quinta-feira, 19 de julho de 2012

OPINIÃO DO DIA - Roberto Jefferson: mensalão

Me foi oferecida a troca: eu sairia da presidência do PTB, a daria ao Walfrido. Seria nomeado um delegado ferrabrás para o processo. E o relatório seria pela minha absolvição, pelo não indiciamento. Quer dizer, eu viveria de joelhos, sairia pela porta dos fundos. Eu falei: "Não vou, não. Entrei pela porta da frente e vou sair pela porta da frente. Ou vocês arrumam isso que vocês montaram ou vou explodir isso". Não toparam e foi o que eu fiz. Acharam que ia me acovardar, que eu tinha jeito de Valdemar Costa Neto (presidente do extinto PL, hoje PR, e réu do mensalão), que ia renunciar para depois voltar. De joelho eu não vivo, caio de pé. Fiz o que tinha que fazer. Fui julgado errado pela turma do PT.”

O líder do governo (Arlindo) Chinaglia foi à minha casa e fez a proposta. Eu disse: "Não tem a menor chance de dar certo. Não vai para frente".

Roberto Jefferson, ex-deputado federal, cassado, em entrevista O Estado de S. Paulo, 19/7/2012

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
Oi, TIM e Claro são proibidas de vender novas linhas de celular
Palácio manda endurecer com grevistas
Um dia de atentados - Bomba no centro do poder sírio

FOLHA DE S. PAULO
Anatel suspende venda de planos de TIM, Oi e Claro
Tratamento anti-Aids deve ser universal em 3 anos, diz ONU
Superávit cai pela primeira vez na gestão Dilma e meta é ameaçada

O ESTADO DE S. PAULO
Atentado em Damasco mata dois generais de Assad
Anatel proíbe venda de novas linhas de Oi, TIM e Claro
Filho de Paulinho deixa secretaria
Jefferson acusa PT de ter tentado silenciá-lo
Plano de R$ 22,6 mi para Cumbica é engavetado
Defesa admite que Maluf tem conta em Jersey
Número de mortes por aids cai 24% no mundo

VALOR ECONÔMICO
Intervenção da Anatel em celulares surpreende setor
Mão de obra formal dobra na construção
Senado não vai alterar as MPs do Brasil Maior
Escolher ações ficou muito mais difícil

BRASIL ECONÔMICO
Governo define as categorias de servidores que vão ter reajustes
Gigante francesa Areva fornecerá usinas de energia solar no Brasil

CORREIO BRAZILIENSE
Enfim, Anatel pune 'caladão' das teles
Um morto e muitas suspeitas
Sujeira e negociação
Dirceu nega até influência sobre o PT

ESTADO DE MINAS
Quanto custa seu voto
Anatel barra vendas de linhas da TIM em Minas
Gripe suína: Remédio à mão 24 horas todos os dias
Eleições em Minas: Falha abre espaço para ficha-suja voltar às urnas
Aids: Mortes caem 24% no mundo em seis anos

ZERO HORA (RS)
Punida pela Anatel, Oi será impedida de vender chips no RS
Taxa de homicídios cresce 33% no RS

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Violência cai entre jovens
Vendas de celular são suspensas
Menos verbas

O que pensa a mídia - editoriais dos principais jornais do Brasil

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

10 mil marcham na Esplanada

Com o dobro de manifestantes que o esperado, movimento parou o trânsito na área central de Brasília. As seis faixas do Eixo tiveram de ser fechadas

Depois de dois dias de movimentação fraca, a manifestação dos servidores cumpriu o prometido e reuniu na manhã de ontem aproximadamente 10 mil pessoas em caminhada pela Esplanada. O número de participantes, estimado pela Polícia Militar, é o dobro do esperado pela Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef). A marcha chegou a ocupar as seis faixas do Eixo Monumental e lotou a Praça dos Três Poderes. A multidão, no entanto, parece não ter intimidado o governo. A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, não recebeu os grevistas e o Palácio do Planalto nem sequer deu sinal de mudança na decisão de não conceder o reajuste salarial aos servidores.

Os manifestantes iniciaram o percurso em marcha às 10h, em frente à Catedral. De lá, seguiram ao Palácio do Planalto e, depois, ao bloco do Ministério do Planejamento. Com o movimento, o trânsito na área central de Brasília foi bastante prejudicado. Para o diretor da Condsef, Sérgio Ronaldo, a intransigência do Executivo em não receber os manifestantes só deve fortalecer o movimento. "O governo não pode continuar nos ignorando. Precisa aprender a administrar esse conflito com os servidores. A greve cresce a cada negativa de diálogo. Vamos nos esforçar para que a ministra do Planejamento nos receba até o último dia do acampamento", enfatizou.


O secretário executivo da Central Sindical Popular (CSP), Paulo Barela, acredita que a marcha de ontem superou as expectativas e deve, sim, pressionar o Palácio do Planalto. "A caminhada serviu para avaliar o fôlego da greve. Depois de 60 dias de paralisação, a mobilização de 10 mil pessoas mostra que o movimento ainda está vivo", garante. O acampamento dos servidores vai até a sexta-feira. No fim da tarde de ontem, eles voltaram a se reunir em frente ao Ministério do Planejamento e foram recebidos pelo secretário de Relações do Trabalho, Sérgio Mendonça. Na ocasião, os líderes sindicais entregaram ao secretário às propostas de cada categoria. Hoje, os manifestantes devem se mobilizar de novo nos arredores do prédio.

Confusão

Apesar de o percurso ter sido cumprido, em termos gerais, de forma tranquila, os protestos excessivos de alguns servidores e estudantes na porta dos ministérios da Educação (MEC) e do Planejamento provocaram um princípio de confusão. Os grevistas entraram em confronto com a polícia ao tentarem pichar os muros do MEC. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, comentou o episódio. "É um ato que agride o patrimônio e não contribui para o movimento. Tenho certeza de que esses jovens não vão se orgulhar disso no futuro", ressaltou.
Mas o clima ficou mais tenso quando manifestantes tentaram ocupar o prédio do Planejamento. Para conter o grupo, a Polícia Militar usou gás de pimenta. Um dos manifestantes chegou a jogar um sinalizador em um policial. De acordo com a PM, duas pessoas foram presas, mas, um tempo depois, liberadas.

Negociações

Os representantes da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU) e do Sindicato dos Urbanitários no DF (Stiu) se reúnem hoje, às 12h, com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, para discutir o reajuste salarial de 10,73%. Já os servidores das agências reguladoras farão, à tarde, uma "marcha da regulação" entre a Catedral e o prédio do Planejamento, que será seguida de reunião com a Secretaria de Relações do Trabalho (SRT) do órgão. A categoria estima que 4,2 mil trabalhadores estão parados.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Grevistas entram em choque com PM no DF

Após pichação do prédio da Educação, houve confronto e policiais usaram spray de pimenta para dispersar manifestantes

O ministro Aloizio Mercadante diz que o Congresso precisa achar fonte de financiamento para a educação no país

Servidores federais em greve protestam na Esplanada dos Ministérios, em Brasília

Flávia Foreque e Natuza Nery

BRASÍLIA - O governo Dilma Rousseff foi alvo ontem da maior pressão já feita por servidores federais desde o início da onda de greves no funcionalismo.

Dez mil servidores, segundo a Polícia Militar do DF, protestaram ontem na Esplanada dos Ministérios exigindo reajuste salarial e reforma em planos de carreira. A passeata terminou em frente ao prédio do Planejamento, que negocia com as categorias.

Houve confronto entre os manifestantes e policiais, que chegaram a usar spray de pimenta para dispersar os grevistas. Latas, chinelos e um sinalizador foram arremessados no empurra-empurra. O Ministério da Educação foi pichado e alvejado com tinta.

A pasta foi a única contemplada por uma proposta de reajuste -professores de universidades e institutos federais estão em greve há pouco mais de dois meses.

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse que o problema é encontrar uma fonte de financiamento para atender as demandas.

"Estou tentando dizer para o movimento [grevista] que esse é o verdadeiro debate. Para mim, essa fonte é o pré-sal, mas o Congresso precisa resolver essa questão", afirmou Mercadante.

A oferta feita pelo MEC na semana passada foi criticada pelos docentes, que alegam que o reajuste só recupera as perdas com a inflação. "A ideia é tensionar para que o governo de fato apresente uma questão concreta", disse Ismael Cesar, da CUT-DF.

Em evento ontem na AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), o presidente do Supremo Tribunal Federal, Carlos Ayres Britto, também voltou a defender reajuste para a magistratura.

"É preciso despendurar os magistrados do cheque especial, do cartão de crédito", afirmou o ministro.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Greve de servidores vira confronto na Esplanada

Manifestação no Distrito Federal acaba em tumulto que PM dispersa com gás pimenta; Mercadante acha ato “legítimo” mas diz que vandalismo "não contribui"

Alana Rizzo, Tânia Monteiro 

BRASÍLIA - Em mais um dia de paralisação, funcionários públicos em greve entraram ontem em confronto com a Polícia Militar do Distrito Federal. O tumulto ocorreu em frente ao Ministério do Planejamento, depois de os manifestantes cercarem o prédio e um grupo pintar a fachada do Ministério da Educação. Entre as pichações, a frase “Negocia Dilma já”.

Na confusão, os policiais chegaram a usar gás de pimenta para dispersar os manifestantes – e dois deles foram presos. Também foram lançados sinalizadores e cones. Integrantes do movimento sindical reclamaram da ação da polícia. Cauteloso, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse que o protesto “não expressa a atitude dos docentes e dos servidores” e que ao vandalismo não contribui em nada”. O ministro disse que considerava a manifestação “legítima e bonita”, mas acrescentou que “um ato que agride o patrimônio público em nada contribui”. Os servidores haviam chegado de diversos Estados e reivindicavam aumento salarial e igualdade dos contracheques dos aposentados com os dos trabalhadores ativos.

A certa altura, a violência preocupou os manifestantes. “A gente que está com criança tem que ficar bem afastado. É muita confusão”, reclamou Angélica Soares, de 32 anos, que está grávida e ali estava com os dois filhos. Sobre a reivindicação dos professores, ela disse que não poderia comentar. “Só sei que querem ganhar mais.”

Desempregada, Angélica faz parte do Movimento Novo Pinheirinho e diz ter participado da manifestação pela promessa de ganhar um lote. “Não sei se avançaram na negociação hoje. Preciso de um terreno porque vivo há muitos anos de aluguel.”

Invasão

À tarde, cerca de 600 famílias do Movimento dos Sem Teto invadiram o prédio do Ministério das Cidades. Os militantes cobravam moradias do programa Minha Casa, Minha Vida e informações sobre as remoções para as obras da Copa de 2014.

A marcha pela Esplanada dos Ministérios começou logo cedo, com um enorme protesto em frente ao Palácio do Planalto, onde foi realizado um enterro simbólico da presidente Dilma Rousseff. A previsão inicial era que ela estaria no Planalto, mas acabou despachando com o ministro da javascript:void(0)Fazenda, Guido Mantega, no Alvorada. As manifestações em frente ao Planalto têm sido praticamente diárias, ao contrário do que ocorria no governo Lula.

Policiais militares, seguranças do Planalto e militares do Exército faziam a segurança das instalações do Planalto. Havia a preocupação de que servidores mais exaltados tentassem seguir da Praça dos Três Poderes para o Planalto, como já aconteceu em outras ocasiões. Também preocupava a polícia militar o fato de haver muita gente participando do protesto. Em nota, o Ministério da Educação informou que a Polícia Federal foi chamada para periciar os estragos feitos (no MEC), para que depois sejam feitos a limpeza e os demais reparos necessários.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Petroleiros começam a fazer paralisações temporárias de até 2h

Categoria se divide em relação à proposta de reajuste no piso da PLR e ameaça aderir à greve dos servidores federais

Sabrina Valle, Sergio Torres

RIO - Com a categoria dividida, os petroleiros começaram ontem a fazer paralisações temporárias contra o reajuste no piso do programa de participação dos lucros proposto pela Petrobrás. Até terça-feira, se não houver acordo, os empregados da petroleira e das subsidiárias ameaçam greve por tempo indeterminado.

Na tentativa de evitar que os cerca de 75 mil funcionários do Sistema Petrobrás (empresa controladora mais subsidiárias) acompanhem outras categorias do serviço público federal e entrem em greve geral, a petroleira apresentou à Federação Única dos Petroleiros (FUP) e à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) a proposta de acréscimo de R$ 2.056 ao piso da cota de Participação de Lucros e Resultados (PLR) de 2011.

FUP e FNP divergem sobre a proposta. Para a FUP, criticada pelo suposto apoio a ações do governo federal desde a primeira gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o aumento do piso do PLR, hoje em R$ 16,5 mil, é aceitável. Para a FNP, não é.

A FNP defende um porcentual maior para o PRL, 25% do que recebem os acionistas, no limite do que a lei permite. "Rejeitamos a proposta e faremos indicativo de greve", afirmou Emanoel Cancella, do SindPetro-RJ.

Enquanto a categoria não chega a um consenso, o projeto de greve geral a partir de hoje foi esquecido, pelo menos até segunda-feira, quando deve ser definido ou não o início do movimento para o dia seguinte.

Até lá, os petroleiros fazem paradas de até duas horas. Das 13h às 15h de ontem, a paralisação foi no Centro Nacional de Controle de Operacional da Petrobrás Transporte (Transpetro), centro do Rio. A adesão foi pequena. Segundo a subsidiária, não houve impacto nas atividades.

Parcial. A partir de hoje e até segunda-feira, os petroleiros do Pará, Maranhão, Amapá e Amazonas vão parar por algumas horas. No Estado do Rio, paralisações ocorrerão hoje e amanhã, quando começam as interrupções em Alagoas e Sergipe.

Desde ontem, o trabalho em unidades em São José dos Campos e no litoral de São Paulo (São Sebastião, Santos, Caraguatatuba e Itanhaém) vem sendo paralisado de maneira parcial.

O temor de que uma greve geral atrase mais ainda os projetos da Petrobrás levou a presidente Graça Foster e o diretor Corporativo e de Serviços, José Eduardo Dutra, a encontraram-se no dia 11 com as lideranças petroleiras para tentar convencê-las a não aderir ao movimento do funcionalismo federal. Não houve acordo na ocasião.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Professores grevistas terão reajuste real, afirma Planejamento

Lucas Marchesini e Luciano Máximo

BRASÍLIA e SÃO PAULO - Em resposta ao movimento grevista das universidades e escolas técnicas federais, que desqualificou a proposta de reajuste salarial do governo com o argumento de que parte dos aumentos não cobre a inflação acumulada até 2015, o Ministério do Planejamento apresentou detalhes que garantem ganho real para os 105 mil professores da ativa e aposentados.

Os cálculos foram feitos com base nos reajustes concedidos desde o início do governo Lula, em janeiro de 2003, até a projeção de inflação para 2015. Para verificar ganho real, foi considerado o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado e projetado no período. O governo usou a marca de 4,7% para a inflação deste ano e o centro da meta, de 4,5%, para os três anos seguintes.

De acordo com os dados, 52 mil professores doutores com dedicação exclusiva, da ativa e aposentados - a maior classe da categoria -, terão acumulado aumento real de 56,82% em 2015. Na outra ponta, os 2,5 mil docentes com carga de 40 horas semanais e título de mestrado terão atingido reajuste real de apenas 0,55%.

Em entrevista ao Valor, ontem, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, reiterou que a ideia do governo é valorizar os professores com maior titulação. Contraditoriamente, os 2,2 mil docentes com carga horária semanal de 20 horas e mestrado alcançarão o maior ganho real, de 77%, considerando o período entre janeiro de 2003 e dezembro de 2015.

O secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, declarou, em nota, que o Brasil vive um "momento econômico delicado" para conceder aumentos salariais, mas que o governo está disposto a dar reajustes "acima da inflação" aos professores. "A valorização dos docentes não começou este ano. A reestruturação da carreira dos professores vem acontecendo desde 2003, com recomposição salarial ano após ano".

Em resposta à manifestação realizada ontem na Esplanada dos Ministérios, Mendonça disse que "os professores vêm recebendo aumentos reais, recompondo as perdas de vencimentos acumuladas em décadas."

Segundo Mendonça, o governo considera 31 de agosto o prazo final para as negociações com os servidores em greve, data em que se encerra também a possibilidade de incluir eventuais reajustes na proposta do Orçamento da União 2013. O governo já afirmou que não considera a concessão de novos aumentos neste ano, mas apenas em 2013.

Além dos professores, estão em greve servidores de 24 Estados e do Distrito Federal do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da Fundação Nacional do Índio (Funai), Fundação Nacional de Saúde (Funasa), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Arquivo Nacional, Hospital das Forças Armadas, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (Dnit), além dos ministérios da Saúde, Justiça, Trabalho, Previdência, Integração Nacional, Agricultura, Desenvolvimento Agrário e Planejamento, além do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), das agências reguladoras e do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Palácio manda endurecer com grevistas

Empresas atingidas podem ir à Justiça do Trabalho pedindo dissídio coletivo

O governo federal vai endurecer com funcionários das estatais e servidores que exigirem reajustes salariais elevados. A orientação do Palácio do Planalto é repor só a inflação (sem aumento real), cortar ponto de grevistas e pedir dissídio em casos de radicalização do movimento. A Eletrobras se prepara para entrar com ação pedindo a ilegalidade da greve. Petrobras e bancos federais também podem ir à Justiça. Servidores em greve tomaram a Esplanada dos Ministérios e picharam o MEC. Devido à paralisação, a inscrição no Sisu foi estendida até amanhã.

Governo manda endurecer com os grevistas

Estatais prometem recorrer à Justiça caso acordo não seja fechado. Ordem do Planalto é não conceder ganhos reais

Geralda Doca

BRASÍLIA . O governo está disposto a endurecer com os funcionários das estatais nas negociações dos reajustes salariais para o segundo semestre. A ordem é não conceder ganhos reais, apenas reposição da inflação; cortar o ponto de grevistas; e entrar com pedido de dissídio na Justiça do Trabalho nos casos em que houver radicalização do movimento.

Segundo interlocutores do Planalto, a Eletrobras já se prepara para entrar com ação no Tribunal Superior do Trabalho (TST) para declarar ilegal a greve nas subsidiárias da estatal, que começou na segunda-feira. A Embrapa entrou com pedido de dissídio coletivo. O mesmo procedimento deve ser adotado pelos Correios, cujos funcionários têm data-base em agosto. A Petrobras e os bancos federais, com data-base em setembro, também deverão recorrer à Justiça, caso não haja acordo.

Por sua parte, a equipe econômica analisa a contraproposta feita aos petroleiros pela Petrobras, anteontem, de aumentar a fatia da Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Segundo uma fonte, o aumento será vetado, caso a soma ultrapasse os 4,5% do lucro líquido da empresa (estimado em cerca de R$ 35 bilhões neste ano) autorizados para PLR.

Planalto cobra dos servidores produtividade

De olho na distribuição de dividendos ao Tesouro Nacional, concentrada no segundo semestre, os petroleiros anteciparam parte da negociação prevista para a data-base. Para evitar a greve, a estatal propôs elevar imediatamente o piso da PLR de R$ 14 mil para R$ 17 mil.

A avaliação do governo é de que os servidores das estatais foram contemplados durante o governo Lula com aumentos expressivos e que agora devem dar um retorno em produtividade para ajudar a economia a crescer. O argumento é que a categoria dispõe de uma série de benefícios (fundo de pensão, plano de saúde, dentre outros) e os salários estão equiparados aos do setor privado. No caso da Eletrobras, quando a holding foi criada, houve uma reestruturação da carreira dos funcionários das companhias de energia.

FONTE: O GLOBO

PIB. Todo esforço do governo, agora, visando só ao do próximo ano:: Jarbas de Holanda

Obrigada a arquivar os enfáticos e reiterados discursos sobre a expansão da economia, primeiro de 4,5 ou 5% este ano, e depois, “de mais de 3%”, mesmo com a persistência da crise do Euro, a presidente Dilma Roussef, em face da realidade compelida a reconhecer, passa a jogar todas as fichas no PIB de 2013, ano em que começarão a ser montadas as peças básicas da sucessão do comando do Palácio do Planalto. Entre as quais a de uma possível onda pró-Lula, se ela não se mostrar então suficientemente competitiva, e se a saúde dele permitir. Quanto ao pleito municipal deste ano, o empenho da presidente é para que o Pibinho já definido não tenha rápidos efeitos negativos nos indicadores sociais, cuja relevância – simbolizada por políticas em favor dos adolescentes – substituiu a que nos discursos anteriores atribuía ao crescimento econômico (como se este não constituísse condicionante essencial à melhoria daqueles).

O Pibinho é consequência de um lado, de fatores externos: o esgotamento de condições muito favoráveis às exportações de nossas commodities minerais e agrícolas, bem como à atração de investimentos propiciada pelas reformas dos governos FHC e pela persistência da estabilidade macroeconômica no primeiro mandato de Lula (em especial na fase de Antonio Palocci e sua equipe no ministério da Fazenda). E, de outro lado, pela queima, progressiva, de 2006 para cá, dessas condições favoráveis, com o bloqueio a re-formas indispensáveis e com o salto, ano a ano, dos gastos de custeio e das políticas assistencialistas. Queima que teve também entre suas causas duas bem significativas: o precaríssimo desempenho da máquina administrativa no gerenciamento de programas do governo federal, entre eles os de obras de infraestrutura, e o virtual desmonte das agências reguladoras de serviços públicos, por meio de uma partidarização estatizante que inibe ou obstrui investimentos privados nessa área.

Nesse duplo contexto, a expectativa do estado-maior do Planalto é que no próximo ano possam produzir dividendos concretos várias ações que estão sendo anunciadas ou que ele trata de aprovar no Congresso às vésperas de seu re-cesso. Este é o caso de mais concessões no sistema aeroportuário, da retomada de concessões rodoviárias e da par-tida, enfim, do polêmico projeto do trem-bala. Todas com grande atraso e a terem início em 2013, se efetivadas as licitações correspondentes nos próximos meses. É o caso também de mais recursos subsidiados do BNDES para algumas atividades industriais, que estão sendo autorizados pelo Legislativo, mas que, assim como os decorrentes de emendas parlamentares reconhecidas pelo Executivo, só poderão começar a ser aplicadas após o presente processo eleitoral.

O PMDB e a resistência do PSB à hegemonia petista

A direção do PMDB, à frente Michel Temer, alcançou logo, bem antes do pleito municipal, um de seus objetivos básicos neste ano: forçar o governo Dilma a apoiar a eleição de Henrique Eduardo Alves para a presidência da Câmara no biênio 2013/2015, com o bloqueio do projeto da executiva do PT de ocupar o cargo. Projeto que os petistas consideravam importante para o controle da sucessão presidencial de 2014, e que era facilitado por reiteradas restrições da própria chefe do Executivo ao nome do deputado do Rio Grande do Norte.

Tal bloqueio e o compromisso do Palácio do Planalto, bem como do ex-presidente Lula, com a candidatura do peemedebista, foram o preço pago por eles em face do grande e inesperado sobressalto de ambos diante da resistência ao petismo nas eleições municipais do Recife e de Fortaleza dos governadores do PSB Eduardo Campos e Cid Gomes, com o lançamento de candidatos próprios, ao que se seguiu o respaldo do comando nacional dos socialistas à campanha para reeleição do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, após a ruptura do PT e em articulação com o senador Aécio Neves. O ganho do PMDB, aproveitando tal sobressalto para afirmar-se como aliado indispensável do governo e para garantir também a presidência da Câmara, poderá ter a boa dimensão político-institucional de favorecer a independência do Legislativo (na montagem de suas pautas, na contenção das Medidas Provisórias, numa necessária recuperação da autonomia das agências reguladoras dos serviços públicos, no estímulo a reformas constitucionais como a tributária) e poderá restringir-se ao reforço do papel fisiológico do PMDB no governo, num embate com o PT – que tem perdido de goleada – em torno da ocupação de cargos e obtenção de benefícios da máquina federal. Numa entrevista publicada no início desta semana, Michel Temer afirmou que seu partido não se vinculará “necessariamente” à reeleição da presidente Dilma. Indicando implicitamente que o apoio dependerá dos cenários econômico e político de 2014.

Jarbas de Holanda é jornalista

Jefferson acusa PT de ter tentado silenciá-lo

"Líder propôs que eu não denunciasse mensalão"

Jefferson diz ter sido procurado pelo deputado Chinaglia (PT) para ficar calado e, assim, preservar mandato na Câmara

Débora Bergamasco

BRASÍLIA - Às vésperas do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB, diz que Arlindo Chinaglia (SP), então líder do governo, ofereceu uma "saída pela porta dos fundos" para que não seguisse com a denúncia que abalou o governo petista em 2005.

Pela proposta, Jefferson entregaria a presidência do PTB ao então deputado Walfrido dos Mares Guias (hoje no PSB). Depois, seria escalado um "delegado ferrabrás" para tocar o processo e um relatório pelo não indiciamento do petebista.

"Acharam que eu ia me acovardar. Me confundiram com o Valdemar Costa Neto. De joelho eu não vivo, eu caio de pé", disse Jefferson ao Estado antes da Convenção Nacional do PTB, ontem, em Brasília. Durante mais de três horas, discursos enalteceram a "coragem" do ex-deputado por denunciar o maior escândalo do governo Lula.

A reunião do PTB foi feita para mostrar ao Supremo que Jefferson não é um "qualquer" e que goza de prestígio em seu partido. Ideia do advogado do réu petebista, Luiz Francisco Corrêa Barbosa, que sugeriu antecipar o evento, previsto para novembro, e transformá-lo em "convenção-homenagem".

Carlinhos Cachoeira deveria falar tudo o que sabe à CPI?

Ele é um homem de negócios, não é um homem público. O político tem o patrimônio moral, que é a imagem, para preservar. Ele é chamado de bicheiro, seus negócios nunca foram, assim, muito dentro da lei. Será que ele está zangado? Tem mais é que se preservar mesmo.

Ao denunciar o mensalão, o sr. queria preservar sua imagem?

Claro. Me foi oferecida a troca: eu sairia da presidência do PTB, a daria ao Walfrido. Seria nomeado um delegado ferrabrás para o processo. E o relatório seria pela minha absolvição, pelo não indiciamento. Quer dizer, eu viveria de joelhos, sairia pela porta dos fundos. Eu falei: "Não vou, não. Entrei pela porta da frente e vou sair pela porta da frente. Ou vocês arrumam isso que vocês montaram ou vou explodir isso". Não toparam e foi o que eu fiz. Acharam que ia me acovardar, que eu tinha jeito de Valdemar Costa Neto (presidente do extinto PL, hoje PR, e réu do mensalão), que ia renunciar para depois voltar. De joelho eu não vivo, caio de pé. Fiz o que tinha que fazer. Fui julgado errado pela turma do PT.

Quem fez essa proposta?

O líder do governo (Arlindo) Chinaglia foi à minha casa e fez a proposta. Eu disse: "Não tem a menor chance de dar certo. Não vai para frente".

Arrependeu-se?

Não. Não dá para dar uma de galo mutuca e fugir. Vai olhar o neto no olho como? "Vovô foi acusado, renunciou para não ser cassado..." Isso é conversa de vagabundo, tô fora.

Como avalia o impacto do julgamento nas eleições municipais?

Prefiro agora do que em 2014. Está na hora de ser julgado. O João Paulo Cunha (candidato pelo PT em Osasco) é o único que pode se prejudicar agora.

Haverá surpresa?

Para mim, a sentença que virá - absolvendo ou condenando - é que ninguém mais pode abusar. Quem é processado sofre, todos devem estar sem dormir, como eu. Digo por mim, o processo em si já é uma punição.

De 2005 para cá, houve mudança na postura política brasileira?

Ah, mudou. Até a própria mudança do Lula para a Dilma. O Lula era tolerante com esses abusos, a Dilma, não. O sinal amarelo está aceso para todos. Agora tem que deixar tudo claro. Quando chega uma doação, a gente quer saber de onde vem, quem está mandando, o que ele quer. Antes, se vinha dinheiro, vinha dinheiro.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Dirceu nega até influência sobre o PT

No memorial com a defesa do ex-ministro no caso do mensalão, advogados alegam não haver provas que incriminem José Dirceu,acusado de ser o chefe do esquema. O Correio teve acesso ao documento entregue ao STF.

O "burocrata" do mensalão

Memorial entregue ao STF pelos advogados de José Dirceu diz que ele não tinha influência no PT ou em nomeações e nega caráter político do trabalho na Casa Civil

Helena Mader

Acusado de ser o "chefe da quadrilha" que arquitetou a distribuição de dinheiro a políticos e partidos, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu saiu ontem de férias, a 15 dias do início do julgamento do mensalão, o mais importante da seara política nos últimos anos, no Supremo Tribunal Federal (STF). Enquanto isso, a defesa afina o discurso para tentar livrá-lo da acusação de corrupção ativa. Os advogados do ex-ministro entregaram aos ministros do STF um memorial de 30 páginas, a que o Correio teve acesso com exclusividade, que resume os argumentos em favor de Dirceu — alguns similiares aos das defesas de outros réus.

No documento, os defensores dizem que não há provas de que ele beneficiava o banco BMG; influenciava a indicação de cargos no governo; tinha poder no PT; ou mantinha vínculos com o publicitário Marcos Valério. 

O relatório afirma ainda que o braço direito do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria "papel meramente burocrático" à frente da Casa Civil. O advogado do réu, José Luís Oliveira Lima, explica que o memorial é um resumo das alegações finais entregues ao Supremo em setembro do ano passado. "Apenas reafirmamos a ausência total de provas e a falta de comprovação de que existiria uma quadrilha", afirma o advogado. Além das argumentações técnicas, o memorial também traz pesadas críticas à atuação do Ministério Público e da imprensa e diz que a mídia vai protestar "contra qualquer decisão que não seja condenatória".

Os advogados de Dirceu afirmam que o termo mensalão foi criado pelo ex-deputado Roberto Jefferson, também réu na ação penal, uma pessoa "de abalada credibilidade" e que teria atraído atenção para o caso por estar no alvo de outras denúncias de corrupção. "A acusação de compra de votos é sustentada por um único e frágil pilar: Roberto Jefferson", diz o texto do memorial. "Ele estava no foco de graves acusações relacionadas com a gravação de Maurício Marinho recebendo dinheiro nos Correios. Foi esse contexto que o levou a buscar o palanque da mídia e a inventar que parlamentares vendiam votos por uma mesada de R$ 30 mil", afirmam os defensores. Além de José Luís Oliveira Lima, o advogado Rodrigo Dall"Acqua também assina o memorial entregue ao STF.

Ao contrário do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, que negou a existência do mensalão, mas assumiu ter participado de um esquema de arrecadação de caixa dois para campanhas eleitorais, José Dirceu se declara inocente de todas as acusações, principalmente da denúncia de corrupção ativa. A procuradoria afirma que o ex-ministro tinha ingerência sobre as ações dos dirigentes do PT, o que é rechaçado pela defesa. "Contrariando esse pífio argumento, ficou exaustivamente demonstrado que José Dirceu se afastou de todas as questões relacionadas ao Partido dos Trabalhadores ao assumir suas funções na Casa Civil", afirma o memorial.

Delúbio já declarou ter agido sem qualquer influência do antigo ministro e os advogados de Dirceu corroboram com a tese de que o ex-tesoureiro tinha independência para atuar sozinho. "Até mesmo integrantes do diretório e da executiva do PT desconheciam os empréstimos do BMG, ao Banco Rural e às empresas de Marcos Valério", diz trecho do documento distribuído aos ministros do Supremo. Sobre as denúncias de que seria um dos nomes com mais forte influência sobre os destinos do PT, a defesa acredita que ficou "provado que presidente do PT, de direito e de fato, era mesmo o réu José Genoíno, uma pessoa de total autonomia de mando".

O Ministério Público pediu a condenação de 36 dos 38 réus do mensalão. Mas o caso mais emblemático é o de Dirceu, já que ele era o número dois do governo Lula. A ação penal 470, que analisa o caso do mensalão, tem 50 mil páginas e a expectativa é de que o julgamento se estenda pelo mês de agosto. A análise do caso começa no dia 2.

Contradições

O memorial de defesa do ex-ministro também cita o julgamento de outras ações penais que tramitaram no STF, nas quais os réus foram absolvidos por causa de testemunhos contraditórios. Os advogados usam um voto do ministro Joaquim Barbosa proferido em outro processo. Ele é o relator do caso do mensalão. No julgamento da ação penal 427, por exemplo, o réu era o ex-deputado Celso Russomano, acusado de dano ao patrimônio público. Em seu voto, Barbosa afirmou que duas testemunhas garantiam terem presenciado os fatos e outras duas testemunhas deram depoimento em sentido contrário. "Diante dessa falta de certeza, não há outra saída senão a absolvição", declarou à época o ministro em seu voto.

Para os advogados, o argumento de Joaquim Barbosa teria que ser seguido no julgamento. Duas testemunhas, Roberto Jefferson e Emerson Palmieri, relataram no processo que o publicitário Marcos Valério teria viajado a Portugal a mando do ex-ministro, para captar dinheiro para o esquema do mensalão. "Marcos Valério e Rogério Tolentino afirmaram que a citada viagem a Portugal não tinha relação alguma com Dirceu, o PT ou o governo", diz a defesa.

Nem todos os réus entregaram memorial de defesa ao STF. Alguns preferiram mandar resumos com os principais argumentos às vésperas do início do julgamento. Os representantes de José Genoíno e de Pedro Henry, por exemplo, avaliaram que os documentos entregues no ano passado eram suficientes para amparar a defesa dos réus. Eles se debruçam agora sobre a preparação do texto que será lido na sustentação oral.

"A acusação de compra de votos é sustentada por um único e frágil pilar: Roberto Jefferson" - trecho do memorial de defesa de José Dirceu

Ponto a ponto - Linha de defesa definida

Confira as principais acusações contra o ex-ministro José Dirceu e as alegações dos advogados:

Acusação: o mensalão era um esquema de compra de votos de deputados para a aprovação de projetos de interesse do governo, como as reformas da Previdência e tributária. O então ministro da Casa Civil, José Dirceu, e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares teriam arquitetado o esquema. Os deputados receberiam uma mesada de R$ 30 mil.

Defesa de Dirceu: segundo a defesa, não há nenhuma prova de que houve compra de votos. Essa tese foi "imaginada" e as acusações se baseiam apenas nas denúncias do ex-deputado Roberto Jefferson, também réu da ação penal. A defesa diz que a acusação não tem "lógica de raciocínio", porque os deputados que teriam recebido mesada faziam parte da base de apoio do governo.

Acusação: a Procuradoria-Geral da República classificou José Dirceu como o "chefe da quadrilha" do mensalão e garantiu que o ex-ministro seria um dos principais articuladores do esquema de arrecadação de dinheiro para pagamento de mesada aos parlamentares, com grande influência no PT.

Defesa de Dirceu: os advogados garantem que José Dirceu estava completamente afastado do comando do PT e que o presidente de fato e de direito da legenda era José Genoíno. O ex-ministro também afirma que Delúbio não era subordinado a ele e teria total independência de atuação.

Acusação: como ministro da Casa Civil, José Dirceu teria usado sua influência para beneficiar o banco BMG. Por intermédio do então presidente do INSS, Carlos Gomes Bezerra, Dirceu teria conseguido benefícios para o banco, como a autorização para oferecer empréstimos para servidores.

Defesa de Dirceu: os advogados garantem que não há nenhuma prova de influência em benefício do BMG e garantem que o Ministério Público até mesmo abandonou essa imputação nas alegações finais da denúncia por falta de embasamento.

Acusação: José Dirceu manteria contato com Marcos Valério, considerado o principal operador do mensalão, para organizar os repasses de dinheiro a políticos. O publicitário teria viajado a Portugal a mando de Dirceu, para tratar da captação de recursos que seriam repassados ao esquema.

Defesa de Dirceu: segundo o ex-ministro, essa tese seria baseada unicamente nas denúncias de Roberto Jefferson. Além disso, os réus Marcos Valério e Rogério Tolentino afirmam em depoimento que a viagem a Portugal não tinha relação alguma com José Dirceu ou com o PT.

Acusação: o ex-ministro José Dirceu teria influência em órgãos de controle do governo e também na indicação de pessoas para ocuparem cargos estratégicos na administração pública federal.

Defesa de Dirceu: os defensores do ex-ministros dizem que o Ministério Público não conseguiu incluir nenhum exemplo de nomeação que teria sido imposta por Dirceu e que ele teria apenas um papel burocrático dentro da estrutura da Casa Civil.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Réu do mensalão, Jefferson volta a presidir PTB

Ex-deputado afirma em discurso acreditar em sua absolvição e na da maioria dos mensaleiros

Maria Lima

BRASÍLIA . Faltando menos de um mês para o início do julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-deputado Roberto Jefferson, um dos delatores do escândalo e um dos 38 réus no processo, foi reeleito ontem, por aclamação, para presidir o PTB pelo quarto mandato consecutivo.

O Diretório Nacional do partido se reuniu em clima de comoção e não faltaram discursos emocionados em desagravo a Jefferson, que chegou a chorar. Ele disse estar preparado e tranquilo para a luta, mas já conta com a absolvição dele próprio e da maioria dos mensaleiros.

- Não vejo nenhuma chance de me condenarem. Muitos petistas serão absolvidos. O julgamento será técnico e não político. O Supremo não vai fazer isso - disse Jefferson.

Vários dirigentes do PTB discursaram em apoio ao réu do mensalão. O secretário-geral Campos Machado foi o mais inflamado e disse que não estavam ali só para reeleger Jefferson, mas "homenageando a História". E que, quando tudo isso acabar, vão estampar numa camiseta a frase: "Eu sempre acreditei em Roberto Jefferson."

O presidente reeleito do PTB explicou que a manifestação de ontem não é para afrontar ou desafiar o STF às vésperas do julgamento. Disse que foi apenas um ato interno de apoio, sem intenção de confrontar os ministros:

- Vamos verbalizar minha inocência sem confrontos às instâncias democráticas, sem juntar gente na frente do Supremo e sem manifestação hostil. Temos que respeitar o Judiciário.

No discurso aos delegados, Jefferson chorou ao contar que tomou a decisão de denunciar o mensalão quando a PF fez uma busca e apreensão em sua casa, em 2005. Disse que, quando ferem sua família, "não tem volta". Chorando, disse à jovem esposa Ana Lúcia:

- Estamos prontos para a luta, né, minha gatinha?

FONTE: O GLOBO

Petistas reagem a plano de Cabral de renunciar

Lindbergh, pré-candidato à sucessão do governador, critica projeto de PMDB de ficar no poder com Pezão e Eduardo Paes

Paulo Celso Pereira

BRASÍLIA . Caiu como uma bomba no PT do Rio a decisão do governador Sérgio Cabral (PMDB) de renunciar ao cargo em dezembro de 2013 para deixar o vice Luiz Fernando Pezão ganhar "musculatura" para a disputa do governo do estado em 2014. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que vinha trabalhando nos bastidores em busca de consenso em torno de sua candidatura ao governo, decidiu se antecipar e lançar-se candidato.

- A eleição está longe, mas eu serei candidato a governador. Essa é uma posição já aceita quase por consenso no PT do Rio. A pergunta que faço é se eles (Cabral e o PMDB) combinaram com o povo. Porque a máquina tem peso, mas quem decide as eleições é o povo. E podemos ganhar a eleição - reagiu Lindbergh.

A maior preocupação dos petistas é com a longevidade do plano do governador. Conforme O GLOBO revelou ontem, a ideia de Cabral é pôr Pezão à frente do governo já em dezembro de 2013 e, com isso, fortalecê-lo para a disputa de 2014. Caso ele vença a disputa, ficaria inelegível em 2018, quando Eduardo Paes (PMDB) seria candidato, com apoio dos dois. Hoje prefeito do Rio, Paes ainda poderia, se vitorioso, ser candidato à reeleição em 2022. Procurados ontem, Cabral e Paes não quiseram comentar o assunto.

- O PT não pode ficar secundarizado aqui até 2026. É isso que eles querem. Nós não admitiremos isso - protestou Lindbergh, que diz hoje não temer uma intervenção nacional do seu partido. - Todo mundo com quem tenho conversado da direção nacional do partido apoia nossa candidatura.

Entre os petistas, no entanto, o clima é de temor. Historicamente, a direção nacional do PT vêm apoiando o uso da legenda no Rio como moeda de troca dos planos nacionais da sigla. Em 1998, chegou a promover uma intervenção para a retirada da candidatura de Vladimir Palmeira ao governo.

A atitude de Cabral - que há dois meses revelou à presidente Dilma Rousseff e ao ex-presidente Lula o desejo de sair do governo no fim de 2013 - é vista por petistas como a preparação de terreno para que seja, novamente, negociada uma troca. Nela, o governador apoiaria a reeleição de Dilma e o PT nacional retiraria a candidatura de Lindbergh.

- Não tenho dúvida de que a existência desse diálogo é a antessala da barganha que virá depois para impedir o PT de ter candidatura própria em 2014. É a velha chantagem de sempre - protestou o deputado Alessandro Molon (PT-RJ), principal crítico da aliança entre os dois partidos no governo e na prefeitura do Rio. - Esse plano mostra que aqui no Rio o exercício do poder é uma ação entre amigos.

Molon disse que, ao grupo do governador, o que importa é estudar as melhores jogadas para se perpetuar no poder:

- É uma visão do estado como uma capitania hereditária. Do "nós combinamos entre nós e o povo serve como massa de manobra".

Principal inimigo de Cabral, o ex-governador Anthony Garotinho (PR) entrou no debate, pelo Twitter: "Cabral pode até deixar o governo em dezembro de 2013 como anda dizendo, mas mais uma vez mente na hora de dar os motivos". Segundo o ex-governador, a preocupação de Cabral são as investigações sobre obras do governo estadual. "Ele está querendo sair fora dos escândalos que virão à tona em cima do governo".

FONTE: O GLOBO

Paes dá prioridade a poucos candidatos a vereador

Prefeito só sairá em campanha com aliados que têm mais chances de se eleger; os demais ganharão material de propaganda

Marcelo Remígio

Candidato à reeleição, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), decidiu só participar de eventos de rua, durante a campanha, com um grupo seleto de candidatos a vereador com maior poder de fogo eleitoral. Para evitar o descontentamento e a ciumeira dos demais candidatos, Paes distribuirá a todos placas de propaganda com sua foto.

O peemedebista já escolheu os poucos contemplados. No grupo estão, entre outros, os vereadores Luiz Antônio Guaraná e Dr. Jairinho (PSC), o presidente da Câmara Municipal, Jorge Felippe (PMDB), e o subprefeito da Zona Sul, Bruno Ramos (PMDB), que tenta o primeiro mandato. Esses terão a prioridade na campanha.

A entrega de placas não será igualitária. Pela estratégia da campanha de Paes, ganharão mais material os integrantes de seu grupo escolhido a dedo e nomes que os partidos coligados apontarem como puxadores de legenda. A aliança de Paes, que reúne o PMDB e mais 19 partidos, soma, ao todo, 1.300 candidatos. O prefeito exigiu das legendas uma classificação por expectativa de votos.

Nomes com baixo poderio eleitoral levarão até 500 placas, enquanto os de médio poder de fogo serão contemplados com mil peças. Já os com mais chances de serem eleitos receberão número superior a mil placas.

- Bairros como Rio Comprido e Catumbi já estão com muitas placas de candidatos em que o prefeito aposta, como o vereador Guaraná. A Zona Oeste e a região de Jacarepaguá também têm muito material, principalmente do Jorge Felippe e do Jairinho. A prioridade na distribuição para esse grupo já provocou muito ciúme, mas quem tem voto receberá mais placas mesmo - explica um interlocutor que faz a negociação entre o PMDB e os 19 partidos coligados. - A estratégia de distribuir material para todos os candidatos foi a maneira de contemplar os aliados e garantir a presença da imagem do prefeito nas comunidades, sem que ele passe por toda a cidade durante a campanha.

Ao receberem as placas, os candidatos se comprometem a assumir os custos com transporte do material, instalação, montagem das peças e negociação dos locais onde a propaganda será colocada. Paes optou por um layout que não prioriza sua imagem nem a do vereador, diferentemente da campanha municipal passada, quando o prefeito tinha a foto maior.

A imagem de Paes e do candidato a vereador terão as mesmas dimensões. Além da distribuição de placas, a estratégia de campanha de Paes prevê um filtro rigoroso da presença de candidatos em eventos com ele. O cuidado é para evitar que candidato vinculado a denúncias relacionadas a milícias ou tráfico de drogas apareçam ao lado do prefeito.

Adversários de Paes enfrentam falta de dinheiro

Na contramão de Paes, os candidatos Aspásia Camargo (PV), Marcelo Freixo (PSOL), Otavio Leite (PSDB) e Rodrigo Maia (DEM) enfrentam problemas de caixa para a compra de placas de propaganda. Freixo acordou com os candidatos a vereador que não financiará placas, mas ajudará na confecção de outros materiais, como adesivos. Os 59 candidatos a vereador do partido concordaram em incluir a imagem de Freixo em placas feitas com recursos próprios. O PSOL já instalou pela cidade 70 placas.

Já no PV, que tem 75 candidatos a vereador, Aspásia ainda depende da ajuda da militância e de doações.

- Até brincamos: enquanto o prefeito distribui lona, nós estamos na lona. Ainda aguardamos recursos para a compra do material. O PV tem um histórico de evitar o desperdício de material e a poluição visual. Vamos oferecer material impresso para os nossos candidatos a vereador. A movimentação nas redes sociais também será grande - aponta o coordenador de campanha, Paulo Senra.

Os cintos também estão apertados no DEM, que na majoritária fez coligação com o PR.

- O poder econômico do candidato do PMDB é grande e se repete. Em 2010, ele fez o mesmo. Nossos 73 candidatos a vereador, mais os nomes do DEM, têm levado para as ruas a campanha de Rodrigo e Clarissa. Nosso material vai ser feito em parceria - afirma o presidente municipal do PR, Fernando Peregrino.

O tucano Otavio Leite cortou a distribuição de placas para os candidatos a vereador. Segundo ele, serão oferecidos assessoria para a gravação dos programas de rádio e TV, além de material impresso. O PSDB soma 77 candidatos a vereador.

- Vamos garantir a filmagem e a produção. Ainda temos pouco material nas ruas, que será instalado ao longo da campanha - diz o tucano.

FONTE: O GLOBO

Em BH, manifestos dão o tom da campanha

Movimentos sociais divulgam documento em defesa do candidato do PT, Patrus Ananias

Daniel Camargos

Depois de 34 deputados assinarem um manifesto favorável à reeleição de Marcio Lacerda (PSB) acusando Patrus Ananias (PT) de ser "desrespeitoso e arrogante", ontem foi a vez de partidários da candidatura do petista lançarem um documento. O manifesto, que louva os anos de administração de Patrus na capital, foi apresentado ontem à noite e assinado por sindicatos de trabalhadores e movimentos de luta pela habitação popular, direitos das mulheres, juventude, população negra, LGBT, idosos, portadores de deficiência e agentes da cultura

O texto traça um breve currículo de Patrus – "advogado militante das causas sociais, sindicais e dos direitos humanos, professor universitário, companheiro e amigo da presidente Dilma" – e destaca a gestão do ex-prefeito (de 1993 até 1996). "Liderou um processo de mudanças na cidade que melhorou a vida de nosso povo. Junto com partidos democráticos e populares, com movimentos sociais apartidários, com a intelectualidade progressista e com amplo apoio da população foram inaugurados espaços e processos inéditos de governo", afirma o manifesto.

O documento que apoia Lacerda foi elaborado pelo deputado estadual João Vítor Xavier (PRB) e enumera obras feitas na cidade deixando de citar Patrus e o ministro da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior, Fernando Pimentel (PT). Cita o ex-presidente Juscelino Kubitschek, Américo Renné Giannetti, Celso Melo Azevedo, Oswaldo Pierucetti, Maurício Campos, Hélio Garcia, Sérgio Ferrara, Pimenta da Veiga, Eduardo Azeredo e Célio de Castro, todos ex-prefeitos da capital.

"Belo Horizonte precisa de um governante com estatura política, moral e humana que saiba cuidar dos recursos da população com prioridades sociais. Essa é a diferença", afirma o texto em defesa de Patrus. O ataque é uma referência direta a Lacerda, com trajetória de sucesso na iniciativa privada.

O manifesto dos petistas destaca que "as pessoas mais pobres" tiveram atenção especial no governo de Patrus. "A população de rua, os movimentos sociais e sindicais e o povo em geral passam a ser tratados com respeito", afirma. "Muitos dos programas e políticas aqui efetivados serviram de exemplo e foram implementados pelo governo Lula. O Bolsa Escola e a política de segurança alimentar tornaram-se uma dessas referências", complementa.

O plano do comitê responsável pelos movimentos sociais da campanha de Patrus é imprimir 1 milhão de cópias do manifesto aprovado durante a reunião. Antes, porém, o documento passará pelo crivo da equipe do marqueteiro João Santana.

Agenda. Patrus passou todo o dia em reuniões com conselheiros de diferente áreas e hoje ele se encontra com dom Walmor Azevedo, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, às 16h. No sábado, haverá passeata na Região Noroeste e no domingo no Bairro Cabana do Pai Tomáz. De acordo com o coordenador da campanha, o vice-prefeito Roberto Carvalho (PT), na semana que vem a campanha de Patrus iniciará plenárias em todas as regionais da cidade, sendo que a primeira deve ser no Barreiro. Também na segunda-feira Patrus iniciará as gravações do programa eleitoral gratuito, sob a coordenação de João Santana.

FONTE: ESTADO DE MINAS

Lacerda em BH: caminhada para virar jogo

Marcio Lacerda começa pelo Barreiro, onde perdeu nos dois turnos em 2008, a corrida nas regionais e destaca obras executadas em seu governo

Alice Maciel

O prefeito Marcio Lacerda (PSB), candidato à reeleição, escolheu exatamente o Barreiro, um dos maiores colégios eleitorais de BH, onde perdeu nos dois turnos em 2008, para começar a corrida de votos nas regionais. Ele fez o corpo a corpo ontem no Centro Comercial João Paulo II e almoçou no restaurante popular. No primeiro discurso como candidato, usou como munição, para atrair os eleitores, as obras executadas durante os três anos e meio em que está à frente da prefeitura. Ele ainda se defendeu de uma das principais críticas do PT à sua administração, a área social: "Tenho orgulho de dizer o que esta administração cumpriu na área social e vamos mostrar isso em detalhes muito brevemente".

O centro comercial foi um dos primeiros locais visitados por Lacerda quando assumiu a prefeitura. Em 1º de janeiro de 2009 uma enchente deixou as lojas debaixo d"água. O prefeito lembrou o fato para conquistar os eleitores. O mote da sua campanha ontem foi: "O prefeito que resolveu o problema das enchentes". A frase foi dita várias vezes por um animador enquanto Lacerda caminhava pelo centro. O socialista chegou ao local por volta do meio-dia acompanhado do seu companheiro de chapa, o deputado estadual Délio Malheiros (PV), e foi recebido por candidatos a vereador e militantes.

Os comerciantes aproveitaram para fazer reivindicações. Dono de loja de roupa, André Paes cobrou de Lacerda a instalação de câmeras do projeto Olho Vivo. "Ele disse que o dinheiro foi liberado e que já foi licitado", contou André. Em outra parada, em um consultório odontológico, o prefeito reencontrou a dentista Flávia Mello. Segundo ele, o local estava cheia de lama, em dois de janeiro de 2009, quando ele foi avaliar as consequências das chuvas. A dentista disse que parte dos problemas das enchentes foi resolvida, mas ressaltou que ainda falta fazer obras no Córrego dos Camarões. "Lá tem muito lixo e o mau cheiro chega aqui", ressaltou. O prefeito disse que conseguiu financiamento da Caixa Econômica Federal para alargar e aprofundar o canal.

Na sorveteria onde encerrou a caminhada, Lacerda e Délio tomaram suco de açaí e seguiram para o carro de som para o primeiro discurso. "A gente está aqui para pedir o apoio, o voto e a mobilização de vocês, para que a gente possa continuar o trabalho, continuar melhorando, melhorando sempre. Tem muita obra no papel, muita obra começando, muita licitação acontecendo" disse.

O prefeito almoçou no restaurante popular do Barreiro. O cardápio do dia era frango com quiabo, feijão, arroz, angu, couve e banana.

Saúde. Moradores do Barreiro ouvidos pela reportagem apontaram a saúde como o maior problema da região. A falta de médicos e o atendimento ruim foram as principais reclamações. Lacerda garantiu que mais profissionais estão sendo contratados. "Um pouquinho mais de paciência e estaremos com o quadro de médicos completo" disse, antes de acrescentar: "A parte pessoal andou bem, agora temos de investir mais, é um investimento de 300 milhões e vamos ter a melhor rede de atenção básica do país".

FONTE: ESTADO DE MINAS

Em Recife, Daniel recebe propostas da CDL

Otávio Batista

Comerciantes recifenses receberam o prefeiturável do PSDB, Daniel Coelho, na Câmara de Dirigentes Lojistas do município (CDL) para apresentar suas propostas para a cidade ao postulante e se disseram dispostos a ouvir todos os candidatos. Daniel foi o segundo candidato recebido pelos varejistas, que anteriormente já haviam conversado com o socialista Geraldo Julio e já tem encontro agendado com o candidato petista Humberto Costa.

Dos lojistas, o tucano viu a apresentação do projeto “O Recife que temos e o Recife que precisamos”, de autoria Observatório do Recife, do qual a CDL é um dos fundadores. O documento apresenta cinco propostas básicas que são colocadas como prioridades pelos comerciantes: controle urbano, restabelecimento do planejamento urbano, enfrentamento dos problemas de mobilidade, recuperação do Centro da cidade e revitalização do Rio Capibaribe.

“Recife é a capital do varejo no Nordeste, e o Centro da cidade é o melhor lugar para o comércio, principalmente com o crescimento do poder de compra das classes C e D. Precisamos revitalizar essa área”, defendeu o diretor-executivo da CDL, Frederico Leal.

Na parte comercial, o candidato fez a promessa de implantar o programa Regulariza Recife, que tem o objetivo de aproximar a administração municipal do empreendedor, desburocratizando o licenciamento do comércio. “Hoje a burocracia torna a abertura de um negócio quase impossível e o fiscal só quer saber de multar. Precisamos mudar essa relação”, defendeu Daniel Coelho. Além disso, o tucano mostrou todo seu plano de governo, baseado na profissionalização da gestão e sustentabilidade apresentado no último sábado.

Na pauta ambiental, muito cara ao tucano, ex-militante do Partido Verde, os lojistas apresentaram a proposta de criar o Parque da Cidade do Recife, um projeto que já existe dentro do órgão, mas que nunca foi colocado em prática. O parque se localizaria em um terreno da Fundação CDL, às margens da BR-232, com mais de 20 hectares, e abrigaria uma escola pública de excelência, com aulas em turno integral e foco na sustentabilidade.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Recife e BH serão teste para Campos e Aécio

Na capital mineira, Dilma gravará para campanha de Patrus Ananias, tentando enfraquecer tucano

Fernanda Krakovics, Maria Lima e Amanda Almeida

BRASÍLIA e BELO HORIZONTE . Após as reviravoltas nas alianças partidárias, as eleições para as prefeituras de Belo Horizonte e Recife são vistas como um teste para dois aspirantes a presidente da República: o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). O resultado nesses dois colégios eleitorais também terá peso para a reeleição, em 2014, da presidente Dilma Rousseff. Sem contar São Paulo, onde a disputa já está nacionalizada desde o início. Na capital paulista, porém, o teste maior é para a força política do ex-presidente Lula.

A prioridade de Dilma será Belo Horizonte, onde, além de gravar para o programa eleitoral gratuito do candidato Patrus Ananias (PT), ela deve aparecer pessoalmente, entrando em disputa direta com Aécio, mais provável presidenciável do PSDB em 2014. A campanha será comandada pelo marqueteiro João Santana, que coordenou as campanhas de Lula (2006) e de Dilma. Ele foi convidado pela própria presidente. O cineasta Helvécio Ratton vai dirigir a propaganda na TV. Ele ocupou o mesmo papel na campanha vitoriosa à prefeitura de BH do ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel (PT), em 2004.

Além do embate político com Aécio, Dilma tem uma ligação muito próxima com Pimentel, que teria a candidatura ao governo de Minas em 2014 reforçada com uma eventual derrota do atual prefeito Márcio Lacerda (PSB), candidato do tucano.

Já a campanha petista em Recife deve ficar a cargo do ex-presidente Lula. Apesar de não aprovar os voos próprios de Eduardo Campos, Dilma não quer se indispor com o aliado. Até para não incentivar uma dissidência do PSB já em 2014.

- O PT vai ter que trabalhar mais porque tinha no PSB um aliado. Vai ter que fazer uma campanha mais forte nessas capitais - reconhece o candidato do PT em Recife, senador Humberto Costa.

Grupos de Patrus e Pimentel se uniram

Inicialmente, PT e PSDB apoiavam a reeleição do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, mas Aécio conseguiu implodir a aliança e empurrar os petistas para fora da chapa, ao fazer o PSB rejeitar a coligação proporcional para vereadores. O efeito colateral dessa estratégia foi unir o PT de Minas Gerais, rachado há anos entre o grupo de Patrus e o de Pimentel. E, pior, com o apoio do PMDB.

- Que uma eleição passa mensagem para outra, passa. Em Minas, estava tudo tranquilo demais para o Aécio. Agora complicou e ele vai ter que suar a camisa. Isso pode reacender também a guerra interna no PSDB. Para Serra é bom - avalia o senador Jorge Viana (PT-AC).

Presidente do PSDB, o deputado Sérgio Guerra (PE) minimiza a avaliação de que a eleição em BH será um tudo ou nada para Aécio:

- Vai ser um teste para o PT em São Paulo, para Eduardo Campos em Recife. Eleição é teste mesmo. O mundo não vai acabar em 2012. Não tem disputa heroica coisa nenhuma.

Em Recife, Eduardo Campos implodiu a aliança que tinha com o PT e lançou candidato próprio à prefeitura, numa ampla coligação, isolando Humberto Costa. Mais do que vencer a eleição em Recife, o desafio do socialista é se tornar conhecido nacionalmente. Para isso, deve participar das campanhas do PSB para prefeito em todo o Brasil.

FONTE: O GLOBO

A vingança dos consumidores :: Eliane Cantanhêde

O crescimento econômico vai ser pífio, o grau de confiança dos empresários já andou melhor, os funcionários estão parando o trabalho e o trânsito em Brasília e os trabalhadores ameaçam greve. Mas Dilma Rousseff tem suas armas.

Depois de combater os juros altos, usar o Dia do Trabalho para atacar a "lógica perversa" dos bancos, suspender (via ANS) 268 planos de saúde e 37 operadoras, agora é a vez de Dilma guerrear com as companhias de telefones celulares. A Anatel decidiu bloquear, a partir da próxima segunda, a venda de chips da Tim, da Oi e da Claro em diferentes Estados, inclusive São Paulo.

Bancos, planos de saúde e operadoras de celular encabeçam as listas de reclamações dos órgãos de proteção aos consumidores. Quem tem conta em banco, plano de saúde e celular sabe bem por quê. Nem é preciso citar números.

É a ganância, mas não só. Impera também o despreparo, a ineficiência e o descaso com o cliente. Atire a primeira flor quem nunca teve problema com o celular. Quando você mais precisa, falta sinal ou a ligação cai no meio, uma, duas, três vezes. Há erros nas contas e o atendimento nas lojas e no 0800 é desesperador.

Mas, enfim, vamos esquecer o muro de lamentações para ver a coisa pelo lado político. Funcionários são só parte da população. Consumidores somos "a" população.

O que é mais importante para o país e pesa mais contra ou a favor da popularidade de Dilma? Servidores em confronto com policiais na Esplanada dos Ministérios, por aumentos que podem chegar a R$ 92 bilhões (metade de toda a atual folha de pagamento do serviço público federal)? Ou os consumidores se sentindo vingados?

Como a "faxina" já deu o que tinha de dar, a economia não é nenhuma vitrine e PIB até virou bobagem, o marqueteiro João Santana deve ter tido uma boa sacada. Dilma agora é "a vingadora dos consumidores".

PS - E as companhias aéreas?

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Gente que se enrosca:: Dora Kramer

No papel de mais robusto partido de oposição, o PSDB não tem se notabilizado pela competência no ataque nem pela compensação da deficiência com eficácia na defesa.

Tropeçou visivelmente em pleno escândalo do mensalão ao dar abrigo à versão do então senador Eduardo Azeredo de que nunca teria se servido dos préstimos de Marcos Valério de Souza, para ver mais adiante os fatos apontarem a origem do chamado valerioduto de irrigação de contas partidárias na campanha pela reeleição de Azeredo ao governo de Minas Gerais.

Até hoje os tucanos se arrependem, avaliam que não deveriam ter protegido tanto Eduardo Azeredo e atribuem àquele momento de vacilação a perda de autoridade para confrontar mais fortemente o PT quando o partido no poder esteve nas cordas.

Pois eis que agora o PSDB repete o equívoco ao se perfilar numa defesa do governador Marconi Perillo que em tudo repete os petistas nos seus piores momentos de falta de argumentos.

O presidente e parlamentares do partido organizaram um "ato de solidariedade" para mostrar força unida numa foto do grupo, cujas declarações, no entanto, resultam no oposto do pretendido.

Sem pronunciar uma frase sequer em contraposição à versão da Polícia Federal de que a venda de um imóvel do governador para Carlos Cachoeira serviu de canal para o recebimento de propina em troca da liberação de pagamentos à construtora Delta, não se pode dizer que os tucanos tenham defendido o governador de Goiás das acusações.

Depois do desagravo, Marconi Perillo continuou desguarnecido no tocante aos necessários esclarecimentos e o PSDB posicionou-se ainda mais debilitado frente ao adversário.

Usou o mesmo recurso petista de atribuir toda e qualquer denúncia a conspirações políticas ao apontar uma "ação orquestrada" da presidente da República em conluio com a PF, a CUT, a UNE, Lula e José Dirceu.

O objetivo, na concepção tucana, seria criar uma "cortina de fumaça" para desviar a atenção do julgamento do mensalão e transformar Perillo em bode expiatório da CPI.

Considerando o plano inicial exposto em vídeo pelo presidente do PT, Rui Falcão, de fazer da comissão de inquérito uma oportunidade para "desmascarar os autores da farsa do mensalão", os tucanos poderiam até ter alguma razão.

Desde que no andamento dos trabalhos não tivessem sido reveladas informações extremamente comprometedoras para o governador de Goiás que até agora não conseguiu fornecer uma explicação convincente para elas.

Do partido que repetidas críticas faz ao PT pelo recurso fácil da transferência de culpas sem dirimir as dúvidas de conteúdo, esperava-se atitude mais consistente.

Se a realidade os impede, que os tucanos fossem ao menos mais criativos. Isso na impossibilidade de invocar um grau mais elevado de respeito ao discernimento mental do público votante.

Flor do recesso. O PMDB faz uma notícia, mas não necessariamente cria um fato real quando anuncia conversas em curso com seis legendas que poderiam se incorporar ao partido.

Histórias de fusão em geral são mais anunciadas que propriamente concretizadas. Por um motivo: a propriedade de um partido é um grande negócio. Garante tempo de televisão - sempre disponível para locação - e acesso ao dinheiro do fundo partidário.

Uma agremiação por menor que seja ganha mais mantendo a legenda ativa, já que perde os "benefícios" incorporando-se a outra.

Está aí o prefeito Gilberto Kassab com seu PSD, criado depois de muita conversa sobre fusão com o PSB e o PMDB.

Dever de ofício. A despeito de avaliações pemedebistas sobre a falta de competitividade do candidato do partido em São Paulo, o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp, apresenta sua discordância: "Se achássemos que Chalita não tem chance, teríamos ocupado a vice do Haddad".

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

2013 na moldura::Tereza Cruvinel

O salário mínimo terá em 2013 um reajuste de 7,2%, incluindo a inflação que, se ficar no centro da meta neste ano, será de 4,5%. Logo, aumento real de 2,7%, índice não desprezível, mas bem menor do que os concedidos ao longo da era Lula2013 na moldura.

Com a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias, a LDO, e a votação de duas importantes MPs pela Câmara, os congressistas bateram asas e voaram. Entregues à balada eleitoral, farão um esforço concentrado em agosto e outro em setembro, para voltarem mesmo só depois da eleição, quando será hora de votar o Orçamento de 2013. O ano estará acabando.

Muito se falou das dificuldades para a votação da LDO, precedida por uma debandanda da base governista na semana anterior, protestos da oposição e reclamos de aliados por conta da liberação de emendas. Tudo se resolveu, não sem que o governo abrisse discretamente a torneira. A oposição também ganhou seu cantil eleitoral, ainda que de valor bem menor que o liberado ou prometido aos aliados. E ainda enfiou um jabuti na LDO, a emenda que zera a tributação dos produtos da cesta básica. Ninguém divulgou o custo desta renúncia fiscal, mas o líder tucano Bruno Araújo esfrega as mãos ante a hipótese de um veto da toda popular presidente Dilma a uma proposta que beneficia os mais pobres, é verdade, embora alcance também os mais ricos. Houve o que soubemos e certamente houve o muito que não soubemos. Pouco se falou, entretanto, das linhas gerais da LDO, que é da maior importância porque aponta o futuro imediato, ao fixar parâmetros econômicos e financeiros para o governo no terceiro ano da Presidência Dilma. Para começar, em 2013, o governo não poderá executar investimentos, como pretendia, antes da aprovação da lei orçamentária. O Orçamento pode até não ser aprovado em dezembro do ano anterior, mas, quando isso acontece, até que haja a aprovação (geralmente em fevereiro, quando o Congresso reabre), o gasto autorizado é só de custeio. O que o governo queria mutilava uma prerrogativa do Congresso. Decisão correta.

A proposta orçamentária para 2013 chegará ao Congresso até o fim de agosto, como se sabe, observando o que foi previsto pela LDO. Uma previsão politicamente sensível diz respeito ao salário mínimo, que subirá dos atuais R$ 622 para R$ 667,75. Um reajuste de 7,2%, incluindo a inflação que, se ficar no centro da meta este ano, será de 4,5%. Logo, aumento real de 2,7%, um índice não desprezível, mas bem menor do que os concedidos ao longo da era Lula, quando funcionaram como corretor das desigualdades, induzindo o consumo e o crescimento. Entende-se que o cenário agora é outro, que o governo não tenha espaço fiscal para dar mais. Entenda-se também que isso terá sua leitura política. Pelo povo mesmo, pelos que ganham salário mínimo.

Os investimentos do PAC serão de R$ 45,2 bilhões, com acréscimo de apenas R$ 1 bilhão. É pouco, para um país com tantos gargalos, especialmente na infraestrutura. Mas muito pior seria o congelamento ou até a redução do investimento, como já ocorreu em tempos de arrocho fiscal não muito distantes. Este é um ponto quase sagrado para Dilma.

Prevê ainda a LDO um superavit primário (receitas menos despesas) de R$ 155,9 bilhões para o setor público, sendo que um terço dessa economia terá que ser feita por estados e municípios. Ou seja, pelos prefeitos recém-eleitos, que chegarão doidos para gastar. Meta ambiciosa, num ano em que todos vão tentar tirar o máximo de um governo que estará caminhando para o último ano. Se já está havendo um festival de greves, imagine-se o que pode vir.

Finalmente, não se deve esperar que os governos sejam pessimistas, dentro de algum realismo. A LDO manteve a projeção de 4,5% para o crescimento do PIB este ano (meta que o próprio governo já reviu, na prática, para 2,5%) e projetou crescimento de 5,5% para 2013. Meta para lá de ambiciosa, que vai depender do comportamento interno da economia e da eficácia das medidas de aquecimento que o governo vem adotando, mas, principalmente, do andar da carruagem no cenário internacional. Especialmente na Europa, Estados Unidos e China. Este será um número crucial na montagem do cenário sucessório do ano seguinte. Mas tudo pode mesmo acontecer, inclusive uma reação espetacular da economia que hoje dá sinais de retraimento.

Praça de greve

Caminho pela Esplanada em direção ao MEC, para audiência com o ministro Aloizio Mercadante. No ar, muitos decibéis, no gramado, dois circos de lona montados pelos sindicatos de servidores federais, no chão, muita sujeira. Grevistas perambulam e grupos de soldados da PM controlam o fluxo e o acesso aos ministérios. Um cenário que lembra os tempos da ditadura ou da hiperinflação. Mercadante diz confiar num acordo que encerre a greve das universidades federais, iniciada em maio, antes do reinício do semestre, em agosto. "Não podemos mais penalizar os jovens. No segundo semestre, teremos, inclusive, de selecionar 12 mil alunos para a pós-graduação no exterior, dentro do programa Ciência sem fronteiras", diz ele. Os reitores parecem ter entendido, na terça-feira, que o governo não oferecerá mais que 45% de reajuste, mas ficaram de apresentar alternativas para três pontos da carreira: a não obrigatoriedade de 12 horas-aulas semanais, pois já gastariam muito tempo com bancas e orientandos, a possibilidade de contratar especialistas de fora como professores titulares e regras para promoções que não levem em conta apenas a avaliação de desempenho.

Uma universidade estratégica vale os R$ 4 bilhões que a nova carreira custará. Mas, ainda que o governo tenha se atrasado para cumprir um acordo, agora os docentes é que precisam mostrar racionalidade. Eles voltam à mesa na segunda-feira.

No meio disso tudo, um cartaz muito engraçado: "Dilma, me chame de Copa e invista em mim".

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Dilma e suas circunstâncias :: Roberto Macedo

Ao argumentar que uma pessoa é ela e as circunstâncias, há quem recorra à filosofia. Mas no cotidiano essa percepção é quase óbvia. Por exemplo, numa partida de futebol, circunstancialmente com chuva forte e campo alagado, é mais difícil jogar com desenvoltura, o que prejudica os jogadores mais habilidosos. E, numa guerra, o avanço da infantaria morro acima, quando lá está o inimigo, é mais difícil do que em campo aberto. Há quem veja nas circunstâncias o tal fator sorte.

Ou azar. Como o da presidente Dilma, que enfrenta circunstâncias econômicas muito ruins, ao contrário de Lula, seu antecessor e eleitor-mor, que até hoje - aliás, com a complacência de uma oposição adormecida - se atribui todo o mérito pelo bom crescimento médio da economia nos seus dois mandatos. Lula surfou num mar de circunstâncias muito favoráveis, tanto ao usar uma prancha ajustada por seu antecessor, FHC, como pelas ondas que vieram da economia mundial, permitindo-lhe dar espetáculo aqui e internacionalmente.

Recorde-se que Lula, no seu primeiro ano de mandato (2003), enfrentou dificuldades na economia que ele mesmo causou, ao ameaçá-la com a tal "ruptura" que pregava antes de tomar juízo. Depois que passou a seguir o evangelho praticado por FHC, deixou de atrapalhar e se viu diante das boas ondas citadas. Elas beneficiaram o Brasil, estimulando maiores exportações, que dinamizaram o crescimento interno e permitiram a acumulação de grandes reservas de moedas fortes, afastando assim o fantasma das muitas crises cambiais do passado.

Esse impulso também levou ao aumento das receitas governamentais, que custearam programas socioeleitorais. Não satisfeito, para ampliá-los Lula voltou a atrapalhar, aumentando uma já insuportável carga tributária. E, do lado dos gastos, negligenciou investimentos públicos e privilegiou o aumento de gastos permanentes, de pessoal e de custeio, inclusive benefícios do INSS.

Os reflexos negativos desses movimentos são agora mais evidentes. O receituário econômico recomenda que em tempos de vacas gordas, como em geral na Presidência de Lula, um governo acumule reservas para a chegada das magras. Como as que vieram agora, mas encontram o governo com orçamento apertado para engordá-las.

Sob Lula, o papel das circunstâncias externas evidenciou-se também negativamente, mostrando sua relevância também nessa direção. Com a crise que assolou a economia mundial, a brasileira tropeçou no último trimestre de 2008 e seu PIB caiu em 2009. Apesar do forte tombo, Lula veio com a conversa da marolinha. As circunstâncias externas voltaram a favorecê-lo em 2010. Esse vaivém da economia brasileira, claramente associado a movimentos correspondentes da economia mundial, mostra a preponderância de circunstâncias relativamente à apregoada capacidade de gestão do ex-presidente.

De agosto de 2011 para cá, com a crise na eurozona e seus desdobramentos, a economia mundial voltou a pesar negativamente, já com a brasileira nas mãos da presidente. Tida como principal executiva de seu antecessor, enfrenta dificuldades que vêm de fora, mas agravadas por erros da gestão anterior, como os já apontados, e pelos quais, na poderosa função que então exercia, também foi responsável.

E continua na mesma linha. Dados novos, do primeiro semestre deste ano, justificadamente destacados na manchete principal deste jornal na terça-feira, mostram que os investimentos da administração federal continuam estagnados, enquanto os gastos de custeio, inclusive do INSS, tiveram forte impulso com o insólito aumento de 14,1% dado ao salário mínimo em janeiro. Levantados pelo economista Mansueto Almeida Jr., destacado analista das contas públicas federais, esses dados continuam a revelar um governo cronicamente incapaz de investir mais. Mas sem que ele e a economia como um todo venham a aumentar substancialmente os investimentos o PIB brasileiro continuará mostrando crescimento medíocre e fortemente dependente dos ventos de fora.

Mas seria o PIB tão importante? Mesmo economista, a presidente afirmou recentemente que "uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz com as suas crianças e adolescentes. Não é o PIB, é a capacidade do País, do governo e da sociedade de proteger o que é o seu presente e o seu futuro, que são suas crianças e adolescentes".

Tirando o "não é PIB", pois a referida capacidade depende dele, só discordo dessa afirmação por ser incompleta. Prefiro a de um vice-presidente (1965-69) dos EUA, Hubert Humphrey (1911-78), um ícone do Partido Democrata, pelo qual foi também senador por 23 anos. Disse ele: "... o teste moral do governo é como ele trata quem está na alvorada da vida, as crianças; os que estão no entardecer dela, os idosos; e os que estão nas suas sombras, os doentes, os pobres e os deficientes".

O Brasil não se sai bem nesse teste principalmente porque não tem um PIB suficiente para suprir adequadamente todas essas carências. E também porque seu governo não atua equilibradamente nessa tarefa. Em particular, seu viés eleitoreiro e corporativo trata melhor aposentados e pensionistas, eleitores, principalmente os de corporações politicamente poderosas, como a elite do funcionalismo, do que as crianças, já que estas não votam.

Seria injusto cobrar da presidente que rapidamente solucionasse questões institucionais como essas. Mas, dado o que falou sobre as crianças e adolescentes, não jogo fora a esperança de que dê alguns passos nessa direção.

Quanto ao "não é o PIB", cabe outra frase de Humphrey: "O direito de ser ouvido não inclui automaticamente o direito de ser levado a sério". A fragilidade do PIB é muito séria e cabe à presidente agir para reerguê-lo e impulsioná-lo.

Economista (UFMG, USP, HARVARD), professor associado , à FAAP, é consultor econômico, de ensino superior

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO