Correio Braziliense
Os trilhos nos quais o novo governo deve e
pode avançar são o fortalecimento da democracia, com respeito a suas
instituições, e uma agenda ambiental de vanguarda.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi
eleito sem um programa de governo. Sua estratégia de campanha foi resgatar as
realizações de seus dois mandatos, o que não foi suficiente para garantir sua
eleição no primeiro turno, mas o deixou na cara do gol, no segundo. Para
vencer, porém, teve que ampliar ainda mais as alianças e contar com a rejeição
ao presidente Jair Bolsonaro, que era maior do que a sua, para se eleger por
estreita margem de votos. Sendo mais específico, Lula teve 3,5 milhões de votos
a mais no segundo turno; Bolsonaro, 7 milhões. Com toda certeza, a candidata do
MDB, senadora Simone Tebet, os partidos que o apoiaram no segundo turno tiveram
um papel decisivo nessa transferência de votos. A chamada "terceira
via" foi esmagada pela polarização no primeiro turno, mas não a ponto de
não fazer alguma diferença no segundo.
O drama de Lula ao assumir seu mandato é cumprir as promessas de campanha, principalmente o Auxílio Brasil/Bolsa Família de R$ 600 mil, que também serviu de plataforma para Bolsonaro junto às parcelas mais pobres da população, embora esse valor não tenha sido previsto no Orçamento da União de 2023. Lula gerou grande expectativa para os eleitores de baixa renda, principalmente as donas de casa, de que garantiria a comida na mesa, com direito a cerveja e picanha no fim de semana. Essa é a lembrança afetiva do seu governo no imaginário popular, como fora o frango a R$ 1 do Plano Real, na eleição de Fernando Henrique Cardoso, em 1994.