A sabedoria popular tem interessante forma
de se expressar através de ditados, que se repetem por décadas e gerações. “O
peixe morre é pela boca” aconselha administrar bem as palavras, não falar
demais.
Uso o ditado popular para
realçar um sábio conselho para a vida, particularmente na política,
principalmente na era das frenéticas redes sociais. Mas existem outras
formulações populares como “Quem fala demais, acaba dando bom dia a cavalo”,
uma advertência àqueles que não sabem escutar, apenas falam, interditando o
diálogo. Ou, ainda, “Em boca fechada, não entra mosquito”, recomendando
prudência e ponderação nas opiniões.
Teve grande repercussão o evento envolvendo
o apresentador Monark, do canal de entrevistas FLOW, um dos de maior audiência
na internet, envolvendo também o deputado federal Kim Kataguiri (PODEMOS/SP). Refletindo
um liberalismo ingênuo e um anarquismo radical, defenderam a possibilidade de
existência de um Partido Nazista. Monark tem 31 anos e Kim, 26. Encontraram
forte resistência da deputada Tábata Amaral (PSB/SP), 28 anos, que também
estava no estúdio, e de forma consistente defendeu que não pode ter existência
legal uma corrente que assumidamente conspira contra a democracia, defende o
totalitarismo e carrega uma visão supremacista racial. Diga-se, de passagem,
que nenhum dos dois defendeu ou defende o nazismo. E que o FLOW era um programa
agradável, leve, inovador, descontraído. Vi várias entrevistas, era uma
proposta interessante. Mas a irresponsabilidade com as palavras e o descuido
com os conteúdos levaram à demissão do entrevistador e a um processo de cassação
do deputado federal. Às vezes, a agressividade exagerada, a arrogância de quem
acha que tudo sabe, a tentativa de ser excessivamente original, pode gerar um efeito
bumerangue e abater o autor do abuso de expressão.