quinta-feira, 18 de julho de 2013

OPINIÃO DO DIA – Rudá Ricci: PT agora quer ouvir as ruas

O Lula do artigo é um político que ainda acredita nesta forma desgastada de organização partidária, a estrutura de poder que ele montou e que fortaleceu as estruturas neoclientelistas clássicas regionais. Deu vida a isso, reestruturou isso. Não dá para falar agora que o PT precisa ouvir as ruas.

Rudá Ricci, sociólogo. In”Para especialistas, Lula ignora crise de representação política”, O Globo, 18/7/2013

PMDB quer corte de 14 ministérios já, diz Henrique Alves

PMDB propõe a Dilma corte de 14 ministérios em agosto

Para presidente da Câmara, bastariam 25 das 39 pastas atuais para governar

Henrique Alves diz que há 'consenso' sobre o número 'exagerado'; sigla tem cinco postos no primeiro escalão

Fernando Rodrigues

BRASÍLIA - O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), recomendou ontem à presidente Dilma Rousseff que comece a preparar já uma reforma ministerial e reduza de 39 para 25 o número de pastas.

Em entrevista à Folha e ao UOL, o deputado sugeriu que Dilma converse mais com os congressistas, retomando as reuniões do conselho de líderes partidários criado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Há quanto tempo não se reúne o conselho político? Eu não me lembro."

Henrique Alves acha que a reforma deve ser definida no início de agosto, quando deputados e senadores voltarão ao trabalho após o recesso de julho. A nomeação dos novos ministros seria em setembro.

Quantas deveriam ser as pastas? "Com a vontade de enxugar a máquina, de fazê-la mais objetiva, em torno de 25 ministérios seria do tamanho do Brasil." Ou seja, um corte de 14 dos 39 existentes.

Há duas lógicas por trás da formulação proposta por Henrique Alves. Uma é política. Dilma até agora apenas repassou ao Congresso demandas que ela diz ter interpretado a partir dos protestos de rua ocorridos em junho.

Agora, ao recomendar uma reforma ministerial, o PMDB repassa a bola para o Palácio do Planalto. "Há um consenso hoje na questão do número exagerado de ministérios", diz o presidente da Câmara.

Alves afirma que "os partidos da base deveriam dar essa colaboração, delegando à presidente Dilma ampla liberdade de recompor o ministério" e "reduzir sem nenhuma nova imposição partidária".

E o PMDB? "Estamos dispostos a oferecer porque queremos encontrar uma saída", diz Alves. "Queremos um Brasil mais ágil. Que a presidente dê respostas novas. As movimentações [de rua] cessaram um pouco, mas está latente ainda a insatisfação."

O PMDB, principal parceiro dos petistas na coalizão governista, controla cinco ministérios hoje: Agricultura, Minas e Energia, Previdência Social, Turismo e a Secretaria da Aviação Civil, que tem status formal de ministério.

Se Dilma cortasse parte de seus ministérios, "daria uma resposta ao que o país quer: redução de quadros, mudança, portanto, de ordenamento político-administrativo".

Há também uma lógica menos política e mais operacional na proposta do PMDB. "Vem aí a desincompatibilização dos ministérios no próximo ano. Aqueles que são candidatos --me parece que de 12 a 15 ministros-- poderão sair", diz Henrique Alves. Os ministros que pretendem concorrer nas eleições de outubro de 2014 terão que deixar suas funções seis meses antes, como determina a lei.

Eis o raciocínio: "Poderia ser antecipada essa desincompatibilização. Ministros deixariam o cargo em março. Quando os novos assumem, encontram o orçamento e as prioridades definidas pelo ex-ministro. Vai apenas cumprir tabela. Não consegue inovar, oxigenar, trazer ideia nova".

O presidente da Câmara diz expressar essas opiniões porque são majoritárias no PMDB e têm a concordância também do vice-presidente da República, Michel Temer, principal líder da sigla.

Para Henrique Alves, "está faltando boa política" no governo. O deputado faz uma advertência: "Não há uma boa gestão sem uma boa política." Dilma vai recuperar a popularidade até o final deste ano, mas só se remanejar seu ministério já, cortando pastas, afirma o peemedebista.

Fonte: Folha de S. Paulo

Dilma afirma que plebiscito e reforma são ‘imprescindíveis’

A presidente Dilma Rousseff reafirmou ontem que considera a consulta popular (plebiscito) “imprescindível” para mudar a política brasileira. Ela insistiu que essa é a resposta para o clamor das ruas, mas admitiu que não houve cobrança por reforma política. O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), coordenador do grupo de trabalho da reforma na Câmara, porém, foi categórico: “Este grupo não aprovará nenhuma medida para 2014. O que aprovarmos aqui vai valer para 2016 e para 2018”.

Em dissonância com Congresso, Dilma diz que plebiscito e reforma são imprescindíveis

Executivo X Congresso. Presidente fez afirmação ontem em reunião do Conselhão, em Brasília; horas depois, Cândido Vaccarezza. petista que vai coordenar o grupo da reforma política na Câmara, afirma que nenhuma mudança votada entra em vigor já em 2014

Ricardo Della Colleta, Rafael Moraes Moura

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff ignorou os descompasses entre seus aliados no Congresso e reafirmou ontem que considera a reforma política, feita por consulta popular - plebiscito - "imprescindível" para responder aos anseios da população por mudanças no País. Em dissonância com diretrizes do governo, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) coordenador do grupo de trabalho da reforma política criado na Câmara, foi categórico: "Este grupo não aprovará nenhuma medida para 2014. O que aprovarmos vai valer para 2016 e para 2018".

Vaccarezza enterrou as esperanças da presidente e de seu próprio partido, o PI, de fazer uma reforma que entre em vigor nas próximas eleições, como quer Dilma e a cúpula do PT.

Horas antes de Vaccarezza sentenciar o rumo dos trabalhos na Câmara, Dilma, em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, insistia: "Tenho recebido da sociedade, tenho recebido dos prefeitos, dos governadores, dos movimentos sociais, e tenho visto também nas pesquisas que essa questão da reforma política, feita através de consulta popular, e imprescindível como resposta efetiva ao desejo profundo que emanou das manifestações, esse desejo por transformações".

Vendo a popularidade despencar nas últimas pesquisas eleitorais, a presidente citou indiretamente as sondagens para dizer que está com a razão ao propor plebiscito- Dilma admitiu, porém, que não houve clamor ou cobrança nas ruas por uma reforma política. "A gente viu o que era cobrado nas ruas, nos cartazes, Não era cobrado, diretamente, "faça um plebiscito", ou "faça uma consulta popular mas era uma variante disso. Era cobrado mais ética, mais democracia, mais oportunidade de ser ouvido. Acho que, sobretudo, isso: oportunidade para ser ouvido. E isso tudo passa, eu acredito, por uma reforma política", justificou Dilma.

Ao comentar ontem a brusca queda de popularidade de Dilma após os protestos, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) afirmou que as ações defendidas pela presidente para responder às mas são "fortes c oportunas". "Eu só espero que a sociedade apoie fortemente e que o Congresso seja sensível e que haja de fato a reforma política, de preferência, com o plebiscito. Porque, a nosso juízo, foi o que as ruas deixaram de maneira clara demonstrados."

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que na crise atuou como conselheiro político da presidente, reconheceu que há muitas dificuldades para se fazer a reforma política. Para ele, os parlamentares não conseguem "trabalhar com mudanças de regras, principalmente em um momento como este de tempo exíguo". Mercadante lembrou que os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva também tentaram fazer uma reforma política, sem êxito.

Prazos. Segundo Vaccarezza, o trabalho do grupo da Câmara poderá se encerrar antes do prazo de 90 dias estabelecido pelo presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Mas não há possibilidade de que as mudanças sejam aplicadas na eleição de 2014, quando a presidente Dilma tentará a reeleição. Vaccarezza disse que em agosto ele terá urna ideia geral do que será votado. Uma reforma política que altere o sistema já em 2014 teria de ser votada antes de 5 de outubro, aNão cabe a mim fazer demagogia", afirmou o deputado petista, que assumiu a coordenação do grupo após racha da bancada petista.

O grupo fez ontem a primeira reunião, mas, segundo Vaccarezza, só em 22 de agoste devem ser decididos os temas debatidos na reforma política.

Fim do marqueteiro. Convidado a integrar o grupo depois da desistência de Henrique Fontana (PT-RS), que saiu atacando Vaccarezza, o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP) promete causar polêmica. Ontem ele sugeriu acabar com a figura do marqueteiro, fundamental tanto na eleição de Luiz Inácio Lula da Silva quanto na de Dilma Rousseff. "Vamos acabar com a farra dos marqueteiros, porque hoje isso virou um leilão", disse.

Colaboraram Eduardo Cucolo e Laís Alegretti

Fonte: O Estado de S. Paulo

Aliados pressionam por reforma ministerial

PMDB quer aumentar sua fatia no governo, e PT espera enxugamento da equipe já no recesso do Congresso

Maria Lima, Gabriela Valente e Fernanda Krakovics

BRASÍLIA - A recomposição ministerial cobrada pelo ex-presidente Lula em encontro recente com a presidente Dilma Rousseff foi um dos assuntos do jantar de terça-feira da bancada do PMDB, promovido pelo presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN). Certos de que, neste momento de fragilização do governo, só há dois caminhos, romper ou ocupar mais espaço, os peemedebistas pressionam por uma reforma ministerial e esperam um desfecho para os próximos dias.

Dilma também está sendo pressionada pelo PT a fazer a reforma e enxugar sua equipe já durante o recesso parlamentar, que começa hoje e vai até o fim do mês.

Líderes e liderados do PMDB expressam tudo que desejam no primeiro escalão de Dilma, já comprando de cara uma briga com o PT na disputa pelo lugar de Ideli Salvatti. Apostam, e vendem essa ideia a interlocutores do governo, que um nome do PMDB na articulação política teria mais capacidade de unir a base aliada neste momento. Mas a direção do PT também já está em campo e quer colocar na vaga de Ideli o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP).

Ministro da Previdência e depois do Trabalho no governo Lula, Berzoini participou de reunião com o ex-presidente, segunda-feira, em São Paulo. Em reunião de Dilma com a coordenação da bancada do PT na Câmara, no início do mês, Berzoini foi um dos mais enfáticos na crítica à articulação política do governo.

Se houver um enxugamento do número de ministérios, com a junção de pastas do PMDB no Ministério dos Transportes, por exemplo, criando um "blocão de infraestrutura", o partido vai brigar para indicar o comando da nova pasta, hoje ocupada por Cesar Borges, do PR.

Na viagem-relâmpago e reservada a Brasília, semana passada, Lula também se reuniu com o vice-presidente Michel Temer, quando manifestou preocupação com a permanência do PMDB na aliança governista e pediu que ele ajudasse a reorganizar a base. Mas Dilma resiste em reorganizar as forças políticas na Esplanada. No jantar da bancada, o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), adiantou a coleta de assinaturas para apresentação de uma PEC que coloca na Constituição o número-limite de 20 ministérios. De público, os peemedebistas evitam falar do assunto.

- O PMDB está esperando que a presidente se mexa e faça a reforma ministerial. Por estar num momento de fragilidade, precisando do PMDB, talvez esse seja o momento de o partido efetivamente entrar no governo. Se ela não fizer isso, a tendência é que seja largada. Se você perguntar hoje aos deputados: me dê uma razão para continuar votando com o governo? Ninguém tem - disse um cacique peemedebista presente ao jantar.

Gleisi Hoffmann no Senado

Depois de ter participado do jantar, Temer se reuniu ontem cedo com Dilma. À noite, voltou a se encontrar, na casa de Henrique, com lideranças do partido.

Os políticos alimentam expectativa de mudanças no Ministério durante o recesso branco e já adiantam especulações de todo tipo. Uma delas é em relação a Ideli, que, sem mandato, seria deslocada para o Ministério da Cultura, seu objeto de desejo desde sempre. A ministra Marta Suplicy finalmente chegaria ao Ministério da Educação; Aloizio Mercadante assumiria, de fato, a Casa Civil; Gleisi Hoffmann voltaria para o Senado, para organizar sua candidatura ao governo do Paraná e tentar reforçar a fraca articulação política na Casa; a Secretaria da Pesca seria fundida com o Ministério da Agricultura, e Marcelo Crivella (PRB) também voltaria para o Senado.

- A Ideli tem feito um esforço muito grande para resolver os problemas, dentro de suas limitações. Se botar o Papa Francisco no seu lugar, sem poder, vai continuar sem resolver - diz o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), explicando que não adianta mudança se quem entrar não tiver autonomia para decidir sem os entraves colocados por Dilma e Gleisi.

Na tentativa de corrigir o rumo, chegou a ser negociada a ida do ex-deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS) para a equipe da ministra Ideli Salvatti, como assessor. O vice-presidente Michel Temer fez a sondagem, mas o peemedebista não aceitou. Embora apoie o governo Dilma, Padilha, historicamente, é aliado do tucano José Serra.

No PMDB, a preocupação é com o ministro da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Moreira Franco. Um dos desenhos prevê a ida da SAC e da Secretaria dos Portos para o Ministério dos Transportes. Aí seria criado um superministério da Infraestrutura. Nesse caso, o PMDB reivindica o direito de indicar o titular, no lugar de Cesar Borges.

Até Itamaraty mudaria

Em outra projeção, as secretarias de Direitos Humanos, de Maria do Rosário, e das Mulheres, de Eleonora Menicucci, iriam para o guarda-chuva da Secretaria Geral, comandada por Gilberto Carvalho.

Para driblar a falta de credibilidade da atual equipe econômica, Dilma resiste, mas as cobranças são cada vez maiores, a substituir o ministro da Fazenda, Guido Mantega. O problema é que a presidente não vislumbra nomes que justifiquem a troca. Chegaram a falar na volta do ex-ministro Antonio Palocci, o que foi logo descartado.

Numa reforma ministerial, também seria trocado o ministro das Relações Exteriores. A presidente estaria insatisfeita com Antonio Patriota, que, por algumas vezes, é pego de surpresa quando questionado sobre acontecimentos que envolvem sua pasta. Em dois exemplos recentes, teria tirado a presidente do sério: a espionagem dos brasileiros pelos Estados Unidos e o caso do avião de Evo Morales. Segundo uma fonte do governo, este foi um dos motivos da demora de o Brasil se posicionar sobre a proibição ao avião do presidente da Bolívia de sobrevoar alguns países europeus.

Fonte: O Globo

Após revés, Dilma busca opção ao plebiscito

Sem aval do Congresso, presidente deve endossar texto de reforma política de entidades que criaram a Ficha Limpa

Proposta da OAB muda financiamento eleitoral, mas teria que tramitar em tempo recorde para ter validade em 2014

Natuza Nery

BRASÍLIA - Com as chances de plebiscito enterradas pelo Congresso, a presidente Dilma Rousseff deve apoiar proposta de reforma política idealizada pelas entidades que financiaram a Lei da Ficha Limpa.

Batizado de "Eleições Limpas", o projeto foi elaborado pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e pelo MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral), entre outros.

Ele acaba, entre outros pontos, com o financiamento de empresas a campanhas eleitorais já para as eleições de 2014, e prevê pena de detenção e cassação de mandato para quem praticar caixa dois.

Segundo a Folha apurou, Dilma sinalizou a diversos interlocutores que está disposta a endossar a agenda dessas entidades por duas razões: a proposta prevê consulta à sociedade por meio de um projeto de iniciativa popular, mantendo o princípio do plebiscito, e valeria, se aprovada, no ano que vem.

Os partidos que integram a coalizão governista não só resistem à ideia de um plebiscito sobre a reforma como só aceitam mudar o jogo a partir das eleições nacionais de 2018. Essa solução, aos olhos da presidente, não dá uma resposta ao clamor dos protestos de junho.

Foi justamente esse duplo obstáculo que levou o Palácio do Planalto a considerar a pauta liderada pela OAB e o MCCE. "Não é preciso mudar a Constituição. A aprovação é por lei simples. Queremos apresentar a proposta em agosto ao Congresso e votar até setembro para poder valer em 2014", disse o presidente a OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho. "A sociedade não aceita mais esse quadro em que o Congresso vota com o interesse de seus patrocinadores e não do eleitor."

É preciso reunir 1,6 milhão de assinaturas para viabilizar um projeto de iniciativa popular no Legislativo. Mas há atalhos. Basta que congressistas subscrevam a proposta enquanto as entidades seguem com a coleta de assinaturas. Foi assim com o Ficha Limpa.

A reforma do "Eleições Limpas" se baseia em três pilares: proíbe o financiamento empresarial; tira as amarras que restringem as campanhas aos três meses anteriores à disputa e fixa sistema misto de votação proporcional em que, no primeiro turno, o eleitor votaria em partidos e, no segundo, em candidatos.

Ontem, Dilma voltou a defender que a sociedade seja ouvida. "A gente viu o que era cobrado nas ruas, nos cartazes. Não era cobrado, diretamente, faça um plebiscito' ou faça uma consulta popular', mas era uma variante disso. Era cobrada mais ética, mais democracia, mais oportunidade de ser ouvido, acho que, sobretudo, isso: oportunidade para ser ouvido. E isso tudo passa, eu acredito, por uma reforma política", disse a presidente durante solenidade no Planalto.

No mesmo dia, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) foi ainda mais claro. "Outra forma que nos parece extremamente interessante é a iniciativa popular de lei [...]. Não havendo essa possibilidade [de plebiscito], nós poderemos incorporar, dar força, a essa outra [forma]."

Colaboraram Tai Nalon e Breno Costa

Fonte: Folha de S. Paulo

Reforma política, o que é isso?

Levantamento mostra "assustador" desconhecimento do recifense sobre o tema, levantado por Dilma após manifestações

Quase 60% dos eleitores do Recife não sabem o que é reforma política, e entre os que dizem conhecer o assunto, a maioria (45,5%) não acredita que ela será implementada pelo Congresso Nacional.

As informações estão em uma pesquisa realizada pelo Instituto Maurício de Nassau, em parceria com o Jornal do Commercio. Segundo o levantamento, apenas 36,4% dos entrevistados sabem o significado da reforma e, ainda assim, 72,8% deles consideram o tema complexo.

Das 624 pessoas entrevistadas, 68,1% também disseram não saber o que é plebiscito. E um percentual ainda maior, 79,1%, declarou desconhecer o significado de referendo. Apesar de tudo, a pesquisa mostrou que 91,2% dos que afirmaram saber o que é reforma política consideram hoje o assunto prioritário no Brasil.

"Impressiona a quantidade de pessoas que desconhecem o assunto", disse um dos coordenadores do Instituto Maurício de Nassau, o economista Maurício Romão. "São percentuais assustadores, que mostram uma população alheia ao debate por falta de conhecimento sobre o tema", declarou.

A pesquisa revelou ainda que 69,6% dos consultados querem que o voto deixe de ser obrigatório e que 45,1% acham que as pessoas devem ser candidatas sem precisar estar filiadas a um partido político. Apenas 37,4% discordaram disso, e 17,5% não souberam ou não responderam.

O levantamento mostrou também que quase 90% dos eleitores do Recife são favoráveis à criação de meios que possibilitem a interrupção dos mandatos de vereadores, deputados, governadores e presidentes que não exercerem seus cargos corretamente. A tese é aceita por 89,5% dos entrevistados, no caso de envolver legisladores, e por 88,7% quando se trata de representantes do Executivo.

Reeleição

Ponto polêmico em discussão na reforma política, a tese da reeleição também divide a opinião dos recifenses. Mas a maioria deles concorda que os políticos têm direito a disputar um novo mandato consecutivo, sendo que o apoio é maior para quem exerce um mandato no Poder Executivo.
Segundo o Instituto Maurício de Nassau, 56,9% aceitam que prefeitos, governadores e presidentes sejam reeleitos - apoio que cai para 47% no caso de vereadores e deputados. Esses, na opinião de 65%, dos entrevistados, não deveriam ter o direito de disputar eleições inúmeras vezes.

Questionados sobre qual seria o conselho que dariam aos deputados federais brasileiros, 29,1% disseram: "Sejam mais honestos." Outros 12% pediram que "trabalhem" e 7,3% que "respeitem o povo". Se o conselho fosse dirigido à presidente Dilma, os entrevistados pediriam a ela que "melhore seu governo/trabalhe" (9,4%). Para 8,5%, "renuncie" seria o melhor recado.

"Os números reafirmam o descrédito atual da classe política", disse Maurício Romão. "Mostram também que o governo federal errou ao interpretar as manifestações de rua como um pedido pela reforma política. As pessoas querem a afirmação da cidadania, a mudança de conduta pessoal dos políticos, e não uma simples mudança das leis", analisou o economista.

A pesquisa foi realizada nos 8 e 9 de julho. O nível de confiança é de 95% e a margem de erro estimada é de 4 pontos percentuais para mais ou menos.

O tema como reflexo das manifestações

Entre os 36,4% dos recifenses ouvidos pelo IPMN/JC que dizem saber o que é reforma política, a maioria (29,1%) atribui aos protestos volta do tema à pauta

A pesquisa realizada pelo Instituto Maurício de Nassau, em parceria com o JC, mostrou que para 29,1% dos eleitores recifenses, a reforma política só voltou a ser discutida devido à onda de protestos que mobilizou milhões de pessoas em todo o País.

O levantamento, que nessa pergunta utilizou como universo apenas os entrevistados que afirmaram saber o que é a reforma - 36,4% -, apontou em segundo lugar a corrupção (16,4%) como motivo para a volta do tema ao debate. A inflação veio em seguida, com 10%, seguido da "insatisfação", com 9,1% das citações.

Para 75,7% dos consultados, o tema em discussão conta com o apoio da presidente Dilma Rousseff, que, na opinião de 90,7%, ela deve se envolver diretamente nesse debate.

A pesquisa revelou ainda altos percentuais de desconhecimento dos temas ligados à reforma política, como o financiamento público de campanha, desconhecido por 55,8% das pessoas ouvidas pelo instituto. Dos 41,1% que afirmaram conhecer o assunto, 55,2% declararam discordar plenamente dele.

O desconhecimento sobre o voto distrital misto foi ainda maior. De acordo com o levantamento, 84,1% disseram não saber do que se tratava. Apenas 9,3% declararam conhecer o assunto, e 51,8% deles concordaram plenamente com o sistema.

Já 78,5% revelaram desconhecer o que é o voto distrital. Dos 15,7% que conhece este sistema eleitoral, 51,6% responderam que concordam plenamente.

Sobre o voto majoritário, 73% disseram não saber do que se tratava. E 45,2% nunca tinham ouvido falar em suplente de senador. A maioria dos entrevistados - 48,5% - sabia da existência dele, mas não concordava com isso. Segundo a pesquisa, 61,9% dos eleitores que conhecem a figura do "reserva" rejeitam sua existência.

Há uma semana, o Senado aprovou emenda constitucional que acabou com o segundo suplente de senador e proibiu a presença de parentes na chapa. A proposta havia sido derrotada um dia antes e acabou sendo "ressuscitada" para nova votação devido à repercussão popular que provocou.

A pesquisa do IPMN ouviu 624 eleitores recifenses, entre os dias 8 e 9 de julho. A margem de erro é de 4%, para mais ou menos. O nível de confiança é de 95%.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Opinião: Reforma política e trapaça – O Estado de S. Paulo / Editorial

Com o respeito que lhe é devido por ter na vida real a honesta profissão que não raros de seus colegas de Congresso Nacional enxovalham com sua conduta, registre-se o equívoco do deputado Tiririca ao lançar o bordão "pior do que está não fica". A mais recente prova de que, na política, tudo sempre pode ficar pior está nas gelatinosas movimentações dos partidos para apresentar em 90 dias um projeto de reforma política, Se o trabalho da comissão criada para esse fim for aprovado, o texto será submetido a referendo nas eleições de 2014. Os indícios apontam para o retrocesso.

A se consumar, deixará saudade de algumas das regras atuais, que a presidente Dilma Rousseff tentou alterar estabanadamente – primeiro, com a desatinada ideia de convocar unia Assembleia Constituinte exclusiva sem a participação do Legislativo; depois, mediante um plebiscito irrealista em que o eleitor seria chamado às pressas a se servir de um bufê de propostas de duvidosa digestão, entrando em vigor as mais consumidas já no pleito do ano que vem. A Constituinte caiu por sua ciamorosa ilegalidade. O plebiscito, por ter sido rejeitado pelo PMDB, valendo-se da avaliação da Justiça Eleitoral de que seriam necessários pelo menos 70 dias para realizá-lo, a contar da definição dos seus quesitos.

Ficou patente, de todo modo, que Dilma quis apenas mostrar-se antenada com a voz das ruas. Não estava. Embora os políticos e a corrupção se destacassem entre os variados alvos das jornadas de junho - motivadas principalmente pelo custo do transporte publico e a percepção do descalabro dos serviços públicos em geral -apenas urna parcela mínima dos manifestantes incluiu a reforma política no seu embornal de demandas, Só que o oportunismo da presidente produziu outras consequências, além de aumentar o seu desgate. No PT, assistiu-se à patética disputa entre os deputados Henrique Fontana, do Rio Grande do Sul, e Cândido Vaccarezza, de São Paulo, por uma vaga na citada comissão dos 90 dias, impedindo que o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, a instalasse na semana passada. Ficou para agosto.

Alves deu ao paulista a coordenadoria do colegiado. Amuado, o gaúcho foi-se embora. Como Henry Kissinger disse certa vez, as brigas por posições, às vezes são inversamente proporcionais à sua efetiva importância, Para o PT, importante continua sendo o plebiscito, ainda que para vigorar só em 2016, mediante decreto legislativo. A sua primeira versão teve o mesmo destino dos lances de suposta esperteza de Dilma: foi rebarbada até pelos companheiros de viagem do petismo no Congresso, quando se deram conta de que o texto continha, camufladas, propostas de adoção do financiamento público das campanhas - a enganadora resposta petista ao escândalo do mensalão - e o polêmico voto em lista fechada para deputados e vereadores.

O rol dos quesitos, por sinal, discrepa das "sugestões" arroladas por Dilma na sua mensagem em favor do plebiscito. No fundo, tanto faz. É improvável que o PT consiga reunir as 171 assinaturas necessárias para a inclusão de sua proposta de decreto na pauta da Câmara. Já o que a cúpula do PMDB prepara é de levar a sério - e recear. O partido fala pela base aliada muito mais do que o seu rival no governo - ainda mais nestes tempos de queda da popularidade de sua titular. E o principal projeto peemedebista é um insulto ao clamor por transparência. Os seus caciques querem acabar com as doações diretas aos candidatos por pessoas físicas e jurídicas. Os interessados em patrocinar campanhas depositariam as suas contribuições na conta das respectivas siglas, que as distribuiriam entre os seus candidatos.

É uma trapaça. Antes da transferência, financiadores, partidos e candidatos terão se acertado sobre o destino da bolada. A armação convém ao doador, porque o seu nome não aparece; ao partido, porque é praticamente impossível rastrear o percurso do dinheiro que fez escala nos seus cofres; e ao candidato, porque dele não se poderá dizer, se eleito, que está a soldo de terceiros. Só o eleitor ficará no escuro. Isso já existe. Chama-se-""doação oculta", contestada pelo Ministério Público. Só falta instituí-la, desmentindo o iludido Tiririca.

'Pessoas querem mais do que um discurso', diz Marina sobre artigo de Lula no 'NYT'

SÃO PAULO - Ao comentar a iniciativa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de escrever um artigo em resposta às manifestações de junho, a ex-senadora Marina Silva afirmou nesta quarta-feira (17) que "as pessoas querem muito mais do que um discurso".

"O que está sendo dito [com as manifestações] é que as pessoas querem muito mais do que um discurso, do que uma assinatura. Elas querem mesmo ação, compromisso", afirmou.

Ela criticou a "minirreforma" política em estudo no Congresso, que disse ir "na contramão de tudo isso aí".

"Não se vai dialogar com as ruas aceitando ficha suja em campanha, facilitando a vida dos partidos em relação à permissividade com o fundo partidário, criando mais monopólio dos partidos."

Ela afirmou ainda que o fato de a presidente Dilma Rousseff ter enviado sugestão de plebiscito para o Congresso sem contemplar a possibilidade de candidaturas de não filiados a partidos "demonstra a incapacidade de querer que esse novo sujeito político crie seu canal de expressão".

Sobre seu crescimento nas pesquisas de intenção de voto para a sucessão presidencial em decorrência das manifestações, Marina disse que "é hora de metabolizar, de agir com muita responsabilidade".

"É hora de pensar uma agenda estratégica para o país. Por isso, que eu digo que se não tivéssemos o fantasma da reeleição, esse teria sido o momento de entrar para a história, chamando todos para essa agenda de compromissos."

Fonte: Folha de S. Paulo

Dilma não entendeu o 'espírito de uma época', diz Marina

Em debate sobre reforma política, ex-ministra afirmou que já previa as manifestações que ocorrem em cidades do País desde o mês passado

Carla Araújo

SÃO PAULO - A ex-ministra Marina Silva afirmou nesta quarta-feira, 17, que já previa as manifestações que ocorreram em cidades do País todo no mês passado. "Se eu digo que eu fiquei surpresa, estaria mentindo. Se digo já sabia, pareço pretensiosa. Mas eu prefiro ser uma pretensiosa injustiçada", disse, ao participar do debate sobre reforma do sistema político promovido pelo Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), em São Paulo.

Marina disse que há pelo menos três anos vem dizendo que havia essa "borda encapsulada no Brasil". "E acontece em todas as partes do mundo", completou. "Eu acho que esse desconforto da presidente (Dilma Rousseff) com as manifestações seria menor se ela entendesse que esse é um espírito de uma época", afirmou.

Para a ex-ministra, é preciso saber aproveitar melhor essa "energia que vem das ruas". "O que as pessoas estão dizendo é que elas querem um mundo melhor", disse. Marina destacou ainda que foi muito significativo as manifestações começarem na época da Copa das Confederações. "É um avanço de consciência política muito importante." A consolidação desse movimento, destacou a ex-ministra, aponta para o surgimento de um novo sujeito político, "que não pode ser resumido a uma pauta de reivindicações", disse, citando as manifestações das centrais sindicais.

De acordo com Marina, só será possível atender a esse novo sujeito político com a criação de uma agenda estratégica no País. "A ideia da reforma política é correta, mas ela virou uma mini reforma", disse, criticando a não indicação de Henrique Fontana (PT-RS) para presidir o grupo de trabalho que vai elaborar uma proposta de reforma política. O coordenador do grupo é o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), indicado pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). O deputado gaúcho foi relator da última proposta de reforma política que tramitou na Casa.

Marina reforçou que esse processo de manifestações não deve desaparecer porque "alguém resolveu colocar um mecanismo de freio", disse. "As pessoas que se movem têm ideal da causa e tem algo novo, que é o componente do prazer, de algo vivencial, elas estão emprestando seus corpos e falas para esse movimento."

Debate. Eugênio Bucci, professor da Escola de Comunicações e Arte ECA/USP, presente no debate, fez críticas à resposta da presidente Dilma às manifestações. Segundo ele, o primeiro pronunciamento de Dilma em cadeia nacional reforçou que "há uma fragilidade maior do que supúnhamos no centro político do País." "A presidente vinha há dois anos tentando se alicerçar na aliança com o PMDB, no próprio PT e no ex-presidente Lula", disse. Segundo ele, ficou claro que falta a Dilma uma base de autoridade natural. "Ela teve uma entrada artificial no poder, que agora cobrou o seu preço", afirmou.

Além da ex-ministra e de Bucci, participaram do evento o presidente do Conselho Diretor do IDS, João Paulo Capobianco, Carlos Nepomuceno, jornalista e doutor em Ciência da Informação pela Universidade Federal Fluminense, José Moroni, filósofo e membro do colegiado de gestão do Instituto de Estudos Socioeconômicos, e Vladimir Safatle, professor da USP e doutor em filosofia.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Eduardo reúne PSB para discutir rumos

Governador-presidenciável recebe bancada federal socialista, hoje, para avaliar cena política e afinar o discurso sobre temas polêmicos em pauta no Congresso

Débora Duque

Equilibrando-se entre os compromissos administrativos e sua agenda política como presidente nacional do PSB e potencial candidato à Presidência da República, o governador Eduardo Campos (PSB) convocou para hoje uma reunião com toda a bancada federal do partido para afinar o discurso sobre as polêmicas em pauta no Congresso e as últimas movimentações do governo federal. O encontro acontecerá no horário do almoço, às 12h30, na sede do Executivo estadual, no Centro de Convenções, mas não foi divulgado na agenda oficial do socialista.

Há 15 dias, Eduardo reuniu, no Recife, os membros da Executiva nacional do PSB para debater as medidas tomadas pela presidente Dilma Rousseff (PT) para responder a recente onda de protestos. Na ocasião, foi divulgado um documento explicitando as propostas da legenda em relação à reforma política que, em muitos pontos, difere das sugestões defendidas pela presidente.

O governador, agora, quer estender a discussão a todos os deputados federais e senadores da sigla, mas, principalmente, definir a estratégia do partido no Congresso no momento em que a presidente enfrenta forte desgaste. A queda nos índices de popularidade de Dilma é encarada como uma brecha para o crescimento do projeto presidencial de Eduardo. "Ninguém pode querer surfar na onda de mobilização ou na queda da presidente, mas vamos discutir como o PSB pode pautar uma agenda positiva e adotar posicionamentos que estejam sintonizados com a vontade popular", comentou o deputado federal Júlio Delgado (PSB-MG).

Prefeito vaiado

Ao participar, à noite, da abertura da Campus Party, evento voltado para o público da área de tecnologia, o governador não deixou de dar o "toque" nacional ao seu discurso e falou, no palco montado no Chevrolet Hall, que o "Estado brasileiro precisa sair da era analógica e entrar na era digital e fazer uso das novas tecnologias para melhorar os serviços e os gastos públicos". Ele estava ao lado do prefeito Geraldo Julio (PSB), que foi vaiado por participantes ao ser chamado ao palco.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Atrás de uma vaga na urna eletrônica

Pedro Venceslau, Ricardo Chapola

A queda da popularidade de Dilma Rousseff após as manifestações de junho reacendeu o desejo de José Serra de disputar a Presidência da República, algo que ele já tentou sem sucesso em 2002 e 2010. O ex-governador paulista, no entanto, recebeu do PSDB, seu partido, sinais de que só há espaço para ele em 2014 em dois cenários: disputar uma vaga na Câmara dos Deputados ou no Senado.

A saída mais provável caso queira tocar seu projeto presidencial é a filiação ao PPS do deputado Roberto Freire, que já abriu publicamente as portas da legenda para o tucano.

Nesse cenário, a prioridade de Serra passaria a ser uma aliança com o PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab, o que daria à sua candidatura maior poder de fogo - leia-se tempo de TV. A união de PPS com PSD renderia 1 minuto e 55 segundos na propaganda eleitoral O PSDB do senador Aécio Neves tem, sozinho, 1 minuto e 43 segundos; o PT, 2 minutos e 49 segundos; e o PP, um dos partidos mais procurados por causa de seu tempo de TV, 1 minuto e 19 segundos.

"Ele (Serra) está animado. Com a crise econômica e os protestos, o nome dele reúne o que se tem melhor: um economista que é um bom executivo", diz Roberto Freire.

Remanescentes do grupo "serrista" e amigos dele ouvidos pelo Estado dizem que o ex-governador não conseguiria levar muitos tucanos consigo. O fracasso da fusão entre o PPS e o PMN frustrou a construção de uma "janela da infidelidade" oposicionista. Assim como ocorreu com o PSD de Kassab no lado governista, o movimento permitiria uma migração de parlamentares insatisfeitos com o governo Dilma.

Ex-presidente do PSDB - cargo hoje ocupado por Aécio -, o deputado Sérgio Guerra duvida, porém, que Serra venha a deixar o partido. "Nunca trabalhei com esse hipótese e continuo não trabalhando", afirma.

O ex-governador tem uma reunião marcada com dirigentes do PSDB paulista amanhã. Uma pesquisa encomendada pelo partido no fim de junho tem sido usada por Serra como argumento de que ele ainda é uma forte alternativa. De acordo com aliados, ele aparece bem no Sul e no Centro-Oeste.

Líderes tucanos, porém, dizem que a chance de ele conseguir emplacar uma prévia interna contra Aécio é zero. O sonho dos tucanos paulistas é que o ex-governador aceite disputar uma vaga de deputado federal. Com isso, o partido resolveria dois problemas: elegeria uma grande bancada na Câmara e deixaria a vaga no Senado para um partido aliado na chapa do governador Geraldo Alckmin, que disputará a reeleição.

Uma terceira via para Serra seria se filiar ao PSD. Kassab ganhou projeção após ser alçado à condição de prefeito por Serra, de quem era vice. Depois, conseguiu se manter no cargo vencendo uma eleição contra Marta Suplicy (PT) na qual utilizou todo o staff de Serra. Na sucessão municipal de 2012, Kassab apoiou o ex-governador na sua tentativa frustrada de voltar à Prefeitura.

Hoje, porém, Kassab diz informalmente nas rodas políticas que já pagou a dívida com seu padrinho político. Sinaliza, com isso, que pretende manter um pé no governo Dilma.

Até hoje, Kassab não declarou apoio formal à petista, mas seu partido conta com um ministério - nas mãos de Guilherme Afif Domingos - e costuma se alinhar à base governista.

O ex-prefeito já deu declarações públicas, feitas antes dos protestos de junho, que indicavam apoio à reeleição de Dilma.

Ex- líder do PSD na Câmara, o deputado Guilherme Campos diz que Serra é um nome "forte" na política e que não se assustaria se Kassab apoiasse Serra em uma eventual candidatura à Presidência. "Kassab e Serra sempre tiveram conversas", disse. Ele alimenta a especulação ao afirmar que o PSD é um partido independente. "Apesar de estar alojado no governo Dilma, o partido não compõe a base aliada."

Outros parlamentares do PSD dizem nos bastidores que a aproximação de Serra com o partido interessa apenas ao tucano, tanto nas disputas internas tucanas como fora delas. Tucanos também avaliam que Serra tem mais a ganhar do que Kassab numa eventual parceria para a eleição de 2014.

Entre os petistas, a candidatura de Serra é tratada como um fato concreto, seja pelo PPS, seja pelo PSD. A tese é que ela seria boa para toda a oposição, pois forçaria um segundo turno.

Ritual. Um tucano que é amigo de Serra lembra que a indecisão do ex-governador faz parte de um "ritual" repetido em todas as eleições, independentemente do cenário ser favorável ou não. Depois de uma temporada de isolamento, ele ressurge nos bastidores para testar opções de tabuleiro. E só decide aos "45 minutos do segundo tempo".

Na terça-feira passada, Serra fez uma aparição relâmpago em Brasília, onde se encontrou com os senadores Pedro Taques (PDT-MT) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). Taques disse que foi uma conversa informal, na qual trataram apenas sobre os protestos, a situação econômica e a queda de popularidade de Dilma.

Ontem, via Twitter, após informar aos seus seguidores de que conversou com os parlamentares, o ex-governador disse que falta liderança no País. "No Brasil de hoje falta liderança e sobram desperdícios, de recursos, de talentos e de tempo", escreveu.

O nome de Serra não tem aparecido nas recentes pesquisas estimuladas - quando o entrevistado escolhe entre nomes definidos. No levantamento do instituto MDA divulgado anteontem pela Confederação Nacional dos Transportes, ele aparece com 1,2% na pergunta espontânea, quando o entrevistado não é submetido a uma lista prévia.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Marina Silva: "A reforma política está na contramão das manifestações"

Rede apoia pauta de costumes trazida pelas ruas, diz Marina

Por Cristiane Agostine

SÃO PAULO - Articuladora do Rede Sustentabilidade, a ex-senadora Marina Silva disse ontem que a maioria dos fundadores do futuro partido é a favor do casamento homossexual, da descriminalização da maconha e da legalização do aborto. Ao ser questionada sobre os temas polêmicos, Marina afirmou que pelo menos 70% dos dirigentes do grupo defendem esses temas.

"Do ponto de vista dos temas levantados - maconha, aborto e dos temas comportamentais - o Rede tem mais ou menos 350 fundadores e eu posso te dizer que pelo menos 70% deles são a favor dessas bandeiras que estão aqui", afirmou a ex-senadora, ao ser questionada, em um debate cujo tema central era reforma política. Marina disse que a Direção Nacional do grupo, com 101 integrantes, e o colegiado executivo, com 16 pessoas, seguem a mesma proporção de apoio em relação aos temas polêmicos. "[O Rede] tem tolerância com aqueles que tem o pensamento diferente", disse. A ex-senadora já manifestou ser contra essas bandeiras, durante a campanha presidencial de 2010. Ontem, Marina disse que isso não significa ser conservador, porque são pontos de vista que envolvem aspectos morais, religiosos e filosóficos.

Durante o debate, a provável candidata à Presidência em 2014 falou sobre os recentes protestos e disse que foram fantásticas as críticas aos investimentos públicos em obras para a Copa do Mundo. Segundo Marina, as manifestações que colocaram em xeque os gastos do governo com o evento esportivo mostraram que o povo não quer mais a "cultura do ópio". "No país do futebol (...) as pessoas poderem priorizar [e dizer] que querem um atendimento de saúde, nas escolas, no transporte, na segurança no padrão que estão dando à Fifa e à construção de estádios - com recursos não necessariamente bem aplicados -, é fantástico", afirmou. "É um avanço de consciência política muito grande, muito relevante. As pessoas estão dizendo o seguinte: "Não continuem nos tratando como sendo a cultura do ópio. Nós queremos o óbvio e o óbvio é saúde, educação, hospital funcionando, transporte para ir trabalhar, para ir à escola"".

Marina evitou falar sobre a pesquisa de intenção de votos feita pela MDA a pedido da Confederação Nacional do Transportes (CNT), divulgada na terça-feira, que a colocou em segundo lugar, atrás da presidente Dilma Rousseff. Em um mês, Marina cresceu de 12,5% para 20,7%, enquanto Dilma caiu de 52,8% para 33,4%. Segundo a ex-senadora, os partidos devem se espelhar no Rede. "As pessoas, em vez de tratarem o Rede como algo a se combater, deveriam perceber no nosso esforço a tentativa de atualização do processo político", disse.

Ainda sem partido, a ex-senadora defendeu o lançamento de candidaturas sem vínculo a legendas e criticou a proposta de reforma política que está em debate no Congresso. "Está na contramão de tudo isso [manifestações]. Não se vai dialogar com as ruas aceitando ficha suja na campanha, facilitando a vida dos partidos em relação às permissividades com o fundo partidário, criando mais centralização e monopólio aos partidos", disse.

Para Marina, as candidaturas independentes são uma forma de quebrar o "monopólio" e promover "concorrência idônea". "É uma forma de oxigenação na política, de fazer com que novas lideranças possam ocupar espaços. Hoje não querem participar de partidos".

Fonte: Valor Econômico

Ex-presidente manda PT barrar coro do 'Volta, Lula': 'É burrice'

Em conversas nesta semana com políticos, ex-presidente diz que o momento é de "cautela e de ajustar as coisas".

Vera Rosa

BRASÍLIA - Em conversa com parlamentares e governadores do PT, nesta semana, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou de "burrice" a tentativa de companheiros de entoar o coro do "Volta, Lula" para a eleição de 2014. Lula cobrou apoio à presidente Dilma Rousseff e desautorizou, quem tenta passar a imagem de que ele é um "reserva" no banco, à espera da saída da afilhada política. "Que m prega o "Volta, Lula" ou é burro ou é ingênuo", afirmou o ex-presidente, segundo petistas que estiveram com ele.

Depois de ter lançado Dilma à reeleição com um ano e oito meses de antecedência, em fevereiro, Lula diz agora que o melhor é empurrar essa discussão para 2014 porque é "um erro" antecipar o fim do governo.

"Não podemos cair na armadilha de enveredar no mesmo debate político da oposição", resumiu o senador Jorge Viana (PT-AC). "Há um mês, o governo tinha todo respaldo e agora há demandas novas das ruas. Mesmo com problemas na articulação política, as mexidas na equipe só serão feitas por causa do calendário eleitoral O momento é de cautela e de ajustar as coisas." Lula se reuniu, nos últimos dias, com os líderes do PT na Câmara, José Guimarães (CE), e no Senado, Wellington Dias (PI), e também com os deputados Marco Maia (RS), Cândido Vaccarezza (SP), Ricardo Berzoini (SP) e Nelson Pellegrino (BA). Estiveram com ele, ainda, o líder do Governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), e os governadores Jaques Wagner (Bahia) e Tião Viana (Acre), todos do PT.

Amigo de Lula há 30 anos, o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP) é um dos que defendem abertamente o seu retomo. Em entrevista ao Estado, no último dia 4, Devanir criticou a articulação do governo e disse que a presidente continuará enfrentando problemas na base se não der autonomia aos ministros.

"Já está na hora de Lula voltar", afirmou Devanir. No seu diagnóstico, "falta gestão" e coordenação política. E comemtou: "A Ideli, coitada, é como um elefante numa loja de cristais".

O ex-presidente não gostou das declarações. Nas conversas dos últimos dias, repetiu várias vezes que o PT só deve discutir a eleição de 2014 em 2014. Também repreendeu quem cobra em público a troca de ministro: Embora Lula tenha críticas à articulação política e à comunicação do governo, ele avalia que a hora c de ajudar Dilma, não de encostá-la na parede. Quem sai perdendo com essa ofensiva, mesa, e o próprio PT.

Depois dos protestos que tomaram conta das ruas, a aprovação do governo Dilma despencou, de acordo com as pesquisas. As intenções de voto na presidente também caíram, o que animou a base aliada a escancarar suas divergências em temas como plebiscito e reforma política. Agora, aliados que eram dados como certos em 2014, como o PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab, não escondem o flerte com possíveis adversários, "Lula diz que não quer voltar, mas, se precisar, volta", insiste Devanir.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Um segundo semestre agora incerto e decisivo para o jogo de 2014 - Jarbas de Holanda

Após o recesso parlamentar dos últimos 15 dias de julho se desencadeará, ostensivamente, intensa movimentação dos diversos atores significativos da cena política. Com efeitos que, combinados aos das implicações também relevantes da economia, condicionarão em grau decisivo o cenário eleitoral de 2014, na disputa maior do Palácio do Planalto, nos pleitos estaduais de maior peso, na correlação de forças partidárias no próximo Congresso. Condicionamento gerado pela antecipação dessa disputa já no início deste ano (por iniciativa do ex-presidente Lula, da qual agora deve estar arrependido) e acentuado pelo impacto das grandes manifestações sociais de junho na virada da avaliação popular da chefe de governo e candidata Dilma Rousseff e do seu relacionamento com o Legislativo.

A primeira dessas duas dimensões de tal impacto pôs em xeque o favoritismo reeleitoral da presidente e a aposta do lulopetismo numa vitória no primeiro turno (com o respaldo de amplíssima aliança partidária e o estreitamento da disputa a um confronto sério apenas com o candidato do PSDB, Aécio Neves). Ela também abre a possibilidade – como alternativa a uma reafirmação do governo e uma retomada da competitividade da candidata oficial, ambas possíveis mas crescentemente incertas – da troca da reeleição pela candidatura do ex-presidente Lula.

Na sequencia da Jornada Mundial da Juventude, com a participação do papa Francisco (evento socialmente importante mas de difícil instrumentalização partidária), a agenda dos fatos políticos e institucionais dos últimos cinco meses do ano incluirá a proposta do Legislativo de mudança de regras eleitorais; a apreciação de vetos presidenciais a projetos aprovados pelo Congresso (no novo contexto de virtual desmonte da base governista na Câmara); o fe-cho do processo do mensalão pelo STF (com mu-dança ou redução das penas praticamente inviabilizadas pelas manifestações de junho); a reversão, ou não, do baque na popularidade de Dilma; a confirmação, ou não, da candidatura dissidente de Eduardo Campos; a viabilização, ou não, da Rede de Sustentabilidade como fator de uma candidatura competitiva de Marina Silva. E esses fatos serão fortemente influenciados pelo desempenho da economia, até agora com projeções e indicadores muito negativos.

A busca de recuperação do seu governo e de avaliação social positiva explica a intensa, frenética, presença da presidente na mídia – das propostas de plebiscito, logo rechaçadas política e institucionalmente, ao lançamento do programa Mais Médicos, rejeitado pelos profissionais e estudantes da área. Passando pela combinação das promessas de ajuste fiscal e de mais investimentos com a continuidade do gigantismo da máquina federal e o aumento de gastos assistencialistas. Bem como pela insistência em atribuir ao Congresso a responsabilidade maior pelas distorções políticas e gerenciais destacadas nas manifestações de rua – a corrupção e a precariedade dos serviços públicos. Tudo isso, porém, sem nenhum efeito na recuperação da popularidade perdida, como indicou pesquisa da CNT, feita pelo Instituto MDA entre os dias 4 e 10 de julho e divulgada ontem. Pesquisa que, certamente, re-forçará o “Volta Lula” no PT e em ouras áreas da esquerda lulista.

Pesquisa que também, embora sem a credibilidade e a repercussão das do Datafolha e do Ibope, mostra que o tucano Aécio Neves em nada se beneficiou das referidas manifestações sociais, que favoreceram Marina Silva. E outra novidade negativa para Aécio é a retomada pelo PPS da proposta de uma candidatura de José Serra. A qual, segundo o colunista do Valor, Raymundo Costa, em artigo de ontem, representaria para a campanha de Aécio o que a de Eduardo Campos constitui hoje para a de Dilma – divisão do próprio campo, no caso de Serra do polo oposicionista.

Jarbas de Holanda, jornalista

Manifestação tem tumulto na rua de Cabral

Confusão começou quando grupo entrou na Aristides Espínola. PM usou bombas de gás para dispersar ativistas

Flavio Araújo

RIO - Por volta das 22h50 desta quarta-feira, um grupo de manifestantes conseguiu entrar na Rua Aristides Espínola, onde mora o governador Sérgio Cabral, no Leblon, Zona Sul do Rio, e atiraram fogos de artifício em direção aos PMs, que reagiram disparando bombas de gás e balas de borracha nos ativistas. Em represália, os manifestantes depredaram bancas de jornal, placas de trânsito, árvores, agências bancárias e atearam fogo na entrada da via. Ainda não há informações sobre feridos. Segundo a polícia, um homem foi preso com um coquetel molotov.

Policiais avançaram em direção aos manifestantes pelas ruas adjacentes atirando bombas de gás lacrimogênio a esmo. Muitos correram para as areias da Praia do Leblon. Neste momento, os PMs se dividem em frentes e percorrem as vias do bairro. A fachada de uma loja de roupas e a portaria do shopping Leblon Office Towers foram destruídas. Pontos de ônibus também foram depredados Comerciantes fecharam as portas após o início da confusão e muito lixo foi jogado no asfalto e incendiado.

O cenário de destruição se estendeu por pelo menos quatro quarteirões. A polícia chegou a usar um caminhão de jatos d'água em um grupo, que exclamou: "Levem essa água para a Baixada!". Após cerca de uma hora, eles marcharam até a residência do secretário de Segurança José Mariano Beltrame, na Rua Redentor, em Ipanema.

O protesto, que reuniu mais de mil pessoas e reinvidicou a saída de Sérgio Cabral do Governo Estadual, a desmilitarização da PM, o fim da privatização do Maracanã, entre outras demandas, seguia sem registrar incidentes. Quinze representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) acompanharam a passeata.

Antes da confusão, os manifestantes fizeram questão de dizer que os protestos vão continuar no Rio. “Foram décadas de silêncio e inércia”, afirmou o estudante de Direito da Uinersidade Federal do Rio Janeiro (UFRJ) , Thiago Rodrigues, de 32 anos. “Vamos continuar nos mobilizando pela internet e organizando protestos ”, adiantou outro estudante, Paulo Reis, 20 anos.

Sérgio Cabral reafirmou, em nota, que a oposição quer “antecipar o calendário eleitoral”. “O governador, legitimamente eleito por 67% dos votos nas últimas eleições, reitera o seu compromisso de continuar a manter o Rio na rota do desenvolvimento social e econômico”, diz o documento.

Pelo Twitter, a Polícia Militar alegou que "cerca de 30 pessoas vestidas de preto estão pichando e depredando veículos na Ataulfo de Paiva e jogando pedras nos policiais na Avenida General San Martin". A corporação alegou ainda na rede social que "manifestantes preparavam um novo ataque aos policiais" e divulgou que quatro deles se feriram.

Clima ficou tenso durante protesto

Um princípio de tumulto ocorreu quando uma emissora de TV foi expulsa pelos manifestantes. Outro momento de apreensão ocorreu quando um homem que parecia drogado ou alcoolizado tentou derrubar a grade da via, fechada desde 17h30 por policiais militares.

O rapaz foi retirado do local pelos próprios ativistas, sob acusação de ser agente do serviço reservado da PM (P2) e miliciano. Mais cedo, manifestantes queimaram um boneco representando Cabral, junto a uma placa de trânsito. Em seguida, índios da Aldeia Maracanã fizeram uma pajelança no trecho. Questionado sobre a maré de azar do governador, o cacique Uratau, da etnia Guajajara disse que "Cabral mexeu com ancestrais e índios de todo o brasil ao fechar o Museu do índio. O prédio é simbólico para todos nós", afirmou.

Alguns presentes tentaram contornas as ruas adjacentes no local, como a Rainha Guilhermina, mas policiais do Batalhão de Choque (BPChq) barraram a passagem deles nas esquinas. Algumas placas de sinalização foram arrancadas, pixadas com símbolo do anarquismo e exibidas como troféu. Além da presença de mais de 200 PMs, há um caminhão de jato d'água e um caveirão do Choque no local.

A Prefeitura chegou a tentar desbloquear o sentido Centro da Avenida Delfim Moreira, mas parte do protesto bloqueou novamente a via quando percebeu a manobra. Motoristas tiveram que voltar de ré, o que deu mais um nó no trânsito. Até o momento, não há registro de confusão no ato.

Fonte: O Dia

Não têm juízo - Merval Pereira

Mesmo com alguns sinais positivos, como a aprovação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do fim do voto secreto para a eleição do presidente do Senado e das comissões, permanecem mostras preocupantes de que deputados e senadores insistem em velhos hábitos já rejeitados pela voz das ruas.

O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, por exemplo, voltou a usar um avião da FAB para ir de Natal a Brasília, dando carona. Mesmo que esteja dentro da norma, pois ia de seu estado para Brasília, e que as caronas nada acrescentem ao custo do voo para a FAB, falta ao presidente da Câmara o bom senso de não dar demonstrações de arrogância num momento em que qualquer passo dos políticos está sob a lupa da opinião pública.

Não há qualquer necessidade de usar um avião da FAB quando os voos comerciais normais são acessíveis, e o deputado tem cota de passagens a seu dispor. Só mesmo o hábito de utilizar mordomias, juntamente com a necessidade de demonstrar força política no seu reduto eleitoral, explica decisão tão equivocada.

Outro que demonstrou que está no cargo para cuidar de seus interesses pessoais foi o suplente da ministra Marta Suplicy, o senador Antonio Carlos Rodrigues, do PR paulista, que, aliado do mensaleiro Valdemar Costa Neto, impediu a votação de proposta de emenda à Constituição que torna automática a perda do mandato de parlamentar nas hipóteses de improbidade administrativa ou de condenação por crime contra a administração pública, conhecida como a PEC dos Mensaleiros.

Com o pedido de vista, conseguiu adiar para agosto a discussão da mudança que colocaria imediatamente na cadeia, além de seu cupincha, os deputados petistas José Genoino e João Paulo Cunha, e Pedro Henry, do PP. Por fim, mesmo sabendo que no Congresso a tendência majoritária, da qual fazem parte muitos petistas, é que as reformas só valham a partir da eleição municipal de 2016, a presidente Dilma continua na defesa intransigente do plebiscito para a realização de reformas ainda em 2014, jogando para o Congresso a culpa de não termos reformas imediatas, quando não há mesmo prazo para aprová-las em tempo hábil, dentro das atuais regras constitucionais.

Agindo assim, a presidente arrisca-se a ter o Congresso contra o Executivo na volta dos trabalhos, piorando a crise política em que seu governo está envolvido. Parece faltar a todos juízo para enfrentar os momentos tensos que temos pela frente.

Quem fala fino

Chico Buarque, ao apoiar a candidatura de Dilma Rousseff em 2010, disse uma frase sobre o governo brasileiro que ficou famosa: "Ele não fala fino com Washington, nem fala grosso com a Bolívia". O que parecia uma qualidade de nossa política externa mostrou-se, no entanto, um defeito, pelo menos em relação a nossos vizinhos bolivarianos.

De fato, não falamos grosso com a Bolívia, nem com o Paraguai, nem com a Venezuela, mas deveríamos fazê-lo em algumas situações. Se antes tínhamos um "complexo de vira-lata" nas relações internacionais, segundo diagnóstico do ex-presidente Lula, hoje temos um "complexo de gorila".

Temos receio de sermos vistos como imperialistas na América do Sul e nos submetemos a vários vexames desnecessários e inaceitáveis. Agora mesmo ficamos sabendo que aviões da FAB usados por autoridades brasileiras, inclusive o ministro da Defesa, Celso Amorim, foram revistados abusivamente por agentes antidrogas do governo da Bolívia.

O acinte aconteceu não uma única vez, mas três, e somente então o governo brasileiro fez um protesto formal, que só se tornou público dois anos depois, quando o fato foi revelado pela imprensa.

A Bolívia já expropriou uma refinaria da Petrobras, e ficou por isso mesmo. Agora, recusa-se a permitir que o senador oposicionista Roger Pinto Molina, asilado há mais de um ano na embaixada em La Paz, embarque para o asilo político em Brasília. E nós, no nosso "complexo de gorila", vamos falando fino com nossos vizinhos.

Fonte: O Globo

Sobreviver é a questão - Dora Kramer

Quatro proeminentes senadores do PT, entre os quais dois ex-governadores, um ex-ministro e um pretendente a governo estadual, sentaram-se por volta das 21h em restaurante de Brasília, na quinta-feira passada, para analisar a crise.

Levantaram-se depois das duas da madrugada com várias ideias na cabeça e um plano nas mãos: convencer a presidente Dilma Rousseff a executar uma operação salva-vidas do projeto de poder do PT.

Instinto de sobrevivência é a motivação. O ponto de partida, a busca de interlocutores influentes junto à presidente para discutir um roteiro com quatro itens - também chamados de "conceitos" - de execução imediata.

O primeiro: suspender toda e qualquer discussão ou especulação sobre a eleição de 2014. O segundo: medidas efetivas de governo que sinalizem à população a obtenção de benefícios, como, por exemplo, a suspensão do projeto do trem-bala e o uso do dinheiro para investimentos em linhas de metrô. O terceiro: a retomada de reformas estruturais envolvendo o Congresso não mais pela via da imposição, mas do debate programático.

O quarto ponto seria a troca da fisiologia pela meritocracia. Em miúdos, a reformulação da face do ministério com a convocação de bons executivos de notório conhecimento das respectivas áreas.

Não um ministério de "notáveis", como fez Fernando Collor já à beira do abismo, nem algo que sugira governo de "salvação nacional" porque equivaleria a admissão de fracasso total e seria, na interpretação dos petistas, o fim dos dias do partido no poder. A ideia é tentar transmitir à população a mensagem de que o governo estaria disposto a fazer o País funcionar.

A receita é difícil de ser aceita e dificílima de ser executada. Entretanto, na avaliação de seus autores, é o que há para ser feito nessa República em que o Executivo está sem norte, o Legislativo é comandado por dois parlamentares vulneráveis sob o aspecto legal e do Judiciário aparece nas pesquisas de opinião uma irrealista candidatura presidencial como expressão da demanda por mais decência.

Dada a urgência, ficou combinado que as primeiras conversas seriam feitas já nesta semana. A propósito disso, nenhum dos conselheiros ou porta-vozes do Planalto no auge da crise integra o rol dos interlocutores abalizados para levar o plano à presidente. Seria o mesmo que entregar ao problema a tarefa de encaminhar a solução.

Bonde perdido. O ex-presidente Lula defende uma "profunda reformulação" no PT a reboque das manifestações que, na sua proposital e habitualmente arrevesada versão dos fatos, teriam sido consequência do sucesso dos governos do partido.

A realidade diz ao contrário: o descontentamento é decorrência de urna situação que o próprio Lula levou ao agravamento quando deixou falando sozinhos os petistas que logo após o escândalo do mensalão defendiam justamente uma profunda reformulação no PT.

Depois da queda. Se o governo pensa que seus problemas de erosão de apoio se restringem ao Congresso e a movimentos liderados pelo PMDB, deveria ouvir o que dizia Emílio Odebrecht em recepção na Bahia no último fim de semana. Na roda, um ex-ministro e um ex-governador.

O empresário defendia de maneira contundente a candidatura de Lula em 2014. Com o governador Eduardo Campos de vice. Sobre Dilma Rousseff, a quem o empresariado conferia atributos de grande gestora antes da queda nas pesquisas, a avaliação seguia o mesmo diapasão do "senso de oportunidade" dos ditos aliados: sem chance de reeleição.

Interessante será observar a firmeza de opiniões caso a presidente venha a recuperar terreno.

Fonte: O Estado de S. Paulo

'Ambiente de pessimismo' – Eliane Cantanhêde

Enquanto a presidente Dilma Rousseff insistia no natimorto plebiscito para a reforma política, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, dava entrevista a Fernando Rodrigues, da Folha, defendendo o fim de 14 ministérios.

Parece briga de marido e mulher, mas é disputa entre Poderes e entre partidos aliados, com troca de provocações cada vez mais escancaradas.

Dilma e o ministro Gilberto Carvalho insistem "teimosamente" na estratégia marqueteira de dizer que o governo quer dar voz ao povo, mas o Congresso, esse malvado, não deixa.

Henrique Alves dá o troco. Vocaliza a pressão geral e o pedido formal do PMDB por uma reforma ministerial drástica, em nome da "redução de custos e da austeridade". A presidente, teimosa, e o governo, esse fraco, é que não têm coragem de fazer.

Convenhamos: nem Dilma está tão desesperada pelo plebiscito nem o nosso PMDB cansado de guerra (e cheio de cargos) parece tão preocupado com a moralidade pública e o corte de ministérios. Ambos apenas dizem o que a população quer ouvir e se esforçam em jogar a culpa um no outro por não dar certo.

O que se vê é Dilma e o Congresso testando forças, num momento de enorme fragilidade mútua e com o PT nitidamente dividido: um PT apoia o governo, o outro PT se alia ao PMDB contra o governo.

Dilma despenca nas pesquisas, fazendo um esforço enorme para mostrar que tudo está ótimo e atribuindo as críticas (à economia e à gestão) a quem quer criar um "ambiente de pessimismo". Já Henrique deixa claro o grau de compromisso e de lealdade ao Planalto e ao projeto Dilma: entre o governo e o Congresso, ele fica com o Congresso (e com o futuro).

O clima, portanto, é de guerra, mas de uma guerra interna no próprio governo e nos partidos governistas. E quem criou e alimenta o pessimismo não foram e não são os adversários. Foram e são a própria Dilma, o seu governo, a sucessão de erros e sua balofa base (não tão) aliada.

Fonte: Folha de S. Paulo

Névoa seca - Tereza Cruvinel

Os protestos jogaram o quadro eleitoral nas brumas da indefinição, e sobre elas pairam as indagações sobre o que fará o ex-presidente Lula.

O quadro eleitoral, que tinha competidores bem definidos antes dos protestos de junho, foi tomado pelas brumas da indefinição. Já se fala, sem qualquer cerimônia no meio político, na hipótese de a presidente Dilma Rousseff não disputar a reeleição. Já se admite um racha no PSDB, que Aécio Neves acreditava ter unificado, com José Serra concorrendo por outro partido. E ninguém sabe, com certeza, que rumo tomará esse navio de muitas bandeiras que é o PMDB: a aliança com o PT está por um triz. Sobre esse cenário pairam as indagações sobre o que fará o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Lula, que viajou para o exterior no início dos protestos, ficou fora três semanas, conversou por três horas com Dilma após o retorno, guarda silêncio, mas não está parado. Pelo contrário, tem conversado muito. Inclusive com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), do qual andou afastado. É certo também que Lula, no mais recôndito da intimidade política, tem se queixado da "teimosia" de Dilma, de seu centralismo e de sua dureza no trato político. "Agora que a popularidade caiu, talvez ela nos ouça mais", disse a um ministro de seu governo. Mas ele tem se queixado também do PMDB, que ele levou para o governo em 2006, entregando-lhe pastas poderosas. Ajudou a eleger governadores do partido, como Sérgio Cabral, no Rio, cujo governo irrigou com apoio e verbas. Depois, costurou a coligação para eleger Dilma, tendo Michel Temer como vice.

Hoje, Lula participa do encerramento de uma conferência sobre a política externa brasileira no período 2003–2013, vale dizer, no seu governo e no de Dilma, na Universidade Federal do ABC (UFABC). Será sua primeira aparição pública depois dos protestos, o que alimenta alguma expectativa no meio político sobre o que dirá. Sabe-se, por petistas, que ele já se queixou de Dilma também nessa área. Acha que ela poderia estar aproveitando o vazio deixado pela morte do ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez para ampliar a própria influência e a do Brasil. Isso exigiria uma ofensiva regional maior e mais solidária. Certo é que Lula fez duas inflexões recentes: uma em relação a Dilma, externando, ainda que reservadamente, algumas restrições (depois de ouvir tantas reclamações de empresários, políticos e movimentos sociais), e outra em relação a Campos, retomando o diálogo, por mais que os amigos do governador digam que eles nunca deixaram de se falar. Campos, por sua vez, está mais contido, optando por falar de problemas econômicos nos eventos políticos. A saúde de Lula é uma preocupação para todos os que veem nele a continuidade possível da esquerda no governo central. Apesar dos boatos, amigos dele garantem que ele está bem e livre do câncer. Por tudo, desperta interesse sua fala de hoje em São Bernardo do Campo (SP). Em Brasília, é tempo de névoa seca.

Tocaia grande

O jantar de anteontem à noite na casa do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), era pelo encerramento do semestre legislativo, mas transformou-se em sessão de protestos contra o tratamento recebido do governo. Compareceram mais de 70 deputados, mas foram de 15 a 20 os que ficaram até mais tarde e pressionaram o presidente da Câmara e o presidente em exercício do partido, Valdir Raupp, por definições em relação ao governo. O vice-presidente Michel Temer, que está auscultando a bancada da Casa, bem como o líder do partido na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), já haviam saído. "O que estamos fazendo nesse governo débil e arrogante, que precisa do PMDB e trata o partido como capacho?" A frase resume os resmungos da noite. Raupp marcou outro jantar para ontem à noite, prometendo que, daqui para a frente, fará reuniões periódicas para tratarem de política, e não de ação parlamentar. Mas, como disse o líder Eduardo Cunha, em entrevista, a bancada, por ora, briga para entrar no governo, não para sair. Isso, porém, depende da evolução da popularidade da presidente, que teve quedas confirmadas pela pesquisa CNT-MDA.

Certo é que o PMDB está de tocaia: violou a Constituição, decretando um recesso branco sem aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias, porque planeja aprovar, em 6 de agosto, a liberação impositiva de emendas parlamentares. Agora alguns peemedebistas já se dão ao luxo de recusar a liberação de emendas pelo governo, apostando no futuro. Como explica um notável do partido, a regra impositiva é que garantirá condições mais iguais de disputa, em 2014, pelo menos entre os partidos da base. E sobrarão, por tabela, benefícios para a oposição, que, naturalmente, apoia a iniciativa.

Dilma: humana e comovida

A Dilma racional, objetiva e durona foi tocada em algum ponto sensível, no encontro de segunda-feira com as líderes evangélicas que se encontraram com ela, com a mediação do ministro da Pesca, Marcelo Crivella. A oração de mãos dadas "pelo momento difícil do país" e o marejar dos olhos durante alguns cânticos já foram registrados. Antes, porém, todas elas falaram das adversidade que enfrentaram como mulheres. A bispa Sônia Hernandez impressionou muito ao falar da prisão nos Estados Unidos e do filho em coma. Não sendo feministas, disseram entender que Dilma enfrenta restrições porque é mulher e porque não abdica da autoridade. Foi nessa parte da conversa que a presidente as levou para o gabinete, conferindo mais intimidade ao encontro, onde chegaram a prometer uma campanha com mote já usado: "Mexeu com Dilma, mexeu comigo".

Fonte: Correio Braziliense

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo

DUAS TÁTICAS // O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), promove hoje um almoço no Recife com deputados federais que desejam aderir à sua candidatura. Pretende reafirmar a intenção de concorrer à Presidência da República e desfazer as versões de que estaria se reaproximando do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff.

Diagonal e exógeno

A presidente Dilma Rousseff prometeu ontem que a inflação ficará dentro da meta este ano, durante a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), no Itamaraty. Destacou que o índice tem diminuído ao longo dos meses. A meta para 2013 é 4,5%, podendo variar de 2,5% a 6,5%. Não é bem uma novidade, pois, na prática, o governo vem trabalhando com uma inflação que raspa o teto da meta. Para a maioria dos economistas, essa estratégia é como dançar um tango à beira do precipício.

Dilma rebateu aqueles que a criticam e pedem a cabeça do ministro da Fazenda, Guido Mantega. "É incorreto falar de descontrole da inflação ou das despesas do govemo. É desrespeito aos dados, à lógica, para dizer o mínimo. A informação parcial, da forma como muitas vezes é explorada, confunde a opinião pública e pode criar um ambiente de pessimismo que não interessa a nenhum de nós", disse.

De onde vem tanta certeza? De dados recentes da inflação, como destacou o reconhecido economista Chico Lopes no Valor Econômico. Lopes, um dos formuladores do Plano Real e econometrista, com PhD por Harvard, questiona a maioria dos analistas: "Como interpretar o tom pessimista sobre a inflação quando se verifica que o IPCA, em 2013, vem tendo o seguinte comportamento: janeiro, 0,86%; fevereiro, 0,60%; março, 0,47%; abril, 0,55%; maio, 0,37%; e junho 0,26%?". Chico Lopes presidiu o Baaço Central por breve período. Caiu depois de anunciar uma "banda diagonal exógena" para administrar o câmbio. Ninguém entendeu.

Crescimento

Chico Lopes deixou perplexo o mercado ontem ao afirmar que o país está crescendo 4%. Segundo ele, os números do IBC-BR indicam que, no segundo trimestre, a economia crescia a 4% ao ano. "Não é piada ou expressão de desejo. Para se ter ideia precisa do que ocorre na economia, é mais seguro olhar variações em 12 meses" explica.

Ufanismo

O presidente do PSDB, senador Aécio Neves, de Minas, criticou o que chamou de "ufanismo" da presidente Dilma Rousseff. "Essa postura compromete o diagnóstico dos problemas que o país precisa enfrentar. O momento atual é resultado de muito esforço do governo da presidente Dilma e de seu antecessor para desmontar os pilares macroeconômicos que receberam do presidente FHC", disse. Segundo ele, os investidores estão transferindo as aplicações das empresas brasileiras para as americanas.

Os números

A tese surpreende, mas vem ao encontro de Dilma Rousseff e sua equipe econômica, que inclui os ministros do Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. "Se comparamos o trimestre de março a maio com o mesmo período de 2012, obtemos 3,74%. (.. JMesmo se em junho houver queda de 2,5% em relação a maio, a variação em 12 meses para o segundo trimestre será de 3,95%", argumenta Lopes. Segundo ele o mesmo erro ocorre na análise da inflação.

Cinco contra um

O atual presidente do PT, o deputado estadual paulista Rui Falcão, concorre à reeleição com o apoio da antiga Articulação, hoje denominada Construindo um Novo Brasil. Enfrenta cinco candidatos supostamente sem a menor chance de vitória: o deputado federal Paulo Teixeira; o secretário do partido, Renato Simões, além dos membros do diretório nacional Valter Pomar, Serge Goulart e Markus Sokol. A eleição serve, porém, para garantir a presença de todas as tendências da legenda no diretório nacional de 81 membros.

Quem fim levou

O juiz federal Márcio Assad Guardia, da 8ª Vara Federal Criminal de São Paulo, adiou o depoimento das testemunhas de defesa do Rio, de São Paulo e de
Curitiba no caso do acidente com o avião da TAM em 2007. Em 3,9 e 10 de dezembro, serão ouvidas as testemunhas de defesa de São Paulo. O julgamento não tem previsão. Morreram no acidente 199 pessoas

Reforma

O grupo de trabalho da Câmara que debate temas para a reforma política concluiu ontem que as propostas não valerão para as eleições do ano que vem. Segundo o coordenador do grupo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), isso dará tranquilidade ao debate. uIsso pode desagradar a alguns, mas, se iniciarmos os trabalhos pensando em mudanças paras as próximas eleições, seria o começo do fim", alertou o deputado. Pela Constituição, qualquer mudança eleitoral tem que ser aprovada com um ano de antecedência do próximo pleito.

Mais Médicos/ O Programa Mais Médicos recebeu 11.701 inscrições de profissionais e 753 inscrições de municípios em uma semana, segundo o Ministério da Saúde. Cerca de 80% dos médicos inscritos formaram-se no Brasil; 92% dos interessados são brasileiros. As inscrições vão até o dia 25 deste mês.

Patrocínios/ Marco Nanini e Fernanda Montenegro, ao lado da ministra da Cultura, Marta Suplicy, participaram do lançamento do Programa Petrobras Distribuidora de Cultura (PPDC), ontem, no Rio de Janeiro. A terceira edição do PPDC teve um crescimento de 30% nas inscrições em relação à última seleção, somando 420 projetos. Um dos destaques foi a Região Nordeste, com alta de 70% no número de inscritos.

Fonte: Correio Braziliense