terça-feira, 8 de outubro de 2013

OPINIÃO DI DIA – Aloysio Nunes: final de semana.

"A semana que passou terminou bem para a oposição e mal para o governo. O (José) Serra ficou no PSDB e a Marina fortaleceu o PSB, o que no meu entender leva a uma eleição com muita chance de vitória das forças que querem uma mudança".

Aloysio Nunes, senador (PSDB-SP). In “PSDB e PT discutem sobre quem perdeu mais”, O Estado de S. Paulo, 7/10/2013

Dilma mostra preocupação com aliança

Tânia Monteiro

BRASÍLIA - A presidente Dilma Roussef mostrou preocupação com a decisão de Marina Silva de se unir a Eduardo Campos durante reuniões com líderes da base aliada do Congresso realizada ontem no Palácio do Planalto. "Marina não é qualquer pessoa", disse nos encontros com deputados e senadores. De acordo com relato de dois deputados presentes na primeira reunião, após ouvir a avaliação da maioria dos líderes de que a ida. de Marina para o PSB enfraqueceria o peso eleitoral da ex-ministra em relação aos 20 milhões de votos obtidos na eleição passada, Dilma fez questão de ressalvar que "não se pode desconsiderar a importância de Marina", para emendar: "Marina não é qualquer pessoa",

O discurso dos aliados, porém, está afinado nas críticas à situação dos tucanos e de seu candidato à Presidência, senador Aécio Neves, que segundo eles foram os que mais perderam com a parceria entre Marina e Campos, Na avaliação do líder do PT na Câmara, José Guimarães, por exemplo, quanto menos candidaturas houver no ano que vem, maiores as chances de a presidente faturar é o momento de "bater boca" com o governador de Pernambuco, porque "houve esta separação e serei o primeiro a defender, em 2014, que o Eduardo volte para o palanque da Dilma".

Na conversa com os líderes governistas, a presidente foi muito cuidadosa ao tratar do tema Marina e preferiu aproveitar o assunto para questionar a forma como ocorre hoje a criação dos partidos políticos, querendo informações de como são feitas as certificações e a aferição de assinaturas.

Repetição. O líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes, lembrou que dois partidos foram criados agora e que há outros 25 na fila esperando sua vez. O líder do PDT, deputado Marcos Rogério, criticou o que chamou de "precariedade do processo de certificação dos partidos". "Marina não é uma pessoa qualquer", disse Eduardo Braga negou, no entanto, que estivesse reproduzindo uma fala da presidente da República.

"Costelas" do projeto petista

Em fevereiro deste ano, o senador Aécio Neves (PSDB: MG) classificou as possíveis candidaturas de Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva como "costelas de um projeto inicial do governo do PT". "São forças que se distancia; ram do governo", disse em entrevista ao Estado. Aécio elogiou as eventuais candidaturas, mas procurou se diferenciar: "Nós (PSDB) não estamos no divã. Somos claramente oposição ao governo do PT." No sábado, o mineiro disse que o9 ingresso de Marina no PSB "fortalece o campo político das oposições".

Fonte: O Estado de S. Paulo

Ex-ministro de Dilma vai chefiar programa de Campos

Formada por dois ex-ministros de Lula, a chapa que poderá ter Eduardo Campos e Marina Silva na corrida à Presidência pelo PSB em 2014 terá como coordenador de programa o ex-ministro Fernando Bezerra (Integração Nacional), que deixou há uma semana o governo Dilma Rousseff. Caberá a ele organizar o programa que sairá dos debates entre o PSB e sua proposta de uma nova economia e política social para o País e os “sonháticos” da Rede Sustentabilidade - partido que foi rejeitado pelo TSE. O PSB já abriu vagas na sua Executiva para integrantes da Rede. Governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos usou conceitos caros aos seguidores de Marina Silva para defender a aliança. Ele disse que seu partido e a Rede estão em acordo no que é “fundamental”. Pego de surpresa pela aliança, o PSDB já revê a possibilidade de ceder palanques para a chapa do PSB em São Paulo e Minas Gerais, aliado nos dois Estados

Ex-ministro de Dilma vai coordenar programa dos ex-ministros de Lula

João Domingos, Eduardo Bresciani

BRASÍLIA - Formada por dois ex-ministros de Lula, a chapa que poderá ter a dupla Eduardo Campos e Marina Silva na disputa à Presidência em 2014 terá como coordenador do programa de governo o ex-ministro Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional), que deixou há uma semana o governo Dilma Rousseíf.

Caberá a Bezerra organizar um programa que sintetize as propostas de uma nova economia e uma nova política social, defendida pelo PSB, e princípios dos "sonháticos" da Rede Sustentabilidade, o partido de Marina que foi rejeitado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na semana passada. A vinculação de Campos e Marina com os governos petistas de Lula e Dilma no passado é vista hoje, no meio político, como a força da aliança, que poderá ser vista como alternativa ao PT.

Campos tomou posse em 2003 como ministro de Ciência e Tecnologia de Lula. Marina foi ministra do Meio Ambiente de Lula de 2003 a 2008 e se afastou do projeto quando deixou o PT em agosto de 2009. Durante sua gestão, trombou várias vezes com a então ministra de Minas e Energia Dilma Rousseff, por divergências em relação a políticas ambientais.

O programa de governo a ser apresentado, embora coordenado por Bezerra, terá por parte do PSB o vice-presidente da sigla, Roberto Amaral e, pela Rede, loão Paulo Capobianco, o principal conselheiro de Marina desde os tempos do Ministério do Meio Ambiente.

A construção de um programa de governo conjunto será um desafio para a aliança. Partido com sessenta anos e ideário de esquerda, o PSB vinha fazendo uma curva identificada como à direita com apoios da família Bornhausen e do líder ruralista e deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO).Como novo parceiro, será preciso buscar uma divisão de tarefas e um alinhamento das propostas que não afaste outros partidos, mas respeite as bandeiras de Marina, sobretudo na área ambiental.

Ajustes - O PSB já abriu duas vagas na Executiva Nacional para que integrantes da Rede possam participar de decisões partidárias. Pedro Ivo, coordenador de organização do grupo de Marina, já foi indicado para uma vaga no comando da legenda e outro dirigente da Rede deve ser oficializado na Executiva ainda nesta semana.

Para que a participação no comando seja definitiva, e receba mais aliados de Marina, o PSB deve antecipar para o início do ano o congresso do partido marcado para dezembro de 2014.

Agora unidos, PSB e Rede vão fazer a partilha de funções fundamentais para a construção da candidatura, a exemplo da tesouraria, que deverá ficar com a ala de Eduardo Campos. O contato com as redes sociais será destinado ao grupo de Marina Silva, experiente no assunto.

Na TV- A aliança provocou ainda mudança no programa eleitoral do PSB, que vai ao ar na quinta-feira. Imagens da cerimônia de filiação de Marina Silva ao partido de Eduardo Campos e discursos dos dois serão exibidas na propaganda eleitoral, que terá dez minutos. A princípio, só apareceria Eduardo Campos, como as inserções já mostradas anteriormente na televisão. Agora, com a chegada de Marina Silva, o programa será mudado em cima da hora para mostrar a nova aliada de Eduardo Campos. Por força da legislação eleitoral, Marina terá de aparecer como integrante do PSB, pois só filiados podem participar da propaganda eleitoral.

O senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou ontem, em entrevistas no Estado, que, apesar de surpreendente, a união de Marina com Campos não é ameaça. "Quem tem o que mostrar não tem que ficar preocupado nem nervoso", afirmou.

Para lembrar

Apesar do bom relacionamento com a presidente Dilma Rousseff Fernando Bezerra Coelho deixou na semana passada a pasta da Integração Nacional após várias polêmicas. Bezerra alçou voos maiores na política nacional graças ao apadrinhamento do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).

Apesar das especulações sobre sua filiação ao PT, o ex-ministro manteve a lealdade a Campos e permaneceu no PSB. À frente da pasta enfrentou situações delicadas e foi obrigado a responder sobre o direcionamento de 90% das verbas antienchente para Pernambuco.

Fonte: O Estado de S. Paulo

'Não fiquei frustrado', diz Freire sobre dupla rejeição

Presidente do PPS, que ofereceu legenda para Serra e para Marina, diz que 'polo' criado por Campos causa 'medo' em Lula e nos petistas

Pedro Venceslau

Depois de escancarar as portas do partido para José Serra e Marina Silva disputarem a Presidência em 2014 e ser rejeitado duas vezes em menos de uma semana, o deputado federal Roberto Freire, presidente nacional do PPS, defende agora que o governador Eduardo Campos lidere a chapa e tenha como candidata a vice a ex-ministra do Meio Ambiente.

Apesar de não descartar uma aliança com o senador tucano Aécio Neves , o dirigente sinaliza que seu partido está mais próximo do governador pernambucano. "O apoio ao Eduardo Campos sempre esteve presente e continua como hipótese de escolha do PPS. Houve um fortalecimento da candidatura dele, que se transforma em um efetivo polo alternativo aos governos Lula-Dilma", disse Freire ao Estado. Ele argumenta, ainda, que as atuais pesquisas de opinião não devem servir como parâmetro para definir o presidenciável do PSB.

"O Eduardo deve estar na cabeça da chapa. Ele representa um projeto mais de acordo com o que pensa o PPS. Se essa decisão fosse tomada pelas pesquisas de opinião, teríamos que apoiar a Dilma", afirma.

Para Freire, o "polo" Campos é o maior "medo" que o ex-presidente Luiz Inácio da Silva tem em relação à disputa do ano que vem. Mas faz uma ponderação aos que apostam que o governador poderá herdar votos lulistas. "Campos não será uma continuidade dos governos do PT", afirma o deputado. O presidente do PPS nega que tenha ficado frustrado com a opção feita por Marina Silva. "A Rede não estava nas nossas preferências. Oferecemos a legenda para que ela não ficasse sem alternativa. Não fiquei frustrado".

O presidente do PPS relata que ficou sabendo da decisão da ex-ministra no sábado pela manhã. "Ela anunciou a decisão. Dissemos que achávamos que não era a melhor opção, agradecemos e fomos embora."

Coabitação. Roberto Freire não vê como um problema a decisão de Marina Silva de tratar a Rede de Sustentabilidade como um partido clandestino dentro de outro. "Dá para coabitar. O velho PCB (que deu origem ao PPS) conviveu dentro no MDB", afirmou Freire.

Os quinze membros da executiva nacional do PPS se reúnem hoje em Brasília para fazer um balanço do troca-troca partidário e reabrir formalmente o debate sobre quem receberá o apoio da legenda na eleição presidencial de 2014.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Aécio e Campos em busca de apoio no RS

Disputa por aliados no RS

Apoio de ex-senadora a Eduardo Campos, pré-candidato a presidente, mexe na briga por alianças com concorrentes ao Piratini

Juliana Bublitz

Com as principais candidaturas à Presidência praticamente definidas, começa a se esboçar uma disputa acirrada por palanques – e votos – nos Estados. No Rio Grande do Sul, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador Eduardo Campos (PSB-PE) brigam por aliados, e o foco do assédio tem nome: Ana Amélia Lemos (PP). Já a presidente Dilma Rousseff tem o apoio do governador Tarso Genro, que também concorrerá à reeleição pelo PT.

A um ano do pleito, a corrida ganhou novos contornos com a reviravolta provocada por Marina Silva no último sábado. Ao se filiar ao PSB e aceitar a possibilidade de ser vice de Campos, a ex-senadora acelerou a disputa por alianças regionais.

No RS, Ana Amélia está no centro das atenções por aparecer nas pesquisas como a maior aposta da oposição a Tarso. Mesmo que a candidatura ainda não esteja confirmada, o PP vem sendo sondado por siglas como PSB, PSDB, PMDB e até PDT, que segue nos governos Tarso e Dilma, mas está dividido.

– Nossa única certeza é de que não apoiaremos Dilma, nem que o PP nacional nos obrigue. Em relação aos outros partidos, não vamos decidir nada antes de abril – diz o presidente estadual do PP, Celso Bernardi.

Duas possibilidades se sobressaem à sigla: ter como vice o PSB ou o PSDB e, assim, assegurar palanque para Campos ou Aécio. O governador de Pernambuco teria saído em vantagem na briga, mas nem todos acreditam que o jogo está ganho.

– A chegada da Marina vai colocar o PP mais perto do Aécio. As posições dela na área rural são muito diferentes das que defende a Ana Amélia. Isso vai pesar na decisão – diz o presidente estadual do PSDB, Adilson Troca.

As executivas estaduais de PMDB e PDT seguem trabalhando para ter candidaturas próprias, mas continuam abertas ao diálogo. Romildo Bolzan Jr., presidente do PDT, admite que a legenda pode acabar se dividindo entre Dilma e Campos. Edson Brum, presidente do PMDB, não descarta um eventual apoio à presidente:

– Se Dilma quiser, terá de garantir que virá para o nosso palanque. Pode até ir para o do Tarso também, mas não abrimos mão. Sem isso, não existe a menor chance. Outra possibilidade é apoiarmos o PSB. Ainda é cedo para decidir.

Fonte: Zero Hora (RS)

No Rio, candidatos cobiçam aliança já no 1º turno

Depois de virar "hospedeiro" da Rede Sustentabilidade, o PSB trabalha para ter no Rio um palanque para a chapa Eduardo Campos-Marina Silva. Ainda sem opções próprias viáveis, os socialistas começam a receber acenos de pré-candidatos ao governo estadual, Lindbergh Farias (PT) sonha com um acordo ainda no primeiro turno. Anthony Garotinho (PR) fala em apoiar três candidatos a presidente - um deles, a própria Marina, se houver a inversão de posições na chapa.

O PSB prefere uma candidatura a governador que não divida apoios a candidatos a presidente e pode optar pela aliança com o deputado Miro Teixeira (RJ), que se filiou ao PROS depois que a Justiça Eleitoral rejeitou o registro à Rede.

Na eleição presidencial de 2010, Marina foi a segunda colocada no primeiro turno de votação no Estado, com 31,52%, à frente de José Serra (PSDB), com 22,53%. A presidente Dilma Rousseff chegou a 43,78%. O perfil da ex-ministra - com discurso ambientalista, do agrado da zona sul, e referências religiosas, populares em áreas pobres, com forte presença evangélica ~ é visto como trunfo eleitoral

"Quero abrir um espaço de diálogo com o PSB do Rio. Se possível, para estarmos juntos no primeiro turno. Senão, pelo menos no segundo", disse Lindbergh.

Garotinho avalia que o quadro está indefinido, Ele alega estar sendo "excluído" do palanque do governo federal no Rio e que, se isso prosseguir, poderá apoiar Aécio Neves (PSDB) no interior, Dilma na Baixada Fluminense e Marina na capital "Meu voto no Interior é mais conservador. Na Baixada, mais popular, Na zona oeste da capital muito evangélico", disse. O slogan seria algo na linha "Presidente cada um tem o seu, mas governador é Garotlnho".

Fonte: O Estado de S. Paulo

Com Marina, PSB ganha possibilidade de apoiar Miro

Deputado, que pretende concorrer ao governo, trabalhou pela Rede

Juliana Castro

A ida da ex-senadora Marina Silva para o PSB ajuda o governador de Pernambuco e pré-candidato à Presidência, Eduardo Campos, a trabalhar pelo palanque que não tinha no Rio. Com o atual cenário, a aposta mais forte é que o PSB faça uma aliança com o recém-criado PROS, que deve lançar o deputado federal Miro Teixeira ao governo do estado.

Miro estava no PDT, mas foi um dos que trabalhou para que a Rede Sustentabilidade, partido de Marina, obtivesse o registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com a rejeição da Corte, caiu nos braços do PROS. Dentro do PSB do Rio, a avaliação é que o diálogo com quem estava construindo a Rede tem de ser estreitado, o que inclui Miro.

— Essa é uma possibilidade que se adensou muito a partir do último movimento nacional — afirmou o deputado Glauber Braga, vice-presidente da comissão provisória que assumiu o PSB do Rio, sobre o apoio a Miro na disputa.

A força de Marina no Rio é uma das apostas para alavancar a candidatura de Campos. No estado, a ex-senadora foi a segunda mais votada na última eleição presidencial: obteve 2,6 milhões de votos.

— O Miro é alternativa por ser uma pessoa que tem relação com a Marina, e o Eduardo Campos gosta do Miro. Mas isso é algo que tem que ser construído, conversado e feito de maneira natural — disse o prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo, que integra a comissão provisória.

Por outro lado, Miro ainda não sentou na mesa de negociações com o PSB:

— Quem é que não deseja o apoio da Marina? Eu desejo, mas não conversei.

O presidente do PROS no Rio, deputado Hugo Leal, disse que Miro tem respaldo da sigla para construir sua própria candidatura e conversar com os partidos.

Fonte: O Globo

Para PSDB, novo cenário leva eleição para 2º turno

Na avaliação de tucanos de SP, porém, Aécio pode ser prejudicado

SÃO PAULO - O comando nacional do PSDB avalia que a aliança entre Eduardo Campos e Marina Silva cria um novo palanque de oposição ao governo federal que pode empurrar a disputa eleitoral para o segundo turno. Para os dirigentes da sigla, o fortalecimento do discurso contrário à atual administração deve atrair para o campo oposicionista parcela dos votos dos eleitores indecisos, que, segundo as últimas pesquisas eleitorais, representa 16% do total.

Na avaliação de alguns tucanos paulistas, há a possibilidade, contudo, de a maior parte desses votos migrar para o PSB, em virtude do ineditismo eleitoral da aliança, o que representa uma ameaça para a candidatura do partido. Em ligações a aliados, feitas de Nova York, o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, avaliou que a aliança fortalece os palanques oposicionistas e considerou que se tornou irreversível uma candidatura presidencial de Eduardo Campos.

— A relação deles vai ser contraditória, com momentos de cooperação e de competição. Afinal, eles miram o mesmo objetivo. O que une os dois é a necessidade de mudança — avaliou o presidente do PSDB em Minas Gerais, Marcus Pestana, sobre a relação de Campos e Aécio.

Em análise, o Instituto Teotônio Vilela, órgão de formação do PSDB, considerou ontem que a aliança "reforça a tendência de uma eleição a ser definida em dois turnos"

— Nós vamos ter três candidaturas fortes: do PT, do PSB e do PSDB, que tem o apoio de uma parcela muito importante do eleitorado. Vamos ter uma disputa muito equilibrada, mas haverá duas correntes que querem mudança — disse o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira.

Fonte: O Globo

Tarso diz a Lula que aliança muda caráter da corrida eleitoral

Encontro reuniu também Mantega, Haddad e deputados petistas

SÃO PAULO- Em conversa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem, o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), afirmou que a aliança entre a ex-ministra Marina Silva e o governador Eduardo Campos (PSB-PE) modifica a disputa eleitoral, saindo da polarização entre os feitos de governos tucanos e petistas:

— Minha avaliação é que este é um processo que daqui para adiante muda o caráter da disputa eleitoral. Não vai ser mais uma disputa entre a memória do governo Fernando Henrique Cardoso e a memória dos governos Lula e Dilma. Vai ser uma disputa sobre o futuro: o que os candidatos e as coalizões dizem que vão fazer sobre o que conquistamos até agora.

A avaliação de Tarso foi feita durante almoço e palestra do ministro da Fazenda, Guido Mantega, para petistas e convidados do Instituto Lula em São Paulo. Segundo o governador, Lula apenas ouviu sua opinião em silêncio:

— É uma mudança no padrão de disputa política. Essa opinião, exprimi também para o (ex-)presidente, que ouviu apenas — contou Tarso.

Há duas semanas, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, divulgou uma nota oficial que irritou Eduardo Campos, presidente do PSB, afirmando que a disputa eleitoral se daria em torno de dois projetos políticos o do PT, que ele considera progressista, e o do PSDB, que considera conservador.

O governador gaúcho avaliou ainda que o pré-candidato do PSDB, o senador mineiro Aécio Neves, foi o mais afetado pela aliança, anunciada no sábado.

— Quem esvazia sua potencialidade eleitoral no primeiro momento é Aécio. Mas a gente ainda não sabe qual o grau de integração entre Marina, Heráclito e o Eduardo Campos— disse o governador, referindo-se ao ex-senador Heráclito Fortes, do Piauí, que deixou o DEM para filiar-se ao PSB.

Depois da palestra do ministro da Fazenda, Lula almoçou com os convidados, entre eles Rui Falcão, deputados petistas e o senador Wellington Dias (PT~ PI). Em sua mesa, Mantega, Tarso, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e o empresário José Seripieri Júnior. Petistas que participaram do encontro afirmaram que Lula não tratou do ingresso de Marina no PSB.

Fonte: O Globo

Aliança deve preservar conquistas, diz Campos

Por Murillo Camarotto e Raquel Ulhôa

RECIFE e BRASÍLIA - Campos visita obras de hospital: "Nossa posição não é contra quem quer que seja; não é para destruir quem quer que seja"

Ao falar ontem sobre a aliança com a ex-senadora Marina Silva (PSB), o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), reforçou os pontos convergentes entre os dois e sinalizou que a chapa presidencial do PSB irá reivindicar parte do legado dos governos petistas. Campos reiterou a postura de independência do PSB em relação ao governo federal, mas evitou falar em oposição.

Ao ser questionado sobre as diferenças programáticas entre o PSB e o grupo recém-chegado do Rede Sustentabilidade, o pernambucano disse ver com normalidade as divergências, mas lembrou que tanto ele quanto Marina têm história no campo político de esquerda, mencionando o período em que os dois foram ministros no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Nós não queremos anular as nossas diferenças, queremos reforçar nossa identidade. Somos daqueles que acreditam que quem une as pessoas não são nomes. A força transformadora de unir corações e mentes é a força das ideias e quanto mais essas ideias preservarem as conquistas que já tivemos no passado", disse o pernambucano, em um sinal de que pretende cobrar seu quinhão no avanço social registrado nas últimas décadas.

Nessa linha, o governador se esquivou quando foi questionado se a chegada de Marina ao PSB poderia empurrar de vez o partido para a oposição ao governo federal. Ele preferiu dizer que a posição de independência ficou clara quando o PSB entregou os cargos na Esplanada dos Ministérios. Campos disse, no entanto, que a questão será debatida com o grupo recém-chegado.

"Nossas forças políticas não têm atitude de oposição por oposição e nem situação por situação. Pelo contrário, nosso grande interesse é ajudar o Brasil levando o debate que nosso pensamento representa. Vamos seguir fazendo essa discussão com os companheiros da Rede para ajudar o debate nacional. É isso que vamos fazer", limitou-se a dizer o governador.

Campos disse que tentou, sem sucesso, falar com o ex-presidente Lula no sábado, dia em foi anunciada a aliança com Marina. Ontem, a assessoria de Lula negou a informação de que o ex-presidente teria recebido a notícia da aliança como um "soco no fígado".

O governador também contemporizou quando perguntado sobre as possíveis reações petistas ao acordo com Marina. "Vamos viver a vida como ela é. Cada dia a gente vai enfrentando com tranquilidade, desejando que as pessoas entendam que nossa posição não é contra quem quer que seja; não é para destruir quem quer que seja", afirmou.

Apesar de ainda não admitir publicamente a candidatura presidencial, Campos já fala da montagem da chapa para as eleições de 2014. Ontem ele afirmou que o alinhamento de ideias entre Rede e PSB pode atrair outras forças políticas e ajudar na formação de uma plataforma sobre a qual seria montada a chapa.

Em Brasília, o líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF), disse que Campos teria prometido à Marina não voltar atrás e que, portanto, o pleito presidencial é irreversível. O parlamentar rechaçou a possibilidade de haver pressão para Marina substituir Campos na cabeça da chapa, caso o desempenho do governador nas pesquisas não melhore. Isso porque Marina, de quem partiu a iniciativa de propor a aliança, até admitiu a possibilidade de ser candidata a vice, mas cobrou de Campos o compromisso de não recuar.

Ainda no Senado, o tucano Alvaro Dias (PR) admitiu que a aliança entre Marina e Campos enfraquece o projeto das oposições. Para ele, o "mais desejável" era um número maior de candidatos contra Dilma, para evitar uma vitória da presidente no primeiro turno. Dias disse que é preciso, agora, "colocar fermento" na candidatura do senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do seu partido.

Ainda nesta semana, o grupo de Marina vai trabalhar na formulação de uma série de propostas que serão apresentadas à direção do PSB, com vistas a serem incorporadas no programa de governo do partido. Campos volta a se reunir com Marina na quinta-feira, em São Paulo.

Fonte: Valor Econômico

A dúvida da oposição

Adriana Caitano

Mesmo com a tentativa de faturar com a aliança entre a ex-senadora Marina Silva e o presidenciável Eduardo Campos (PSB) em 2014, a oposição ainda avalia os ganhos e as perdas. Partidos que têm em comum o objetivo de derrotar a presidente Dilma Rousseff admitem, porém, que, com o novo quadro, a estratégia eleitoral planejada até aqui terá que mudar.

Para não deixar exposto que ficou em choque e sem reação diante da decisão de Marina, o PSDB inicialmente fez comentários positivos sobre a aliança. Em nota ainda no sábado, quando a ex-senadora definiu a filiação ao PSB, o presidente do partido tucano, senador Aécio Neves (MG), divulgou uma nota oficial em que atribui o ocorrido “às ações autoritárias do PT” e considera o caso um fortalecimento do “campo político das oposições”.

Ontem, em coletiva à imprensa, o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), até repetiu o discurso de Aécio, mas reconheceu que ainda é cedo para comemorações. “Não sabemos o que vai acontecer daqui para a frente, é tudo uma incógnita, não sabemos se os marineiros vão ficar felizes com a decisão da Marina ou descontentes”, ponderou.

Para o cientista político Leonardo Barreto, nem o PT nem as legendas de oposição podem contabilizar, por enquanto, o resultado da guinada de Marina. “A gente não sabe se ela vai tornar o Eduardo Campos competitivo, até porque não há exemplos de vices que foram decisivos na vitória de alguém, e isso vai ser determinado pelo discurso dessa chapa”, explica. “Se o Eduardo adotar a narrativa de esquerda da Marina, a disputa será mais com a Dilma, mas, se ele mantiver suas posições recentes de centro-direita, disputa espaço ideológico com o Aécio.”

Alternativas

O PPS tem motivo duplo para se sentir preterido durante as últimas cartadas. Além de ter sido a legenda que mais cortejou Marina para lançá-la como candidata após a frustração da Rede, havia oferecido o posto para que José Serra deixasse o PSDB. Após receber um não de ambos, elabora outra saída. “A estratégia que buscávamos era ter um número maior de candidatos da oposição, mas dois se anularam, então temos o dever de apresentar uma alternativa e lançar candidato próprio”, defende o líder da sigla na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR).

A permanência de Serra no PSDB abalou as estruturas também de seu próprio partido e seus aliados avaliam que ele pode ser beneficiado com as mudanças no jogo. Para eles, a força da chapa Eduardo-Marina pode fragilizar o senador mineiro e dar espaço a outra opção. “Nunca acreditei que o Serra tenha jogado a toalha e desistido de se candidatar de verdade. Ele ainda deve contar com o imponderável, pois não é improvável que haja algum fato novo, ainda mais agora que o Aécio, que estava absolutamente seguro, passa a ter uma dose de insegurança”, argumenta um tucano próximo ao ex-governador de São Paulo, que não quis se identificar.

O cientista político Leonardo Barreto concorda que José Serra poderá ser usado como uma carta na manga dos tucanos. “Claro que o Aécio não queria ter essa sombra que dificulta a escolha de seu nome por aclamação no PSDB, mas, para o partido, foi melhor manter o Serra por perto, tanto para evitar o impacto negativo que haveria se ele fosse adversário como para ter um plano B engatilhado”, analisa.

Fonte: Correio Braziliense

PT vê Eduardo na oposição

Após formalização da aliança PSB-REDE, líderes petistas são mais incisivos no ataque ao governador-presidenciável

Sem meias palavras, o senador Humberto Costa (PT), maior liderança petista local, coloca o projeto presidencial do governador Eduardo Campos no lado da oposição, algo que, segundo argumentou, foi reforçado pelo discurso antipetista da ex-senadora Marina Silva, no ato de filiação ao PSB nacional no último sábado (5), em Brasília. "Se estabeleceu um novo polo de oposição, é (Eduardo) um candidato de oposição ao governo Dilma, ao projeto do PT", disse o senador.

O mesmo fez o deputado federal Pedro Eugenio, presidente estadual do PT, em entrevista à Rádio Folha. "O cenário mudou e reforçou que o governador Eduardo Campos está consolidando o seu afastamento com relação ao PT e ao governo federal", avaliou. Também para ele, o discurso de Marina Silva reforçou a preferência (do PSB) pela oposição ao PT. "Ficou claro um discurso antipetista. O que me pareceu é que essa nova frente, que também inclui o PSDB, tem como objetivo maior evitar que o PT continue governando o País", disse.

Porém, no governo do Estado e na Prefeitura do Recife, os petistas permanecem com cargos. Os detentores dessas pastas - Oscar Barreto (secretário-executivo estadual de Agricultura) e Eduardo Granja (secretário municipal de Habitação) - resistem na tese de que o partido deve continuar na órbita de sustentação das gestões socialistas, decisão referendada pela Executiva Estadual petista há duas semanas. Ambos são ligados ao ex-prefeito João da Costa (PT), que na eleição passada foi acusado de contribuir para o sucesso da candidatura de Geraldo Julio (PSB) a prefeito do Recife.

Depois de acusar o PSB de empreender um campanha de assédio a parlamentares e prefeitos do PT na tentativa de esvaziar o partido para 2014, Humberto colocou que "não tem mais nenhum sentido o PT no governo (do PSB)". "Semana passada, tivemos um ataque violentíssimo, cooptação, tentativa de esvaziar o PT. Depois, com essa aliança política, fica absolutamente claro que Eduardo é candidato", disse. Ele defende que a Executiva se reúna o mais rápido possível para tomar a decisão de entregar os cargos. "Agora, o PT tem que organizar o palanque de Dilma em Pernambuco", frisou. Por sua vez, Pedro Eugênio pontuou que não é o caso de apressar o calendário para tomar posição em "24 horas".

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Entrevista: Aécio põe em dúvida candidatura de Campos

Tucano diz que Marina ainda pode entrar no páreo em 2014 e vê PT derrotado por ruptura com governador do PSB

Em Nova York, senador afirma que PSDB terá 'palanque sólido' em São Paulo, com Alckmin e Serra juntos

Joana Cunha

NOVA YORK - O senador mineiro e presidenciável tucano, Aécio Neves, disse que o PT sofreu uma derrota dupla ao não inviabilizar a candidatura de Marina Silva à Presidência --o que ele não descarta-- e ao perder o governador Eduardo Campos (PSB) para o campo da oposição.

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista à Folha concedida em Nova York, onde Aécio faz hoje uma palestra para investidores:

A dobradinha de Marina e Eduardo Campos foi uma surpresa?

Aécio Neves - Não há por que não admitir que foi uma surpresa. Claro que a surpresa da decisão leva a todo o tipo de avaliação, mas o que é muito claro é que temos hoje dois ex-ministros do presidente Lula no jogo eleitoral atuando no campo da oposição. São muito bem-vindos.

Em uma eventual candidatura do PSB, o PT sofre uma derrota neste primeiro momento, porque trabalhou neste último ano para inviabilizar uma candidatura da Marina. E, por meio do presidente Lula, para a cooptação do Eduardo ao campo governista. Não aconteceu nenhuma dessas duas questões.

Nas conversas com o Eduardo, fica muito claro esse distanciamento em relação ao governo. Confio que, naturalmente, durante o processo eleitoral, o nosso antagonismo em relação ao governo é o que vai nos aproximar.

O senhor diz que o PT teve essa dupla derrota, mas eles dizem que um candidato da oposição a menos os favorece.

Eles queriam que a Marina não estivesse no jogo. Ninguém pode dizer que amanhã não será candidata. E nós sempre tivemos uma preocupação com a manutenção da candidatura do PSB.

Sempre pairou uma certa dúvida, se ia até o final, se o presidente Lula faria um apelo e Eduardo sairia do jogo. Hoje, a candidatura do PSB, se não é uma certeza, pelo menos avançou muito nessa direção.

No campo do PSDB, todos os passos que nós tínhamos de dar e os riscos que podíamos ter de algumas saídas não existem mais. O Serra fica no partido, e isso é importante dentro do PSDB, candidato ou não. O Álvaro Dias, também. O PSDB manteve-se unido, e a hora é de construir o nosso discurso, que não será mais esse discurso que o PT propõe de "nós contra eles".

O senhor acredita mesmo que Marina vai ser vice?

Não é uma travessia simples. Ela diz que sim, mas vai ser sempre um nome à disposição independentemente até da sua própria vontade ou do que pretenda o Eduardo.

Marina e Eduardo são figuras políticas respeitáveis, que já estiveram no governo e por isso talvez conheçam muito bem e tenham mais razões ainda para estarem contra.

Na conversa em que se aproximaram, Campos aceitou dialogar com a garantia clara de que Marina fosse só a vice. Nessa conversa que o senhor teve com ele, no fim de semana, isso não foi comentado?

Não chegamos a falar disso. Mas a política é o imponderável. Muitas vezes a sua intenção hoje não se realiza amanhã por absoluta desconexão com a realidade.

O sr. precisa de um palanque forte em São Paulo. Como fica? A Marina sobe com Alckmin nesse palanque?

(Risos) Olha, em relação à Marina eu não sei dizer. O nosso palanque em São Paulo se solidifica com a presença do Serra e com a candidatura do Geraldo. Quem tem hoje um palanque sólido em São Paulo somos nós. Os outros vão ter de construir

Fonte: Folha de S. Paulo

A força das oposições - Instituto Teotônio Vilela

Falta um ano para as eleições presidenciais e, nesta altura dos acontecimentos, a única coisa que se pode afirmar, sem medo de errar, é que nunca foram tão fortes as manifestações contrárias à perpetuação do PT no poder. O ciclo do partido de Lula, Dilma e José Dirceu parece fadado a terminar no ano que vem.

A presidente Dilma Rousseff terá que enfrentar duas candidaturas potentes em outubro de 2014: a do PSDB e a das forças que agora reúnem Marina Silva e Eduardo Campos. Embora antagonistas do petismo, tais grupos se distinguem pelo fato de o PSDB ser uma oposição sem adjetivos e a união Rede-PSB ter sua gênese em dois ex-ministros de governos do PT.

A decisão de Marina de manter-se no jogo político, filiando-se ao PSB, reforça a tendência de uma eleição a ser definida em dois turnos. É bom para o país que assim seja. Desta forma, o eleitor terá condições de avaliar diferentes propostas alternativas ao que está aí e, numa segunda rodada, escolher a que melhor se contrapõe ao que o PT representa.

O que o novo quadro traz de bom é o repúdio de um amplo espectro partidário e da cidadania ao vale-tudo que o PT quis tornar natural na política brasileira. Até poucos dias atrás, os petistas, tendo Lula à frente, pareciam prontos a querer zombar dos adversários, na ânsia de reduzir a eleição do ano que vem a um passeio que, de resto, já está claro que não existirá.

Neste aspecto, foram significativas as declarações do ex-presidente da República adiantando que será uma espécie de "candidato-dublê” de Dilma, transformando-se em sua "metamorfose ambulante”, conforme entrevista concedida na semana passada ao Correio Braziliense. É como se, na visão de Lula, o eleitorado fosse um joguete a ser embalado pelas vontades do PT.

Na mesma linha vão as declarações do marqueteiro João Santana publicadas na edição da revista Época desta semana. Para ele, os adversário de Dilma irão protagonizar uma "antropofagia de anões”, levando a presidente a uma fácil vitória em primeiro turno. Não é mera coincidência que a soberba de Santana e a empáfia de Lula tenham se manifestado na mesma semana.

Também não é simples coincidência que a própria presidente, agora sem disfarces no seu figurino de candidata full time, tenha intensificado sua agenda de viagens pelo país e, mais ainda, aumentado seu tempo disponível para conceder à imprensa entrevistas que passou anos evitando.

N'O Estado de S.Paulo de hoje, José Roberto de Toledo contabiliza o tamanho do maquinário que a presidente transformou em moeda para angariar a simpatia de políticos em viagens pelo país afora: 7.326 máquinas pesadas doadas a quatro em cada cinco prefeituras do país, das quais mais de 6 mil entregues neste ano, e outras 11 mil a entregar até a eleição. Que nome pode se dar a isso senão vale-tudo?

Nesta estratégia, voltada a sufocar a oposição, o governo jogou seus maiores esforços na tentativa de barrar a criação de novos partidos. Conseguiu impedir, por ora, o nascimento da Rede Sustentabilidade, mas não aplacou o desejo de mudança que subjaz tanto nos partidários de Marina, quanto nos de Eduardo Campos, quanto nos do PSDB.

Aproxima-se a eleição da mudança. Caberá aos contendedores mostrar aos brasileiros que podem levar o país a um caminho mais venturoso, livre das manipulações que se tornaram corriqueiras no atual governo, dos atentados à ética e dos retrocessos que vêm nos fazendo perder anos preciosos para a construção de um novo Brasil. Quanto mais alternativas, melhor para a nossa democracia.

Marina-Campos esquenta campanha para 2014 – O Globo / Editorial

Sábado foi dia de dar razão ao mineiro Magalhães Pinto, na sua comparação entre política e nuvem: ""Você olha e ela está de um jeito; olha de novo, e ela já mudou" Pois, para irritação de uns, alegria de outros e perplexidade de alguns, quando, no final de sexta-feira, tudo indicava que Marina Silva, sem poder criar sua Rede para tripulá-la como candidata à Presidência, estava emparedada, a nuvem mudou.

Foi como um inesperado drible de corpo: em vez de fazer como esperavam adversários petistas e, em nome da "pureza" política, resguardar-se para 2018 ou aderir a uma legenda de aluguel e ser acusada de praticar a política que tanto critica, Marina saiu por um outro lado.

Aliar-se ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e a seu PSB significa para a ex-senadora uma saída “pela esquerda”. E, para o campo político no poder, a ampliação da dissidência aberta por Campos, fato já de grande relevância para o quadro eleitoral de 2014. É de dimensão ainda maior com o movimento executado por Marina.

Velhos políticos dizem que preferem eles escolher seus adversários. O PT tem o seu predileto, o PSDB, já derrotado por ele por três vezes — duas por Lula, uma por Dilma. E, como os tucanos não foram capazes de defender sequer o legado dos oitos anos de reformas-chave do período FH, perderam a bússola. Aécio Neves pode reencontrá-la ou não.

Mas não há dúvida que, para Dilma e PT, enfrentar pela primeira vez uma dissidência significará entrar em terreno desconhecido. A luta não cairá no reducionismo do enfrentamento da "direita" dos "privatistas neoliberais"

Deve-se dar o desconto da tensão vivida por Marina Silva e se entender o contexto em que a ex-senadora, já na madrugada de sábado, afirmou que deseja acabar com a hegemonia e o "chavismo" do PT no governo. Mas a declaração indica a compreensão por parte dela das mazelas decorrentes de um projeto de poder que devera tentar sobreviver a qualquer custo. Este tipo de acusação ao PT não é novidade, O ineditismo está de onde ela parte.

Há, ainda uma intrincada agenda à frente de Marina Silva e Eduardo Campos. Discussões, por exemplo, sobre a formulação de propostas comuns, em que a preocupação com o meio ambiente precisa conviver com a aceleração do crescimento econômico. É preciso também administrar o fato de a ex-senadora, suposta candidata a vice, ter popularidade bem maior que o cabeça de chapa, Eduardo Campos.

De positivo há o lucro que a campanha deve ter com a quebra da polarização entre PT-PSDB. O debate tende a ficar mais rico, menos maniqueista. O momento requer, de fato, uma discussão mais ampla e profunda, pois o modelo econômico em vigor desde o final do primeiro governo Lula e a forma estabelecida de se fazer política se esgotaram.

Política com envolvimento - Beto Albuquerque

O PSB organizou-se em 1947, como a costela socialista da Esquerda Democrática, reunião do que no país existia de resistência à ditadura do Estado Novo (1937-1945). Agora, com a filiação de Marina Silva e os militantes da Rede Sustentabilidade, no dia do aniversário de 25 anos da Constituição cidadã, novamente reúnem-se no PSB importantes forças democráticas, alijadas da eleição de 2014, num momento de necessidade inequívoca de se aprofundar a democracia brasileira e romper com a velha política.

As manifestações que tomaram conta das ruas mostraram que o sistema político está em descompasso com o mundo real. Claramente existe um fechamento do sistema político em relação à insatisfação da sociedade. Os protestos também mostraram que não dá para continuar com um sistema político encastelado no Estado, que trava as transformações. A sociedade já está no digital e o sistema político no analógico, fechado em si mesmo. A política precisa dar respostas, por isso precisamos inovar em sincronia com o ritmo das mudanças sociais e do setor produtivo.

Como bem declarou Marina Silva, está surgindo um novo sujeito político no mundo e no Brasil, que combina a grande quantidade de informação a que as pessoas têm acesso com a grande possibilidade de comunicação entre elas. E isso está transformando a política. Todos os setores da sociedade estão sofrendo a influência da internet. Os negócios estão sendo transformados, os sistemas educativos, a produção de conhecimento, os meios de comunicação.

Sabemos das nossas diferenças, PSB e Rede, mas focamos agora no que nos une – o campo das ideias, do debate, do diálogo. As ideias de Marina foram mais fortes do que sua candidatura – isso é política. Reduzi-la a tempo de TV, palanques, exigência de assinaturas, é retirar o povo do debate. A população vai participar das eleições de 2014, e isto é fundamental.

Ninguém tem dúvida de que a união PSB-Rede, Marina e Eduardo, aumenta as chances do PSB na disputa pelo Palácio do Planalto em 2014. É claro que isso acelera o debate eleitoral, mas, como diz Eduardo Campos, não vamos atropelar o debate do conteúdo que nós vamos apresentar em 2014. Vamos primeiro cuidar do conteúdo que nos une e depois da chapa que vai representar essas ideias.

O que une PSB e Rede neste momento é a História. De pessoas que dedicaram parte de suas vidas à construção de um país melhor. Mais do que semelhanças, PSB e Rede têm a oportunidade de aprender um com o outro, de trocar experiências e de buscar aquilo que pode ser consensual, em propostas tão esperadas pelos brasileiros. E é a boa política que vai propiciar isto, com mais agilidade e menos burocracia, abrindo espaço à participação das pessoas. Temos responsabilidade de aproximar a sociedade da política, buscando novas lideranças, interpretando a complexidade do mundo atual e aprimorando a democracia.

*Deputado Federal e presidente estadual do PSB-RS

Fonte: Zero Hora (RS)

Jogo embaralhado - Merval Pereira

A indignação por não ter recebido o"registro da Rede, fato que atribui a uma manobra governista, deu-lhe forças para buscar o inesperado e voltar ao jogo que parecia já jogado. Não foi por acaso que o marqueteiro oficial, João Santana, apareceu na revista "Época" no mesmo sábado em que Marina anunciava seu golpe de mestre, falando uma série de sandices a respeito de "anões" e "soberanas" Afirmava até mesmo, para sua infelicidade, que, entre os anões, o mais fraco era justamente o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Estavam ali registrados os dois planos em que se dá essa disputa: de um lado, a arrogância dos mais fortes; do outro, a astúcia da sabedoria, o marketing político contra a política com P maiúsculo, que transforma a realidade, enquanto o marketing a distorce para vender uma imagem, que quase nunca corresponde à vida real.

Os dois assumiram a tarefa de traduzir em gestos e atos os anseios das ruas. Para muitos, porém, Marina, com a decisão de participar do jogo político por dentro, deixou de ser reflexo da vontade de mudar o modo de fazer política, e as coligações diversificadas que Campos já fechara com políticos oriundos da direita começam a ser colocadas em xeque pelos "marineiros" Nada indica, também, que a soma dos dois acabará representada nas pesquisas, o que, à primeira vista, poderá desanimar os apoiadores, podendo até mesmo estimular o aumento de votos nulos. A narrativa que Campos e Marina começaram a montar no sábado, e que ficará mais explícita com o passar dos tempos, inclusive na propaganda partidária, é a de que se uniram para "acabar com a Velha República" e encerrar a polarização entre PT e PSDB.

Vai ser um ano interessante; tanto no sentido estrito da palavra quanto no confuciano; de t turbulências infindáveis impedindo a tranqüilidade. O fato é que a ex-senadora Marina Silva, que já estava sendo dada como "abatida" ao decolar e classificada de incompetente por não ter conseguido organizar a tempo seu | partido, deu um golpe de jiu-jitsu no governo, aproveitando sua própria força para derrubá-lo.

Passada a euforia, porém, virá a ressaca. A realidade de nosso sistema político-partidário pode atropelar o sonho de representar uma maneira nova de fazer política. Nas redes sociais, já estão registradas as frustrações dos "marineiros" que em sua maioria prefeririam que ela estives: se fora a vê-la abraçada a | um político tradicional, de um partido tradicional, que tem alianças tradicionais pelo país afora.

Marina, que tem suas raízes na política tradicional, é capaz de lidar melhor | com essas contradições do que a maioria de seus seguidores. O choro que se seguiu ao anúncio, na madrugada de Brasília, prossegue na rede, e foram os políticos tradicionais que traduziram para a realidade do país a decisão tomada.

Lembraram aos "marineiros" frustrados de que a "filiação democrática" foi a maneira que muitos partidos de esquerda, que não foram para a luta armada, encontraram para participar da política no MBB, contra a ditadura militar.

A entrada de Marina no PSB transformou a Rede num partido clandestino dentro da democracia, numa imagem que ela encontrou para estimular seus seguidores a fazerem guerra de guerrilha contra os que a queriam ver fora da disputa.

Mas essa guerrilha "marineira" pode levar problemas para a "coligação democrática" pois os institutos de pesquisa não deixarão de medir a popularidade de Marina, mesmo ela teoricamente fora da disputa.

A um ano das eleições, o jogo está embaralhado, e caberá aos jogadores se moverem da melhor forma possível pelo campo de batalha redesenhado.

Os petistas, até mesmo Lula, foram apanhados no contrapé, e uma campanha que já estava sendo estruturada para mais uma vez ser o debate entre os governos FH e Lula terá de lidar com o fato novo de que estará sendo oferecida uma alternativa para o futuro do país, e não uma discussão do seu passado.

Fonte: O Globo

As armas de cada um - Denise Rothenburg

Mantega prepara petistas para reverberar que a economia vai bem, apesar de crescer pouco. Dar a sensação de país vai bem e está em crescimento é o principal instrumento de Dilma para fazer frente a qualquer adversário

A confirmar o cenário que se avizinha para 2014, já se tem uma ideia do que os atuais pré-candidatos farão a partir de agora no sentido de arregimentar aliados às suas pré-campanhas. O governo “venderá” cargos, emendas ao orçamento. Aécio e Eduardo, entretanto, venderão esperanças. Da parte do PSDB, a mercadoria será a esperança de uma gestão mais eficiente, especialmente, na economia. E do PSB, vem por aí o jeitão da nova política, sem o toma-lá-dá-cá explícito dos últimos anos, quando o partido que não recebia o ministério do seu desejo fazia beicinho e acabava levando. E todos os três tratarão de “vender” apoios nos estados, algo que, se bem trabalhado, pode fazer a diferença, caso a disputa fique apertada na hora do voto.

Os exemplos do toma-lá-dá-cá são fartos. Basta ver o PR com o Ministério dos Transportes, onde está hoje o ministro César Borges, da Bahia. Ou o Ministério do Trabalho, lote do PDT. As últimas denúncias só não afastaram o atual ministro porque os petistas não desejam ver o PDT pular para do palanque de Dilma. O mesmo vale para o PP no Ministério das Cidades.

Obviamente, os cargos que dão direito a carro oficial com placa verde e amarela têm seu charme e, às vezes, desgastes, como o uso do helicóptero em Santa Catarina pela ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, estampada com exclusividade nas páginas do Correio. Mas pode representar uma faca de dois gumes e tirar voto se a coisa ficar tão explícita ao ponto de colar em Dilma a imagem da velha política.

Ela já tem a desvantagem, para o público jovem, de ser a única pré-candidata com mais de 60 anos, a contar pela preferência da cúpula do PSDB e do PSB registradas até o momento, um ano antes da eleição. Será ainda a única que comeu o pão que o diabo amassou no período da ditadura militar, quando Eduardo e Aécio ainda eram crianças. Até por isso, os dois tratarão de colocar o PT e a relação do partido de Lula com o PMDB, no papel da velha política espelhada na candidatura pela reeleição da presidente.

Enquanto isso, no Planalto…
A presidente, embora tenha plena consciência de que a junção de Eduardo e Marina Silva não é a melhor notícia que ela poderia receber, jogará com a principal arma que tem, ou seja, o próprio governo. Ontem mesmo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, estava no Instituto Lula, dando munição aos petistas para defender a economia nos próximos dias. Lá estavam, por exemplo, Devanir Ribeiro, Rui Falcão, Arlindo Chinaglia e o senador Wellington Dias, ex-governador do Piauí. Coincidência ou não, na quarta-feira haverá reunião do Conselho de Política Monetária (Copom) que traz a perspectiva de mais uma alta nos juros. Isso, sim, na avaliação do PT, é um problema.

Dilma e Mantega estão preparando o PT para responder diretamente aos adversários na hora em que o Copom trouxer uma verdadeira má notícia. Para isso, Mantega explicou ontem a diversos integrantes da legenda reunidos no Instituto Lula que a partir de 2014, o crescimento será maior, o Brasil está investindo em infraestrutura e a economia cresce, ainda que devagar, num momento em que a Índia cai, e que a China caiu e se estabilizou. É isso que, na opinião do partido de Lula, fará a diferença na hora do voto. E é isso que os petistas farão chegar aos aliados, como forma e manter todos na órbita governamental.

E nos partidos…
Nada disso, entretanto, será suficiente para fazer os partidos entrarem de corpo e alma na campanha de Dilma se, nos estados, ela e Lula ficarem apenas voltados aos palanques petistas. O escaldado Geddel Vieira Lima, pré-candidato a governador da Bahia, por exemplo, ligou ontem para Eduardo Campos. Sabe como é, Geddel já viu Dilma desfilar com o petista Jaques Wagner em 2010 e se reunir com o PMDB apenas em recintos fechados. Por isso, busca hoje outros candidatos a presidente para chamar de seu. Há quem diga que Geddel abre uma porta que outros podem seguir. Mas essa é outra história que hoje depende mais do PT do que de qualquer outro candidato.

Fonte: Correio Braziliense

Política na veia - Dora Kramer

A narrativa da tentativa de criar um partido a tempo de concorrer por ele à eleição de 2014 não foi das melhores, mas o desfecho ante a adversidade da recusa do registro da Rede foi um lance político admirável, como há muito não se via. Inesperado, surpreendente, competente, pragmático no melhor sentido da palavra e feito em termos decentes, o acordo entre a ex-senadora Marina Silva e o governador Eduardo Campos dá um sacode geral nos preparativos para a campanha presidencial. "

É cedo para dizer se de fato muda o cenário da eleição, mas sem dúvida alguma altera o quadro de acordos e a correlação de forças nesse período pré-eleitoral. Um movimento taticamente irrepreensível mais não seja por ter subvertido o previsível.

As maneiras adotadas devolvem um pouco de altivez à atividade política por pautadas em estratégia, identificação de propósitos e definição de um objetivo claro: derrotar os atuais condôminos do poder. Muito mais legítimo que o festival de chantagens e barganhas que tem conduzido conversas entre partidos. Nesse sentido, o acordo fechado na sexta-feira à noite é um ponto fora da curva no padrão lamacento em vigor.

Mostrou que Marina não se põe acima do bem e do mal como muitas de suas atitudes ao molde de maria santísisima levam a crer. Venceu a tentação da omissão e foi ao jogo sem abrir mão da coerência. Entendeu que quem tem voto precisa saber conferir materialidade a eles para além do terreno das boas intenções. União Campos-Marina é ponto fora da curva no padrão de acertos eleitorais

A aliança dificulta a vida do PSDB? Sem dúvida, mas esta já não estava fácil mesmo. Tem mais a perder quem dispõe de mais e se imaginava com a vida ganha. O PT, como atesta entrevista do marqueteiro João Santana à revista Época desta semana, fazendo pouco dos adversários da chefe, Dilma Rousseff.

Segundo ele, a presidente será reeleita no primeiro turno devido a um fenômeno denominado por Santana de "antropofagia de anões". Mais que uma precipitação, a declaração mostra-se ofensiva ao falar em "anões ". Na política, o termo evoca aquele grupo que nos anos 90 tomava de assalto a Comissão de Orçamento no Congresso e foi alvo de CPI que ceifou mandatos.

Do ponto de vista das pesquisas, Marina, Campos, Aécio Neves e José Serra podem ser tidos como nanicos em face da dianteira da presidente. Mas sob o aspecto político fazem movimentos na direção do fortalecimento do campo oposicionista. A permanência de Serra no PSDB impede a fragmentação dos eleitores fiéis ao partido. A aliança entre Marina e Campos confere substância mútua e, portanto, importância, a uma alternativa.

Ela dá a ele potencial de capital eleitoral, a chancela do "novo". Ele agrega estrutura, expectativa de financiamento, passaporte ao Nordeste, densidade no quesito confiança administrativa. Um quê de tradicionalismo ás vezes ajuda na compreensão da maioria ainda pouco afeita a modernismos.

Se essa receita vai resultar em êxito, é outra história a ser contada a partir de agora pela capacidade de articulação entre os grupos que se juntam, de conquistar adesões partidárias, de construir um discurso atrativo ao eleitorado, de firmar compromissos nítidos com a sociedade.

Não se pode, entretanto, subestimar a reação do governo. O ex-presidente Lula, tido como o mais esperto entre todos os espertos, levou uma volta de dois ex-aliados. Não vai se conformar nem medir esforços no contra-ataque que, ninguém se iluda, avizinha-se dos mais pesados.

Passe livre. Na conversa de sexta-feira à noite em Brasília, Eduardo Campos assegurou a Marina que o PSB não criará obstáculos à sua desfiliação do partido quando a Rede Sustentabilidade obtiver o registro na Justiça Eleitoral.

Passadas as eleições, bem entendido, porque antes disso a nova legenda não terá condições legais de participar de coligações eleitorais.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Os sonháticos e os pragmáticos - Eliane Cantanhêde

O efeito eleitoral e a quantidade de votos ainda são uma incógnita, mas a surpreendente aliança de Eduardo Campos e Marina Silva foi, seguramente, um grande lance político --e com efeitos.

Marina tem origem no PT e Campos é do PSB, aliado de primeira hora do PT, de Lula e, por extensão, de Dilma. A mensagem e o impacto da união das duas forças são relevantes e forçarão todas as outras peças a se mexerem: Lula, Dilma, Aécio e até Serra, hoje em compasso de espera.

Do ponto de vista dos votos, ou da aritmética, pode haver uma soma zero, pois o resultado não parece aumentar a hipótese de segundo turno. Do ponto de vista político (ou da matemática?), as combinações se tornam muito mais complexas.

A candidatura Eduardo Campos deixou de ser uma possibilidade, para se tornar realidade. Isso significa atrair microfones, holofotes e um punhado de partidos, políticos e empresários interessados. Campos, o lanterninha nas pesquisas, mudou expressivamente de patamar.

Marina fez caminho inverso, pois sua candidatura era uma realidade e, só com muita boa vontade, continua a ser uma possibilidade. Isso significa que seus seguidores estão em fase não só de avaliação, mas de aflição. Deram um pulo no escuro e ainda não veem luz no fim do túnel.

O desafio de Campos e Marina, a partir do anúncio de sábado, é somar suas forças, não subtrair uma da outra. É unir o sonho da Rede Sustentabilidade (que não está morta...) ao pragmatismo e à bandeira da eficiência dos apoiadores de Campos. Ou os votos dos sonháticos urbanos, indigenistas e ambientalistas aos de pragmáticos como Jorge Bornhausen, criador do PFL e do DEM, e Ronaldo Caiado, líder ruralista.

A força de Marina tem de atrair o seu eleitor para o desenvolvimentismo de Campos. E Campos tem de convencer o seu de que sustentabilidade não é atraso. O contrário é um desastre: Marina perde o que tem, e Campos, o que nem chegou a ter.

Fonte: Folha de S. Paulo

Marina Silva pode ser um rabo de foguete - Raymundo Costa

A condição do acordo firmado por Marina Silva com o PSB pressupõe a candidatura presidencial do governador Eduardo Campos (PE) na eleição de 2014 e não o contrário. Este é o desafio para PSB e Rede Sustentabilidade, nos próximos meses de acomodação dos dois partidos numa aliança firmada de cima para baixo. Com 4% das intenções de voto, segundo a última pesquisa eleitoral do Ibope, Campos será pressionado a crescer rapidamente, pois a ex-senadora Marina Silva, de acordo com o mesmo levantamento, está com 16%, em segundo lugar, abaixo apenas dos 38% da presidente Dilma Rousseff.

O próximo passo, agora, é encaixar os dois partidos da forma mais suave possível. Haverá o atrito normal do contato de uma superfície com a outra, mas pode ser suavizado. O Rede ficou de logo entregar ao PSB uma relação de seus projetos estaduais. À primeira vista não há grandes problemas de conciliação. Em São Paulo, a intenção das duas siglas é lançar o deputado Walter Feldman, que se desfiliou do PSDB e assinou a ficha de inscrição no PSB, candidato a governador e a deputada Luiza Erundina ao Senado - o deputado Márcio França insiste no apoio à reeleição de Geraldo Alckmin. Em Alagoas, o Rede tem compromisso com a candidatura de Heloisa Helena (PSOL) ao Senado.

São situações replicáveis por todo o país, mais ou menos difíceis de contornar dependendo do desempenho de Campos, após a aliança com Marina. Se a ex-senadora mantiver quatro vezes mais que o governador, nas pesquisas de opinião, é inevitável que Campos comece a ser questionado dentro da própria aliança. "Se o Eduardo Campos não crescer, Marina será uma presença acicatante do lado dele", dizia ontem um ministro do governo Dilma, já atrás de uma formulação para enquadrar a aliança. Em resumo, Marina poderá ser um rabo de foguete.

Agora vem a parte mais difícil da aliança PSB-Rede

Marina Silva não tem um partido grande, mas precisa assentar as bases do Rede Sustentabilidade, pois em algum momento seguinte à eleição ocorrerá a separação entre as duas organizações, mesmo com a manutenção da aliança, encorpada de outros partidos, se a empreitada obtiver êxito eleitoral. Ultrapassada essa barreira, urgente, resta saber se a união de Eduardo Campos com Marina dá liga, se a maioria dos 20 milhões de votos de Marina, na eleição de 2010, migra ou não para a candidatura Campos.

Na política brasileira não são muitos os casos de políticos que conseguiram transferir votos em massa. Na eleição de 1989, concorrendo pelo PDT, Leonel Brizola conseguiu transferir para Luiz Inácio Lula da Silva a grande maioria dos votos que obteve no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul. Outro exemplo é o do próprio Lula na eleição de 2010, quando "inventou" com sucesso a candidatura de Dilma Roussef, que até então não havia disputado um único mandato eletivo. Marina certamente pode ajudar no desempenho de Campos nas maiores metrópoles, onde obteve boa parte de seus 20 milhões de votos.

O PSB e Eduardo Campos, aparentemente, têm uma noção clara de que é preciso agir com rapidez para transformar o fato novo, momento de interferir no processo político, em fato consumado. Prova disso é que já está sendo alterada a propaganda partidária do PSB, prevista para ser exibida nesta quinta-feira, dez minutos em que o protagonismo será todo do governador de Pernambuco, de Marina Silva e da deputada Luiza Erundina. É o momento de apresentar a parceria ao país, além da grande exposição de mídia ocorrida com o anúncio surpresa de que Marina Silva, sem o registro do Rede Sustentabilidade, decidiu se aliar ao PSB.

A dupla já desenhou o discurso de que a aliança PSB-Rede é uma alternativa surgida de dentro do governismo. É o que Eduardo Campos diz quando afirma que é possível fazer mais de um modo diferente. O modo que Eduardo pretende vender é o do estilo de comando e de tomada de decisões, num governo mais aberto ao diálogo com a sociedade, de um modo geral, as classes empresariais e o Congresso. Isso mantendo o discurso de "desenvolvimento para todos" e de identidade com a base social do governo que integrou nesses mais de dez anos. O alvo do jeito "diferente" é Dilma, e não por acaso a presidente da República mudou de comportamento, desde os protestos de junho.

Marina, por seu turno, estabeleceu uma referência ideológica, ao pintar o petismo com as cores do autoritarismo chavista. A ex-senadora está convencida de que o governo e o PT de alguma forma dificultaram a validação de assinaturas, pelos cartórios eleitorais, para a criação do Rede Sustentabilidade - apesar de ser evidente que Marina Silva abusou da sorte e possivelmente, subestimou o poder de fogo dos adversários, ao deixar para a última hora providências urgentes. Eduardo e Marina, por enquanto, sem dúvida ecoam segmentos do eleitorado de oposição, resposta que o senador Aécio Neves (PSDB) ainda não conseguiu dar.

Ao se filiar ao PSB, Marina Silva manteve seu título eleitoral no Acre. Antes de encerrado o prazo de filiação para quem vai concorrer em 2014, a ex-senadora chegou a ser cogitada como candidata, ao Senado ou ao governo do Estado, também do Rio de Janeiro e do Distrito Federal, locais em que foi muito bem votada em 2010. Agora não há mais saída: ou é candidata no Acre, o que é pouco provável, ou será vice de Eduardo Campos, pois o pressuposto da aliança é que o governador de Pernambuco será o candidato. Acredita-se no PSB que a situação inevitavelmente evoluirá nessa direção. Se sair tudo certo, é claro, pois sempre há margem para o imponderável, como acabam de provar Eduardo e Marina.

A rigor, não existe um acordo para Campos enviar ao Congresso, se for eleito presidente da República, projeto de emenda constitucional propondo o fim da reeleição para presidente. Na realidade esse é um projeto do PSB, junto com unificação da data das eleições no país e o estabelecimento do mandato de cinco anos para cargos no Executivo.

Fonte: Valor Econômico

O jogo e seus efeitos - Tereza Cruvinel

As nuvens mudaram de forma, como dizia um velho político mineiro, pela ação ousada de alguns atores, e nisso é que reside a maior graça da política. Alterou-se bruscamente o quadro eleitoral. Como jogada política, a aliança entre a ex-ministra Marina Silva e o governador Eduardo Campos, do PSB, foi espetacular: surpreendeu os adversários e até mesmo os aliados, furou a imprensa e impactou a grande plateia brasileira. Mas, para avaliar os efeitos reais sobre a sucessão presidencial, teremos que aguardar, pelo menos, uma pesquisa eleitoral realizada sob as novas circunstâncias e as indicações que ela trará pelo menos sobre uma das variáveis em questão: a base política de Marina, que embarcou no projeto da Rede acreditando em uma nova forma de fazer política, aprovou a jogada e estará com ela ao lado de Eduardo Campos?

O PT e o governo viram dois ex-aliados se unirem com discurso de oposição. Poderão constituir uma terceira via mais musculosa para quebrar a polaridade PT x PSDB. A ordem entre os governistas, inclusive na reunião de avaliação da conjuntura econômica coordenada pelo ex-presidente Lula em São Paulo, era observar e avaliar. O PSDB também vê ameaçada a posição de principal alternativa de poder ao PT, com riscos de complicação para a candidatura do senador Aécio Neves. Tendo o ex-governador José Serra permanecido no partido, ao primeiro sinal de fragilidade da candidatura de Aécio, ele voltará a reivindicar o posto. Mesmo essas leituras óbvias, entretanto, estão partindo do pressuposto de que a chapa Eduardo-Marina representará a soma das condições favoráveis a um e a outro, a começar pelo segundo lugar nas pesquisas, antes ocupado por Marina como presidenciável.

Voltando à primeira questão, pelo que se pôde ver ontem nas redes sociais, muitos ficaram decepcionados, seja pela forma unilateral como a decisão foi tomada, no varar de uma noite, sem maiores consultas e debates, seja pelo fato de muitos não enxergarem em Eduardo Campos e no PSB nada de diferente em relação ao que Marina chama de “velha política”. De fato, o jogo que ele joga é o mesmo que jogam o PT, o PMDB, o PSDB e outros partidos. O deputado José Antônio Reguffe, que esteve com Marina na luta pela Rede, dizia ontem: “Como cidadão que acredita na necessidade de mudar a forma de fazer política no Brasil, estive com Marina no projeto da Rede, e por ele me empenhei. Quanto a Eduardo, espero que ele me convença de que representa essa ruptura com as velhas práticas”.

Num ato falho, ao assinar a ficha de filiação ao PSB no sábado, Marina falou em “aliança pragmática”, corrigindo-se depois. Queria dizer programática. Mas foi o pragmatismo, e o ressentimento do PT, que a moveu, a partir do momento em que o TSE negou registro à Rede. O que ela priorizou, ao preferir o PSB ao PPS, foi a criação de um campo antipetista mais forte, porque egresso da própria coalizão.

Outro problema da aliança diz respeito à heterogeneidade da aliança, que inclui, por exemplo, o grupo demista do deputado Ronaldo Caiado, que apoia Eduardo Campos e votou contra Marina no caso do Código Florestal, sem falar na família Bornhausen, de Santa Catarina, forte expressão do pensamento conservador. O empresariado da indústria de base, que anda encantado com o governador de Pernambuco, teve conflitos com Marina, quando ela era ministra, pelos problemas que criou para licenciar alguns projetos. 

A chapa enfrentará dificuldades não desprezíveis, de natureza eleitoral. Uma, o exíguo tempo de televisão, que, mesmo com o apoio do PPS, mal passaria de dois minutos, contra 10 minutos de Dilma, se ela mantiver boa parte dos partidos da coligação de 2010. E há também o problema de palanques nos estados. Antes da aliança, o PSB, desprovido de bons candidatos a governador na maioria das unidades da Federação, tendia a apoiar nomes do PSDB muito mais do que os do PT. Se se tornar a segunda força, a chapa não poderá ser linha auxiliar de tucanos ou petistas nos estados. Terá que montar seus palanques. Finalmente, a interrogação. Marina tem, em média, 20 pontos percentuais, contra uma média de 5 pontos dele. Se as próximas pesquisas continuarem avaliando os nomes separadamente, e mostrando que ela tem mais votos, ele continuará sendo cabeça de chapa?

A escolha de Fux
Alguns ministros do Supremo Tribunal Federal não gostaram da forma pela qual o ministro Luiz Fux foi escolhido como relator dos embargos infringentes, no fim daquela sessão de desempate pelo voto do ministro Celso de Mello. O regimento exigiria que o sorteio ocorresse em sessão administrativa, durante o expediente. O ministro Ricardo Lewandowski estava disposto a questionar o processo, mas parece ter recuado depois da contenda com o presidente da Corte, Joaquim Barbosa, negando-se a devolver ao órgão de origem a funcionária que é mulher do jornalista Felipe Recondo, que ele mandou chafurdar no lixo.

Fonte: Correio Braziliense

Golpe de mestre? - Hélio Schwartsman

A filiação de Marina Silva ao PSB de Eduardo Campos foi um golpe de mestre ou representa o embarque numa canoa furada?

Em termos puramente aritméticos, a decisão de Marina mais subtrai do que soma. Se o objetivo da oposição é derrotar Dilma Rousseff, deve antes forçar a realização de um segundo turno, para o que, quanto mais candidatos competitivos estiverem na disputa, melhor.

Obviamente, Marina e Campos sabem fazer essa conta. Se resolveram se juntar, é porque acreditam que a aliança vai alterar a dinâmica do processo eleitoral, rompendo a polarização PT-PSDB, que se repete em graus variados de magnitude desde 1994. É uma aposta interessante.

Em seu favor, a dupla tem o fato de poder apresentar-se como uma oposição à esquerda --ambos foram ministros de Lula--, o que, no Brasil, sempre faz mais sucesso do que o discurso liberal ou conservador, ainda que, no poder, nenhum governo hesite antes de ligar-se ao que há de mais atrasado na política do país.

Se a estratégia tiver sucesso parcial, o grande derrotado terá sido o PSDB, que perderia o posto de segunda força e o direito de medir popularidade com Dilma num segundo turno.

Contra o socialismo verde pesa a natureza humana. Campos e Marina não chegaram a definir com clareza quem será a cabeça de chapa em 2014. O governador de Pernambuco tem a máquina do partido, mas a ex-senadora traz consigo a preferência de mais de 20% do eleitorado. Não será, portanto, um casamento fácil.

De todo modo, só se poderá carimbar que a aliança foi mesmo um golpe de mestre se a dupla conseguir derrotar Dilma, que tem a enorme vantagem de estar no comando do governo federal. Aqui, eles precisariam de auxílio externo, que poderia vir na forma de uma sensível piora da economia --cenário pouco provável--, ou de uma nova crise de mau humor, como a de junho. Mas aí já estamos falando do imponderável.

Fonte: Folha de S. Paulo

Panorama Político - Ilimar Franco

Dilma e Aécio sob pressão
Um joga o peso sobre o ombro do outro. Mas o governo e a oposição estão pressionados. Ambos estão desconcertados com a aliança Eduardo Campos/Marina Silva. O desafio do PT é manter sua ampla aliança e garantir, para a presidente Dilma, 50% do tempo de TV. O desafio do PSDB é criar fatos para demonstrar que Aécio Neves ainda é capaz de mobilizar e aglutinar outras forças.

O poder de barganha dos aliados
Os partidos que gravitam em torno do PT e do PSDB ganharam um poderoso instrumento de pressão. Petistas e tucanos são conhecidos por tratar seus aliados a pão e água. Agora, embalado por Marina Silva, o candidato do PSB, Eduardo Campos, será mais sedutor na atração de aliados para ampliar seu tempo de TV. Os tucanos não vão mais poder esnobar o DEM. O mesmo vale para o PT e sua compulsão em atropelar o PMDB. A dobradinha Eduardo/Marina mudou a eleição. O Planalto vai rebolar para manter pequenos e médios partidos na aliança. Os tucanos já estão correndo atrás dos partidos que sobraram. Mas nem Eduardo nem Marina assoviaram ainda.

"0 Eduardo Campos fez uma jogada brilhante, engenhosa e surpreendente"
José Sarney "
Senador (PMDB-AP) e ex-presidente da República

O peso do vice
No governo, para minimizar o impacto do movimento de Marina Silva, comenta-se que "vice é vice" e que "não se vota em vice"! Como exemplo, é citado o caso Leonel Brizola, vice de Lula nas eleições presidenciais de 1998.

Mas, para os opositores, Marina Silva viabilizou Eduardo Campos e os salvou de uma eleição plebiscitária.

Ressentidos
Depois de terem levado um drible de Marina Silva, dirigentes do PPS preveem que ela vai passar meses se explicando. O raciocínio:

"Marina não fez a opção por um partido, mas por apoiar uma candidatura. Ela vai sangrar"

Dilma: "Ela tem prestígio político"
Na reunião com os líderes da base na Câmara, ontem, a presidente Dilma perguntou o que eles acharam da filiação de Marina Silva ao PSB.
Depois de ouvir os líderes do PT, José Guimarães, e do PTB, Jovair Arantes, minimizarem o fato, Dilma tomou a palavra: "Não. Não penso que seja assim. Ela tem seu prestígio político." A conversa informal sobre o tema durou uns 15 minutos.

É preciso adoçar Marina
Ninguém no governo e no PT, segundo porta-vozes do Planalto, imaginava que Marina Silva guardasse tamanho ressentimento contra seu ex-partido e a presidente Dilma. Ela os culpa por a Rede não ter seu registro aprovado pelo TSE.

Divisão na base
O PMDB não está fechado com o texto da MP do Mais Médicos. Seus deputados vão apresentar emenda de plenário instituindo o plano de carreira dos médicos. O partido calcula que 80% da bancada é contra o projeto que será votado.

Resposta-padrão
Os tucanos receberam, no sábado pela manhã, ordem de unificar o discurso. Pelo WhatsApp, aplicativo para conversas em celulares, Aécio Neves enviou de Nova York a sentença repetida pelos seus: "A decisão fortalece a oposição"

FALA o cientista político Antônio Lavareda: "Quem vai eleger o próximo presidente será aquela velha senhora, a economia. É assim desde 1998."

Fonte: O Globo