Partidos podem usar nova regra para atuar
de forma conjunta por quatro anos, inclusive nos processos de escolha e
registro de candidatos
Naira Trindade e Julia Lindner / O Globo
BRASÍLIA — Duas semanas após o Congresso
derrubar o veto presidencial e manter a possibilidade de os partidos se
organizarem em federações, algumas das maiores legendas do país iniciam
negociações: PP, PL e Republicanos abriram conversas nesse sentido, assim como
o MDB com o Avante e o Solidariedade. Os movimentos ocorrem logo após a criação
do União Brasil, resultado da fusão entre DEM e PSL, que deverá ser a maior
agremiação da Câmara assim que for oficializada pelo Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), o que deve ocorrer no início de 2022. Também há negociações
envolvendo Cidadania, Rede e PV, e, na esquerda, do PCdoB com o PSB.
Na semana passada, o ministro-chefe da Casa
Civil e presidente licenciado do PP, Ciro Nogueira, trabalhou em duas frentes.
Ele conversou com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e enviou mensagem ao
presidente do Republicanos, Marcos Pereira, sugerindo que as três legendas se
unam numa federação, com o objetivo de eleger uma bancada expressiva no
Congresso nas eleições de 2022. A ideia é assinar uma “união estável” entre os
três partidos que já compõem a base do governo e normalmente votam juntos em
boa parte dos temas, como, por exemplo, em pautas econômicas.
O eventual nascimento dessa tríade é uma
tentativa de reequilibrar as forças no Congresso e, com isso, fazer frente ao
recém-formado União Brasil, que só depende da chancela do TSE para existir, de
fato. Uma vez oficializada, a nova legenda deverá contar com 81 deputados
federais. Somados, PP, PL e Republicanos teriam 116 deputados federais (42 do
PP, 43 do PL e 31 do Republicanos), mais 12 senadores (7 do PP, 4 do PL e um do
Republicanos), além de aumentar o tempo de propaganda na TV. Essa última
alteração pode abrir caminho para o presidente Jair Bolsonaro ingressar no PP,
com o qual tem negociado, para disputar a reeleição em 2022.