O Globo
As manifestações bolsonaristas de amanhã
devem ser grandes. Houve empenho do governo, intensa campanha nas redes
sociais, financiamento para aluguel de ônibus do interior — enfim, um esforço
excepcional.
Elas podem até ter algumas consequências
adiante, mas, do ponto de vista de objetivo político, são um momento de sonho
para vestir fantasias que não sobrevivem na quarta-feira.E, quando não há
objetivo político válido, dificilmente uma força se impõe, mesmo havendo muita
gente e até poder militar.
Uma das bandeiras do bolsonarismo está
praticamente morta. É o voto impresso. Foi derrotado no contexto legal em que
deveria ser analisado, e não há como voltar atrás. Nesse caso particular, estarão
simplesmente carregando um defunto, na expectativa de que lhes possa ser válido
no ano que vem, em caso de derrota eleitoral.
A outra bandeira do bolsonarismo será,
aparentemente, a liberdade de expressão. Em termos abstratos, ninguém se coloca
contra ela. A dificuldade é aceitar que se preguem a violência e a invasão de
prédios públicos como se estivessem exercitando a liberdade, quando, de fato,
ultrapassam seus limites legais.
Essa aceitação de limites está presente, por exemplo, no parecer da subprocuradora Lindôra Araújo, que denunciou o ex-deputado Roberto Jefferson.