O Globo
A banalização, pela repetição de argumentos
vulgares, de certas situações que já mereceram, ou mereceriam, repúdio por
parte da sociedade, é marca desse nosso mundo digital, em que qualquer um tem a
seu alcance instrumento de amplificação de seus pensamentos, que antes não iam
além das mesas de botequins ou conversas privadas, que só afetavam seus
participantes.
Parece ser o caso do podcaster Monark, um ignorante a quem milhares deram um
microfone e um canal de internet, e do deputado Kim Kataguiri, um liberal “à
outrance”, que não distingue os limites razoáveis para suas posições. Esse
regime de “vale-tudo”, na cabeça de Kataguiri, levaria a que o nazismo não
fosse criminalizado para que a sociedade debatesse abertamente seus conceitos e
objetivos e os repudiasse nas urnas.
A contrapartida seria termos que ouvir políticos do Partido Nazista defendendo
a morte de judeus, ciganos, negros, homossexuais, pessoas com deficiência,
questão já superada pela ética da convivência humana em sociedades minimamente
civilizadas, que leva à empatia com os sofredores e à solidariedade com as
minorias, que devem ser protegias pela lei.