Apresentador usou encontro para aproximar o movimento Agora! e a campanha da presidenciável
Joelmir Tavares | Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Fora da corrida presidencial (mas nem tanto), o apresentador Luciano Huck reiterou em jantar com a pré-candidata Marina Silva (Rede), nesta quarta-feira (20), que simpatiza com a candidatura dela e a do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB).
O comunicador e empresário, que em fevereiro decidiu ficar fora da disputa, recebeu a ex-senadora em sua casa, no Rio, na condição de representante do Agora!, movimento suprapartidário que prega renovação política. Os cientistas políticos Ilona Szabó e Leandro Machado, cofundadores do grupo, também participaram.
Huck tem dito desde o ano passado que deseja contribuir para a eleição de novos nomes no Congresso. Daí sua aproximação com o Agora! e com o RenovaBR, iniciativa que oferece capacitação e dá bolsas para bancar a formação de pré-candidatos ao Legislativo.
Na concorrência pelo Planalto, ele já disse ver como boas opções de centro tanto Marina ("Uma liderança importante") quanto Alckmin ("Um político sério"). O apresentador reafirmou no jantar que respeita os dois pré-candidatos, mas não sinalizou por ora um engajamento mais profundo em nenhuma das duas candidaturas.
Pelas regras da TV Globo, Huck pode declarar voto publicamente e até ter alguma atuação nos bastidores, mas é impedido de fazer campanha ou de aparecer ao lado de um postulante em compromissos eleitorais.
Há alguns dias, durante um evento em São Paulo, o apresentador afirmou que por ora não pretende endossar o nome de nenhum presidenciável e que o cenário segue muito indefinido.
Marina, que estava acompanhada de dois de seus assessores mais próximos —Pedro Ivo Batista, porta-voz nacional da Rede, e Bazileu Margarido, coordenador de finanças do partido—, sinalizou no encontro que sua candidatura poderá incorporar propostas de políticas públicas que também são defendidas pelo Agora!.
A ex-senadora está preparando seu programa de governo, que tem pontos de vista coincidentes com os do movimento. As duas partes já vinham dialogando e se aproximaram ainda mais em fevereiro, quando a entidade assinou uma carta de compromisso com a legenda, que se dispôs a receber alguns dos integrantes.
Dos 18 membros do Agora! que serão candidatos em outubro, cinco são filiados à Rede. Um acordo semelhante foi fechado com o PPS (que hoje caminha para aderir a Alckmin). O movimento não tem intenção de oficializar, por enquanto, apoio a algum candidato a presidente. Prefere priorizar a renovação no Congresso.
Após o jantar, o grupo de Marina se animou com a disposição de uma parcela dos integrantes do grupo de se envolver mais diretamente na campanha da ex-senadora. Nesse caso, a participação seria individual, e não em nome do coletivo.
A Rede enfrentou perda de parlamentares e hoje tem apenas dois deputados e um senador. Além do Agora!, os movimentos Brasil 21, Acredito e Frente Favela Brasil têm participantes filiados à sigla. Se eleitos, eles poderão ajudar a fortalecer a bancada da legenda e a garantir, por exemplo, o acesso a recursos do fundo partidário.
Marina está em segundo lugar nas pesquisas, atrás apenas de Jair Bolsonaro (PSL), nos cenários sem o ex-presidente Lula (PT). Alckmin teve 7% no mais recente Datafolha e ficou empatado com o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), que oscila entre 10 e 11%.
Com dificuldade de fechar alianças, a ex-senadora buscou o apoio do PPS, partido que estava pronto para abrigar Huck caso o apresentador confirmasse a intenção de disputar o Planalto. A legenda presidida pelo deputado federal Roberto Freire (SP), porém, hoje tende a apoiar Alckmin.
Marina falou nesta semana que Freire tem o perfil de vice que ela procura, por ter credibilidade e representar um campo político alinhado ao dela. Não houve, entretanto, um convite para o deputado ocupar o posto. Ele diz que respeita a orientação da maioria de seu partido.