• "Uma nova eleição presidencial é um delírio. É claro que não tem a menor viabilidade jurídica"
• "Minha ida para a liderança do governo significa uma partilha do destino do governo com o PSDB"
Por Vandson Lima e Thiago Resende – Valor Econômico
BRASÍLIA - Mesmo que a proposta que limita o crescimento dos gastos públicos não seja aprovada até agosto, o Orçamento do próximo ano deve ser formulado já considerando um teto para as despesas, informou o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP). O tucano, que jantou na quarta-feira com o presidente interino Michel Temer no dia em que a o projeto foi protocolado no Congresso, disse que o cálculo consideraria a programação de desembolsos até dezembro mais a inflação estimada para 2016.
Em entrevista ao Valor, Aloysio observou que o PSDB não tinha outra opção que não fosse participar do governo do PMDB e trabalhar para que Temer seja bem sucedido. Só assim terá chance na disputa presidencial de 2018. Mas admitiu que a parceria pode ter prazo: "Como toda aliança política quando chega na hora da eleição, é possível que os partidos, cada um, busquem o seu caminho". Porém, os tucanos, segundo o ministro, estão focados por enquanto em resolver a crise do país e buscar o ajuste fiscal.
Ainda na área econômica, o líder do governo deixou claro que o Senado vai barrar o reajuste de salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), de R$ 33.763 para R$ 39.293, aprovado pela Câmara dos Deputados no início do mês. A medida teria "efeito cascata" e agravaria a difícil situação das contas de Estados e municípios.
Diante do embate entre o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o tucano evitou polemizar. Contudo, não quer a abertura de processo de destituição de Janot. "A preocupação do governo é impedir que essa turbulência politica provocada pela Lava-Jato, que é grande e vai continuar, não afete o funcionamento do Congresso", ponderou.
A seguir, trechos da conversa: