Revista IstoÉ
O desafio aos democratas será manter o nível da campanha eleitoral sem cair nas inevitáveis provocações dos bolsonaristas
Vivemos uma situação política anômala: o
candidato à reeleição ao Palácio do Planalto já está
derrotado meses antes do pleito. É um cadáver político que perambula pelo País
falando para ninguém ouvir. Isto é positivo, pois significa que o Brasil
evoluiu e busca agora uma solução política racional para uma grave crise. Mas,
por outro lado, deixa Jair
Bolsonaro livre para agir contra as
instituições, uma ação desesperada, de derrotado, que teme o final de mandato e
a possibilidade, a cada dia mais real, da prisão.
O eleitor gostaria de antecipar o pleito. Vai ser uma agonia aguardar o dia 2 de outubro. Isso porque já se sabe – e desde o ano passado – que não há governo. O Palácio do Planalto encaminha as tarefas administrativas rotineiras, mas não consegue desenhar sequer o que fará na semana seguinte. Não há planos ou projetos para 2022. Os atos são decididos e encaminhados de forma improvisada, repetindo a “ação legislativa” de Bolsonaro em trinta anos de vida parlamentar. A aproximação com o “big center” é uma ação desesperada e não produto de um fabuloso cálculo político.