o procurador chamou de "parada técnica" por conta de duas decisões do STF. Elas determinaram a remessa de parte dos autos da Lava-Jato à Justiça Federal em São Paulo e no Rio de Janeiro, nos casos que envolviam a Eletronuclear e o Ministério do Planejamento, limitando à jurisdição de Curitiba os fatos envolvendo a Petrobras.

Na prática, as decisões impossibilitaram que a força-tarefa da Lava-Jato no Paraná expandisse as investigações para outros órgãos públicos. Com isso, ela agora deve aprofundar as apurações em contratos da Petrobras - como foi o caso da etapa deflagrada ontem. "A operação continua vigorosa. Entendemos que podemos aprofundar tanto as investigações na Petrobras que vamos chegar ao núcleo real de corrupção - e estamos perto disso, como a prisão de José Dirceu já mostrou", disse Carlos Fernando.

A operação de ontem foi batizada de "Corrosão", em referência ao mal estado da refinaria de Pasadena quando foi adquirida pela estatal. A instalação era chamada por funcionários de "Ruivinha", pelo grau de corrosão e prejuízos que trazia. A etapa deflagrada pela Lava-Jato envolveu também a busca de provas de irregularidades em contratos da Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e da contratação de navios-sonda.

Foram cumpridos cinco mandados de condução coercitiva contra ex-funcionários da Petrobras suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção, entre eles Luis Carlos Moreira da Silva, ex-gerente executivo da área Internacional da Petrobras. Moreira é apontado como o principal consultor da estatal durante o processo de compra da refinaria americana.

De acordo com delação premiada de Fernando Soares, o Baiano, a Astra Oil, então dona de Pasadena, teria acertado o pagamento de propina no valor de US$ 15 milhões a funcionários da Petrobras e operadores que viabilizaram a compra.

Além de Moreira, foram levados para serem ouvidos pela PF Cesar de Souza Tavares, Aurélio Oliveira Teles e Carlos Roberto Martins Barbosa, todos ex-funcionários da área Internacional da Petrobrás, além de Rafael Comino, ex-gerente de Inteligência da área na estatal.

Para a Polícia Federal, as evidências de pagamento de propina no caso são "claras". "Aparentemente, foi um contrato utilizado exclusivamente para viabilizar esse dinheiro sujo que seria repassado a funcionários da Petrobras", afirmou o delegado Igor Romário de Paula.

Caso o pagamento de propina fique comprovado, diz o MPF, é preciso agir para desfazer o negócio. "Com essas novas provas quem sabe possamos anular a compra da refinaria ou ressarcir os cofres ", disse o procurador Carlos Fernando Lima.

A operação levou à prisão temporária ainda de um operador financeiro que ainda não havia sido citado na Lava-Jato. Nelson Martins Ribeiro é suspeito de lavar dinheiro e de efetuar pagamento de propinas a mando de empresas como OAS, Mendes Júnior e Camargo Corrêa. Ele teria repassado US$ 5 milhões a Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, além de ter feito repasses a outros funcionários da estatal usando contas no exterior.

Já Gonçalves, o ex-gerente da Petrobras que também foi preso ontem, é suspeito de ter recebido propina por contratos referentes ao Comperj e à contratação de navios-sonda. Ele foi citado pelos delatores Ricardo Pessoa, dirigente da UTC, e Mario Góes, suposto operador financeiro, como beneficiário de repasses de cerca de US$ 1,6 milhão.

Um outro ex-funcionário da estatal foi alvo de mandado de busca: Glauco Colepícolo Legatti, ex-gerente de empreendimentos da área Internacional, suspeito de irregularidades em contratos referentes à refinaria Abreu e Lima.

A Petrobras confirmou que os funcionários detidos ontem foram citados em apurações internas realizadas pela auditoria. Em nota, a Petrobras informou que "está solicitando mais informações à Polícia Federal, para que possa continuar colaborando com as autoridades". "A companhia seguirá buscando o ressarcimento de prejuízos causados em função dos atos ilícitos cometidos contra a empresa", diz a Petrobras no final da nota.

Merval Pereira: Quebra- cabeças

- O Globo

É estranhável a insistência do ex- presidente Lula em substituir Joaquim Levy no Ministério da Fazenda por Henrique Meirelles, quando parece claro a todos que seria como trocar seis por meia dúzia. Nada do que Levy defende Meirelles recusa, e tudo o que a ala erroneamente identificada como desenvolvimentista pretende, como expansão do crédito e juros baixos no peito, Meirelles não atenderá se chegar lá.

Simplesmente porque não há condições objetivas para retomar a tal “nova matriz econômica” inventada por Mantega sob a coordenação da presidente Dilma, que nos levou à crise em que nos debatemos. Nesse particular, os papéis inverteram- se.

No início do segundo mandato, Dilma não parecia disposta a admitir que errara convidando para a Fazenda um antípoda de Mantega, e foi Lula quem a convenceu a convidar Trabuco, o presidente do Bradesco, para o cargo. Levy foi uma consequência dessa iniciativa, e sua escolha pressupunha que o governo, e também o PT, estava convencido de que a receita desandara e o melhor era recuar para evitar a catástrofe que se desenha no horizonte.

Só que o remédio duro receitado pelo especialista em cortar custos acabou sendo rejeitado tanto por Lula quanto pelo PT, como se existisse alternativa viável. Se a luta política petista, sob a orientação de Lula, fosse para colocar no lugar um Luiz Gonzaga Belluzzo, ou um Marcio Pochmann, haveria pelo menos coerência nessa demanda, mas no momento a mais coerente parece mesmo ser a presidente Dilma, que teima em permanecer com sua escolha inicial como se já tivesse entendido que não deu certo a experiência do primeiro mandato.

A insistência de Lula em tirar Levy pela alternativa defendida mais parece mesmo uma vingança contra quem considera ser o responsável pela ação republicana da Receita Federal e do Coaf, que investigam indícios de enriquecimento ilícito de Lula e parentes, conforme revelou Jorge Bastos Moreno na sua coluna de sábado.

Ao mesmo tempo, insistir nessa campanha contra Levy e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, parece indicar que Lula está querendo é desestabilizar o governo de Dilma, deixando de lado pruridos éticos, que nunca foram seu forte, para praticar uma política realista que o levaria a desejar a saída da presidente para ele e o PT ficarem livres desse fardo e poderem, já na oposição, acusar o governo substituto de todos os males que terão que fazer se continuarem governando.

A essa altura dos acontecimentos, já existem indícios suficientemente fortes para que o ex- presidente tema ser denunciado como o verdadeiro mentor do esquema de corrupção implantado no país. A ação política incessante de Lula tem esse objetivo, o de mantêlo visível para tornálo inatingível.

As investigações da Lava- Jato estão chegando aos mais recônditos vãos da história do PT, inclusive ao até hoje mal explicado caso do prefeito Celso Daniel, assassinado num crime comum para a polícia, mas político para sua família.

Salim Schahin, um dos sócios do banco Schahin que fez delação premiada, está relacionando o contrato que ganhou para construir uma sonda para a Petrobras com propinas pagas a José Carlos Bumlai, o amigão de Lula.

O dinheiro seria para que o PT pagasse dívidas de campanha e, segundo a versão de Marcos Valério na época do mensalão, manter calado Ronan Pinto, que estaria chantageando Lula e o PT ameaçando contar a verdade sobre os motivos do assassinato, que teriam a ver com desvios do dinheiro da corrupção no PT.

O roteiro está sendo escrito detalhadamente à medida que as delações se sucedem, e, ao final, caberá à Justiça juntar as peças desse quebra- cabeças para montar o quadro final, em que a efígie de Lula já surge como o protagonista.

Bernardo Mello Franco: O balão do PMDB murchou

- Folha de S. Paulo

Até outro dia, um pesadelo perturbava o sono da presidente Dilma Rousseff. Em 15 de novembro, o PMDB faria um grande congresso para proclamar o rompimento com o governo e o apoio à abertura de um processo de impeachment.

O roteiro, traçado por aliados do vice Michel Temer, tem pouco a ver com o que acontecerá nesta terça em Brasília. O evento não cairá no feriado nacional, não será um congresso e não marcará uma ruptura. No que depender de alguns peemedebistas, não será nem grande.

O diretório do Rio, por exemplo, adotou a tática do boicote. O governador Luiz Fernando Pezão, o prefeito Eduardo Paes e o deputado Leonardo Picciani, líder do partido na Câmara, não vão dar as caras. Os três defendem a permanência de Dilma.

O deputado Eduardo Cunha deve aparecer, embora a cúpula do PMDB preferisse o contrário. Para Temer, uma foto ao lado do vendedor de carne moída não será exatamente um reforço na imagem.

O congresso do PMDB foi esvaziado porque o balão do impeachment, inflado por Cunha, murchou junto com o deputado. Sem a perspectiva de um governo Temer, restou ao partido promover um encontro da Fundação Ulysses Guimarães.

"Se fosse um congresso, ia ter pauleira. Como virou um encontro da fundação, não vamos decidir nada. A ideia é discutir um programa para o país", diz o senador Romero Jucá.

A ameaça de rompimento também perdeu força porque o PMDB aproveitou a crise para exigir o de sempre: mais cargos e ministérios.

A ala oposicionista do partido reconhece que o plano do impeachment ficou distante. Mesmo assim, há quem aposte no discurso que o vice fará hoje para provocar mais alguma turbulência para Dilma.

"Toda vez que o Temer fala, cria uma crise danada com os petistas. Se ele discursa é porque está conspirando, e se fica calado é porque quer dar golpe", diverte-se o ex-ministro Geddel Vieira Lima.

Luiz Carlos Azedo: O pêndulo de Temer

• O vice-presidente República movimenta-se entre o governo e a oposição, de acordo com a rotação da crise econômica, ética e política. Engana-se quem imagina que esteja isolado

- Correio Braziliense

O pêndulo de Foucault, idealizado pelo físico francês Jean Bernard Léon Foucault, foi concebido em 1851 para demonstrar a rotação da Terra e a existência da Força de Coriolis (força inercial). Foi um experimento simples e genial: um pêndulo de 30kg foi fixado ao teto do Pantheon de Paris por um fio de 67 metros de comprimento.

Durante o movimento, a areia ia se escorrendo da esfera, com a intenção de marcar no chão a trajetória do pêndulo. O rastro deixado pela areia não se sobrepunha um ao outro, mas sim existia um espaçamento entre um e outro a cada período do pêndulo completado.

Sua originalidade foi o fato de ter liberdade de oscilar em qualquer direção, ou seja, o plano pendular não é fixo. A rotação do plano pendular é devida à rotação da Terra. A velocidade e a direção de rotação do plano pendular permitem igualmente determinar do local da experiência sem nenhuma observação astronômica exterior. Tudo isso pôde ser demonstrado matematicamente.

O PMDB comporta-se na política brasileira como o pêndulo de Foucault. Hoje, faz um congresso para discutir o documento “Uma ponte para o futuro”. É o texto mais badalado da política nacional, porque oferece um programa de saída para a crise que foi bem recebido pelos agentes econômicos. No mundo político, porém, foi interpretado como um de programa de governo para a eventualidade do vice-presidente Michel Temer assumir o poder.

Faz propostas que vão além do ajuste fiscal do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e a Agenda Brasil, anteriormente anunciada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Suas teses confrontam as concepções econômicas da presidente Dilma Rousseff, as posições do PT e declarações recentes do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O PMDB propõe reformas de natureza estrutural.

Temer quer desindexar a economia do índice da inflação, inclusive o salário mínimo e as aposentadorias. Promover uma reforma trabalhista, atribuindo aos contratos coletivos a regulação das relações entre trabalho e capital, exceto quanto aos direitos básicos. E reduzir o deficit na Previdência Social, ao fixar idade mínima para a aposentadoria de 60 anos para mulheres e 65 para homens.

O vice-presidente República movimenta-se entre o governo e a oposição, de acordo com a rotação da crise econômica, ética e política. Engana-se quem imagina que esteja isolado. Na verdade, se posiciona levando em conta os demais partidos e as correntes internas do PMDB. É um craque nesse vai e vem político, que não repete o mesmo percurso. Eis aí a diferença, na política, entre um pêndulo simples como dos relógios e o pêndulo de Foucault.

Esse comportamento, porém, desgasta cada vez mais sua relação com a presidente Dilma Rousseff, com quem já não tem nenhum diálogo político. Temer procura manter as aparências, como hoje, ao presidir a reunião do conselho político como presidente em exercício, mas a presidente Dilma Rousseff, que está na reunião do G20, na Turquia, nas solenidades oficiais já não faz questão de tratá-lo com as deferências que seus respectivos cargos exigem.

O congresso do PMDB proporá o lançamento de uma candidatura própria à Presidência da República em 2018, esse é o ponto de convergências entre as alas do partido que apoiam o governo e que desejam o rompimento imediato. O programa, porém, leva em consideração a crise econômica e não o calendário eleitoral. O movimento pendular do PMDB é ditado pela correlação de forças na sociedade. Quando, porém, derivar de vez para a oposição, mudará a rotação da política no Congresso e selará o destino de Dilma.

À beira do cadafalso
O deputado Fausto Pìnato (PRB-SP), relator do processo de cassação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), antecipou em três dias o seu relatório preliminar e pediu a continuidade do processo contra o peemedebista no Conselho de Ética. Segundo ele, fez isso porque já havia analisado a representação contra Cunha e encontrado indícios suficientes para o prosseguimento das investigações. Cunha protestou.

O advogado Marcelo Nobre, que defende Cunha no Conselho de Ética, disse que a antecipação é “injustificada” e “fere o direito de defesa do parlamentar”. Ele argumentou que o direito é “imprescindível” para esclarecer dúvidas do relator e dos integrantes do Conselho. Deve apresentar as alegações a favor de Cunha ainda hoje.

Raymundo Costa: O segundo tempo do impeachment

• Troca de Levy por Meirelles empareda de vez a presidente

- Valor Econômico

O ex-presidente Lula disse a amigos que não fará mais tanta pressão para a presidente Dilma Rousseff trocar de ministro da Fazenda. Vai deixar de falar ao pé do ouvido e dizer de público o que pensa. Lula não quer se indispor com Levy, com quem acha que tem divergências apenas eventuais. Em suas palavras, não quer fazer "uma cruzada contra o Levy". E o ouvido de Dilma, por outro lado, está quente de tanto ouvir os seus argumentos em favor de Henrique Meirelles.

Lula e Dilma tiveram uma longa conversa sobre economia há menos de 15 dias. Nem todos os ministros da Casa participaram da reunião, organizada por Jaques Wagner. Lula falou o que pensa da economia. E educadamente ouviu o que a presidente tinha a dizer - bem diferente dos relatos sobre conversas ocorridas no primeiro semestre. A relação entre os dois está melhor, contam os amigos em comum. O que chamou a atenção foi a ausência do ministro Joaquim Levy, aquele que Lula quer trocar por Henrique Meirelles.

Lula queria mover três peças no governo: tirar Aloizio Mercadante da Casa Civil, trocar Joaquim Levy por Henrique Meirelles na Fazenda e tirar José Eduardo Cardozo da Justiça. Conseguiu o primeiro objetivo, mantém a mesma opinião sobre Meirelles e mais do que nunca gostaria de ver Cardozo longe de Brasília. Na época, posou de vencedor. Agora deixou a conversa "desanimado". Diz que só falará em público, um perigo, pois é justamente quando desata a falar que Lula mais tem ajudado a minar a autoridade de Levy. Outro dia, um petista que defende a saída de Levy reagiu desconcertado quando um colega de partido resolveu brincar com ele: "Cuidado: Vocês podem gritar 'Fora Levy' e ganhar o Meirelles".

Lula não esperou muito tempo para declarar em público que a data de validade do ministro Levy está vencida. Dilma subiu o tom e respondeu que não era forçada a concordar com "avaliações" de pessoas das quais gosta imensamente. Levy que se cuide: Dias antes da demissão de Mercadante a presidente dizia que tirar o ministro da Casa Civil significaria gerar mais "instabilidade" no governo.

Levy vem sendo fritado há tempos. Segundo as fontes palacianas, primeiro foi Mercadante, então chefe da Casa Civil, que estimulava outros ministros a divergir do titular da Fazenda, assim como boicotou o vice-presidente Michel Temer quando este assumiu a coordenação política do governo. Mercadante saiu e agora os líderes no Congresso afirmam que a situação de Levy é insustentável. Tem mais alguém no Palácio do Planalto e arredores incomodado com o ministro.

A receita da fritura é a mesma de todos os governos: o ministro não teria o menor jogo de cintura político, se expôs numa conversa recente com senadores, sem avisar ou combinar nada com a área política do governo. Sua saída, nessas circunstâncias, seria questão de tempo. E por que Meirelles? Para recuperar a credibilidade do governo a partir da economia. É difícil medir a diferença. Numa tradução livre da piada petista: o 'Fora Levy, vive Meirelles!".

O ministro Jaques Wagner, que participou da reunião com Lula, afirma que está "alinhado" com a presidente - ou seja, Levy é um grande servidor público compromissado com o país. "Estou aqui para apoiá-la (a presidente) no que ela quiser", disse, por meio de sua assessoria. Wagner também disse que tem ajudado nas votações relacionadas à Fazenda e nega que tenha tomado partido do ministro Nelson Barbosa (Planejamento) em divergências entre as duas pastas. Alias, acha perfeitamente natural a discussão de projetos antes da tomada de decisão.

Pode ser. Wagner é um político jeitoso, cujos primeiros passos na Casa Civil têm sido elogiados no Congresso, onde habita sua clientela. Mas na prática o apoio do Congresso ao governo caiu, pouco mas caiu sobretudo devido às questões de natureza econômica. Sem uma saída para a questão econômica, dificilmente o governo voltará a ter a paz política de que necessita para retomar os projetos de desenvolvimento econômico.,

Com menos de 10% de popularidade, hoje pode-se dizer que Dilma é a chefe de Estado, mas já não é a chefe de governo. Há quem pense, no PT, em antecipar a votação da proposta de impeachment, por estar seguro de que tem pouco mais de 171 votos necessários para barrar o projeto. Talvez duzentos e alguns trocados. Um governo fraco politicamente. Dilma pode até escapar, mas sofrerá o "impeachment" de Estado, no momento em que Meirelles assumir a Fazenda, se assumir. Mas ao vencedores do PT terá restado mais que as batatas.

Análise de 13 votações realizadas em outubro revela que o apoio ao governo voltou a cair, após ligeira melhoria no semestre, segundo levantamento da empresa de consultoria política Arko Advice. Entre julho e setembro, a média de apoio na Câmara foi superior a 50% e apresentava tendência de alta. Em outubro, esse movimento foi interrompido, o índice ficou abaixo desse patamar e fechou o mês em 49,70%.

O analista Cristiano Noronha atribuiu a queda sobretudo à votação de matérias de natureza econômica. "A queda está relacionada ao número de matéria polêmicas que foram submetidas à votação como, por exemplo, repatriação, urgência para o projeto que revoga o regime de partilha nos leilões do pré-sal e medidas provisórias do ajuste fiscal", disse Noronha..

Na opinião da Arko Advice, essa é mais uma demonstração clara de que a reforma ministerial realizada pelo governo não contribuiu para melhorar "o nivel de coesão da base em matérias de interesse do governo". De qualquer forma, ressalta Noronha, "o percentual é bem maior do que a média de apoio verificada nos meses de março (38,34%) e abril (40,11%). Também é superior que a média que a presidente teve no primeiro mandato (45,24%)".

Sua conclusão: "Apesar da queda, o governo está conseguindo avançar - ainda que com dificuldade e de forma lenta - na agenda do ajuste fiscal".

Apenas um arroubo? – Editorial / O Estado de S. Paulo

O editorial Um crédito a ser preservado, publicado ontem, enaltecia o fato auspicioso de o Poder Judiciário, como instituição, “ter sabido conquistar, nos últimos anos, o respeito e a confiança dos brasileiros”. O texto fazia parte da grade de edição para o fim de semana fechada na sexta-feira, mesmo dia em que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, em palestra a estudantes de Direito em São Paulo, numa atitude que não condiz com o respeito e a confiança que a Suprema Corte tem feito por merecer, formulou uma crítica indireta, mas contundente aos amplos setores da sociedade que defendem o afastamento de Dilma Rousseff. Classificou como “golpe institucional” o exercício do direito constitucionalmente garantido aos cidadãos de pleitear a aplicação dos instrumentos previstos pela Carta Magna para promover o impeachment da presidente da República.

É claro que, como cidadão, Ricardo Lewandowski tem todo o direito de cultivar e defender convicções políticas, mas ele é o chefe do Poder Judiciário, condição da qual, mesmo que queira, não pode se alienar por um momento sequer. Coisas do ofício que ele abraçou. E, nessa condição, não cabe a ele se manifestar sobre questões delicadas que, num ambiente político conturbado como o atual, podem facilmente transformar o debate democrático em mero embate de paixões, como também ressaltado no editorial de ontem.

Não hesitou o ministro-presidente do STF em acenar com a ameaça de o País reviver o pesadelo da ditadura militar – retrocesso contra o qual o Judiciário se tem colocado como sólida barreira –, ao recorrer ao conhecido discurso do medo: “Temos de ter a paciência de aguentar mais três anos sem nenhum golpe institucional. Esses três anos (se houvesse um ‘golpe’) poderiam cobrar o preço de uma volta ao passado tenebroso de 30 anos atrás”.

O presidente do Supremo, com a sua fala infeliz, demonstrou não se ter dado conta de não haver condições para a tal “volta ao passado” que teme. No domingo, aliás, publicamos o editorial Os militares e a democracia exaltando a incondicional adesão dos cidadãos fardados às instituições e aos princípios democráticos.

Para Lewandowski, as duras críticas que o governo de Dilma Rousseff tem recebido de todos os setores da sociedade não passam de “cortina de fumaça” a encobrir desígnios suspeitos. E garantiu: “O STF está atento também, não está se deixando envolver emocionalmente por esses percalços que estamos vivendo. E, insisto, esses percalços são passageiros”.

Certamente, o STF, como instituição, não teria como nem por que envolver-se “emocionalmente” na atual crise política, o que já não se pode dizer de seu presidente, a julgar por suas próprias palavras. Pois não há outra explicação para o fato de Lewandowski agir como porta-voz do Planalto e expor-se ao risco de “insistir” em que “esses percalços são passageiros”. Arroubos dessa natureza comprometem o fundamento do sistema democrático que, ao mesmo tempo, garante a autonomia e a independência dos Poderes da República e delas depende.

Ricardo Lewandowski também revelou uma posição incompatível com a de guardião da Constituição ao criticar o Congresso porque “deixou de lado a sua função legislativa e passou a exercer uma função investigativa”, como se essa função investigativa não fosse decorrência natural da responsabilidade constitucional do Parlamento de fiscalizar os atos do Executivo. Mas ele próprio admitiu aos estudantes ter dúvidas sobre a questão: “Essa ideia de separação tão absoluta de Poderes, hoje, não sei se ainda vigora”. Pelo sim, pelo não, foi a Constituição vigente, que consagra a divisão de Poderes, que o ministro do STF jurou cumprir e fazer respeitar.

Para não deixar dúvidas sobre quais são suas afinidades políticas, o presidente do STF fez coro à desconfiança dos atuais donos do poder em relação à imprensa: “O País está funcionando. Há uma crise, a meu ver artificial. É claro que há uma crise. Mas é uma crise de desconfiança. Também, de certa maneira, insuflada diariamente pela mídia”.

Generoso com seu colega, o ministro Marco Aurélio Mello classificou as palavras de Lewandowski como um “arroubo de retórica”. A Nação, preocupada, espera que tenha sido apenas isso.

Wellington Moreira Franco: Uma ponte para a esperança

- Folha de S. Paulo

Quanto tempo ainda temos até que seja tarde demais? Qual o prazo de que dispomos para esperar desdobramentos das crises política e econômica sem que haja o comprometimento das bases da nossa economia e da relativa paz social ainda existente?

É essa a reflexão necessária, a se fazer com urgência, posto que a gravidade do momento exige iniciativa para medidas contundentes. O Brasil está acostumado a enfrentar suas fragilidades não com o silêncio, mas com a esperança.

Nesta quarta (17), a Fundação Ulysses Guimarães, do PMDB, realiza seu Congresso Nacional para debater o documento "Uma Ponte para o Futuro", recentemente divulgado com grande repercussão.

A razão disso é que fomos direto ao ponto: é hora de discutirmos o papel do Estado. É hora do Estado eficiente, livre do desperdício, intolerante com a corrupção e obcecado por resultados.

Não vislumbramos um Estado mínimo, pois defendemos o papel indutor das políticas públicas. Algumas delas, entretanto, precisam ser discutidas e adaptadas à realidade dinâmica da economia. Estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação informa que o Brasil, dentre os países de maior carga tributária, é o de pior retorno à população em serviços públicos.

Ou seja, garantir políticas públicas não significa, apenas, distribuir dinheiro entre escaninhos da burocracia. Sabemos que, historicamente, a opção pelo mais fácil abre caminho para o desperdício, a ineficiência e a corrupção.

Afinal, se o dinheiro já está garantido, o gestor não precisa buscar melhores resultados para assegurar a continuidade dos programas que gerencia. Basta procurar manter o emprego.

Elevamos a condição social, profissional e escolar de milhões de brasileiros nos últimos anos. O problema que devemos ter a coragem de enfrentar agora é a grave recessão que pode representar a volta de milhares de brasileiros beneficiados nesse período ao ponto de origem. Ou a um ponto ainda anterior de pobreza e falta de perspectiva.

Precisamos formar uma maioria com iniciativa para enfrentar, certamente, a maior crise econômica da nossa história, uma vez que agora sua origem é interna, provocada por mau uso dos recursos públicos.

Não estamos em ano eleitoral, não se trata de buscar culpados. Mas, sim, de unir brasileiros que façam a nossa economia recuperar um ano que não existiu e possam planejar o futuro.

Coragem não faltou ao PMDB nesses 50 anos em que sempre votamos a favor da nação brasileira. Não faltará para propor e implementar as medidas de que precisamos para fazer o nosso povo se reconciliar com a esperança. Construímos pontes no passado, vamos novamente construir agora.
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Wellington Moreira Franco, 71, ex-ministro da Aviação Civil (2013-2015), é presidente da Fundação Ulysses Guimarães, instituto de formação política do PMDB
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