sábado, 20 de outubro de 2018

Opinião do dia: Marco Aurélio Nogueira

As cenas de ativistas de extrema-direita vociferando contra o comunismo, o “vermelho” da esquerda e contra o PT são a prova de que há muita gente querendo atear fogo no convívio social, valendo-se para tanto da ignorância, da violência verbal e da grosseria explícita. São cenas que causam mal-estar, mas pouco mobilizam, tamanho é o grau de estupidez que carregam.

Tais ativistas não são marcianos sugadores de cérebros, nem têm força persuasiva para roubar o discernimento das pessoas. De algum modo, porém, ajudam a que se forme uma massa de gente que acha que discussões de temas polêmicos podem ser resolvidas no grito, sem mediações racionais, sem regras.

Como é uma gente insatisfeita com tudo, fica fácil imaginar o tamanho do problema.


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Marco Aurélio Nogueira é professor titular de teoria política da Unesp. ‘Quando o ódio encontra a violência’, O Estado de S. Paulo, 19/10/2018.

João Domingos: Capacidade de governar

- O Estado de S.Paulo

A governabilidade depende de credibilidade, diálogo, base forte no Congresso

Em uma eleição nada parecida com as anteriores, Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) já falaram mal um do outro até não ter mais jeito. Buscam se mostrar como opostos. E são. Até na forma de divulgar o programa de governo. Bolsonaro libera o dele a conta-gotas, o que é uma prática bastante comum na política de todo o mundo, pois torna possível medir a aceitação ou rejeição de determinada proposta. Haddad apresentou um programa completo, um catatau que aos poucos vai sendo modificado para se adaptar ao pensamento do próprio candidato, visto que o primeiro fora pensado para a eventual candidatura do ex-presidente Lula, como a convocação de uma Assembleia Constituinte.

Como essa é uma eleição carregada de novidades e atipicidades, o brasileiro não deverá ver um debate entre os dois finalistas ao Palácio do Planalto. Pelas redes sociais e pela propaganda no rádio e na TV, os mais de 140 milhões de eleitores tentam entender o que um e outro pensam a respeito de temas que dizem respeito ao cotidiano do cidadão, a exemplo do combate ao desemprego, da melhoria dos serviços públicos de saúde, transporte, segurança, educação e também em relação ao futuro do País. Vamos para a frente ou vamos para trás?

O futuro do País. Essa é uma questão muito importante. Um deles, Bolsonaro ou Haddad, será eleito daqui a oito dias. Terá o escolhido pelas urnas, e essa é a decisão que vale, independentemente de tendências ideológicas, competência para governar o País, pacificar a sociedade? Ou se sentará na cadeira de presidente, no Palácio do Planalto, por um gosto pessoal ou para cumprir uma tarefa partidária?

Adriana Fernandes: Sem mágica para zerar o déficit

- O Estado de S.Paulo

Choque de realidade pode fazer novo governo pensar em uma reforma da Previdência

Não existe condão mágico para uma reversão rápida e permanente do quadro de déficit estrutural das contas públicas. A ideia de que é possível zerar o déficit até o fim do primeiro ano do presidente eleito, proposta pelo candidato líder das pesquisas Jair Bolsonaro (PSL), não encontra sustentação na realidade dos números.

Muito menos a expectativa que ronda o mundo político, desde o ano passado, de que dá para fazer esse movimento brusco com base na previsão de receita futura com o leilão dos barris excedentes da cessão onerosa do pré-sal.

Mesmo que o próximo governo consiga obter R$ 100 bilhões com o leilão dos barris como se espera, depois de resolver o complexo imbróglio jurídico e contábil para o fechamento do acordo de revisão do contrato entre União e Petrobrás, ainda assim faltaria receita para cobrir o rombo de R$ 139 bilhões previsto para o resultado das contas do governo federal no ano que vem.

O governo ainda teria de pagar bilhões à Petrobrás pela revisão dos parâmetros e encontrar uma forma de fazer registrar essa despesa fora do teto de gastos (mecanismo que impede que as despesas subam acima da inflação) – possibilidade que encontra resistência na área técnica e pode trazer problemas, no futuro, com o Tribunal de Contas da União para a autoridade que botar o seu CPF na operação.

Merval Pereira: Informação e contrainformação

- O Globo

Suspender a eleição, cassar Bolsonaro ou chamar o terceiro colocado, como o PT e também o PDT querem, é fora de propósito

A situação é mais simples do que parece nessa guerra de informações, falsas ou verdadeiras, sobre a suposta —embora plausível —guerrilha ilegal de WhatsApp na campanha presidencial.

O PT está fazendo uma luta política, pois não existe possibilidade de impugnar a candidatura de Bolsonaro neste momento, a oito dias do segundo turno, e é muito difícil provar que houve abuso de poder econômico neste caso.

Não há nenhuma prova para basear o pedido de cassação de Bolsonaro, além da matéria jornalística inconclusiva da “Folha de S.Paulo”. Suspender a eleição, cassar Bolsonaro, ou chamar o terceiro colocado, como o PT e também o PDT querem, é fora de propósito. É preciso uma investigação aprofundada — já aberta pelo TSE —, que demora muito. E a denúncia é de que os torpedos estavam contratados para a última semana de campanha, o que ainda não aconteceu. E não acontecerá, diante da denúncia. Portanto, impossível de comprovar.

Para se ter ideia da impossibilidade, o processo de abuso de poder econômico contra a chapa Dilma/ Temer, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi aberto pelo PSDB logo depois da proclamação do resultado da eleição de 2014, como manda a legislação. Tramitou por três anos, período em que houve muitas mudanças políticas no país, sob a Operação Lava-Jato, até mesmo o impeachment da presidente, com seu vice, Temer, assumindo o governo.

O PSDB, que queria impugnar a chapa, passou a ser o principal aliado do novo governo, e quem conseguiu impedir que o processo fosse arquivado foi o ministro Gilmar Mendes, que não apenas o reabriu depois que, em outubro de 2015, a então relatora, Maria Thereza de Assis, decidira arquivar a ação, como incluiu nele fatos referentes às investigações da Operação Lava-Jato, inclusive algumas delações premiadas de executivos da empreiteira Odebrecht.

Míriam Leitão: Agenda definirá rumo de 2019

- O Globo

Há chance de o país crescer mais em 2019, mas apenas se o eleito souber aproveitar bem os primeiros seis meses. E há dúvidas sobre a agenda dos dois

Os números do terceiro trimestre estão melhores do que o esperado, e a economia pode terminar o ano mais forte do que se previa. Há chances reais de um ano que vem melhor, mas tudo vai depender da pauta de quem for eleito. No caso de Jair Bolsonaro, a economia espera que ele inicie com as reformas, mas a sua principal agenda é a de mudar a maioridade penal, proteger policiais e liberar armas. O que viria primeiro? No caso de Fernando Haddad sua prioridade é desmontar o que foi feito por Michel Temer, e não se sabe ainda o que fará.

O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, argumenta que o novo governo herdará uma série de reformas microeconômicas que podem ajudar a impulsionar o país. Até porque há a chance concreta de que o ano que vem seja melhor do que o atual. Vale está com um número mais otimista do que a média do mercado para o PIB deste ano (1,6%). E acha que em 2019 o crescimento pode ser de 2,2%, com criação líquida de 800 mil a um milhão de empregos formais.

Tudo vai depender, contudo, do caminho anunciado pelo eleito. Para ele, pessoalmente, ainda é uma incógnita o comprometimento de Bolsonaro com a questão fiscal e com a agenda liberal, mas ele nota que a visão do empresário em geral é que o candidato do PSL faria um governo de continuidade das reformas do governo Temer. Já com Fernando Haddad a percepção é que ele não conseguiu rever as teses que levaram ao desastre do governo Dilma.

Demétrio Magnoli: Assimetria

- Folha de S. Paulo

É fácil propor espelhismo entre Bolsonaro e Haddad, mas seria à base de sofismas

Um leitor solicita que eu produza a "carta que Bolsonaro não escreverá", como complemento da "carta que Haddad não escreverá" (Folha, 13/10). Fazê-lo, porém, seria sugerir uma simetria que não existe.

Há simetria se uma figura no plano pode ser dividida em partes de tal modo que elas coincidam exatamente, quando sobrepostas. A simetria perfeita é uma construção matemática. Na biologia, na arquitetura e na arte registram-se simetrias quase perfeitas. Em política, existem simetrias estruturais, mas não simetrias formais.

Exemplo clássico: os totalitarismos nazista e stalinista, tal como descritos por Hanna Arendt. Mesmo se seus regimes exibiram formas muito distintas, Hitler e Stalin seriam capazes de reconhecer, um no outro, as suas próprias imagens. Isso não acontece com os dois candidatos presidenciais restantes.

Nas simetrias axiais, o eixo de simetria separa a figura em metades espelhadas. É fácil propor espelhismos políticos entre Bolsonaro e Haddad. O empreendimento, contudo, sustenta-se à base de sofismas.

A linguagem da violência é um traço comum ao PT e a Bolsonaro. Mas eles procedem de modo assimétrico. Os alvos do PT que insulta ("fascista”, “racista") ou tenta excluir alguém do debate público ("inimigo do povo") são adversários políticos definidos. Já os alvos de Bolsonaro são, além de adversários singulares, grupos sociais inteiros: mulheres, gays, quilombolas. (Nota: o descarrego de Marilena Chaui, "eu odeio a classe média", não é regra, mas exceção).

Hélio Schwartsman: Qual o poder das fake news?

- Folha de S. Paulo

Não devemos atribuir poderes mágicos à manipulação eleitoral

Longe de mim sugerir que as fake news não são um problema, mas me parece que estão superestimando o tamanho da encrenca. Para início de conversa, fake news é só um nome novo para um contratempo antigo: a falsidade. E, das pintas da onça ao camaleão que muda de cor para enganar predadores, o logro está inscrito na própria natureza. Antecede o ser humano em centenas de milhões de anos.

Mentiras, rumores e boatos sempre assombraram eleições. A novidade agora é que, com as redes sociais, eles circulam com muito mais rapidez e atingem muito mais gente. Em algumas circunstâncias, em especial quando a disputa é apertada e a corrente de desinformação surge nos últimos instantes, fake news podem definir o resultado do pleito. Não devemos, porém, atribuir poderes mágicos à manipulação eleitoral.

Julianna Sofia: A caminho da extinção

- Folha de S. Paulo

Opinião pública ignora Temer e seus supostos crimes

O ambiente tempestuoso das eleições obscurece fatos que, até há pouco, seriam encarados como ultraje nacional. Episódios recentes despertam especial perplexidade pelo grau de indiferença com que foram recebidos pela opinião pública, em suas diversas camadas.

A Polícia Federal concluiu nesta semana inquérito sobre propinas no setor portuário e apontou indícios de que o presidente Michel Temer fora beneficiado diretamente com o pagamento de R$ 5,9 milhões.

O emedebista já havia sido denunciado duas vezes pela Procuradoria-Geral da República —ambas acusações barradas pela Câmara— e teve um terceiro inquérito suspenso temporariamente —há evidências de recebimento ilegal de R$ 1,4 milhão. Agora, enfrenta novo indiciamento por prática de crimes como corrupção e organização criminosa.

O relatório produzido pela PF traz elementos adicionais: diálogos embaraçosos entre o atual número dois da PGR e o ex-assessor do Planalto notabilizado por sair correndo com uma mala de R$ 500 mil da JBS. Nos colóquios rastreados, de 2016, Alexandre Camanho e Rodrigo Rocha Loures demonstram proximidade e tratam de nomeações para o ministério no período pré e pós impeachment de Dilma Rousseff.

Ricardo Noblat: PT vira-casaca

- Blog do Noblat | Veja

Salve a delação premiada

O que dizia o PT quando um dos seus membros ou parceiros era preso por suspeita de corrupção e poderia delatar?

Que a prisão fora feita justamente para isso – para que delatasse, comprometendo o partido. E que por isso era absurda.

Quando a delação se consumava, o PT dizia que era mentirosa, que fora negociada em troca de menos tempo na cadeia.

A considerar-se que Fernando Haddad, pelo menos até o domingo dia 28, fala pelo partido, o PT mudou de ideia.

Sobre a suspeita de que empresários financiaram campanha via WhatsApp para favorecer Jair Bolsonaro, ensinou Haddad

– Se você prender um empresário desses, ele vai fazer delação premiada. Basta prender um que vai ter delação premiada e vão entregar a quadrilha toda.

Alô! Alô! Mudou Haddad ou mudou o PT? Mudaram os dois? E não explicarão por que mudaram? Ainda dá tempo.

Prisão só é admissível depois que se investiga, recolhem-se provas mínimas e se monta uma base que a justifique.

E não se faz isso às pressas. Há ritos a serem respeitados. Prazos que não se pode atropelar. Todo cuidado é pouco.

De todo modo, é bom saber que o PT avançou e já não desqualifica mais as prisões que possam resultar na confissão de crimes.

WhatsApp derruba agências; TSE e PF abrem investigações

Aplicativo age contra disparo em massa de conteúdo anti-PT; Bolsonaro é notificado

WhatsApp bloqueia contas; TSE e PGR apuram atuação eleitoral de empresas

Medidas são respostas à reportagem da Folha que mostrou que empresários bancam envios em massa de mensagens contra o PT

Patrícia Campos Mello , Reynaldo Turollo Jr. e Letícia Casado | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO E BRASÍLIA - Três frentes foram abertas nesta sexta-feira (19) para esclarecer o financiamento por empresas do envio em massa de mensagens de WhatsApp contrárias ao PT, revelado pela Folha.

O WhatsApp bloqueou contas ligadas a agências de mídia suspeitas da prática, que beneficia o candidato Jair Bolsonaro (PSL); o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) abriu investigação sobre o caso; e a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu à Polícia Federal um inquérito sobre a disseminação de fake news.

As três medidas são reações à reportagem publicada pela Folha na quinta (18) que mostra o financiamento, por empresas como a varejista Havan, de uma campanha antipetista com pacotes de disparo de mensagens em massa.

A prática é ilegal, pois configura doação de empresas à campanha de Bolsonaro —o que a lei eleitoral proíbe e pode configurar abuso de poder econômico. Além disso, os contratos, que chegam a R$ 12 milhões, não foram declarados. Procurada pela reportagem, a Havan negou ter conhecimento da prática.

O WhatsApp enviou notificação extrajudicial às agências Quickmobile, Yacows, Croc Services e SMS Market determinando que parem de enviar mensagens em massa e usar números obtidos a partir de bases de dados de terceiros.

A plataforma também suspendeu contas associadas às agências, algumas das quais usam bases de usuários de terceiros segmentadas por região e perfil, o que também é proibido. As mensagens podem ser enviadas apenas à base de usuários dos candidatos, com dados cedidos voluntariamente.

A agência AM4, contratada pela campanha de Bolsonaro, e outras estão sob investigação e serão notificadas se comprovadas irregularidades.

"Estamos tomando medidas legais para impedir que empresas façam envio maciço de mensagens no WhatsApp e já banimos as contas associadas a estas empresas”, informou em nota o WhatsApp.

A plataforma, que pertence ao Facebook, afirma usar tecnologia de ponta para detectar contas com comportamento anormal para que elas não possam ser usadas para espalhar mensagens de spam.

Nesta sexta, o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidenciável, afirmou que teve sua conta no WhatsApp suspensa e publicou a foto de uma suposta mensagem do aplicativo que alegava que o número foi banido e o orientava a contatar o suporte técnico.

Em entrevista coletiva, o presidente do PSL, Gustavo Bebianno, afirmou que as acusações feitas pelo PT contra a campanha de Bolsonaro são ataque à democracia.

"Nosso temor é nenhum em relação a essas acusações. Elas são simplesmente risíveis”, disse. Bebianno chamou a reportagem de absurda e disse que o jornal produziu notícia falsa.

Empresariado pró-Bolsonaro recua para não se expor

Empresários recuam em onda de apoio a Bolsonaro para não se expor

Discrição busca evitar impacto negativo nos negócios e falas que prejudiquem vitória

Joana Cunha | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - A despeito do relativo consenso do empresariado em torno da candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência, empresários que vinham se expondo publicamente ao lado do capitão reformado nos últimos meses agora decidem adotar posição mais discreta.

Meyer Nigri, acionista da construtora Tecnisa, Flávio Rocha, da rede de moda Riachuelo, Sebastião Bomfim, da varejista esportiva Centauro, e Salim Mattar, da locadora Localiza, são alguns dos que passaram a lidar com o tema com cautela, apesar de terem acenado a Bolsonaro durante a campanha em diferentes graus de entusiasmo.

O recuo é apenas formal, não significa que decidiram anular ou guinar seus votos para Fernando Haddad, até porque um dos principais fatores que os aglutina com Bolsonaro é o temor de que o PT, se eleito, possa derrubar a reforma trabalhista.

Trata-se agora de uma discrição, muito parecida com o que levou a equipe de campanha de Bolsonaro a rejeitar a participação em debates e cercear as falas do assessor econômico Paulo Guedes e do vice Hamilton Mourão.

A poucos dias da previsível vitória, com a liderança disparada do candidato nas pesquisas eleitorais, o que se quer evitar são declarações despreparadas que possam atrapalhar o candidato, como ocorreu antes do primeiro turno, quando vazou, de uma palestra de Guedes, que a CPMF, o antigo imposto do cheque, estava em análise.

Qualquer "escorregão ou palavra mal colocada" na reta final pode prejudicar, disse um dos empresários sob condição de anonimato.

Mas há outras razões.

Alguns afirmam que se precipitaram ao vir a público desde o início da campanha manifestando apoio a Bolsonaro sem medir as consequências, afirma outro peso pesado do empresariado brasileiro.

A falta de clareza nas propostas e o desafino de Bolsonaro em questões caras ao setor produtivo, como Previdência e privatizações, já alimentam o receio de que aliar o nome, com muita assertividade, ao do candidato pode gerar cobranças em caso de eventuais fracassos de um futuro governo.

PGR abre inquérito que tem como alvo notícias falsas

PGR pede inquérito para apurar fake news

Raquel Dodge solicita que Polícia Federal apure suspeitas de que empresas de tecnologia tenham disseminado mensagens com propósitos de espalhar notícias falsas

Amanda Pupo, Fabio Serapião e Breno Pires, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu nesta sexta-feira, 19, que a Polícia Federal investigue suspeitas de que empresas de tecnologia da informação têm "disseminado, de forma estruturada, mensagens em redes sociais" relacionadas a Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), que disputam a Presidência da República. A nove dias da eleição, é a primeira ação concreta do órgão contra a divulgação em massa de notícias falsas e outros tipos de informação sobre os candidatos.

O pedido de investigação é baseado em reportagem do jornal Folha de S.Paulo sobre a contratação de pacotes de envios de mensagens em massa por empresas a favor de Bolsonaro, o que viola a lei eleitoral. A reportagem também motivou abertura de ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pedida pelo PT, para apurar suspeita de crime eleitoral envolvendo a disseminação destas mensagens por WhatsApp. O corregedor-geral eleitoral, Jorge Mussi, deu cinco dias para que a campanha do candidato do PSL e 11 empresas prestem esclarecimento.

No pedido de abertura de inquérito, Dodge afirmou que o objetivo é verificar “a existência de eventual utilização de esquema profissional por parte das campanhas, com o propósito de propagar notícias falsas”. No documento, a procuradora-geral informa que fatos mencionados em reportagens jornalísticas já motivaram a abertura de procedimento pela Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE), mas que também é necessário a apuração na "ótica criminal".

TSE decide investigar campanha de Bolsonaro

TSE abre ação sobre compra de mensagens anti-PT no WhatsApp

Ministro Jorge Mussi pede que sejam investigadas as acusações de empresas que usaram aplicativo contra o PT; Jair Bolsonaro (PSL) e agências têm cinco dias para se manifestarem

Amanda Pupo e Breno Pires, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O corregedor-nacional da Justiça Eleitoral, ministro Jorge Mussi, decidiu nesta sexta-feira, 19, abrir ação de investigação judicial pedida pelo Partido dos Trabalhadores (PT) para que sejam investigadas as acusações de que empresas compraram pacotes de disparos em larga escala de mensagens no WhatsApp contra a legenda e a campanha de Fernando Haddad (PT) à Presidência da República. Também nesta sexta, a PGR pede inquérito sobre fake news relacionadas aos dois presidenciáveis.

Mussi concedeu prazo de cinco dias para que o candidato à Presidência Jair Bolsonaro(PSL), seu vice, Hamilton Mourão, o empresário Luciano Hang, da Havan, e mais 10 sócios das empresas apontadas na ação do PT apresentem defesa no processo, se desejarem.

O ministro rejeitou o pedido do PT de realização de busca e apreensão de documentos na sede da empresa Havan - que teria comprado o serviço de disparo em massa de mensagens contra o PT, segundo a Folha de S. Paulo - e na residência de seu dono, Hang. Mussi também negou determinar que o WhatsApp aja para suspender o "disparo em massa de mensagens ofensivas ao candidato Fernando Haddad e aos partidos da coligação".

"Relativamente aos pedidos constantes do item 42.2 da inicial e da respectiva emenda (de busca e apreensão em empresas), observo que toda a argumentação desenvolvida pela autora está lastreada em matérias jornalísticas, cujos elementos não ostentam aptidão para, em princípio, nesta fase processual de cognição sumária, demonstrar a plausibilidade da tese em que se fundam os pedidos e o perigo de se dar o eventual provimento em momento próprio”, disse.

PF vai investigar uso de WhatsApp para fake news

TSE aceita pedido do PT para apurar difusão de notícias falsas pela campanha de Bolsonaro

Em duas frentes de investigação, a Polícia Federal vai apurar a disseminação de notícias falsas pelas redes sociais e pelo WhatsApp na campanha. Por solicitação do PT, o ministro Jorge Mussi, do TSE, determinou que a PF investigue se o candidato Jair Bolsonaro (PSL) cometeu crimes eleitorais. Bolsonaro nega irregularidades. A pedido da Procuradoria-Geral Eleitoral, será averiguada a veiculação de notícias falsas sobre o petista Fernando Haddad e sobre Bolsonaro. A decisão de apressar apurações criminais sobre fake news foi acertada em reunião entre a presidente do TSE, Rosa Weber, a PF e outros órgãos.

OFENSIVA CONTRA FAKE NEWS
Justiça Eleitoral e PGR mandam investigar disseminação de dados falsos na eleição

André de Souza e Jailton de Carvalho | O Globo

A Polícia Federal vai abrir investigação para apurara disseminação de notícias falsas pelas redes sociais na campanha presidencial. Serão duas frentes de apuração.

Na primeira, aberta por determinação do ministro Jorge Mussi, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a PF analisará se o candidato a presidente Jair Bolson aro( PS L) cometeu crimes eleitorais. A investigação foi solicitada pelo PT. Na outra frente, apedido da Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE), a PF vai investigara disseminação de notícias falsas na campanha presidencial contra ambos candidatos. O pedido da PGE cita reportagens do GLOBO, da BBC e do jornal “Folha de S.Paulo".

A partir de agora, a Justiça Eleitoral deverá encaminhar com mais rapidez à Polícia Federal os pedidos de investigação sobre “fake news”. A decisão de apressar as apurações criminais foi acertada numa reunião ontem entre a presidente do TSE, Rosa Weber, com representantes da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.

Também na próxima semana, existe a possibilidade de o plenário do TSE analisar uma ação contra a divulgação de “fake news" pelo Whatsapp. Ministros da corte já deram decisões divergentes sobre isso, mas o plenário, composto por sete integrantes, ainda não deliberou a respeito. Se o fizer, poderá criar um parâmetro para julgamentos futuros. Na prática, porém, isso terá pouco efeito na eleição deste ano, uma vez que o primeiro turno já passou e o segundo está marcado para o dia 28 de outubro.

No TSE, o pedido de investigação, aceito ontem pelo ministro Mussi, foi feito pelo PT. O partido se baseou em reportagem do jornal “Folha de S.Paulo", segundo a qual empresas — que foram proibidas de fazer doações eleitorais — estariam favorecendo a campanha do candidato do PSL ao comprar pacotes de divulgação em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp. No pedido da PGR, é citada reportagem do GLOBO na qual o consultor de marketing digital da campanha presidencial de Geraldo Alckmin (PSDB), Marcelo Vitorino, disse ter participado de reunião em que uma empresa ofereceu ao partido a entrega de disparo de mensagens por WhatsApp para até 80 milhões de pessoas, usando cadastro de terceiros, o que é proibido por lei. Os tucanos não aceitaram a proposta.

TSE abre investigação sobre compra de mensagens anti-PT

Por Isadora Peron | Valor Econômico

BRASÍLIA - O corregedor-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Jorge Mussi, decidiu abrir um processo para investigar a denúncia de que empresas contrataram pacotes para disseminar mensagens pelo WhatsApp contra o PT.

O pedido foi feito pela coligação do candidato petista Fernando Haddad, após reportagem do jornal “Folha de S. Paulo”. A acusação é que o candidato Jair Bolsonaro (PSL) e o vice Hamilton Mourão (PRTB) cometeram "abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação" e devem ficar inelegíveis por oito anos.

Em seu despacho, o ministro pede para que o presidenciável, o vice e outros 11 empresários apresentem a sua defesa no caso. Um dos que terão que se manifestar é o dono da rede de lojas Havan, Luciano Hang, apontado como um dos contratantes do serviço. O empresário nega irregularidades, mas apoia publicamente o candidato do PSL.

Mussi negou pedidos de medidas cautelares apresentados pelo PT, como a realização de busca e apreensão nas empresas envolvidas no caso e a solicitação para que o WhatsApp apresentasse um “plano de contingência” para suspender o disparo em massa de mensagens ofensivas a Haddad.

Haddad diz que foi alvo de operação de Bolsonaro para caluniá-lo

Fabio Murakawa | Valor Econômico

FORTALEZA - O candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira ter sido alvo de uma operação orquestrada para caluniá-lo, em referência à reportagem do jornal “Folha de S. Paulo” sobre um suposto esquema de disparo em massa de mensagens antipetistas no WhatsApp bancado por empresários simpáticos ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL).

Falando a militantes na capital cearense, Haddad colocou sob suspeita até mesmo eleições nos Estados, cujo resultado teria sido modificado por esse esquema ilegal, que está sendo investigado pelo Ministério Público Eleitoral (MPE).

“A gente ia terminar o primeiro turno em primeiro lugar, só pelas tendências. A gente não entendeu o que aconteceu nos últimos três, quatro dias [antes da eleição]”, disse Haddad. “Mas não foi só na eleição presidencial. Foi na eleição para o Senado, na eleição de Minas, do Rio de Janeiro. Um negócio muito estranho.”

Brasileiro: cético e com medo: Editorial | O Estado de S. Paulo

A mais recente pesquisa Percepções da Crise, realizada pela Fundação Getúlio Vargas, mostra uma profunda degradação dos sentimentos dos brasileiros em relação ao País.

Segundo o levantamento, com dados referentes a 2017, nada menos que 68% dos entrevistados manifestaram receio de sair de casa à noite. Quando sete em cada dez pessoas não se sentem seguras nem para dar uma volta no quarteirão depois que anoitece, fica evidente que o Estado não está dando as respostas adequadas a essa demanda tão primária dos cidadãos, base de qualquer contrato social digno do nome. Explica também por que a questão da segurança pública está entre as mais candentes destas eleições.

Outro aspecto abordado pela pesquisa que ajuda a compreender o comportamento dos brasileiros na atual corrida presidencial é a atuação dos líderes políticos do País. A desaprovação desses dirigentes é a mais alta da série histórica – em 2017 atingiu 86%, ante 25% em 2010. Além disso, 82% dos entrevistados disseram não confiar no governo, e apenas 14% declararam acreditar na honestidade das eleições.

Estagnação tecnológica vulnerabiliza país: Editorial | O Globo

Dificuldades na indústria criam uma série de problemas, inclusive de baixa produtividade em geral

A indústria brasileira patina em pesquisa, inovação e desenvolvimento tecnológico. Uma fotografia das perdas está no mais recente estudo da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido) sobre a evolução do setor nas economias emergentes.

O Brasil se destaca como exceção entre as nações de médio desenvolvimento, porque há quase duas décadas convive com um processo regressivo, de estagnação da riqueza gerada pelos segmentos de média e alta intensidade tecnológica. Até meados da década de 1990, esses núcleos eram responsáveis por metade do valor criado pelo conjunto da indústria. Desde o ano 2000, observa-se um declínio na sua participação, para cerca de 34% do valor total adicionado em todo o setor industrial.

O mais grave é que há quase duas décadas se mantém em queda. A consequência direta, e óbvia, é a redução da participação do Brasil no mapa planetário da produção industrial. Nos últimos sete anos, a fatia brasileira no Produto Industrial global caiu de 2,9% para 2%, segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Baixo nível à paulista: Editorial | Folha de S. Paulo

João Doria e Márcio França substituem o debate programático pela troca de impropérios

Se a campanha no segundo turno da eleição para presidente se desenrola sem debate entre os adversários, no estado de São Paulo os confrontos entre João Doria (PSDB) e Márcio França (PSB) se mostram constrangedores.

Em lugar de teses e planos destinados a melhorar a vida dos paulistas, ouvem-se impropérios e acusações. Traidor, ardiloso, aproveitador, esquerdista —eis alguns dos termos que substituíram argumentos, dados e propostas.

Doria está na dianteira das intenções de voto colhidas em pesquisa Datafolha realizada nos dias 17 e 18. O ex-prefeito de São Paulo marca 53% das preferências, pelo critério equivalente a votos válidos (excluídos brancos, nulos e indecisos); no cômputo geral, tem 44%.

França aparece seis pontos percentuais atrás, com 47% no primeiro critério e 40% no segundo.

Carla Visi: Você passa, eu acho graça

Carlos Drummond de Andrade: Canção Amiga

Eu preparo uma canção
em que minha mãe se reconheça,
todas as mães se reconheçam,
e que fale como dois olhos.

Caminho por uma rua
que passa em muitos países.
Se não me vêem, eu vejo
e saúdo velhos amigos.

Eu distribuo um segredo
como quem ama ou sorri.
No jeito mais natural
dois carinhos se procuram.
Minha vida, nossas vidas
formam um só diamante.
Aprendi novas palavras
e tornei outras mais belas.

Eu preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as crianças.