domingo, 11 de agosto de 2013

OPINIÃO DO DIA – Dilma Rousseff: ET

Queria dizer que tenho muito respeito pelo ET de Varginha. E eu sei que, aqui, quem não viu conhece alguém na família que viu, mas de qualquer jeito eu começo dizendo que esse respeito pelo ET de Varginha está garantido.

Dilma Rousseff, presidente da República, O Globo, 11/8/2013

Contra-ataque às críticas de Dilma

Tucanos rebatem a presidente, que comparou o seu governo com o de FHC. Segundo eles, a administração petista vai de mal a pior

Isabella Souto

As críticas feitas pela presidente Dilma Rousseff (PT) à gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002) foram rebatidas ontem por tucanos. Na sexta-feira, durante viagem a Porto Alegre, a petista disse que nos seis primeiros meses deste ano foram criados 826.200 empregos com carteira assinada – número semelhante ao que teria sido criado durante os quatro primeiros anos de mandato de FHC no Palácio do Planalto.

Para o deputado federal Rodrigo de Castro, que integra a Executiva Nacional do PSDB, a petista deve estar no "mundo do ET de Varginha" – referindo-se à viagem que a presidente fez à cidade mineira na quarta-feira, quando inaugurou câmpus da Universidade Federal de Alfenas (Unifal). Na ocasião, em entrevista a rádios locais, ela fez a mesma comparação em relação ao número de empregos na gestão tucana e petista.

"Ela (Dilma) entrega o país com uma infraestrutura em frangalhos, inflação em alta, na sombra de seu antecessor (ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva), fraca, desamparada e despeitada", reclamou. Para o presidente estadual do PSDB, Marcus Pestana, a presidente Dilma está com uma visão "tacanha e medíocre" da história ao não reconhecer os avanços da gestão FHC. "As circunstâncias históricas, os parâmetros populacionais são muito diferentes. Ela usufrui das bases que o Fernando Henrique deixou", disse.

O senador Aécio Neves (PSDB), que é pré-candidato de seu partido na sucessão de Dilma Rousseff nas eleições do ano que vem, disse durante a semana que é "curiosa a obsessão" da presidente com FHC. "Por que o ex-presidente incomoda tanto a presidente?", reclamou.

O senador classificou ainda como um "desrespeito à inteligência da população" a comparação entre as gestões do PT e PSDB, pois se trata de conjunturas diferentes, que foram por ela tratadas como iguais. Na sexta-feira, a presidente rebateu esse discurso: "Aí você vai me dizer: mas era outra situação macroeconômica. Mas esse é o ponto. É outra situação econômica porque fomos capazes de criar, em seis meses, 826 mil empregos", disse.

A declaração de Dilma deu mais munição para o ataque tucano. O senador Aécio Neves argumentou que nos dois anos do governo Dilma o Brasil cresceu um terço da média dos outros países da América do Sul. Além disso, segundo ele, no governo FHC foram recorrentes crises econômicas no mundo, mas ainda assim o país cresceu quase o dobro da média do subcontinente: o índice chegou a 2,3%, enquanto os demais países tiveram uma taxa de 1,3%.

Fonte: Estado de Minas

'Época': esquema de propina na Petrobras favoreceu o PMDB

Ex-funcionário da estatal relata negociatas com verba pública; empresa não comenta

Em entrevista à revista "Época" desta semana, o engenheiro João Augusto Rezende Henriques, ex-funcionário da Petrobras, denunciou um esquema de corrupção na Diretoria Internacional da estatal que favoreceu o PMDB. Segundo ele, todos os empresários com contratos na área internacional a partir de 2008 tinham de pagar um pedágio que era repassado ao PMDB, sobretudo à bancada mineira do partido na Câmara, responsável pela indicação do ex-diretor internacional da Petrobras Jorge Zelada, que deixou o cargo em julho do ano passado.

Segundo Henriques, de 60% a 70% do dinheiro arrecadado dos empresários eram repassados ao PMDB. O dinheiro servia para pagar campanhas políticas ou para encher os bolsos dos deputados. A maior parte da verba do pedágio seguia para os dez deputados do partido em Minas, entre eles o atual ministro da Agricultura, Antonio Andrade, e o presidente da Comissão de Finanças da Câmara, João Magalhães.

Mas o dinheiro, segundo Henriques contou ao repórter Diego Escosteguy, da revista "Época", não ficava apenas com os políticos do PMDB. O secretário das Finanças do PT, João Vaccari, recebeu o equivalente a US$ 8 milhões durante a campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2010. Henriques disse que organizou, com Vaccari, o repasse para a campanha de Dilma. O dinheiro, segundo ele, foi pago pela construtora Norberto Odebrecht, em razão de um contrato bilionário fechado na área internacional da Petrobras, que dependia de aprovação do então presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, do PT.

Para "Época", o coordenador financeiro da campanha de Dilma Rousseff, José de Filippi Júnior, afirmou que não conhece Henriques:

- Posso garantir que ele não participou da arrecadação de recursos para a campanha da presidenta Dilma Rousseff, que toda arrecadação foi feita por meio de Transferência Eletrônica Bancária, e que as contas da campanha da presidenta foram aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral - disse Filippi.

À Justiça Eleitoral, a campanha de Dilma declarou ter recebido R$ 2,4 milhões da Odebrecht. Vaccari diz que não era responsável pela tesouraria da campanha de Dilma. Afirma ainda que "todas as doações ao PT são feitas dentro do que determina a legislação em vigor e de uma política de transparência do PT". Gabrielli disse, por meio de nota, não ter conversado sobre o contrato da Odebrecht com Vaccari.

Zelada afirmou desconhecer a atuação de Henriques na intermediação de contratos na Petrobras e negou ter sido indicado pelo PMDB. A Petrobras informou em nota que não comentaria o assunto.

Um dos negócios citados por Henriques à revista envolve a contratação de um navio-sonda da empresa Vantage, por US$ 1,6 bilhão, numa operação que, segundo ele, rendeu um pedágio de US$ 14,5 milhões, dos quais US$ 10 milhões foram repassados ao PMDB.

Outro negócio citado por ele foi a venda da refinaria de San Lorenzo, na Argentina, ao empresário Cristóbal Lopez, conhecido como o czar do jogo na Argentina e amigo da presidente Cristina Kirchner. Segundo contratos obtidos por "Época", a propina cobrada por intermediários do negócio foi disfarçada como "taxa de sucesso". A refinaria estava avaliada em US$ 110 milhões e, pelo negócio, os lobistas receberam US$ 10 milhões, dos quais US$ 5 milhões foram parar com os políticos do PMDB.

Fonte: O Globo

Oposição quer investigação de desvios na Petrobras para PMDB

Raupp nega participação do partido em esquema denunciado por engenheiro

Convocação. Álvaro Dias (PSDB-PR) quer ouvir engenheiro

Defesa. Valdir Raupp (PMDB-RO) rejeitou acusação em nota

BRASÍLIA - O presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), divulgou nota ontem negando que o partido tenha participado de um esquema de desvio de verbas de contratos da Petrobras para beneficiar políticos do PMDB e destinado US$ 8 milhões para a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010. A denúncia foi feita por João Augusto Rezende Henriques, ex-funcionário da estatal, em reportagem da revista "Época" deste fim de semana. A revelação do esquema tende a inflamar ainda mais a troca de acusações entre PT e PSDB.

Nas últimas semanas, aproveitando as denúncias sobre o cartel montado por grandes empresas no metrô de São Paulo durante três governos do PSDB, os petistas saíram das cordas em que haviam sido colocados pelo julgamento do mensalão e passaram ao ataque. A denúncia da revista envolvendo caixa dois na campanha da presidente Dilma, somada ao início do julgamento dos últimos recursos dos mensaleiros, na quarta-feira, dará agora munição à oposição.

Ontem, parlamentares do PSDB e do PPS passaram a atirar. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) afirmou que pretende convocar João Augusto, e o presidente do PPS, Roberto Freire, pediu uma investigação imediata por parte do Ministério Público Federal.

Em nota, o presidente do PMDB afirmou que o partido "jamais recebeu os recursos mencionados" e seria "inverídica e fantasiosa afirmação em contrário". Segundo Raupp, "João Augusto Rezende Henriques não tinha autorização ou delegação para falar ou atuar em nome do PMDB nem para buscar recursos para a campanha". Ao GLOBO, a Petrobras informou que não comentaria a reportagem, e o Palácio do Planalto disse que as informações sobre arrecadação de campanha cabiam ao PT.

Líder da minoria na Câmara, o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT) chegou a afirmar que, caso comprovada, a denúncia poderia ensejar até um pedido de impeachment da presidente.

- Não tenho dúvida de que a relação do PT com essas empreiteiras é de benefício partidário. Isso já passou de todos os limites. A presidente Dilma já passou de todos os limites, todos os ministros caíram por relação com fornecedores. Eles combinam com as empresas, e elas comandam todo o processo licitatório do governo federal - afirmou o tucano.

Vice-presidente da Câmara, o deputado André Vargas (PT-PR) afirmou que "toda denúncia tem que ser investigada", mas ressaltou que a denúncia contra os tucanos de São Paulo é mais grave.

- Do mesmo jeito que o "trensalão tucano" tem que ser investigado, esta (denúncia) aí tem que ser. Agora, uma (caso Siemens) trata de uma empresa dizendo que pagou e, nessa aí (Petrobras) é uma pessoa dizendo. Os que fogem da CPI da Alstom têm que ter mais coerência - disse Vargas.

O líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), afirmou que a legenda não teme qualquer investigação sobre o benefício de peemedebistas que tinham influência na Petrobras:

- O deputado Leonardo Quintão (PMDB) é da bancada de Minas e autor do pedido de CPI da Petrobras que trata de todos os contratos internacionais. Se fosse verdadeira essa história, eles não iam assinar uma CPI. O PMDB apoia qualquer tipo de investigação, não estou preocupado com nada.

Em entrevista à "Época", o engenheiro João Augusto denunciou um esquema de corrupção na diretoria internacional da empresa. Todos os empresários com contratos na área internacional a partir de 2008 teriam de pagar um "pedágio" à bancada mineira do PMDB, apontada como responsável pela indicação do então diretor internacional da empresa, Jorge Zelada, que deixou o cargo em julho do ano passado. Entre os beneficiários estariam o atual ministro da Agricultura, Antonio Andrade, e o presidente da Comissão de Finanças da Câmara, João Magalhães. Os dois não retornaram ontem telefonemas do GLOBO.

Segundo a revista, João Augusto ainda admitiu ter organizado com o secretário das Finanças do PT, João Vaccari, um repasse de US$ 8 milhões para a campanha presidencial de Dilma, em 2010. A verba teria sido paga pela construtora Odebrecht, como retribuição por um contrato bilionário fechado na área internacional da Petrobras, que dependia de aprovação do então presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, do PT. Convertido pela cotação do período, o valor seria cerca de seis vezes maior que os R$ 2,4 milhões que a campanha de Dilma declarou ter recebido da Odebrecht.

Fonte: O Globo

Pesquisa aponta segundo turno

Daniela Garcia

BRASÍLIA – Passado o mês intenso de manifestações, a presidente Dilma Rousseff recuperou parte de sua popularidade e das intenções de voto em 2014, segundo pesquisa Datafolha divulgada ontem. Embora tenha recuperado terreno, ela não venceria, em primeiro turno, a próxima disputa presidencial. Entre os outros pré-candidatos testados, a ex-senadora Marina Silva (sem partido) é a única que conquistou um avanço gradual nos números. Até outubro do ano que vem, no entanto, o quadro ainda deve sofrer significativas mudanças, segundo avaliação de especialistas, de governistas e da oposição.

Das sete simulações testadas pelo Datafolha, a primeira contaria com Dilma, Marina, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). No cenário, a petista tem 35%, cinco pontos a mais do que o registrado na pesquisa anterior, do final de junho. Marina subiu de 23% para 26%; Aécio caiu de 17% para 13%, mas continua na frente de Campos, que oscilou de 7% para 8%. No total, brancos, nulos, nenhum ou indecisos somam 18%. Nesse cenário, Dilma enfrentaria Marina Silva no segundo turno.

Mesmo que Dilma não vença no primeiro turno, o cientista político Rudá Ricci, do Instituto Cultiva, disse que, hoje, os eleitores insatisfeitos com a petista reforçaram o voto em branco ou nulo, em vez de impulsionarem candidatos da oposição. "Apesar do desgaste sofrido pelas manifestações, não houve nenhum movimento expressivo de votos do governo para a oposição. É bem provável que esses eleitores descontentes descarreguem seus votos em nulo ou branco, por toda uma descrença atual no sistema político-partidário", aposta.

O líder do PSDB no Senado, o senador Alvaro Dias, afirmou que o resultado da pesquisa significa "um desastre para ela (Dilma)". O instituto também divulgou, na sexta-feira, que a aprovação do governo de Dilma cresceu de 30% para 36%. Segundo Dias, "a flutuação é natural e não significa uma recuperação". Ele disse considerar a pesquisa "prematura". "O quadro para as eleições de 2014 está totalmente aberto", avalia.

Membro da Executiva nacional do PSDB, o deputado federal Rodrigo de Castro (MG) disse que, embora tenha havido um crescimento na popularidade da presidente Dilma, os números demonstram que a população conhece as falhas da administração petista. Para ele, está clara a vontade do eleitor de votar em um projeto da oposição. "Cabe a nós mostrar o nosso candidato e conscientizar os eleitores que temos o melhor nome, que é o Aécio Neves", afirmou o parlamentar.

Cotado para coordenar a campanha do senador mineiro no estado, o ministro das Comunicações durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) Pimenta da Veiga vê os números apresentados no levantamento como "provisórios". "A pesquisa mostra um quadro animador para a nossa candidatura, e temos muito tempo para trabalhar para que possamos reverter os números", aposta.

O líder do governo na Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), afirmou que já era esperada a melhora na popularidade de Dilma. "Acho que ela faz um bom governo e as pessoas estão prestando atenção nisso." Mesmo com a queda anterior da presidente na pesquisa, de 30 pontos percentuais, o parlamentar aposta que os índices "podem e vão melhorar" até o próximo ano.

Fonte: Estado de Minas

Dilma se reabilita, mas só Lula venceria no 1º turno

Novo Datafolha mostra que Marina segue em ascensão na corrida presidencial

Aécio, Joaquim Barbosa e Campos estacionam; testado, Serra tem desempenho similar ao de rival tucano

Fernando Rodrigues

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff (PT) recuperou parte da intenção de voto perdida por causa das manifestações de rua em junho. Ainda assim, continuaria sem vencer no primeiro turno se a disputa fosse hoje, segundo pesquisa Datafolha realizada nos dias 7 a 9 deste mês, em todo o país, com 2.615 entrevistas.

Entre os candidatos de oposição, o destaque continua sendo Marina Silva, que tenta montar seu novo partido, a Rede Sustentabilidade. A ex-senadora aparece novamente em segundo lugar, repetindo o movimento de avanço gradual em sua intenção de voto.

Marina é a única candidata que manteve sua trajetória ascendente, mesmo durante os protestos de junho.

Outros dois candidatos de oposição, o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), ficaram estacionados ou registraram variações dentro da margem de erro, que é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, que não tem partido e declara não ter intenção de se candidatar, também tem oscilação negativa.

Em sua primeira aparição nas pesquisas para 2014, ex-governador paulista José Serra, do PSDB, saiu-se melhor que seu companheiro de partido, Aécio Neves. Serra tem 14% das intenções de voto,contra 10% de Aécio, no cenário em que disputam com Dilma, Marina e Campos.

Sem espaço no PSDB, Serra estuda a possibilidade de sair para se candidatar a presidente por outro partido.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o nome testado pelo Datafolha com melhor desempenho entre todos. Ele ganharia, com folga, a eleição no primeiro turno se a disputa fosse hoje.

Dos sete cenários testados pelo Datafolha, o que é considerado hoje o mais provável inclui Dilma, Marina, Aécio e Campos. Nessa simulação, a petista tem 35% contra 30% no levantamento do final de junho.

Marina oscilou de 23% para 26%. Aécio deslizou de 17% para 13%. Campos variou de 7% para 8%. Brancos, nulos, nenhum ou indecisos somam 18%. Nesse cenário, Dilma enfrentaria Marina Silva no segundo turno.

A recuperação de Dilma foi especialmente robusta entre eleitores do Sudeste, onde ela saiu de 22% para 29% das intenções de voto. E no Sul, pulando de 27% para 33%. No Nordeste ela manteve a marca de 45%.

Se o candidato tucano é Serra e não Aécio, a presidente Dilma registra 32%.

Mas nesse cenário testado pelo Datafolha está incluído também Joaquim Barbosa, cujo percentual é de 11%. Marina marca 21%. Eduardo Campos, 5%. O melhor cenário para o PT é com Lula como candidato e pontuando 51%. Os adversários, somados, ficam com apenas 36%: Marina (20%), Aécio (11%) e Campos (5%).

Na pesquisa espontânea, quando os entrevistados respondem em quem pretendem votar sem ver uma lista de nomes, apenas Lula registra uma melhora. Ele tinha 6% em junho e agora foi a 11%. Dilma ficou com os mesmos 16%. Aécio oscilou de 4% para 3%. Marina foi de 2% para 3%.

Se no levantamento de intenção de voto o desempenho de Serra é semelhante ao de Aécio Neves, a rejeição ao paulista é bem maior que a do mineiro.

Para 36% dos entrevistados pelo Datafolha, Serra é um nome no qual eles não votariam de jeito nenhum. Aécio é rejeitado por 23%. Dilma, por 27%.

Fonte: Folha de S. Paulo

Para oposição, presidente não recupera auge da popularidade

Recuperação é gradual e segura, dizem petistas

BRASÍLIA - Enquanto petistas disseram que a pesquisa Datafolha mostrou uma tendência de recuperação na aprovação do governo Dilma Rousseff, integrantes da oposição avaliam que até o final de seu mandato haverá oscilações sem que os antigos patamares de popularidade da presidente sejam alcançados.

Índices revelados ontem pelo Datafolha mostram que o percentual de quem considera o governo ótimo ou bom subiu de 30% no final de junho, no auge dos protestos, para 36%.

O ápice da aprovação de Dilma ocorreu em março, quando 65% consideravam a sua gestão ótima ou boa.

De acordo com o presidente do PT, Rui Falcão, a pesquisa mostra uma "tendência de recuperação real, que se materializa". O líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), seguiu a linha de Falcão e disse que Dilma deve "seguir na toada democrática", o que lhe dará uma recuperação "gradual e segura".

Para parlamentares da oposição, Dilma não voltará aos antigos patamares. De acordo com o líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), "a sociedade experimentou o governo e não está disposta a dar mais quatro anos a ele".

O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), disse que "não fez barulho" quando Dilma caiu, por isso não iria comentar a subida. Ele disse, porém, que o país precisa de mudanças, pois vive um momento de degradação de valores e instituições.

Fonte: Folha de S. Paulo

Debandada anunciada no PSD mineiro

Partido criado há dois anos, que conseguiu atrair para seus quadros 14 deputados, deve perder de uma só vez oito desses parlamentares, descontentes com a proximidade com o PT

Isabella Souto

O PSD mineiro está prestes a sofrer uma baixa: nos próximos dias deve perder oito dos atuais 14 parlamentares que tem na Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados. Esse foi o tom da conversa entre o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, e o presidente da legenda em Belo Horizonte e secretário estadual de Gestão Metropolitana, Alexandre Silveira, durante encontro na terça-feira. Aliados do senador Aécio Neves (PSDB) e integrantes da base do governador Antonio Augusto Anastasia (PSDB), os pessedistas não aceitam a relação cada vez mais próxima entre a direção nacional da legenda e a presidente Dilma Rousseff (PT).

No encontro no início da semana, Kassab teria dado a garantia de que a legenda não cobrará dos parlamentares as vagas na Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) de que o mandato pertence ao partido, e não ao candidato. "Ele tem sido cordial e leal em demonstrar as posições dele e tem se esforçado pela nossa permanência, mas, entre o partido e o projeto de Minas, fico com a segunda opção. Se a nossa saída se confirmar, será de forma amigável", afirmou ontem o secretário Alexandre da Silveira, que na semana que vem tem um último encontro com Kassab.

A princípio, pelo menos parte dos parlamentares estaria tentando viabilizar a filiação conjunta em outro partido, mas não está descartada a hipótese de cada um seguir um caminho. Segundo Alexandre da Silveira – que ajudou a fundar o PSD no estado –, pesa ainda contra a permanência na legenda uma divisão interna. A direção estadual do partido defende o apoio ao PT, e inclusive esteve ao lado do candidato a prefeito de Belo Horizonte Patrus Ananias (PT) nas eleições do ano passado, enquanto a bancada estadual fez campanha para Marcio Lacerda (PSB), que tinha o PSDB ao seu lado.

Precipitação Mas mesmo entre aqueles que são contrários à postura da direção nacional há visões diferentes sobre o assunto. O deputado estadual Gustavo Valadares, por exemplo, acha que não resta alternativa ao grupo senão trocar mais uma vez de partido – antes do PSD, ele integrava o DEM. Já o deputado federal Marcos Montes acha que qualquer atitude agora é precipitada. "Não devemos entregar o partido assim tão facilmente", avalia o parlamentar. Ele nega com veemência a possibilidade de se desfiliar.

Os planos de Marcos Montes são continuar na legenda e apoiar a candidatura do senador Aécio Neves a presidente da República, mesmo que na condição de dissidente. Em relação ao governo de Minas Gerais, o deputado evitou opinar, pois segundo ele ainda não está definido quem serão os candidatos. "Não sabemos quem serão os candidatos. Nem o PSDB sabe. Como vamos tomar uma decisão sem saber quais são as pedras do jogo?", argumentou.

Embora defenda a aliança com o PT na eleição presidencial, o presidente estadual do PSD, Paulo Simão, tem opinião semelhante no que diz respeito à disputa pelo governo mineiro. E defende "cautela" nas próximas semanas, quando termina o prazo para as filiações partidárias de quem for concorrer nas eleições do ano que vem. "Estamos estudando inclusive a possibilidade de sair com candidato próprio. Uma decisão sobre Minas Gerais não será tomada este ano", disse ele, que na quinta-feira teve um encontro com Alexandre da Silveira em uma tentativa de garantir a permanência do seu grupo no partido.

Fonte: Estado de Minas

'Pros' deve ser opção para infieis

Sigla prestes a ser oficializada tem como slogan "Como mudar de partido sem perder o mandato"

Enquanto o mundo político acompanhava a tentativa frustrada de fusão entre PPS e PMN, movimento que abriria uma janela de infidelidade partidária e permitiria que parlamenta; res insatisfeitos com Dilma . Rousseff migrassem para a oposição sem perder o mandato, um outro partido era gestado em silêncio.

O Partido Republicano da Ordem Social (Pros) pode ser o caminho para os infiéis. Em janeiro, a legenda ficou conhecida ao tentar atrair deputados em Brasília oferecendo facilidades. Nas próximas semanas de agosto, o Pros, que já cumpriu todas as etapas legais, deve ser oficializado como a 31ª agremiação partidária brasileira. Estará criado, assim, um "partido-ônibus" para 2014.

A sigla ainda não decidiu se e de esquerda, direita ou centro e só deve fazer isso em 2014, dependendo do cenário. Mas o importante para seus novos filiados é garantir espaço e cacife político nas disputas regionais do ano que vem. Presidente do Pros em São Paulo, o pastor João Araújo garante que 20 deputados federais estão de malas prontas. Eles receberam a promessa de passe livre para negociar palanques em seus Estados ou tentar voos mais altos.

Segundo o Departamento Interersindical de Assessoria Parlamentar, se esse número se concretizar, o partido terá 2 minutos de tempo de TV e será a 10ª maior bancada da Câmara. Deixaria para trás PTB (18), PCdoB (13), PV (10), PPS (xo) e PRB (10). O dirigente diz que a lista só será revelada quando o partido for formalizado, A reportagem apurou o nome de pelo menos três deputados "fundadores": Henrique Oliveira (PR-AM), Rosinha da Adefal (PTdoB-AL) e Fábio Rodrigues de Oliveira, o Major Fábio (DEM-PB).

"Ainda não anunciei minha ida ao Pros, mas esperamos atrair pelo menos 20 deputados federais" diz Major Fábio. Ele afirma que tomou a decisão de deixar o DEM porque não tinha espaço para disputar o executivo paraibano. "Minha pretensão é ser candidato a governador da Paraíba e o DEM é coligado ao governador Ricardo Coutinho (PSB)

O senador José Agripino, presidente nacional do DEM, ficou surpreso ao saber que perderia um parlamentar, "Nunca ouvi falar desse partido. Acho que estão blefando." Questionado se tentaria impedir a mudança na Justiça, ele reconheceu que não há amparo legal para isso. Foi a criação do PSD de Gilberto Kassab que abriu esse precedente.

Pragmatismo. A página inicial do site da sigla deixa claro que o foco é o pragmatismo: "Como mudar de partido sem perder o mandato". Segundo especialistas em direito eleitoral, quem for para o Pros na condição de fundador poderá até mesmo migrar para outra sigla sem perder o mandato.

"Se alguém usar o Pros como ponte para um terceiro partido, como eles pediriam o mandato de volta se a sigla não tem suplente e não disputou a eleição de 2010?", diz o advogado Alberto Rollo.

Quem optar por esse caminho, porém,não poderá disputar nenhum cargo eletivo em ou em ftinção dos prazos estipulados legais. O Tribunal Superior Eleitoral exige que os candidatos estejam filiados a seus partidos pelo menos um ano antes da eleição.

Após reunir as 490 mil assinaturas exigidas pelo TSE, o Pros espera um visto da ministra Laurita Vaz para existir oficialmente. Quando isso ocorrer, será aberta uma janela de 30 dias para a dança das cadeiras. Segundo o TSE, quem aderir à legenda dentro desse período será considerado fundador e não poderá perder o mandato parlamentar.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Aécio constrói rede de aliados paulistas

O PSDB está no poder em São Paulo há 18 anos, mas isso não significa muita coisa para o projeto presidencial do senador mineiro Àecio Neves. No maior colégio eleitoral do País, os dois principais quadros do partido, o governador Geraldo Alckmin e o -ex-governador José Serra, são seus adversários históricos do mineiro na luta interna. Essa relação, que nunca foi boa, deteriorou-se ainda mais depois que o caso Siemens veio à tona. Os paulistas se ressentem pelo fato de Aécio não ter usado o cargo de presidente do PSDB para engajar o partido na defesa de suas gestões, que são acusadas de conivência com um esquema de cartel em licitações do Metrô paulista,

Para superar essa resistência, Aécio "invadiu" o Estado, aproximou-se de dirigentes locais e construiu uma estrutura paralela à máquina partidária para viabilizar sua campanha em 2014,

A fim de costurar uma rede de aliados que inclui até os mais leais amigos de Alckmin e Serra, o senador usou sua influência para abrir espaços no Congresso e na direção da legenda. Amigo íntimo de Serra e um dos principais expoentes de seu grupo político, o senador Aloysio Nunes Ferreira ficou surpreso ao receber de Aécio, em j aneiro, um convite para ser o líder do PSDB no Senado. "Precisa falar com o Cássio (Cunha Lima, senador da Paraíba)", disse ele.

O colega já tinha feito isso. Antes dessa articulação, o senador nordestino era o nome de consenso da bancada. Pela tradição de rodízio regional e por motivos estratégicos, a saída de Álvaro Dias, do Paraná, fazia a fila andar para a vez do Nordeste, região considerada reduto petista. Aécio tratou de convencer Cássio e os tucanos nordestinos de que era preciso fazer um gesto concreto de aproximação aos paulistas da ala "serrista".

Depois de assumir a presidência do PSDB em maio, o ex-governador mineiro fez outro gesto de aproximação ao ventilar a tese de que Aloysio era o nome mais cotado para ocupar o posto de vice em sua chapa presidencial. O paulista negou que tivesse essa ambição, mas ficou lisonjeado com a iniciativa.

"Formamos uma boa dobradinhano Senado", diz Aécio. A dupla se fala longamente todas às segundas-feiras para afinar a agenda da semana no Congresso e discutir conjuntura. Quando Serra começou a se movimentar politicamente depois : das manifestações de junho e a insinuar que poderia disputar à presidência fora do PSDB, Aloysio deixou claro que não cogitava embarcar no projeto.

Redutos. Com o deputado federal Carlos Sampaio, líder do PSDB na Câmara, o processo foi parecido. Depois do paulista Duarte Nogueira, chegara a vez de um mineiro assumir o co: mando da bancada. Novamente Aécio interveio. "Não tenho dúvida de que a bancada paulista do PSDB apoia Aécio (para a Presidência), Ele tem carisma e muita capacidade de agregar", elogia Sampaio, Principal líder tucano na região de Campinas, o deputado passou a construir pontes com prefeitos paulistas e a organizar eventos com Aécio. "Nos falamos duas ou três vezes por semana", relata Sampaio, que já ajudou o senador a ser aceito em redutos antes impenetráveis.

"Independentemente da máquina estatal, o Aécio tem hoje ampla rede de apoios entre prefeitos e vereadores em cidades menores", diz o aliado paulista, Foi o líder do PSDB na Câmara quem aproximou o senador de um importante aliado: o prefeito de Botucatu, João Ciiry. No "front" aecista de São Paulo, ele assumiu a missão de coordenar a ação nas pequenas cidades. Recentemente e organizou um encontro entre Aécio e 20 prefeitos.

Membro do "núcleo duro" de Alckmin, o presidente do PSDB paulista, Duarte Nogueira, também se converteu ao "aecismo". Ele conta que chegou a ser convidado pelo senador para assumir a Secretaria-Geral do partido, mas não o fez porque foi eleito presidente estadual, "Meu papel é ser o interlocutor do Aécio com. os tucanos paulistas", diz Nogueira, Ele também tornou-se o intermediário entre Serra e o comando nacional da sigla. Um tucano de peso, com trânsito entre em a senis-tas" e "alckmistas" reconhece: "Duarte assumiu o papel de conciliador entre as diferentes aspirações do partido".

Aproximação* O processo de aproximação de Aécio com os paulistas começou em 2010. Poucos dias depois da derrota de Serra para Dil.rna Rousseff, Aécio foi convidado para um jantar na casa de FHG. Na ocasião, o ex-presidente defendeu que ele assumisse o comando do partido já no ano seguinte para ter visibilidade e rodar o País sem ser questionado. Aécio ponderou que era cedo. Em 2011, FHC assumiu o papel de articulador, para pavimentar o caminho de Aécio, Gs dois passaram a se encontrar frequentemente, Nessa nova fase, FHC viu seu legado voltar ao centro do discurso tucano. Não por acaso, foi em seu apartamento em Higienópolis que foi selada em dezembro a candidatura de Aécio, em jantar do qual participaram Alckmin, Sérgio Guerra e Tasso Jereissati

Fonte: O Estado de S. Paulo

Serra defendeu interesses do Estado em licitação de trens em SP, diz Aécio

Para presidente do PSDB, regras de concorrência foram respeitadas

Natuza Nery

BRASÍLIA - Ao comentar ontem investigações sobre suspeitas de formação de cartel e fraude a licitações de trens em São Paulo, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves, afirmou que a conduta do ex-governador José Serra (PSDB) em licitação Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), em 2008, garantiu respeito às regras da concorrência e ao menor preço.

"O que ele fez foi defender os interesses do Estado, garantindo respeito à licitação, ao menor preço e, assim, economizando R$ 200 milhões aos cofres paulistas", disse.

Reportagem da Folha revelou e-mails em que um executivo da Siemens diz que o ex-governador teria sugerido à multinacional alemã, que participava da concorrência, um acordo para evitar o questionamento da licitação na Justiça. Serra nega o acordo.

Ontem, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) reafirmou que, se for constatado cartel, o governo vai mover ação contra as empresas envolvidas.

Colaborou Lucas Sampaio, enviado especial a Cordeirópolis (SP)

Fonte: Folha de S. Paulo

Propina na Petrobras: Se MP não agir de imediato, PPS vai acionar a PGR

Por: Assessoria do PPS

O presidente nacional do PPS, deputado federal Roberto Freire (PPS), defendeu nesta sábado (10) que o Ministério Público Federal (MPF) abra imediatamente investigação para apurar a denúncia de um esquema der propina montado dentro da Petrobras para beneficiar parlamentares do PMDB e também abastecer o caixa de campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010. Freire adiantou que o partido acionará a Procuradoria Geral da República caso a abertura de apuração não ocorra.

“Se o Ministério Público não o fizer de ofício, o PPS vai ingressar com uma representação na Procuradoria Geral da República pedindo a abertura de inquérito. Esse episódio repete a cantilena dos tempos de Lula: irresponsabilidade, desordem e corrupção. São tempos sombrios”, afirmou.

PPS também defende CPI

Para o presidente do partido, no caso da Petrobras fica evidente o interesse particular e partidário em contratos da estatal. Ele defende a abertura de uma CPI para investigar os contratos e a gestão da estatal. “Não é apenas esse caso. Temos também o negócio escandaloso da compra da refinaria Pasadena, no Texas. A oposição vem tentando abrir essa CPI, sabemos que é difícil conseguir as assinaturas, mas ela é necessária”, disse Freire.

A denúncia

Em entrevista à revista "Época" desta semana, o engenheiro João Augusto Rezende Henriques, que trabalhou na estatal, revelou um esquema milionário de corrupção na Diretoria Internacional da Petrobras. Segundo ele, todos os empresários com contratos na área internacional a partir de 2008 tinham de pagar um pedágio que era repassado ao PMDB, partido que indicou o ex-diretor internacional da Petrobras Jorge Zelada, que deixou o cargo em julho do ano passado.

Henriques revelou ainda que de 60% a 70% do dinheiro arrecadado dos empresários eram repassados ao PMDB. O dinheiro servia para pagar campanhas políticas ou para encher os bolsos dos deputados. A maior parte da verba do pedágio seguia, segundo o denunciante, para os dez deputados do partido em Minas, entre eles o atual ministro da Agricultura, Antonio Andrade, e o presidente da Comissão de Finanças da Câmara, João Magalhães.

O engenheiro também denuncia que o secretário das Finanças do PT, João Vaccari, recebeu o equivalente a US$ 8 milhões durante a campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2010. O dinheiro teria sido pago pela construtora Norberto Odebrecht, em razão de um contrato bilionário fechado na área internacional da Petrobras.

Pior para os atores, melhor para a plateia - Gaudêncio Torquatto

A indagação é oportuna: quais perspectivas se apresentam ao País no curto e médio prazos, tendo como pano de fundo as renitentes mobilizações populares? Perguntinha complexa, à qual Luís Pereira, fosse vivo, poderia responder. Pintor de paredes, 200 votos, assumiu o lugar de Francisco Julião, líder das Ligas Camponesas em Pernambuco, cassado pela ditadura. De roupa nova, vibrando de emoção, como conta Sebastião Nery, tomou um susto com a pergunta feita por Murilo Melo Filho no desembarque em Brasília: "Excelência, como vai a situação?". Sem saber o que dizer, olhou para um lado, para o outro, para o alto, fixou os olhos no jornalista e tascou; "As perspectivas são piores que as características".

Pois é, as características do ciclo que se abre no País sinalizam perspectivas nada animadoras para os atores individuais, eis que enfrentarão um eleitor mais crítico e, nesse caso, a resposta do pintor de paredes até esbarra na lógica para prever os horizontes dos próximos tempos, mesmo que fique patente o uso dos termos como tinta para colorir a mais embrulhada abstração. Quem sabe, a fonética das duas palavras não soaria ao interlocutor como algo elevado?

Já na esfera dos costumes e das práticas políticas, as perspectivas contrariam o pessimismo do nosso personagem. São promissoras. Estacas morais foram e continuam sendo cravadas no solo esburacado da política pelos braços dos movimentos que tomam as ruas das cidades em todos os quadrantes nacionais.

A nova ordem que se esboça passa a abrigar um alentado acervo de princípios e valores que, mais ou cedo ou mais tarde, balizarão as imprescindíveis reformas no edifício político, a começar pelo alargamento dos tijolos da racionalidade. Como é sabido, a maioria do eleitorado habitou por décadas as bases da pirâmide social, constituindo, em razão de precárias condições de vida, massa de manobra dos quadros políticos. Seu processo decisório se ancora na emoção, que transparece em votos de agradecimento por benesses e bolsas recebidas, no adjutório esporádico que os políticos pulverizam a torto e a direito, usando migalhas do poder como forma de cooptação. Essa obsoleta modelagem está com os dias contados. O meio da pirâmide já soma 53%, cerca de 104 milhões de pessoas, quando há dez anos somente 38% habitavam esse espaço. É evidente que a absorção de valores não se dá de maneira abrupta, mas é fato que critérios racionais começam a substituir os emotivos no processo de escolha de representantes e monitoramento de governantes.

A crítica social, que atinge 0 mais alto grau da contemporaneidade, é fruto da consciência crescente sobre o papel do Estado, a missão dos homens públicos e os direitos da cidadania. Hoje nada parece escapar aos olhos de grupos e multidões, que não faz muito tempo agiam como massas amorfas, sem capacidade de reagir e interagir com os atores do palco institucional. Nesse sentido, faz-se aqui distinção da clássica estrutura da massa, descrita de forma densa por Elias Canetti em seu famoso Massa e Poder. Para ele, a massa quer sempre crescer; em seu interior reina a igualdade.

Hoje as ruas são ocupadas por grupos e categorias profissionais, contidas em seus limites, defendendo interesses corporativos, diferenciando-se pela especialização. Bem diferentes das massas abertas do passado. A racionalidade, por sua vez, implica compromisso com a verdade, descortinando uma geração de perfis políticos desprovidos de lantejoulas e brilhos. A autoglorificação, que fundamenta o marketing das performances pessoais e ocupa praticamente todos os espaços das mídias eleitorais, deverá ser doravante recebida com apupos por ouvintes de todas as classes. Em contraponto, ganharão destaque debates no campo das ideias, proporcionando condições de enxergar as diferenças de estilo entre atuais representantes e futuros competidores.

O plano da semântica suplantará o terreno da estética, no fluxo das correntes de opinião que despejam torrentes de informação pela gigantesca rede social. Aduz-se ainda, na onda da efervescência social, o adensamento de uma locução com origem nos mais diferentes estratos, a atestar a multiplicação de novos polos de poder e irradiação de influência. Sendo assim, os Poderes da República - Executivo, Legislativo e Judiciário - terão de conviver com as forças centrípetas, sendo razoável imaginar que 0 movimento das margens em direção ao centro acabará reforçando o instrumental a serviço da democracia direta: consulta popular, plebiscito e referendo. Sob essa perspectiva, também é razoável prever mais agilidade nos processos de adesão a projetos de iniciativa popular, tendo como correia de transmissão a bateria de meios da internet.

Dito isto, cabe perguntar: como reagirão governantes e representantes a esse ordenamento? Primeiro, com precaução. O conglomerado público está pasmo. Os atores contemplam a platéia sem saber se receberão aplausos ou vaias ao fim da peça. Treinam atitudes recatadas, temem enfrentar auditórios lotados, eliminam desfiles exuberantes. Os governantes, a começar da presidente da República, tentam voltar aos braços do povo. E produzir uma agenda positiva, recheada de ações capazes de reconquistar contingentes indignados. A foto do governador do Ceará, Cid Gomes, sentado no meio-fio, alta noite, com um megafone falando para um grupo acampado numa rua retrata a estética do novo cenário.
Nem sempre, porém, reconhecer erros ou adotar atitude humilde dá resultado. É o caso do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que continua ouvindo o eco das ruas.

O fato é que o dique de contenção das pressões sociais foi rompido. Que os habitantes das Casas dos Poderes possam divisar perspectivas mais animadoras que as enxergadas pelo pintor Luís Pereira. Sob pena de caírem nas linhas do canto de Manuel Bandeira: "Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte? O que eu vejo é o beco".

*Jornalista, professor titular da USP

Fonte: O Estado de S. Paulo

O futuro da 'nova era' - Pedro S. Malan

O Brasil não tem problema, apenas soluções adiadas." O chiste de Luís da Câmara Cascudo pode ser lido - embora não deva - como expressando uma aconchegante e ilusória confiança no poder regenerador da passagem do tempo. Do tipo: a cada dia basta a sua pena. Ou como na enganosa esperança de que "no fim tudo acaba bem, se não está bem é porque não acabou ainda". O que sempre depende de como se define (e redefine) o que é o fim - e o significado de acabar.

Bem-humoradas afirmações dessa natureza podem justificar tendências à procrastinação e à aceitação um tanto passiva de todo tipo de atrasos - e dos custos econômicos e sociais neles envolvidos por várias razões. Quero mencionar duas que considero relevantes para os decisivos meses à frente.

A primeira pode estar ligada à nossa obsessão pelo futuro: nossa fé no que virá como que nos exime daquilo que, de Sérgio Buarque de Holanda a Roberto DaMatta, é tido como nossa relativa aversão aos miúdos labores do cotidiano. Gostamos de pensar grande: discussões específicas ou técnicas sobre como melhor gerir, na prática, a coisa pública em áreas definidas têm, entre nós, muito menos apelo do que retóricas conclamações por novos modelos de desenvolvimento, novos projetos nacionais, novas políticas industriais ou "novas matrizes macroeconômicas".

A segunda razão tem que ver com a forma como uma sociedade e seus governos identificam os principais problemas a enfrentar. As manifestações recentes indicam o que vem por aí em termos de novas demandas (inclusive da base aliada) e de novas tentativas de respostas de um governo totalmente focado em ganhar as eleições de 2014 (uma definição do "fim" e do "acabar bem").

Alguém dirá, e com razão: ora, os principais candidatos de oposição também estão com os olhos fixos no período até outubro de 2014 e adiante. É verdade, mas o que estará em foco nos próximos 15 meses são as respostas do "Poder Incumbente", ao qual cabe o dever de bem governar o País e responder a seus problemas, incluídos os identificados nos movimentos de rua, dos quais o lulopetismo acreditava, até junho, deter o monopólio.

A propósito, vale lembrar uma observação de Jared Diamond (em seu livro Collapsè). "Mesmo quando uma sociedade foi capaz de antecipar, perceber e tentar resolver um problema, ela pode ainda fracassar em fazê-lo, por óbvias razões possíveis: o problema pode estar além das suas capacidades; a solução pode existir, mas ser proibitivamente custosa: os esforços podem ser do tipo muito pouco e muito tarde, e algumas soluções tentadas podem agravar o problema."

Como sabemos, um país pode não fracassar, mas desperdiçar muitas oportunidades. E isso pode ter efeitos consideráveis sobre seu futuro, levando a um relativo atraso econômico e social em relação a países que foram capazes de adotar medidas de políticas públicas nas áreas macro, micro, institucional, regulatória e de reformas, favoráveis ao crescimento com competitividade internacional.

O problema, talvez mais fundamental, é que em muitos países do mundo de hoje, desenvolvidos ou não, o Estado não pode mais (ou pode cada vez menos) além de investir em infraestrutura, sustentar o custo de seu endividamento e corresponder aos desejos por maiores gastos públicos para assegurar direitos existentes e expectativas de novos direitos por alcançar.

Educação, saúde, transporte, segurança e muitos outros serviços públicos que as pessoas (no mundo desenvolvido em particular) por mais de meio século se acostumaram a ter providos por seus governos estão ficando agora claramente fora do "espaço" de orçamentos públicos razoavelmente controlados ou, pelo menos, fora daquilo que as pessoas estariam propensas a aceitar como a tributação requerida para pagar portais serviços.

Essa discussão é particularmente relevante no Brasil de hoje. As razões principais vão-se tomando cada vez mais conhecidas entre nós. Para resumir ao extremo, no Brasil, tanto no que diz respeito ao gasto público quanto à tributação, temos três problemas: o nível de ambos é excessivo, a composição de ambos é distorcida e a eficiência de ambos é precária, como mostram de forma contundente analistas, pesquisas e manifestações. E a combinação desses três problemas é altamente deletéria para os investimentos e o crescimento sustentado que , todos almejamos.

Governos que se acostumaram a culpar governos passados e - quando conveniente - o resto do mundo por seus problemas ficam desorientados quando são alcançados pelas conseqüências de suas próprias ações e omissões ao longo de mais de dez anos. Na verdade, do ponto de vista da economia, desde a "inflexão desenvolvimentista" de 2006, quando uma nova equipe econômica entrou em campo, com a convicção de que a demanda sempre cria sua própria oferta, assegurando o crescimento da produção doméstica.

Talvez tenham descoberto, após sete anos, que nem sempre é assim, que a expansão sustentada da oferta depende não só do gasto público e dos financiamentos concedidos por bancos oficiais, mas do grau de confiança de investidores privados no ambiente geral de negócios, na qualidade do contexto regulatório, na estabilidade das regras do jogo e no compromisso do governo com a responsabilidade fiscal e o controle de inflação.
E que, por vezes, excessos na política de estímulo à demanda (na suposição de que a oferta sempre responde) podem levar ao aumento de pressões inflacionárias e ao aumento das importações e dos déficits do balanço de pagamentos, devidos à nossa baixa taxa de poupança privada e à nossa poupança pública negativa. Tentar desarmar o que André Lara Resende chamou de "a armadilha brasileira" será tarefa da próxima administração - qualquer que seja o resultado das umas.

*Economista, foi ministro da fazenda no governo Fernando Henrique Cardoso

Fonte: O Estado de S. Paulo

Mais igualdade e dignidade - Merval Pereira

O cientista político Joseph S. Nye Jr, professor de Harvard que trabalhou nos governos Carter e Clinton, nas secretarias de Estado e de Defesa, abordou pela primeira vez o conceito de "soft power" para falar sobre o novo papel dos Estados Unidos com o fim da Guerra Fria e a mudança que já detectava no mundo, onde o poder, além de econômico e militar, teria uma terceira dimensão, a habilidade de conseguir o que se quer através da atração em vez da coerção.

Esse "poder suave", cultivado nas relações com aliados, na assistência econômica e em intercâmbios culturais, resultaria em uma opinião pública mais favorável e maior credibilidade externa dos Estados Unidos. Há um consenso de que o poder dos Estados Unidos hoje depende muito mais de seu "soft power" do que de seu poderio militar, que causa estragos à imagem do país.

Trazendo o conceito de "soft power" para o plano nacional, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso analisou em palestra na Academia Brasileira de Letras a importância dos valores culturais e sociais na definição de nosso futuro nacional.

Fernando Henrique vê como as áreas mais definidoras do futuro a inovação tecnológica, a educação e a cultura, mas, sobretudo, a reconstrução da nossa sociedade na direção de uma convivência mais harmoniosa, que tem a ver com valores como a dignidade da pessoa humana e a equidade.

"Quando se pensa em valorizar os aspectos culturais é preciso reconhecer que nesse mundo que está em ebulição há valores que precisam ser reforçados", e para o ex-presidente "a questão fundamental tem a ver com a Justiça, mais do que simplesmente o desenvolvimento da economia".

Fernando Henrique criticou a visão estritamente econômica que prevalece entre nós, "uma ótica do passado", que ainda se norteia pelo crescimento do PIB, quando há outros fatores importantes para crescermos como sociedade: "Temos conseguido crescer socialmente sem ter tido um crescimento do PIB espetacular. Não vemos que o Brasil cresceu em outra medida, em outros aspectos que são muito importantes, inclusive do "soft power". Crescemos como democracia, como liberdade".

Apesar desses avanços, em outros aspectos não crescemos o necessário para que façamos parte do chamado Primeiro Mundo, ponderou Fernando Henrique: "Não crescemos naquilo que é básico, a noção de igualdade, pelo menos perante a lei, igualdade formal ainda que seja. Falta muito no sentido da equidade".

Para ele, "talvez o que motive mais as pessoas venha a ser o sentimento da decência e da dignidade", o que na sua opinião levou às manifestações de junho: "O que aconteceu nas ruas ultimamente é o exemplo de que o país está integrado ao mundo, que as pessoas têm acesso aos novos meios de comunicação e que aqui também está nascendo um sentimento novo que é o de que eu sou uma pessoa que está conectada e quero opinar".

Não se viu ainda avanço suficiente nas formas de organização de poder para viabilizar as novas demandas, a capacidade de as pessoas se conectarem e se fazerem ouvir, ressaltou.

"Mas seguramente esse novo mundo, no qual considero que o Brasil tem um futuro, vai depender da criatividade nossa e de outros para abrir as instituições de modo tal que o processo deliberativo seja mais amplo e o processo decisório passe por um crivo mais amplo. Temos uma distância enorme entre as aspirações que estão postas e as respostas institucionais".

Segundo Fernando Henrique, se quisermos ter um futuro nacional, "vamos ter que caminhar muito mais na direção do social, na direção do cultural, do conhecimento e do respeito ao outro. Não podemos ter medo de nos expor ao mundo, não imaginar que podemos nos desenvolver fechando-nos, mas imaginar que para que possamos fazer isso com força de afirmação, temos que sentir dentro de nós a vontade de mudar essas coisas que são as que mais doem".

Fonte: O Globo

Segurando a onda - Eliane Cantanhêde

O Datafolha reflete os ventos registrados neste espaço na sexta-feira, ou seja, o eleitorado está em sintonia com as mudanças no ambiente político. Ou vice-versa.

O mundo partidário e o real tinham se afastado da presidente e da candidata pelos erros na economia, a falta de liderança e o estilo autoritário. Agora, começam lentamente a se reaproximar.

A economia deu sucessivos sinais de alívio na semana em que os pesquisadores foram a campo. A inflação arrefeceu, a inadimplência no comércio caiu, a produção industrial aumentou e, na sexta, refletindo a China, a Bolsa subiu e o dólar baixou. Tal como a cereja no bolo, a Petrobras conseguiu lucro de R$ 6,2 bi.

Se a redução da cesta básica e do IPCA foi sazonal e se houve manobra contábil no resultado da Petrobras, é outra história. O que interessa aqui é o efeito, o retoque na imagem política envelhecida de Dilma.

Além da economia, ela também fez sua parte, seguindo à risca o roteiro do padrinho e do marqueteiro. Nunca apareceu tanto, nunca falou tanto. E quanto mais se reuniu com líderes partidários, mais se distanciou do Congresso, este, sim, o grande vilão nacional. Plebiscito, reforma política, médicos para todos, quem há de ser contra?

Dilma fez sua parte, a oposição não. O momento de os adversários se mostrarem era agora, certo? Mas o PSDB entrou na linha de tiro e a oposição só patina. Aécio não convence, Serra teima à toa, Campos nem existe e Marina é a candidata dos sonhos de Dilma. É politicamente correto declarar voto em Marina, mas, no confronto entre uma e outra e o poderio de uma e o desarmamento de outra...

Depois de Dilma se jogar num precipício de 35 pontos, a recuperação de 6 na popularidade e de 5 nas intenções de voto ainda é pouco e não induz a conclusões, mas confirma que a campanha dela tem instrumentos e estratégia. As dos adversários --à exceção de Marina, que cresce por inércia-- parecem não ter nada.

Fonte: Folha de S. Paulo

Novo round - Tereza Cruvinel

Com o escândalo do cartel, a candidatura de Serra sobe no telhado. Eduardo Campos, mirando o segundo turno, torce por ela, para dividir os votos de Aécio Neves no Sudeste

A mudança de posição do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação ao poder de cassar mandatos parlamentares, no julgamento do senador Ivo Cassol (PP-RO), sugere que o tribunal começa a superar a vertigem que prevaleceu no julgamento da Ação Penal 470, do chamado mensalão, refluindo para decisões mais técnicas, alinhadas com o texto, e não com a interpretação da Constituição. Isso será confirmado, ou não, a partir de quarta-feira, com o início do julgamento dos recursos dos réus naquela ação penal.

Não é preciso ser jurista, como dito e repetido aqui na época da decisão, para compreender o sentido cristalino do artigo 55, que reserva aos membros das duas Casas legislativas, legitimados pelo voto popular, o poder de cassar os pares, também eleitos. O ex-presidente da Câmara Marco Maia teve sua interpretação do artigo 55 desqualificada como mera manobra para favorecer os companheiros petitas. Vê-se que ele, e outros que sustentaram a mesma posição, estavam certos. Como disse o ministro Luís Roberto Barroso, pode-se não gostar do que a Constituição diz, mas isso não basta para mudá-la. Todo e qualquer congressista condenado será cassado, depois da sentença transitada em julgado. Isso ninguém do Congresso jamais negou. Agora ficou sacramentando o rito correto, e isso neutraliza os receios de avanços do Supremo em interpretações de dispositivos que já são claros, ganhando uma espécie de hegemonia sobre os outros Poderes, conflitante com o princípio da separação e do equilíbrio entre eles.

Os ministros Teori Zavascki e Barroso, de indicação posterior à decisão, não teriam feito a diferença se quatro ministros já não tivessem divergido lá atrás. A inclinação da maioria certamente mudou, e se refletirá no julgamento dos recursos, começando pela questão dos embargos infringentes, que permitem a revisão de sentença quando o réu obteve pelo menos quatro votos pela absolvição. Isso alcança 11 condenações, como a de João Paulo Cunha, por lavagem de dinheiro, e as de José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, por formação de quadrilha, pena também aplicada aos dirigentes do Banco Rural e ao chamado núcleo publicitário. Os ex-sócios de Marcos Valério divulgarão, na terça-feira, o resultado de uma auditoria independente, que demonstra terem sido executados todos os serviços correspondentes aos recursos do Fundo Visanet transferidos para a agência DNA. A maioria do STF, entretanto, endossou a tese da acusação, de que as transferências constituíram desvio de recursos públicos, embora pertencentes a um fundo privado. Esse aspecto também poderá ser rediscutido, se os embargos forem aceitos. Diz o senso comum que nenhuma revisão terá espaço, no atual clima de protestos. Essa é uma suposição injusta com os ministros, a de que decidem de olho nas ruas e na aprovação popular.

Subiu no telhado
As investigações sobre o cartel que atuou em licitações dos governos do PSDB paulista ainda não apontaram conexão com o financiamento de campanhas nem o comprometimento de agentes públicos tucanos. O próprio PT, mesmo saboreando o infortúnio do adversário — que o sangrou na crise do mensalão — e pedindo o afastamento do secretário de Transportes, ainda não fechou questão a favor de uma CPI. Mas desgaste já houve e haverá para o núcleo tucano paulista. E isso pode afetar a disposição que o meio político notava no ex-governador José Serra para sair candidato a presidente, migrando para outro partido. Depois que saiu do hospital, por exemplo, ele telefonou para cada um dos muitos políticos que lhe enviaram mensagens de restabelecimento. Agora, tudo vai depender do temporal.

Rachar os votos
O PSB continua torcendo para que Serra seja candidato. Com o crescimento da candidatura de Aécio Neves (PSDB-MG), o presidente do partido e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, mira a divisão dos votos do Sudeste, que somam 55 milhões. Aécio deve ser bem votado em Minas, que governou, e no Rio, onde tem presença e aceitação. Os dois estados somam 25 milhões de votos. Saindo candidato, Serra levaria boa fração dos votos de São Paulo, reduzindo as chances do mineiro de chegar ao segundo turno. O outro grande colégio é o do Nordeste, com 36 milhões de votos, e nesse, a disputa de Campos será com Dilma.

Tempo fechando
A ex-senadora Marina Silva teve por esses dias um encontro com os dirigentes do PEN, partido que tem apenas um deputado. Ela já começa a pensar em alternativas para o caso de não conseguir viabilizar o novo partido que está criando, o Rede Sustentabilidade. Ela já tem mais de 500 mil assinaturas colhidas, mas nem 200 mil atestadas. Restam-lhe 50 dias de prazo.

Ele fará diferença
Um nome em que se deve prestar atenção é o do Pastor Everaldo, do PSC. Ele será candidato a presidente da República e, como líder evangélico, não deve ter uma votação completamente irrelevante. Numa disputa apertada, seus votos pesarão na balança, ajudando a definir o segundo turno e quem será o adversário de Dilma, que, por ora, tem a primeira vaga garantida.

República dos grampos
Se os protestos não tivessem adotado a bandeira da derrubada da PEC 37, ela teria sido aprovada com uma versão mais civilizadora, já negociada entre os líderes. O Ministério Público poderia continuar investigando, mas teria que comunicar previamente a um juiz, que acompanharia cada uma das ações. Como isso não há nem haverá, os procuradores continuarão a grampear Raimundo e todo mundo, além de violar e-mails, como mostrou o relatório do Conselho Nacional do Ministério Público.

Fonte: Correio Braziliense

Na forma da curva - Dora Kramer

Nem tão rápido que pareça pautado pelos protestos de junho nem tão devagar que frustre a confiança da sociedade na Justiça assim o Supremo Tribunal Federal pretende se conduzir no exame dos recursos que marcam a fase final do julgamento do mensalão a ser iniciada nesta quarta-feira.

Ninguém se arrisca a marcar prazos, principalmente depois da repercussão negativa da previsão do ministro Dias Toffoli de que as sentenças levariam cerca de dois anos para começarem a ser cumpridas.

Mas prevalece o entendimento sobre a necessidade de o tribunal tirar lições do caso do deputado presidiário Natan Donadon, condenado em 2010 e preso quase três anos depois. A demora decorreu de recursos, manobras protelatórias, extensão de prazos além de desejável e adiamentos na entrada da ação em pauta para votação.

No mensalão haverá muito mais rigor na identificação e rejeição de qualquer ato das defesas dos condenados, cujo intuito seja apenas o de postergar o trânsito em julgado.

A interpretação de que essa disposição seria devida ao receio de que o STF venha a ser alvo de protestos é rejeitada na Corte. Eqüivaleria a aceitar como verdadeira a acusação de que foram aplicadas regras de exceção no julgamento dos envolvidos no esquema de financiamento ilegal de partidos e políticos da base aliada ao governo do PT, apenas para atender aos reclamos da rua ao arrepio dos autos.

Não foi bem vista na Corte a afirmação do ministro José Roberto Barroso sobre a ação penal 470 ter sido um "ponto fora da curva". E, para comprovar, são citadas as condenações de Donadon e, na semana passada, do senador Ivo Cassol

Partindo do princípio de que não há variação de critérios legais, não há expectativade que os embargos de declaração ou os infringentes (para tentar alterar as sentenças dos condenados com quatro votos a favor da absolvição) possam mudar os votos já dados.

A dúvida ficaria, assim, restrita às posições dos ministros empossados depois de concluído o julgamento: Teori Zavascki e José Roberto Barroso. Se ambos se juntarem aos votos vencidos nos casos de condenações por 6 a 4, o resultado se inverte para 6 a 5 em favor da defesa, agora que o tribunal está com a composição de n ministros completa.

Para isso, no entanto, há uma preliminar a ser cumprida: o Supremo decidir se prevalece o regimento interno que prevê embargos infringentes ou se a Lei 8.038, de 1990, que veda recursos dessa natureza em tribunais superiores.

Como a questão será examinada em primeiro lugar por decisão do presidente do STF, se não forem aceitos, a virada de página será célere.

Detergente. A menos que contenha acusações de clareza meridiana, um escândalo quando explode espalha obscuridades que dão margem a suspeições de toda sorte. É assim no caso do cartel em licitações de trens e metrô em São Paulo, denunciado pela Siemens.

A denúncia põe o PSDB no foco e dá ao PT munição para chamar o adversário à luta no campo do ilícito, justamente no momento em que os petistas passam aperto na política e se veem de novo às voltas com o mensalão.

Os dois partidos estão bastante escolados nesses assuntos para saber que a troca de chumbo não resolve. Fazer do ataque uma defesa tampouco esclarece os fatos.

Portanto, que se instalem CPIs, sindicâncias, promovam-se audiências públicas, abram-se documentos, patrocinem-se investigações em âmbito nacional (a Siemens fez contratos com vários governos, inclusive o federal) o que for necessário para determinar a profundidade e a amplitude desse poço.

Ademais, é uma excelente oportunidade para se remexer no vespeiro das licitações cujos vícios abrangem os mais diversos setores. O de comunicação, inclusive.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Panorama Político -Ilimar Franco

É dando que se recebe
O presidente da Câmara, Henrique Alves, defensor da execução compulsória das emendas parlamentares, está convencido: "Nenhum governo quer perder o poder de liberar ou não, de dar mais ou menos". O Executivo alega que a regra vai engessar o Orçamento ao criar nova vinculação. Os R$ 22 bi de emendas são 1% do Orçamento e 25,4% dos investimentos (R$ 86,5 bi).

Atropelando a Câmara
A exemplo do que fez no governo FH, o Senado quer pular na frente da Câmara na reforma política. A Mesa da Casa definiu que vai tentar votar, esta semana, projeto para baratear as campanhas. A ideia é proibir cartazes, placas nas ruas, banners, cavaletes com fotos, bonecos de candidatos etc. Seriam permitidos apenas carro de som, adesivos para carro e santinhos. Os líderes dos partidos também concordaram que é importante reduzir o tempo de campanha na TV. Eles querem diminuir de 60 para 30 dias no primeiro turno e de 30 para 15 dias no segundo turno. E que as mudanças de candidatos só poderiam ser feitas até 20 dias antes da eleição.

"Aécio lidera estourado em Minas. Dilma lidera apertado em São Paulo e perde para Marina no Rio. Desse jeito , a presidente Dilma é uma candidata inviável"
Saulo Queiroz Secretário-geral do PSD

E tem mais
Por sugestão de deputados da base aliada, o Ministério da Saúde está reunindo informações sobre a necessidade e eventuais demandas nos estados para lançar a extensão do programa Mais Médicos, mas, agora, com dentistas.

Ordem-unida
O PSD está preocupado com Minas Gerais. Três de seus seis deputados federais podem deixar o partido. Eles estão fechados com a candidatura de Aécio Neves (PSDB) ao Planalto. Mas o presidente regional do partido, Paulo Safady Simão, que também preside a Cbic (construção civil), apoia a presidente Dilma e não aceita dissidências.

Virou denúncia
Ministério Público de São Paulo enviou ação à Câmara contra o deputado Marco Feliciano (PSC-SP). A denúncia partiu de um cidadão que o acusa de intolerância e de instigar a violência religiosa com base em vídeos com seus sermões.

Nas mãos da justiça
Às vésperas da votação na Câmara do projeto da terceirização de mão de obra, o TST produziu lista dos maiores devedores da Justiça do Trabalho. Empresas de serviços terceirizados estão no topo dos mais processados: Sena Segurança Inteligente, 2.254 processos; Estrela Azul - Vigilância e Segurança, 2.084; e Officio Tecnologia em Vigilância Eletrônica, 1.614.

Um pé em cada canoa
O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), esteve com o vice Michel Temer, pedindo que repense a situação do PMDB no estado. Os deputados estaduais defendem sua reeleição e rejeitam apoio à ministra Gleisi Hoffmann.

Dormindo com o inimigo
Aumentou a irritação dos petistas, que dirigem o partido, com o governador Eduardo Campos (PSB). Reclamam agora que Campos está trabalhando para que o ex-prefeito de Recife, João da Costa, ganhe o PED do PT em Pernambucano.

Sobre os protestos
em frente à casa do presidente do Senado, Renan Calheiros, sua assessoria diz que será respeitado o direito de ir e vir.

Fonte: O Globo

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo

Fortes emoções
Na próxima quarta-feira, será retomado o julgamento da Ação Penal 470, o processo do mensalão. Haverá fortes emoções. É que houve uma reviravolta juridico-política no Supremo Tribunal Federal (STF), cuja correlação de forças internas — se é que a expressão se aplica àquela Corte —, já não é a mesma, depois das nomeações dos ministros Teori Zavascki e Roberto Barroso pela presidente Dilma Rousseff.

O ponto de inflexão na Corte foi a condenação do senador Ivo Cassol a quatro anos e oito meses de prisão. Não por isso, mas pelo fato de o STF ter reconhecido que a cassação do mandato, em consequência da condenação, é uma atribuição do Congresso Nacional e não da Corte. E também não tê-lo condenado por formação de quadrilha. Esses entendimentos diferem daquele adotado pelo Supremo no julgamento do mensalão.

O primeiro item da pauta de quarta-feira é a possibilidade de novo julgamento, pleiteado por meio de embargo infringente pelos réus Cristiano Paz (publicitário); Delúbio Soares (ex-tesoureiro do PT); e Pedro Corrêa (ex-deputado federal). Esse tipo de recurso foi previsto no Regimento Interno do STF, mas uma lei editada em 1990, sobre o funcionamento de tribunais superiores, o ignora na área penal. Para o presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, os embargos infringentes foram revogados. Mas acontece que há controvérsias na Corte.

Julgamento
Os embargos infringentes (novo julgamento quando há pelo menos quatro votos pela absolvição), se aceitos, poderiam levar a novo julgamento os réus João Paulo Cunha, João Cláudio Genú e Breno Fischberg, condenados por lavagem de dinheiro; e também José Dirceu, José Genoino (foto), Delúbio Soares, Marcos Valério, Kátia Rabello, Ramon Hollerbach, Cristiano Paz e José Salgado, todos condenados por formação de quadrilha. Em caso de novo julgamento, seria possível as reduções de penas e até absolvições.

Improvável
Os ministros do STF dificilmente aceitarão a tese de outro julgamento, embora a nova maioria da Corte seja considerada garantista, ou seja, zelosa em relação aos direitos dos réus, às provas materiais e à letra da Constituição. As posições de Joaquim Barbosa, porém, estão em maior sintonia com a opinião pública. Além disso, o presidente do STF tem uma preocupação de ordem prática: há 26 embargos declaratórios a serem examinados, antes de qualquer decisão de mérito.

Detonou
O presidente do STF e relator do mensalão, ministro Joaquim Barbosa (foto), negou individualmente os embargos infringentes. Considera absurda a tentativa de discutir o assunto. Segundo ele, a Corte já analisou todos os argumentos trazidos pela defesa, e os advogados tentam apenas “eternizar” o processo. Inconformados, os réus entraram com novo recurso, para que a palavra final seja dada pelo plenário do Supremo.

Cartel
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) entrou nas investigações sobre a formação de cartel e de fraudes em licitações da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), entre os anos de 1998 e 2008. A documentação fornecida pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) está sendo examinada com lupa pelo promotor Marcelo Mendroni, do Grupo de Repressão aos Delitos Econômicos, que coordena as investigações.

Licitações
Os indícios de fraudes referem-se às licitações da Linha 5 do Metrô; da manutenção de trens séries 2000, 3000 e 2100 da CPTM; da expansão da Linha 2 do Metrô; do programa Boa Viagem da CPTM; e da compra de 320 carros.

Álcool/ A presidente Dilma Rousseff deve inaugurar, amanhã, a primeira etapa do álcoolduto Ribeirão Preto-Paulínea. Custou R$ 7 bilhões. O projeto prevê ainda a ligação de Ribeirão Preto a Uberaba (2014) e a Itumbiara (2015).

Cabeçadas/ A Receita Federal e o Ministério da Previdência estão batendo cabeça. Os débitos previdenciários das prefeituras foram parcelados para que possam receber recursos federais, mas a Receita baixou nota técnica que desautoriza o parcelamento. Só na Bahia, 200 prefeituras terão os repasses do FPM retidos pelo Tesouro.

Hipertensos
Graças à distribuição gratuita pelo Farmácia Popular, o consumo anual de anti-hipertensivos subiu de 41,1 milhões de unidades, em 2010, para 119 milhões no ano passado

Quanto vale?// É grande a expectativa de uma negociação entre o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e a presidente Dilma Rousseff sobre a proposta de orçamento impositivo. O PMDB deseja o acordo, e a presidente da República avalia se vale a pena.

Fonte: Correio Braziliense

Painel - Vera Magalhães

Cabralização
O PT decidiu replicar com Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo o cerco que Sérgio Cabral (PMDB) enfrenta no Rio. O partido atua na organização de protestos marcados para esta semana e a próxima, que farão menção à investigação de cartel em governos tucanos. Dirigentes da CUT vão engrossar ato do Movimento Passe Livre na quarta-feira. No dia 28, na marcha pela reforma urbana, movimentos de moradia também ligados ao PT vão à rua pedir CPI sobre o caso Siemens.

Baixo astral Auxiliares e aliados de Alckmin relatam que o escândalo dos trens atingiu em cheio o humor do governador, que tem se queixado de o caso ter estourado no seu colo.

Calma A despeito da movimentação do partido, Lula recomendou a petistas próximos cautela nos ataques ao PSDB após as denúncias. Citando o exemplo do mensalão, o ex-presidente disse que não se pode condenar ninguém antes da hora.

Timing O PT do Rio deve aprovar já em setembro uma moção referendando a candidatura de Lindbergh Farias ao governo. O partido quer criar um fato consumado antes do prazo final para que candidatos mudem de partido, em outubro, e sepultar pressões do PMDB por apoio a Luiz Fernando Pezão.

Rei posto Conselheiros de Sérgio Cabral defendem que o governador antecipe para dezembro a saída do cargo. Só assim, acreditam, haverá tempo de tornar Pezão conhecido e dissociá-lo do desgaste de imagem do governador, apresentando o vice como alguém humilde'' e diferente do antecessor.

Sinal amarelo O último cálculo do Planalto mostra que PT e PMDB estarão separados em 18 Estados. A preocupação de auxiliares de Dilma é que o efeito das disputas locais com o PT possa interferir na convenção nacional do PMDB, que terá de aprovar a aliança para 2014.

Fora... A recuperação da popularidade de Dilma Rousseff é mais lenta nas grandes cidades. Segundo o Datafolha, o percentual de eleitores que avaliam o governo como ótimo ou bom, que na média nacional cresceu 6 pontos, subiu apenas 3 (de 24% para 27%) nos municípios com mais de 500 mil habitantes.

... do eixo Nas cidades médias, esse percentual saltou de 22% para 29%. Nos grandes centros, os eleitores também não mudaram de opinião sobre a gestão de Dilma na economia. O índice de ótimo e bom nessas cidades ficou estável em 24%.

Com partido Caiu a parcela de eleitores que dizem não ter nenhum partido de preferência: de 64% no fim de junho para 58%. Antes dos protestos, esse índice era de 55%. As palavras de ordem sem partido'' foram uma tônica no auge das manifestações de junho.

DNA João Augusto Henriques, pivô das acusações de caixa dois na campanha de Dilma em 2010 noticiadas na revista "Época'' desta semana, é ligado ao líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e ao deputado Mauro Lopes (PMDB-MG).

Ontem e hoje A primeira reação do governo e do PT às denúncias envolvendo contratos da Petrobras será tentar circunscrever o desgaste a José Sérgio Gabrielli e bater na tecla de que a atual presidente da empresa, Graça Foster, vetou a nomeação de Henriques para a diretoria internacional da estatal.

Blindagem Na mesma linha, outra vacina será dizer que a atual presidente da Petrobras reduziu à metade contrato de R$ 860 milhões da empresa na Namíbia que teria sido a origem do suposto caixa dois para PT e PMDB.

Tiroteio
"O STF não pode impor sua vontade. Viver em um Estado de Direito significa fazer tudo o que eu posso, e não tudo o que eu quero."

DO MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO, para quem a Constituição diz que cabe ao Congresso decidir sobre a perda de mandato de parlamentares condenados.

Contraponto
Competidor de peso

Durante reunião em Milagres, no interior do Maranhão, no último fim de semana, o deputado Domingos Dutra, de saída do PT para a Rede, lançou seu nome como pré-candidato a senador, na chapa que terá Flávio Dino (PC do B) como candidato a governador.

--Quero ser o primeiro senador do Maranhão que é negro, quilombola, e que vai enfrentar o Sarney --discursou o dissidente petista.

Um militante da plateia emendou, provocando risos:

--Você vai competir com Edison Lobão no Senado para ver quem é mais magro!

Com Andréia Sadi e Bruno Boghossian

Fonte: Folha de S. Paulo