“No entanto, não demorou muito para que a máscara começasse a cair. O Brasil escondido pelo governo na campanha eleitoral está se revelando a cada dia. Alertei durante todo o processo sobre os riscos da inflação. Perante toda a nação, a presidente insistiu em negar o problema evidente da alta de preços, da carestia. O desenrolar dos fatos mostrou quem tinha razão.
Apenas três dias após as eleições – repito: três dias – o Banco Central elevou os juros já escorchantes da nossa economia e não sei se irá parar por aí…
Para a presidente, em sua campanha, elevar os juros era retirar comida do prato dos mais pobres.
Pois bem, se isso era verdade, foi o que ela fez logo que ganhou as eleições: prejudicando os brasileiros mais carentes. E sabia que iria fazer isso!
O governo escondeu o rombo das contas públicas brasileiras, que registraram em setembro o pior resultado da nossa história: R$ 20 bilhões num único mês! Resultado: desde o início do governo Dilma, a dívida pública brasileira já cresceu mais de oito pontos do PIB apenas nesse período.
Escondeu reiteradamente que havia a urgente necessidade de ajustes, mas agora antecipa que eles deverão ser “duríssimos”, no ano que vem, em meio a um ambiente econômico que já não cresce e que a cada dia gera menos empregos.
Para complicar, o déficit comercial só cresce, indicando problemas flagrantes na competitividade da nossa economia, e o rombo nas contas externas aumenta e nossas taxas de investimento e poupança só diminuem. Chegamos a ter a menor taxa de nossa economia em décadas.
A candidata oficial também negou a necessidade de reajustar tarifas públicas e, mais que isso, acusou a minha candidatura de estar preparando-os, caso vencêssemos as eleições.
Pois bem, a presidente já está fazendo o que disse que não faria: na próxima semana, teremos o aumento da gasolina e já nesta semana as tarifas de energia sofrerão reajustes que simplesmente anulam toda a redução obtida com a truculenta intervenção havida no setor elétrico nos últimos dois anos.
Sem falar na ameaça, estampada nos jornais de hoje, de que no verão nos esperam apagões de energia.
E o mais grave, senhoras e senhores, ao omitir dos brasileiros a verdade, e adiar medidas necessárias a conta a ser paga aumenta exatamente para aqueles que menos têm.
Me orgulho de ter feito uma campanha limpa
Mas isso parece não importar aos donos do poder. Ganhamos, devem estar dizendo, e é isso que importa.
Quem falou a verdade foi tachado de pessimista, de ser contra o Brasil, e quantas vezes ouvi essas acusações.
Mas a história rapidamente mostrou quem tinha razão: esconder, camuflar, virou a rotina deste governo.”
Aécio Neves, senador (MG) e presidente nacional do PSDB, no seu primeiro pronunciamento no Senado, em 5 de novembro de 2014