terça-feira, 11 de junho de 2013

OPINIÃO DO DIA – Aloysio Nunes Ferreira: pesquisa

Há um aumento do pessimismo, um aumento do número de pessoas que acreditam que as coisas não estão indo bem, que a inflação vai aumentar, que o desemprego vai aumentar, o que se reflete no grau maior de desconfiança em relação à capacidade do governo de dar conta do recado.

Aloysio Nunes Ferreira, senador (SP) e líder da bancada do PSDB, in O Globo, 11/6/2013.

Manchetes de alguns dos principais jornais

O GLOBO
Fim da privacidade: EUA caçam americano que revelou espionagem
Enquanto isso, na economia...: S&P melhora viés para os EUA
Dando um tempo: Nas lojas, nota fiscal fora do padrão
Quatro tribunais e a conta: Novos TRFs custam R$ 922 mi ao ano

FOLHA DE S. PAULO
Análise do mensalão vai durar até 2 anos, diz ministro do STF
Com melhora dos EUA, dólar sobe e BC intervém duas vezes
Reservas ocupam Planalto, governo e prefeitura de SP
Taxa de suicídio entre jovens no Brasil aumenta 30% em 25 anos
Deficitário, estádio do Pacaembu irá para o setor privado

O ESTADO DE S. PAULO
Barbosa quer triplicar teto de gasto do CNJ com servidor
BC intervém, mas dólar fecha no maior valor desde 2009
MEC cria avaliação para aluno do 3º ano
Minha Casa puxa investimentos do PAC
Afif assume governo de SP e retoma PPPs
MPF pede a Dilma dados sobre Rose

VALOR ECONÔMICO
Empresa brasileira já deixa Argentina em segundo plano
Política fiscal pode ser mudada
Ceará adota pacto e reduz analfabetismo entre crianças

BRASIL ECONÔMICO
Real sob efeito de incertezas e especulação
O rei do gado agora também é rei do frango
Funai: Mudanças agravam o conflito

ESTADO DE MINAS
TRF-MG nasce abarrotado
Dólar bate recorde e inflação segue alta
Notas fiscais: Lojas ganham mais um ano para discriminar impostos

O TEMPO (MG)
Manifestantes fazem protesto no centro do Rio contra o aumento de passagens de ônibus
Justiça suspende reajuste da tarifa de ônibus em Goiânia
Mesmo com duas intervenções do BC, dólar fecha com alta de 0,71%
Ex-presidente de Portugal lamenta privatizações em encontro com Dilma

CORREIO BRAZILIENSE
Alimentos voltam a subir. Dólar dispara e atropela BC
Panes atrasam a emissão de passaportes
Repressão: Pai de diretor da Abin deve depor no Rio

GAZETA DO POVO (PR)
Falta de carreira e estrutura afastam médicos do interior
Pela multiplicação dos peixes
Investimento no PAC 2 foi de R$ 557,4 bilhões
EUA estudam processo contra Edward Snowden
Paraná articula frente contra perdas no FPE
SUS conclui auditoria em UTIs de Curitiba
Ipea: criação de TRFs custaria R$ 922 milhões

ZERO HORA RS)
Trabalhador está mais velho e mais qualificado
Justiça: R$ 922 milhões para criação de Cortes federais

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Feirão da Caixa começa na próxima sexta
Eduardo torce para Governo Dilma dar certo

O que pensa a mídia - editoriais de alguns dos principais jornais

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

Real sob efeito de incertezas e especulação

A perspectiva negativa dada ao Brasil e suas empresas por agências de classificação de risco, o desempenho da economia mais baixo do que o esperado e uma onda de especulação sobre mudanças na equipe do governo estão mexendo com os títulos do mercado financeiro e refletindo nas cotações do câmbio. Como mostra o colunista Luiz Sergio Guimarães, a briga entre "comprados e vendidos" pressiona a valorização do dólar. Mas as forças de mercado não abalam o governo. Ontem, o secretário de Política Econômica, Márcio Holland, disse, que o Brasil vai mostrar "com tranquilidade" que a economia está crescendo de maneira firme. Para analistas, o momento é de exão: "a lua de mel acabou", afirma Carlos Guzzo.

Mercado vê risco maior do país

Títulos de proteção negociados no exteriorsobem até 45%. Governo garante que a economia brasileira cresce de maneira firme. Já os analistas dizem que o momento é de reflexão

Léa De Luca

O mercado secundário de títulos de dívidas internacionais tem registrado um constante mau humor dos investidores estrangeiros com o Brasil, que já embutem nos preços um risco de "downgrade" das notas de riscos de crédito. Dois dos principais indicadores de risco de probabilidade de calote usados internacionalmente - o Emerging Markets Bond Index Brazil (Embi+Br) e os Credit Default Swaps (CDS) - refletem uma piora desde o final do ano passado, se acentuando mais recentemente e refletindo uma nota de crédito pior do que as notas das próprias agências de classificação. O primeiro índice terminou o ano em 146 pontos e agora já ultrapassa os 200 pontos, ou seja com prêmio 2% maior do que os títulos do Tesouro americano, representando uma alta de 35%. Já o segundo índice já subiu subiu 53 pontos nos últimos 30 dias - maior alta desde março de 2009, segundo a Bloomberg - para fechar em 159,9 pontos ontem, alta de 45% no ano.

O custo é o mais alto em 11 meses, e o CDS do Brasil já estão em média 35 pontos mais caros do que os de México, Peru, Colômbia e Panamá. Quanto mais alto, maior a desconfiança dos investidores nos papéis de governo, empresas e bancos brasileiros emitidos no exterior em moeda estrangeira. O EMBI mede a diferença entre as taxas pagas por uma cesta de papéis (brasileiros, no caso) e os juros pagos pelos títulos do Tesouro dos Estados Unidos. Os CDS são contratos de hedge que os investidores em papeis brasileiros compram para se proteger contra um eventual calote do emissor.

A alta pode ser interpretada como indício de que os investidores estão apostando que o corte da nota de classificação de risco do Brasil, atualmente em nível 2 de "grau de investimento" BBB pode ser inevitável, caindo um nível, mas ainda permanecendo no "grau de investimento" (na quinta-feira, a Standard&Poor"s colocou a nota do Brasil em perspectiva negativa - leia mais na página ao lado).

As forças de mercado não parecem abalar o governo. Ontem, durante anúncio dos resultados do Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC2), o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, afirmou, que o Brasil conseguirá demonstrar "com tranquilidade" a investidores e agências de classificação de risco que sua economia está crescendo de maneira firme, com foco no aumento do investimento. Dados do Banco Central mostram que o fluxo financeiro (investimentos em títulos, remessas de lucros e dividendos ao exterior e investimentos estrangeiros diretos, entre outras operações) fechou maio negativo em US$ 3,343 bilhões. Mas se considerado o dado comercial, está positivo em mais de US$ 10 bilhões. E o volume de investimentos estrangeiros diretos (IED), já descontadas repatriações de capital aos países de origem, ainda está alto até abril (último dado disponível): US$ 5,720 bilhões.

Para Carlos Guzzo, diretor de Controle de Gestão, Risco e Relação com Investidores do BES Investimento do Brasil, não vê razão para pânico. "O Brasil está hoje sentado em um colchão de reservas para lá de confortável, com mais de US$ 375 bilhões. O BC tem um arsenal completo de medidas para contornar uma saída de dólares e a consequente alta da moeda", diz. Para Guzzo, realmente a percepção de risco piorou: "A lua-de-mel acabou. A hora é de reflexão", diz. Para ele, a alta da inflação e do dólar tem razões conjunturais - no caso do câmbio, lembra o executivo, a alta é generalizada, motivada pela melhora dos indicadores da maior economia do mundo. "Mas há uma preocupação real, estrutural: a questão fiscal", diz. "O descontrole começou na crise de 2008, quando o governo precisou lançar mão de políticas anticíclicas".

Com a possibilidade de o governo americano colocar o pé no freio ao programa de estímulos à economia - com a compra mensal de US$ 85 bilhões em títulos - os juros tendem a subir competindo com os bônus emitidos por países emergentes como o Brasil. Para os investidores, a relação entre risco e retorno dos papéis americanos começa a ficar mais favorável. "Uma conjunção de fatores concorrem para essa piora na percepção de risco", diz Ricardo Torres, professor de finan-çasdaBBSusinessSchool. "Começou pela possibilidade da redução dos programas de estímulo dos EUA, passou pela alta da Selic, depois pela mudança do IOF para estrangeiros e por último, o anúncio da S&P". O professor é um pouco mais pessimista e credita a desconfiança atual as interferências do governo em diversos setores da economia, que incluem fixação de tarifas, câmbio e juros e mudanças em impostos. Para ele, é preciso também mais transparência no controle de gastos. E, a curto prazo, aconselha o governo a retirar urgentemente o IOF sobre posições vendidas em dólar na BM&F.

Geralmente, em economias financeiramente abertas, variações da percepção de risco soberano são acompanhadas por variações nas entradas líquidas de capitais, com impacto na taxa de câmbio. A queda no risco-País permite que tanto a República como outros agentes acessem o mercado internacional de capitais em condições mais favoráveis ao ampliar a base de investidores internacionais dispostos a financiar títulos de emissores domésticos. Vale lembrar que os juros das emissões soberana servem de referência para as emissões privadas, ou seja, a queda no risco-País reduz custos em geral.

NOTAS DA AGENCIA DE CLASSIFICAÇAO DE RISCO STANDARD & POORS

A perspectiva negativa reflete a probabilidade de, pelo menos, uma em três, de um rebaixamento nos ratings dessas entidades nos próximos dois anos.

• Banco Bradesco S.A.
BBB/Negativa
• Banco do Brasil S.A.
BBB/Negativa
• Banco do Nordeste do Brasil S.A.
BBB/Negativa
• Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social-BNDES
BBB/Negativa
• Banco Citibank S.A.
BBB/Negativa
• Banco Itaú BBA S.A.
BBB/Negativa
• BM&FBOVESPA S.A
- Bolsa deValores, Mercadorias e Futuros (BVMF)
BBB/Negativa
• HSBC Bank Brasil S.A.
BBB/Negativa
• AllianzGlobal Corporate & Specialty Resseguros Brasil S.A.
A/Negativa
• Itaú Unibanco Holding S.A.
BBB/Negativa
• Banco Santander (Brasil) S.A.
BBB/Negativa

Fonte: Brasil Econômico

BC intervém, mas dólar fecha no maior valor desde 2009

Pela primeira vez no ano, o Banco Central fez ontem duas intervenções no mercado para tentar conter o dólar. Durante o dia, a moeda americana chegou a R$ 2,16 e fechou em R$ 2,1480, alta de 0,56%, o maior valor em relação ao real desde 30 de abril de 2009. O real vem se desvalorizando nas últimas semanas, pressionado por fatores externos e internos.

Mesmo com intervenção do BC, dólar atinge maior patamar desde 2009

Fabricio de Castro e Luciana Antonello Xavier

Câmbio. Moeda americana chegou a atingir RS 2,16 durante o dia e, mesmo após venda de dólares no mercado futuro pelo Banco Central, fechou em alta de 0,56%, ainda refletindo a ameaça de redução do rating brasileiro e a melhora na economia dos EUA.

Pela primeira vez neste ano, o Banco Central fez ontem duas intervenções no mercado para tentar conter a alta do dólar, que, durante o dia, chegou a atingir R$ 2,16. Mesmo assim, a moeda americana fechou em seu maior patamar em relação ao real desde I 30 de abril de 2009, cotada a RS 2,1480, com alta de 0,56%.

O real vem tendo uma expressiva desvalorização nas últimas semanas, pressionado tanto por fatores externos, principalmente os sinais de melhora da economia dos EUA, quanto internos, como o rebaixamento da perspectiva de nota de risco do Brasil feito pela Standard & Poor´s (S&P).

Apesar de um lado positivo, como facilitar as exportações brasileiras - os produtos nacionais ficariam mais baratos no mercado internacional há uma preocupação sobre os efeitos desse movimento na inflação, já que os produtos importados ficariam mais caros.

"O BC mostrou que não quer um dólar acima de RS 2,15, porque nós temos um problema sé-: rio, que é a inflação", disse João Paulo de Gracia Corrêa, gerente de câmbio da Correparti Corretora. "Mas a desconfiança em relação ao País faz a alta do dólar persistir".

Na semana passada, o governo reduziu de 6% para zero o imposto sobre Operações Financeiras (IGF) dos investimentos estrangeiros em renda fixa, uma medida que, em teoria, aumentaria o fluxo de dólares para o Brasil, forçando uma queda nas cotações. Mas, até agora, isso ainda não foi visto.

"Potencialmente, a gente esperava que a redução do IGF gerasse um impacto maior (de entrada de dólares), porque você tem, aliado à isenção de imposto, a alta da Selic", disse Fernando Bergallo, gerente de câmbio da TOV Corretora. "Mas parece que o investidor não está muito confiante, ainda mais que teve a redução da perspectiva de rating do Brasil"
Viés. A mudança da perspectiva da nota brasileira, de estável para negativa, foi justificada pela S&P, entre outras coisas, pelos baixos números de expansão da economia brasileira. Mas, segundo a diretora de ratings soberanos da S&P, Lisa Schineller, mais importante do que saber quanto o Brasil crescerá nos próximos anos será ver como ficará a credibilidade do governo perante o setor privado e como ocorrerá o equilíbrio entre crescimento e situação fiscal.

Segundo Lisa, a credibilidade do Brasil tem sido prejudicada por constantes mudanças de rota do governo. "À sinalização de políticas pelo governo tem ido para frente e para o ar cm algumas questões. Isso deixa menos espaço para o Brasil fazer manobras, mesmo durante no ciclo eleitoral, e pode minar tanto o crescimento do País como o lado fiscal".

EUA. Ontem, a própria S&P elevou a perspectiva de rating dos Estados Unidos de negativa para estável, colocando mais pressão não apenas sobre o real, mas sobre todas as moedas, principalmente de países emergentes.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Alimentos voltam a subir. Dólar dispara e atropela BC

Banco Central intervém, gasta US$ 2,1 bilhões, mas não consegue deter alta da moeda americana, que fechou a R$ 2,148, a maior cotação em quatro anos. Pesquisa aponta elevação de preços, apesar de o governo afirmar que a inflação está sob controle.

Alimentos voltam a subir

O governo tenta convencer os investidores de que a inflação, principal motivo para a queda da popularidade da presidente Dilma Rousseff em oito pontos percentuais, está sob controle, assim como os preços dos alimentos. Os números, contudo, contradizem os esforços. As declarações otimistas do secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, ontem, durante apresentação do balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2), esbarrou nos resultados negativos da inflação medida na primeira semana de junho.

Holland buscou minimizar as críticas do mercado à política econômica e a reação dos eleitores ao afirmar que a economia está em expansão e que o investimento está crescendo de forma "sustentável" e melhor do que no ano passado. O discurso foi atropelado pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S). Apurado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e divulgado ontem, o indicador aponta alta de 0,48% na primeira semana de junho, puxado justamente pelos preços dos alimentos, que tiveram aumento de 0,65%, ante elevação de 0,36% na semana anterior.

O pesquisador da FGV Paulo Piccetti destacou que as hortaliças, os legumes, as frutas e os laticínios foram os itens que mais encareceram. Para piorar o cenário, a inflação medida pelo Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) subiu 0,43% na primeira prévia de junho, também divulgada ontem. No mesmo período do mês anterior, a elevação havia sido de 0,03%. O IGP-M, calculado pela FGV, é utilizado para a correção de contratos de aluguel e como indexador de tarifas, como energia elétrica.

O mercado não encara o quadro com o otimismo de Holland. Pelo contrário, o relatório de mercado Focus, divulgado ontem pelo Banco Central (BC), segue refletindo um pessimismo crescente a cada semana. A projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano apresentou o quarto recuo consecutivo, passando de 2,77% para 2,53%. O crescimento projetado para 2014 também foi reduzido: de 3,4% para 3,2%. Para compor o chamado Boletim Focus, o BC consulta mais de 100 instituições financeiras.

A projeção para a alta de preços manteve-se em 5,8%, em 2013 e 2014. Completa o cenário negativo a redução pelo mercado da expectativa sobre a balança comercial de US$ 8,30 bilhões para US$ 7,35 bilhões, em 2013. A taxa Selic, hoje em 8%, deverá fechar o ano em 8,5%, e 2014 em 8,75%, segundo projeções do mercado.

Iogurte

A alta dos produtos não tem deixado os consumidores nada contentes. Dos alimentos básicos aos industrializados, a inflação tem pesado no bolso do brasileiro. Insatisfeita com os preços dos laticínios, a aposentada Marlene Carvalho, 65 anos, aguarda sempre uma promoção para ir às compras. "Tudo subiu muito. Há dois meses, uma caixa de iogurte saía a R$ 3,99 e um achocolatado em caixinha a R$ 0,99. Hoje somaram cerca de R$ 1 sobre os dois produtos", reclamou ela, que sempre coloca itens derivados do leite no carrinho de compras para consumo do neto, de quatro anos.

"O próprio leite está mais caro. Consegui pagar R$ 2,19 o litro, mas têm supermercados cobrando a partir de R$ 2,25", contou a aposentada, que estocou duas dúzias de caixas de leite. Para ela, a solução para driblar os preços é trocar as marcas de determinados produtos. "A inflação está grande. Não tem quem não substitua um item por outro mais barato", afirmou.

A aposentada Leila Carvalho, 54 anos, também considera os preços dos alimentos abusivos. "No ano passado, eu comprava o quilo da cebola por R$ 1,99. Agora, custa pelo menos R$ 2,49", disse. Acostumada a comer frutas, Leila chegou a trocar o mamão papaya pelo mamão formosa na tentativa de contornar a alta dos preços.

Desonerações

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, defendeu ontem a continuidade da política de isenção fiscal do setor produtivo. Segundo ele, as desonerações na folha de pagamento passarão de R$ 16 bilhões, neste ano, para R$ 24 bilhões, em 2014, com a ampliação de 42 para 56 setores. "É bem adequada essa direção do governo de insistir no investimento como um modelo de crescimento sustentável de longo prazo. Ele aumenta a oferta, a produtividade e reduz custos diversos", afirmou.

Fonte: Correio Braziliense

Governo tentará mostrar que está comprometido com meta fiscal

Perspectiva negativa da S&P e críticas de Delfim Netto afetaram imagem e expectativas

BRASÍLIA - Diante da decisão da agência de de risco Standard & Poor"s de colocar a nota do Brasil em perspectiva negativa e das recentes críticas do ex-ministro Delfim Netto à política fiscal, a equipe econômica passou a avaliar o que pode ser feito para mostrar mais compromisso com a meta de superávit primário (economia para o pagamento de juros da dívida pública). Para técnicos do governo, não se trata de mudar a política, mas discutir o que pode ser feito para dar mais credibilidade a ela.

A margem para mudanças não é muito grande, argumentam os técnicos. Do lado das despesas, há o compromisso de ampliar os investimentos públicos para estimular a economia, o que obriga o governo a gastar mais neste ano. Já do lado das receitas, está sendo implementado forte programa de desonerações, que representam renúncia de mais de R$ 70 bilhões só em 2013.

- Mesmo assim, tem sempre alguma coisa a ser feita - disse um integrante da equipe econômica.

Os técnicos avaliam que o diagnóstico da S&P sobre a economia foi muito ruim, especialmente considerando que era justamente o temor de que a política fiscal perdesse credibilidade que levou a equipe econômica a manter a meta de superávit primário elevada num momento de despesas em alta e receitas em queda.

Delfim: "Estrago maior"

Este quadro só se agravou depois que Delfim Netto disse, em entrevista à Agência Estado, na semana passada, que, se o governo não contribuir com um ajuste fiscal, o Banco Central terá de elevar os juros para a casa dos dois dígitos a fim de conter a inflação. O ex-ministro, um dos principais conselheiros da presidente Dilma Rousseff, chegou a dizer: "Graças aos enormes truques contábeis, ninguém mais acredita em nada. A tal quadrangulação fiscal realizada no fim do ano foi a gota que derrubou a água do copo". O ex-ministro também voltou a defender a ideia de o governo trabalhar com uma meta de déficit nominal zero, ou seja, uma economia suficiente para pagar todas as despesas do governo, incluindo os juros da dívida pública.

- A entrevista do Delfim causou um estrago maior que a decisão da S&P - admitiu um técnico.

Em 2012, embora a meta fosse de 3,1% do PIB, o governo teve de abater gastos com investimentos, antecipar dividendos da Caixa e do BNDES, tirar recursos do Fundo Soberano e, ainda assim, realizou um primário de só 2,38% do PIB. Neste ano, a meta está em 3,2%, mas o governo já adiantou que descontará R$ 45 bilhões do resultado e propôs que o Tesouro não seja responsável por cobrir a parte de estados e municípios que não for cumprida. Além de fazer ajustes na área fiscal, o governo espera agora que a economia volte a reagir e consiga crescer 2,5% este ano, o que "já estaria de bom tamanho", disse o técnico.

Fonte: O Globo

Presidente se cala

Com a popularidade em queda e pressionada pelas más notícias vindas dos indicadores econômicos e do mercado financeiro, a presidente Dilma Rousseff evitou responder a perguntas de jornalistas ontem, durante sua breve visita a Portugal. Em entrevista coletiva, comentou apenas a indagação da imprensa portuguesa sobre o apoio do Brasil aos esforços de Lisboa para sair da grave crise. "O Brasil tem dado apoio a Portugal. Temos todas as relações comerciais bastante significativas, neste momento de crise", reagiu.

Após um encontro de uma hora com Dilma, o ex-presidente português Mário Soares aproveitou para criticar as políticas adotadas pelo governo de seu país para receber ajuda internacional e mantê-lo na zona do euro. Dizendo ter afinidade ideológica com a presidente, ele condenou a venda de estatais portuguesas "a preço barato", o que estaria "destruindo o patrimônio do povo". "Sou contra as políticas de austeridade, como toda a gente de esquerda", sublinhou. Soares também desdenhou os investimentos brasileiros em Portugal como forma de ajudar o país a sair da crise. "Vamos ter de sair da crise pelos nossos próprios meios".

A presidente havia acenado com a possibilidade de o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiar empresários brasileiros que queiram participar de eventuais privatizações de empresas portuguesas.

Apesar de a agenda oficial só ter eventos a partir da tarde de ontem, incluindo encontros com o presidente português, Aníbal Cavaco Silva, e com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, Dilma se encontrou na noite de domingo, em sua chegada, com líderes do Partido Socialista, maior força de oposição ao governo português. Ela voltou e iniciou a viagem de retorno na noite de ontem.

Fonte: Correio Braziliense

Eduardo torce para Governo Dilma dar certo

Governador condenou quem aposta no declínio econômico para se beneficiar.

Eduardo critica quem torce contra Dilma

Socialista condena os que querem tirar proveito do resultado da pesquisa para construir candidaturas. O momento, afirma, é de preservar o que já foi construído

Autor de críticas e ressalvas constantes sobre os resultados obtidos pela política econômica do governo federal, o governador Eduardo Campos (PSB) condenou, ontem, aqueles que apostam no declínio da economia do País para se beneficiar eleitoralmente. Ao comentar o resultado da última pesquisa Datafolha, divulgada no sábado (8), em que a presidente Dilma Rousseff (PT) sofreu uma queda de oito pontos percentuais em sua popularidade, ele dispensou o discurso de "aliado-crítico" e saiu em defesa da petista.

"Eu acho lamentável que as pessoas, para viabilizar uma candidatura, tenham que torcer para dar errado (a gestão atual). A gente precisa trabalhar isso de maneira a não privilegiar essa divergência eleitoral neste momento", afirmou Eduardo, após visitar o local onde será erguido o Parque da Macaxeira. O momento, segundo ele, é de preservar o que já foi construído.

Um dos dados mostrados na pesquisa Datafolha é que a expectativa negativa da população sobre a economia aumentou. Dos entrevistados, 51% disseram acreditar que a inflação vai subir nos próximos meses, enquanto que 36% afirmaram que a taxa de desemprego também vai crescer - em março, esse percentual foi de 31%.

Em relação à queda da popularidade da presidente Dilma, Eduardo argumentou que não poderia opinar por não ter lido a pesquisa com "profundidade". Fez, no entanto, a seguinte ressalva: "Às vezes, é uma oscilação natural. Na verdade, a gente tem que saber se isso é uma oscilação ou uma tendência", opinou.

Na pesquisa, a popularidade da presidente Dilma caiu de 65% para 57%. Sua intenção de voto, num cenário em que teria como adversários o senador Aécio Neves (PSDB), a ex-ministra Marina Silva e o próprio Eduardo Campos, ela aparece com 51%. O socialista foi citado por 6% dos entrevistados, o mesmo índice da sondagem anterior. Eduardo também evitou se pronunciar sobre esse resultado.

Coube aos aliados do governador aproveitar os números da pesquisa para exaltar o projeto presidencial de Eduardo. Ainda ontem, o líder do governo na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Waldemar Borges (PSB), declarou que a queda na popularidade de Dilma aponta para a existência de um "espaço vazio" que deveria ser preenchido por uma nova "lógica de desenvolvimento", propagada pelo PSB.

O prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), disse que o resultado reflete a "preocupação" dos eleitores com os rumos da economia do País.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Campos ataca 'torcida para dar errado' na economia

Potencial candidato, governador do PSB cobra 'agenda do crescimento'

Aliados da presidente atribuem queda de popularidade, atestada pelo Datafolha, à alta de preços no 1º trimestre

Daniel Carvalho e Catia Seabra

SÃO PAULO, BRASÍLIA - Após criticar os rumos da economia sob Dilma Rousseff, o governador Eduardo Campos (PSB-PE), censurou ontem, sem citar nomes, os que "torcem para [para o desempenho econômico do país] dar errado".

"Eu acho lamentável que as pessoas, para viabilizar uma candidatura, tenham que torcer para dar errado", afirmou o governador, em um evento no Recife, após ter sido questionado sobre a queda de popularidade de Dilma, atestada pelo Datafolha.

O levantamento mostrou que a aprovação ao governo caiu de 65% para 57% em dois meses e meio. As intenções de voto da petista caíram de 58% para 51% no cenário mais provável para 2014.

"Devemos centrar os nossos esforços [em] ajudar o Brasil a se entender em torno de uma agenda do crescimento econômico", disse o governador. Campos, potencial candidato à Presidência, manteve-se com 6% das intenções de voto e ocupa o quarto lugar, atrás de Marina Silva (sem partido), com 16%, e de Aécio Neves (PSDB-MG), com 14%.

Aliados

Aliados de Dilma atribuíram sua queda à alta de preços. Segundo o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), o que pesou "foi a falta de dinheiro no bolso do povo".

Presidente do PDT, o ex-ministro Carlos Lupi (RJ) afirmou que a queda reflete "o aumento dos preços da cesta básica e das passagens".

"Se houver queda acentuada, ela [Dilma] deve estar de prontidão", diz o secretário-geral do PR, senador Antonio Carlos Rodrigues (SP).

Para o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), o resultado "acende o sinal amarelo".

O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), afirma que a pesquisa é um sinal de que haverá segundo turno e "não será esse passeio".

Fonte: Folha de S. Paulo

PSD de Santa Catarina anuncia apoio a Campos

Liderado pelos Bornhausen, grupo critica alinhamento com Dilma e deve migrar para PSB

BRASÍLIA - Seguindo os passos do PSD de Minas Gerais, que rachou para apoiar o tucano Aécio Neves (MG) contra a reeleição da presidente Dilma Rousseff, o diretório do partido em Santa Catarina anuncia apoio à pré-candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), a presidente em 2014. Há problemas em outros estados que rejeitam o alinhamento com o PT, mas em Santa Catarina o PSD praticamente deixará de existir, porque a família Bornhausen, que comanda a legenda no estado, decidiu apoiar o socialista e deve migrar para o PSB. A queda de popularidade de Dilma tem dado discurso a quem deseja deixar o barco governista.

Como o governador Raimundo Colombo, Jorge Bornhausen e o deputado federal Paulo Bornhausen são egressos do DEM, mas agora vão se separar.

- No início da formação do PSD era para a gente ter um candidato a presidente. Agora a coisa tomou outro rumo. Quem sempre lutou na trincheira da oposição vai quebrar agora para pegar um fim de festa no PT? Se não perder agora, o PT perde em 2018. Colombo não vai constranger ninguém a votar no PT. Ele não vai poder nos impedir, para não perder apoios - disse Paulo Bornhausen, secretário de Desenvolvimento Econômico Sustentável do governo Colombo. - Quando (o PSD) antecipa o apoio a Dilma, antecipa também as saídas. Já houve problemas em Minas, em Santa Catarina e vai haver em outros estados também.

- Quem quer apoiar Dilma fica no PSD. Quem vai apoiar o Eduardo Campos, vai para o PSB - completou Jorge Bornhausen, sentenciando o destino do PSD em Santa Catarina.

Fonte: O Globo

Petistas minimizam queda de Dilma e negam sua troca por Lula em 2014

Para setores do PMDB, mudança levará a uma maior valorização do partido

Mesmo com a popularidade da presidente Dilma Rousseff em queda, segundo a pesquisa Datafolha publicada no fim de semana, líderes petistas afastaram a hipótese de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disputar o cargo. Já setores do PMDB avaliam que essa nova realidade obrigará Dilma e seus articuladores a valorizar o partido, e não ficar ouvindo só a cúpula da sigla. Segundo a pesquisa, a popularidade de Dilma caiu de 65% para 57%, entre março e junho.

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), provável adversário de Dilma em 2014, disse ontem que a queda na aprovação da presidente pode ser uma "oscilação natural". E condenou as avaliações de que uma piora na aprovação de Dilma indique mais espaço para uma candidatura para concorrer com ela:

- Acho lamentável que as pessoas, para viabilizar uma candidatura, tenham que torcer para dar errado. Temos que torcer para dar certo - disse Campos.

Também pré-candidata à Presidência, a ex-senadora Marina Silva afirmou ontem que a pesquisa traz "alguns sinalizadores". Ela alertou para a antecipação do processo eleitoral:

- Essas pesquisas não devem ser motivo para nós, lideranças políticas, anteciparmos as eleições. Vou continuar insistindo que não é boa essa antecipação e que ainda estamos a um ano e quatro meses das eleições. Temos de olhar para essas informações como um registro a ser pensado de que o cidadão está mais cuidadoso em relação à sua tomada de posição. Espero que o intervalo eleitoral possibilite um debate sobre o projeto de país que se quer. Isso é o mais importante - disse Marina.

Marina, que apareceu na pesquisa com 16% das intenções de voto (Dilma lidera com 51%, enquanto o tucano Aécio Neves tem 14% e Campos, 6%), alertou para o risco de alterações na política econômica com fins eleitorais:

- É uma legítima preocupação da sociedade de que não tenhamos a volta da inflação. De que o manejo dos instrumentos de política macroeconômica tenha uma abordagem estrutural e não puramente eleitoral. Porque, em 2008, tivemos medidas que foram tomadas e deram uma resposta para as eleições de 2010, e não se pode brincar com uma economia apenas na perspectiva de 2014. E a população está indicando isso, que não se faça uso político das conquistas que o Brasil a duras penas conseguiu.

Para o deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP), o resultado da pesquisa "não tem importância nenhuma":

- É uma oscilação dentro da curva positiva. É ridículo o frisson que está se fazendo a um ano e quatro meses da eleição presidencial. Em 2009, nessa mesma época do ano, o país estava com crescimento negativo, Dilma tinha 4% de intenção de voto e Serra, 45% - disse o parlamentar.

Já o secretário nacional do PT e pré-candidato à presidência do partido, deputado Paulo Teixeira, disse crer que Lula "tem ainda muita energia para gastar" e pode até se candidatar em 2018. Mas, para 2014, Dilma é a candidata.

- Vai haver mais crescimento ao longo do ano, a inflação está controlada. Prova disso é que a aprovação dela se mantém enorme. A diminuição da tarifa de energia, o deslanche das concessões e a redução dos impostos são provas de que ela está no rumo certo. Está jogando bem - disse Teixeira.

Para oposição, causa é política econômica

A oposição relacionou a queda na popularidade de Dilma a tropeços na política econômica. Líder do PSDB, o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP) contestou a imagem de gestora da petista:

- Há um aumento do pessimismo, um aumento do número de pessoas que acreditam que as coisas não estão indo bem, que a inflação vai aumentar, que o desemprego vai aumentar, o que se reflete no grau maior de desconfiança em relação à capacidade do governo de dar conta do recado - afirmou o tucano.

Ele criticou a atitude "triunfalista" do ministro Guido Mantega (Fazenda), que, para o senador, passa por uma crise de credibilidade:

- Se o nosso ministro Mantega fosse uma daquelas ciganas que ganham a vida prevendo o futuro, seguramente estaria neste momento morrendo de fome, pois ninguém mais acredita nas suas previsões.

No PMDB, parlamentares que se estranharam recentemente com o Planalto avaliam que ela terá que fazer interlocução também com os líderes Eduardo Cunha (RJ), da Câmara, e Eunício Oliveira (CE), do Senado, além dos candidatos nos estados que estão sendo vetados por causa da aliança com o PT.

- Com a antecipação da campanha, os outros candidatos também começaram a aparecer na TV, em campanha. Mas não acredito que essa queda reforce a possibilidade de volta do ex-presidente Lula. As dificuldades não afetam só Dilma. Afetam Lula também, por causa do modelo. Como superar isso? Tem que fazer cada vez mais política, relacionando com a base, não só com os caciques - disse o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA).

Fonte: O Globo

O mergulho de Dilma - Alberto Goldman

Dilma iniciou o mergulho. Pegou a herança maldita do Lula, que ela ajudou a angariar, e não sabe como se livrar dela. Até porque começou seu governo repetindo os mesmo erros. Bastou um período negativo na economia nacional para que o castelo de cartas começasse a desmoronar.

Em três meses a sua avaliação positiva ( aprovação ), boa e ótima, caiu 8 pontos. Vale dizer, o restante que soma regular mais ruim e péssima subiu 8 pontos, fazendo com que a diferença caísse 16 pontos. Mais uma dessas e …bau, bau, lá se vai a presidente. As pessoas começam a perceber que esse governo é medíocre, um desastre.

A experiência nos mostra que quando alguém começa a descer a rampa, é difícil parar. Aliás, nós e eles, já vínhamos percebendo isso, o que os fez agir, desesperadamente, para conter esse processo. As taxas de juros voltam a crescer, aceleradamente, as isenções fiscais para alguns setores são uma tentativa de reanimar o setor industrial, há anos sendo destruído, a necessidade cada vez maior de recursos externos para fechar o rombo entre a saída e a entrada de divisas provoca ações extremas para atrair capitais, sejam eles produtivos ou especulativos, e muito mais.

A popularidade e o lero lero já não seguram nada. Aquela já retrocedeu aos níveis de janeiro de 2012. “O que chama mais a atenção na pesquisa é que, dos oito pontos de popularidade que a presidente perdeu, a maior parte é proveniente de conjuntos menos escolarizados e de menor renda, especialmente do Sudeste e Sul. E o mais importante – as mulheres, muito mais do que os homens, deixaram de apoiar Dilma. E quando se focaliza o subconjunto de mulheres de renda mais baixa, essa tendência se potencializa”, conforme diz o Data Folha.

Lá se foi a fama da boa gestora. O povo começa a abrir os olhos, e daí a pouco estarão esbugalhados.

Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB, in Blog do Goldman, 10/6/2013.

Aécio diz que acordos bilaterais são preferíveis ao Mercosul

Por Cristiane Agostine

SÃO PAULO - Pré-candidato à Presidência e presidente nacional do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) disse, em entrevista ao jornal argentino "La Nacion", que é preciso revisar o Mercosul. O senador colocou em xeque o bloco econômico e disse ter dúvidas se a união aduaneira é o melhor caminho para os países da América do Sul.

"Estamos muito preocupados com o que acontece hoje no Mercosul, que está muito engessado. Duvidamos se a união aduaneira é ainda o melhor caminho", disse Aécio, na entrevista. "Não devemos perder as alianças comerciais do Brasil com a Argentina, mas temos que transformar o Mercosul em uma área de livre comércio, que permita a cada Estado associado firmar acordos comerciais com outros países".

Para Aécio, o Mercosul não tem beneficiado nem o Brasil nem a Argentina. "Temos que ter coragem de repensar e revisar o Mercosul. Neste sentido, a Aliança do Pacífico, constituída pelo México, Colômbia, Peru e Chile é um exemplo de dinamismo".

Na mesma linha que o senador, o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, José Augusto de Castro, disse que o Mercosul é uma "armadilha" e que "tem gerado mais prejuízos do que benefícios" ao Brasil. "Todas as decisões no Mercosul precisam ser por unanimidade. Aqui é "tudo ou nada" e nos últimos anos só tem sido o "nada"", afirmou.

Para Castro, o bloco funcionaria melhor se fosse de livre comércio e não união aduaneira. O dirigente disse que é preciso abrir espaço para os acordos bilaterais e criticou o caráter político do Mercosul. "É mais ideológico do que comercial".

O presidente da Câmara de Comércio Argentino Brasileira, Alberto Alzueta, também defendeu acordos bilaterais no Mercosul. "Precisamos permiti-los e potencializá-los. Temos que repensar o bloco para ampliar as formas de negociação", disse. Alzueta reforçou que é preciso "despolitizar" o Mercosul, mas defendeu o bloco. "O Mercosul tem muitos problemas, mas é um patrimônio muito forte, conquistado durante 20 anos".

Na entrevista ao "La Nacion", Aécio falou, além de comércio exterior, sobre sua pré-candidatura e sinalizou que deve usar a bandeira da ética em 2014. Segundo o tucano, a "pior herança" deixada pelo PT foi o "padrão ético extremamente baixo".

O tucano afirmou que, nos últimos anos, a corrupção se expandiu e que há hoje uma "condescendência do governo com os atos de corrupção". " O Brasil precisa se reconciliar com valores que foram se perdendo ao longo dos últimos dez anos".

Fonte: Valor Econômico

Semana decisiva para Marina Silva e a Rede Sustentabilidade

Prazo interno do novo partido para coletar 500 mil assinaturas termina no sábado e apoiadores encontram dificuldades para validar as fichas coletadas. Amanhã, STF analisa liminar sobre projeto de novas siglas

André Pires

Terceira colocada na eleição presidencial de 2010 com quase 20% dos votos válidos, a ex-senadora Marina Silva vive uma semana decisiva para sua candidatura presidencial em 2014. Encabeçando a criação do partido Rede Sustentabilidade, a acreana vê seus apoiadores correrem contra o tempo para coletar 500 mil assinaturas para entregar ao Tribunal Superior Eleitoralem setembro. Como prazo interno definido para o dia 15 de junho, próximo sábado, o partido soma atualmente 470 mil assinaturas. O problema não é alcançar as 30 mil que faltam, a grande dificuldade é que nem todas serão validadas pelos cartórios eleitorais. Isso porque muitos não atualizam seus dados nos cartórios.

"A dificuldade não está sendo o ato da coleta, nossa dificuldade está sendo na validação. Muitos deixam de atualizar seus dados na justiça eleitoral, como endereços, assinaturas ou até mesmo o nome após casar. Estamos tendo uma perda estimada de 30% na validação", explica Ícaro Argolo, da Comissão Nacional Provisória (BA).

Por este motivo, os "mobiliza-dores", denominação dada aos integrantes que coletam assinaturas nas ruas, preparam uma série de mutirões pelo Brasil inteiro esta semana. Na porta de shows, nas universidades e em locais com grande presença de público eles vão trabalhar intensamente. Entre os grandes líderes da criação estão filiados ao PV, Psol e PT. Mas tem jovens que nunca integraram um partido político e que tem uma história de movimentos sociais.

"Os adversários diriam que é um saco de gatos, nós diríamos que é um partido plural. Tem para todo gosto. Eu sou daqueles que procura uma postura de diálogo, dentro de um posicionamento de centro esquerda e libertário", afirma o deputado federal Alfredo Sirkis (PV-RJ).

Apesar de uma trajetória partidária divergente, os integrantes do futuro partido convergem em alguns pontos, como a questão ambiental e de busca pela democratização da discussão política.

"Eu diria que tem um núcleo predominante com a preocupação na sustentabilidade sócio-ambiental e na democratização do espaço público pela participação popular", explica o vereador Jefferson Moura (Psol-RJ).

Neste processo de nascimento da Rede Sustentabilidade, o partido tem sofrido com o estabelecimento de novos obstáculos por políticos insatisfeitos com seu surgimento. A Câmara votou com urgência um projeto que impediria a transferência do tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão e dos recursos do Fundo Partidário relativos aos deputados que trocam de partido durante a legislatura, atingindo diretamente a nova sigla. Uma liminar do Superior Tribunal Federal derrubou a votação pelo Senado. No entanto, ela será julgada amanhã e a expectativa é que seja derrubada.

"Acho que tem uma chance de cair a liminar, mas no mérito devemos ganhar. Se o projeto for aprovado, ele deve ser considerado inconstitucional", analisa Sirkis.

A manobra irritou os mobilizadores, que consideram uma tentativa de acabar com a candidatura de Marina Silva, possível ameaça à reeleição de Dilma Rousseff (PT). "Eu vejo a tentativa de manutenção do poder a qualquer preço. É um grande risco a política atual, de quase um partido único. É uma ditadura indireta", critica Gisele Uequed, candidata a prefeita de Canoas (RS), em 2012, e a deputada federal, em 2010.

Na ansiedade pela obtenção das assinaturas e da aprovação do novo partido, os apoiadores evitam debater possíveis candidatos em 2014, uma vez que consideram ruim antecipar a disputa política. Entretanto, todos reconhecem que o nome de Marina Silva na disputa presidencial é inevitável.

"É uma discussão que estamos deixando para depois. Nosso foco é conseguir as assinaturas. Temos várias possibilidades entre as pessoas que estão criando. Alguns já foram candidatos por outros partidos e não se elegeram. Estamos estimulando candidaturas novas, uma juventude", destaca Mirian Prochnow, da Comissão Nacional Provisória (SC).

Resta saber se a ex-senadora não encontrará novos obstáculos.

Fonte: Brasil Econômico

Supremo julga amanhã liminar de Gilmar Mendes

Ministro suspendeu tramitação de projeto que inibe novas siglas

BRASÍLIA - O Supremo Tribunal Federal (STF) deverá decidir amanhã se libera ou não a votação, no Senado, do projeto de lei que inibe a criação de partidos. A tramitação do projeto está paralisada desde abril por liminar do ministro Gilmar Mendes em mandado de segurança do PSB. A expectativa no meio político é que a liminar seja derrubada. Assim, o projeto seria votado e aprovado pelos senadores. Mas começaria outra batalha no Supremo, já que um partido ou o Ministério Público Federal deverá contestá-lo por meio de uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin).

Se aprovado, o projeto prejudicará partidos em formação, como a Rede Sustentabilidade da ex-senadora Marina Silva. O texto aprovado na Câmara impede que parlamentares que mudem de partido no meio do mandato transfiram para a nova legenda parte do Fundo Partidário e do tempo de propaganda no rádio e na TV da sigla de origem. Pelas regras do projeto, os novos partidos terão direito a cotas mínimas do fundo e do tempo de TV - 5% divididos entre todos os partidos com registro; os outros 95% são distribuídos entre os que têm bancada na Câmara.

Restrição a tempo de TV

No caso do horário eleitoral de rádio e TV, partidos que não elegerem deputados federais não participarão da divisão de dois terços do tempo da propaganda eleitoral, mesmo que tenha deputados eleitos por outras legendas. Os novos partidos só terão direito a participar da divisão de um terço do tempo, distribuído entre as siglas registradas no TSE, hoje 30.

O projeto muda, assim, entendimento do Supremo, que nas eleições de 2012 garantiu ao PSD, criado em 2011 sem nenhum deputado federal eleito, direitos proporcionais ao número de parlamentares que a sigla atraiu de outras legendas

Fonte: O Globo

Procurador pede a Dilma sindicância sobre Rose

Em ofício direto à Presidência, José Roberto Pimenta, do MPF, requisitou cópia integral do processo aberto para apurar ilícitos de Rosemary Noronha.

Fausto Macedo

O Ministério Público Federal pediu diretamente à presidente Dilma Rousseff informações sobre sindicância administrativa que investiga, atos de Rosemary Noronha, ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo denunciada no âmbito da Operação Porto Seguro -missão conjunta da Procuradoria da República e da Polícia. Federal que em novembro, desarticulou organização criminosa para compra de pareceres de órgãos públicos federais.

O MPF já havia solicitado a documentação à Chefia de Gabinete da Presidência, mas o pedido foi negado pela Subchefia de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, sob argumento de que a requisição deveria ser direcionada à Presidência pela Procuradoria-Geral da República.

O Palácio do Planalto informou ontem que ainda não recebeu o ofício do MPF.

Rose já está sendo processada na esfera criminal por tráfico de influência, falsidade ideológica, corrupção passiva e quadrilha. Além dela, são acusados 23 investigados, entre eles o ex-diretor de Hidrologia da Agência Nacional de Águas (ANA), Paulo Vieira, o ex-senador Gilberto Miranda e o ex-adjunto da Advocacia-Geral da União José Weber Holanda.

Rose agora é alvo de inquérito civil público para apurar suas responsabilidade s também na área cível, pelos fatos investigados na Porto Seguro. O MPF também tenta obter acesso aos documentos por meio da Controladoria-Geral da União (CGU).

No ofício à presidente, o procurador da República José Roberto Pimenta Oliveira volta a requisitar cópia integral do processo administrativo - sindicância e/ou processo disciplinar -instaurado para apurar ilícitos funcionais atribuídos a Rose.

"Independentemente do mérito da alegação da Subsecretaria para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, o importante é o acesso mais célere possível aos autos do processo", ressalta o procurador.

Sigilo. No ofício a Dilma, o procurador fez alusão à Lei Orgânica do Ministério Público da União: "Serve o presente para requisitar a Vossa Excelência, nos termos da Lei Complementar n.° 75/1993, cópia integral do(s) processo(s) administrativo (s) instaurados para apuração de ilícitos funcionais atribuídos à sra. Rosemary Noronha que estejam em curso na administração pública federal".

Pimenta Oliveira também solicita à presidente que, caso haja documentação sigilosa, que indique a referida documentação e a abrangência do eventual sigilo decretado, conforme a Lei 12.527/2011, que regula o acesso a informações, e a Lei 8.112/1990, que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União.

O procurador encaminhou ofício ao ministro da CGU, Jorge Hage, por meio do qual pede informações sobre "todos os processos administrativos em curso tendo como referência fatos vinculados á. denominada Operação Porto Seguro, com a remessa integral da documentação existente, instruindo a resposta com demonstrativo sintético das principais informações dos procedimentos, como identificação do objeto, número, servidores públicos investigados e situação atual".

Fonte: O Estado de S. Paulo

Práticas rudimentares - Merval Pereira

O mais importante das pesquisas que saíram nos últimos dias não é exatamente a queda de popularidade da presidente Dilma em si, pois ela continua muito bem avaliada, mas a confirmação de que essa avaliação é suscetível a mudanças quando a economia não anda bem.

Até agora, havia a crença disseminada de que a popularidade da presidente não se abalava nem mesmo diante dos resultados fracos da economia, pois o pleno emprego estava garantido apesar de tudo, o que garantiria também a manutenção do estado de bem-estar do eleitorado. O resultado da pesquisa do Datafolha significa que o eleitorado da presidente é volúvel e nada solidário com dificuldades momentâneas, parecido, aliás, com os partidos de sua base aliada. Dilma continua sendo a favorita para a eleição presidencial de 2014, mas a desconfiança do eleitor já coloca em perspectiva de baixa seu apoio, caso a inflação continue corroendo seus ganhos.

O ambiente político está conturbado justamente pela desconfiança de que o modelo econômico da presidente não se sustenta. O ex-presidente Lula teve a coragem de enfrentar os problemas criados pela sua própria eleição logo no primeiro ano, contando com que o decorrer do mandato lhe daria fôlego para buscar um crescimento melhor no ano da reeleição.

Começou com um aumento pífio de 1,1% do PIB em 2003 e chegou ao ano da reeleição em 2006 com um crescimento de 4%, em condições de superar até mesmo a crise do mensalão. Como mote de governo, cunhou a expressão "herança maldita" para marcar o que teria sido o suposto legado tucano que recebera.

A presidente Dilma não pode denunciar a "herança maldita" que recebeu de Lula, pois tem também responsabilidade por ela, consequência da gastança generalizada para elegê-la sua sucessora. Com a economia bombando artificialmente a uma taxa de 7,5% ao ano em 2010, a eleição de Dilma deixou rastros pelo caminho nos gastos públicos fora de controle.

As políticas falsamente chamadas de anticíclicas acabaram gerando uma série de pibinhos no governo Dilma, acrescidos de uma inflação persistente que só será derrubada às custas de "políticas rudimentares", como a proposta de Palocci ainda no governo Lula, rejeitada com esse argumento pela então chefe da Casa Civil.

Dilma Rousseff queria enfraquecer a posição do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, no governo. Bombardeado por denúncias de corrupção na prefeitura de Ribeirão Preto, Palocci já não tinha mais a proteção incondicional da oposição, que o vinha poupando para não colocar em risco a economia brasileira.

Mas a então ministra Dilma Rousseff não teve o mesmo cuidado ao atirar sem piedade na proposta de um plano de ajuste fiscal de longo prazo que vinha sendo elaborado pela equipe econômica. A proposta básica de Palocci era a de que o gasto público não podia subir mais que o crescimento do PIB.

Embora coordenado pelo então ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, o plano tinha a assinatura do ministro Palocci, que já havia afirmado em discurso, em uma assembleia do PT, que o ideal seria que tivéssemos um superávit fiscal de 4,25% pelos próximos dez anos.

Dilma, em entrevista ao "Estado de S. Paulo", desqualificou os autores da proposta, dizendo que estavam baseando suas afirmações "em planilhas", esquecendo-se da vida real, e classificou o plano de "rudimentar", afirmando que nem o encaminharia ao presidente Lula porque não tinha as condições mínimas para um início de discussão dentro do governo. Acrescentou que gasto público "é vida".

Hoje, a presidente Dilma, se não adotar as práticas rudimentares de controle de gastos, estará cavando sua derrota, ou armando sua própria herança maldita, na suposição de que venha a se reeleger, ainda o quadro mais provável até o momento.

Fonte: O Globo

União instável - Dora Kramer

A queda na popularidade da presidente Dilma Rousseff associada à piora da sensação de bem-estar em decorrência da redução do poder de compra devido ao aumento da inflação, mostra o quanto se ilude quem acreditar que o casamento do eleitorado com governos do PT é por amor.

Não há expectativa de bom comportamento, coerência nem identificação ideológica envolvida nessa relação. Prova disso é a indiferença dos votantes à viravolta moral e doutrinária de um partido que chegou à Presidência da República prometendo ética na política e mudanças radicais na economia.

Se a geladeira nova está garantida, se o farnel mensal inclui itens antes proibitivos, se dá para viajar, de avião, entrar numa agência com R$ 1.000 e sair de lá de carro zero, pouco importa que a mula manque aqui e ali. No terreno das malfeitorias os critérios de aceitação não são rígidos.

Mas quando o bicho começa a claudicar na seara das benfeitorias a coisa muda de figura. Dinheiro não aguenta desaforo e eleitor evita levar prejuízo para casa.

Posto assim, de maneira um tanto rude, é o que se tem como pano de fundo da pesquisa do Instituto Datafolha que no último fim de semana registrou redução de oito pontos nos quesitos "ótimo e bom" na avaliação do governo federal, confirmando outras pesquisas. Oficialmente não registradas, mas ultimamente destrinchadas em gabinetes palacianos e saletas oposicionistas.

Trata-se de um contrato pragmático, como são todos os assinados de tempos em tempos entre governados e governantes. A união não é estável, o que não quer dizer que esteja em via de dissolução. Longe disso. Apenas significa que nada há de especial, de místico ou de inexplicável nessa relação até então resistente às tempestades.

Tudo muito simples: a população começa a se sentir insegura naquilo que para ela é primordial e deixa o desconforto patente nas pesquisas. Há a alta da inflação, mas houve também o episódio do programa Bolsa Família, que levou ao eleitorado mais fiel aos governos petistas a percepção de que a gerência do País não é assim tão competente quanto reza a propaganda.

A queda na popularidade atingiu todas as regiões do País, todas as idades, todos os extratos de renda, todas as faixas de escolaridade, ambos os sexos. O dado não é irrelevante como por dever de ofício avaliaram porta-vozes oficiais.

O abalo é expressivo, principalmente para governo que vem se desgastando no quesito credibilidade e sustenta- se no pilar da popularidade que, por sua vez, tem seu alicerce mais forte na sensação de que o Brasil chegou ao paraíso nas asas do monopólio da sensibilidade social do qual o PT se presume detentor.

Como isso é uma ilusão, mais cedo ou mais tarde as pessoas iriam começar a cair na real. Espaço para recuperação de popularidade Dilma Rousseff tem de sobra. A questão é como atuará daqui em diante para recuperar confiabilidade. Tarefa muito mais difícil, principalmente em ambiente de aflição eleitoral - péssimo conselheiro quando as circunstâncias restringem a margem de manobras para bondades.

A perda na avaliação do governo refletiu-se, por óbvio, nas intenções de voto. Era de 58% dos votos o patrimônio de Dilma em março e hoje é de 51%. Ótimo ainda. Naquele critério de que "se a eleição fosse hoje", ganharia no primeiro turno.

Uma ficção, em verdade, pois equivaleria a acreditar que os oponentes não conquistariam nenhum eleitor quando a campanha efetivamente começar. É possível que se comece a falar de novo na hipótese da candidatura do ex-presidente Lula.

Convém, no entanto, prestar atenção aos números: se Dilma tem 51% no melhor cenário, na hipótese mais favorável Lula aparece com 55%, o que não projeta garantia de salvação da lavoura.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Nas Entrelinhas - Denise Rothenburg

Absorvido em suas eleições internas, o Partido dos Trabalhadores será aconselhado a largar um pouco essa disputa para cuidar dos aliados. Desde domingo, a máxima nos partidos é a de que Dilma Rousseff agora está vulnerável. Portanto, ou arruma os palanques regionais ou terá problemas para se somar à queda de popularidade que o ministro Aloizio Mercadante chamou de “oscilação normal”. E, para arrumar esses palanques, o PT terá de rever alguns acordos internos, feitos para garantir uma eleição tranquila para Rui Falcão no Processo de Eleição Direta (PED), em novembro.

Até aqui, avaliam muitos, o PT fazia o que bem entendia nos estados. O partido lançava os candidatos que queria e os aliados que se conformassem com a situação. Afinal, Dilma como candidata à presidente embalada pela alta popularidade de Lula era considerada imbatível. O mesmo se deu nas eleições municipais, onde o PT dispensou acordos em várias capitais importantes, caso de Porto Alegre, por exemplo. No Rio de Janeiro, entretanto, apoiou Eduardo Paes, do PMDB, considerado uma exceção.
Agora, entretanto, avaliam os parlamentares aliados, o PT saiu do “imbatível” para o “se”: “se a economia reagir”, “se o poder de compra não cair ainda mais” e “se o desemprego não aumentar”. Antes, isso era restrito à oposição: “se Aécio Neves (PSDB) encontrar um discurso”, “se Marina Silva conseguir montar seu partido” ou “se Eduardo Campos se viabilizar”.

No caso de Dilma, as condicionantes ganham peso a partir de agora. E podem ficar ainda mais agudas se pesquisas mais à frente desmentirem a tese da “oscilação normal”. A ordem nos aliados não é esperar para ver e, sim, aproveitar essa depressão na avaliação da presidente para pedir, por exemplo, o palanque único no Rio de Janeiro, com a candidatura de Luiz Fernando Pezão, e também no Amazonas, onde o candidato é o líder do governo no Senado, Eduardo Braga. Ambos são do PMDB. Na avaliação dos governistas, Dilma e o PT começam a perder a condição de fazer “cara de paisagem” a esses pedidos
.
Enquanto isso, no PT…

O presiente do PT, Rui Falcão, adia como pode a discussão desses palanques regionais. Isso porque tem que primeiro tratar da própria reeleição. A cúpula do partido tem defendido muitas candidaturas regionais, como a de Lindbergh Farias no Rio, de forma a resolver sem traumas o PED deste ano. E, ainda assim, Falcão também enfrenta algumas resistências localizadas. A mensagem ao partido, tendência do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que terá o ex-líder do PT na Câmara Paulo Teixeira como candidato a presidente contra Falcão.

A ordem de Teixeira e de outros pré-candidatos é abrir o debate do futuro entre os petistas. Especialmente, separando o que é objetivo do PT do que é tema de governo. Há setores da agremiação muito incomodados com a “embolada” entre governo e partido, inclusive, com as alianças que jogam a estrela vermelha mais à direita do que esperava chegar. Um exemplo é a aproximação com o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab e o governador em exercício, Guilherme Afif Domingos, com quem o PT de São Paulo ainda não aprendeu a conviver.

Entre os petistas, há quem defenda um retorno às origens, ou seja, privilégio às alianças tradicionais do PT, que terminaram em posições mais periféricas. O próprio Ministério do Esporte, dominado pelo PCdoB, só ganhou fôlego e visibilidade depois que o Brasil virou sede da Copa da Fifa. Antes, não tinha tanta importância.

E no Planalto…

Apesar da reabertura desse debate dentro do PED, o PT, leia-se Dilma, não tem como dispensar qualquer aliado. Nem o próprio Lula teria essa condição hoje de “palanquear” em carreira solo. E a presidente, avaliam muitos, tem ainda mais um agravante: a classe política, se perceber que ela está à beira de um penhasco, terá a tendência de empurrá-la. Quanto à Lula, todas as vezes que ele se encontrou em uma situação semelhante, os aliados corriam para socorrê-lo. O problema é que, até o momento, os petistas consideram que não se criou as condições para um retorno seguro de Lula à condição de candidato.

Até porque foi ele quem colocou Dilma como candidata e os programas na tevê embolaram tanto os dois, que o fracasso de um pode perfeitamente refletir no outro. Diante desses imponderáveis e da vulnerabilidade que se revela nas pesquisas, o mais seguro seria mesmo amarrar os aliados. Afinal, se as próximas pesquisas continuarem registrando sintomas de desidratação, a dose do remédio — leia-se o preço dos apoios — terá que ser maior. Afinal, há um consenso na classe política de que terminou a era do “PT imbatível”. Se é assim mesmo, só o tempo dirá.

Fonte: Correio Braziliense

Não será um passeio - Eliane Cantanhêde

Dilma continua favorita e ganharia no primeiro turno se a eleição fosse hoje, mas tudo indica que não será um passeio.

No Datafolha, ela sofreu uma queda expressiva nos índices de popularidade e de intenção de votos --neste caso, 51% não são nenhuma garantia prévia de vitória no primeiro turno.

Ao contrário, as quedas de oito e de sete pontos, respectivamente, sugerem que a eleição caminha para um segundo turno. Até lá, Aécio e Eduardo Campos serão reconhecidos como candidatos e Marina terá um partido de verdade. Com Dilma favorita, as baterias se voltarão contra ela.

O Datafolha mostra que promessas de imenso apelo popular e pronunciamentos lindamente executados em rede nacional não se traduzem em votos assim tão automaticamente. O efeito depende de as promessas e os pronunciamentos se transformarem em realidade e estarem em sintonia com a economia.

Palavras são palavras. Renda, preços, juros, crescimento e confiança são bem mais concretos.

Dilma fez muita propaganda da queda dos juros, uma velha e insistente aspiração, sobretudo de setores produtivos. Deu no que deu: os juros baixaram, mas voltaram a subir e estão com tendência de alta, sem que nada indique um recuo tão cedo.

Dilma também fez, e faz, propaganda da fama de boa gerente, mas a economia nunca parece funcionar devidamente e a sua mal disfarçada simpatia pela máxima de que um pouco de inflação faz bem ao crescimento está lhe custando caro.

A dona de casa sentiu o aumento dos preços na feira e no supermercado e nem por isso o PIB mostrou vigor. Aliás, as previsões deste ano não param de ser revistas para baixo.

Há tempo mais do que suficiente para Dilma acertar o passo tanto na economia quanto na política, mas os lulistas estão assanhados, Marina ataca por baixo --o eleitor mais escolarizado-- e Aécio e Campos miram em cima --a insegurança dos aliados do PT. Muita água ainda vai rolar.

Fonte: Folha de S. Paulo

A queda e o sinal - Tereza Cruvinel

Aliados e adversários do governo previam, há alguns dias, o reflexo das dificuldades econômicas e políticas recentes nos índices de popularidade da presidente Dilma, confirmado pela pesquisa do Instituto Datafolha, que apurou perda de 8 pontos percentuais. A pesquisa CNT-Sensus, que será divulgada hoje, deve reiterar a queda. Aos impressionistas, é preciso lembrar que ela ainda tem 57% de aprovação e preferência eleitoral, que lhe garantiria a reeleição em primeiro turno com 51% dos votos. Mas a pesquisa terá efeitos políticos de outra natureza, especialmente sobre a coalizão que apoia Dilma. Para esses, ela acende uma luz brilhante que emite duas mensagens. Primeira: Dilma não é tefal e, se as coisas piorarem, o desgaste grudará nela. Segunda: se isso ocorrer, ficará mais tangível o sonho de dois em cada três governistas de que Lula venha a ser o candidato.

As querelas frequentes entre Dilma e seus aliados já haviam semeado a suspeita de que os partidos aliados estavam dispostos a golpeá-la com luvas de pelica, mordendo e assoprando, entremeando derrotas e vitórias no Congresso, para desgastá-la, contínua e lentamente, até que fosse preciso acionar a "bomba atômica" do PT — a candidatura de Lula. Se essa disposição existia ou não, ganhou impulso ou pretexto. Dilma perdeu força e, segundo a mesma pesquisa, Lula sai-se melhor que Dilma junto a entrevistados pessimistas com a economia, preocupados com o desemprego ou a inflação.

Não sendo tíbio, todo governante reage diante de manobras para afastá-lo do poder, ainda que seja com um tiro no peito, saindo da vida para dirigir o momento histórico, como fez Getúlio Vargas. É possível que Dilma agora se torne mais reativa, mais atenta aos fatos desgastantes. Deixou, por exemplo, de se pronunciar sobre o episódio do Bolsa Família. Não admitiu, pessoalmente, o repique inflacionário. É provável também, por outro lado, que seus aliados aumentem a pressão por cargos e concessões e imponham custos mais elevados na montagem dos palanques estaduais. Com Dilma mais fraca, tentarão avançar.

Não é simples, porém, essa história de sangrar um governante para tirá-lo de combate. Em 2005, no estouro do escândalo do chamado mensalão, a oposição pensou no impeachment de Lula. Depois, constatou que não teria apoio popular para isso. Alguns de seus líderes disseram, em alto e bom som, que a estratégia passaria a ser a de "sangrar Lula" para que ele não se reelegesse. Lula havia terminado o ano de 2004, segundo o Ibope, com aprovação de 62%, e chegou em setembro de 2005 com apenas 42%. A partir daí, começou a recuperação. Os resultados econômicos e sociais produzidos por seu governo, percebidos claramente pelo eleitorado, garantiram sua reeleição em 2006.

Corda esticada

Para Dilma, começa agora uma fase — guardadas as diferenças em relação à causa das dificuldades — semelhante ao que foi o período 2005/2006 para Lula. A oscilação pode ser passageira, ela pode virar o jogo e se reeleger. Mas, se houver uma aposta alta para tirá-la do páreo, como elocubram alguns auxiliares, e ela resistir, como alardeiam que fará, não cedendo a "chantagens" de aliados, a corda pode ser tensionada além do recomendável. Há méritos nessa resistência aos jogos da política real para preservar a tecnicalidade da gestão. Mas, quando se ocupa o mais elevado dos cargos políticos, isso pode ter um preço alto.

Fala sintomática

Entre as reações do mundo político à oscilação negativa na popularidade presidencial, chamou a atenção, especialmente de alguns petistas, a do governador Eduardo Campos, virtual adversário de Dilma em 2014. Obviamente que declarações de satisfação com o momento da economia e as agruras da presidente seriam de uma deselegância e de uma incorreção política que ninguém espera dele. Mas alguns acharam suas palavras "generosas demais", depois de tudo que já fez e disse nos últimos tempos. "Eu acho lamentável que as pessoas, para viabilizar uma candidatura, tenham que torcer para dar errado. Temos que torcer para dar certo, pois o que nós estamos tentando preservar é aquilo que todos nós construímos", disse ele.

Não parece, novamente, fala de aliado? Será o receio da "bomba atômica", a volta de Lula como candidato?

Aécio em alta

A "oscilação" nos índices de Dilma seria bem mais "natural" se a pesquisa Datafolha não tivesse apontado o presidente do PSDB, Aécio Neves, como único pré-candidato presidencial que cresceu de março para cá. Passou de 10% para 14%, deixando-o quase encostado em Marina Silva, que está nessa estrada desde 2010. Eduardo Campos patinou nos 6% que já tinha.

Migrações

O STF retoma esta semana o julgamento do recurso da oposição que paralisou a tramitação do projeto sobre migrações partidárias. O DEM está sofrendo os efeitos da decisão que permitiu ao PSD ficar com o tempo de TV e os recursos do fundo partidário correspondentes aos deputados que aliciou. A Fundação Liberdade e Cidadania, mantida pelo DEM, com o orçamento drasticamente reduzido, está cortando o quadro de pessoal e algumas atividades.

Fonte: Correio Braziliense

Decisão do STF terá impacto na sucessão - Raymundo Costa

O Supremo Tribunal Federal (STF) está de volta ao centro da cena política. A decisão que seus ministros tomarem amanhã sobre a tramitação no Congresso do projeto que dificulta a criação de partidos terá forte impacto não só nas relações do Judiciário com o Legislativo, como também na eleição presidencial em 5 de outubro de 2014.

O tribunal decidirá sobre um projeto de lei em tramitação no Senado que retira dos novos partidos o direito de antena (horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão) e o acesso a recursos do fundo partidário. O projeto foi aprovado em tempo recorde na Câmara e era analisado com celeridade no Senado, quando o ministro Gilmar Mendes concedeu uma liminar suspendendo sua tramitação.

O ministro trancou o processo legislativo, quando só deveria intervir após a aprovação do projeto, segundo entendimento de grande parte dos advogados. Mas Gilmar Mendes entendeu que há um direito pétreo envolvido (o que trata dos direitos e garantias individuais na Constituição), portanto, tratava-se de matéria da competência do Supremo. E que a simples tramitação do projeto já causava dano às partes interessadas.

Liminar de Gilmar Mendes é rara, mas tem antecedentes

Esse seria o caso do Rede Sustentabilidade, partido que a ex-senadora Marina Silva tenta criar a tempo de disputar as eleições de outubro de 2014 (ela precisa estar filiada um ano antes, até 5 de outubro deste ano, para entrar na disputa eleitoral). O dano seria a desmobilização dos militantes encarregados de coletar as quase 500 mil assinaturas necessárias para a criação do novo partido.

Gilmar também admitiu como "amici curiae" no mandato de segurança contrário à tramitação do projeto, de autoria do senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), a própria Marina, o senador Pedro Taques e o deputado Carlos Sampaio, do PSDB. Significa que todos poderiam (o que não ocorreu) fazer sustentação oral no Supremo. A decisão causou surpresa especialmente no Palácio do Planalto, onde se acredita que a decisão pode transformar o Supremo na "terceira Casa legislativa", além do Senado e da Câmara.

O interesse do Palácio do Planalto é inegável. Advocacia-Geral da União é parte em defesa da tramitação do projeto. Mas pelo menos num primeiro momento, pode-se afirmar que Marina e os demais interessados na decisão foram vitoriosos quando o Supremo decidiu que ela, o senador e o deputado poderiam atuar como "amici curiae", ou "amigos da Corte" - pessoas que podem auxiliar o tribunal, mas não têm os mesmos poderes do advogado constituído.

Além de Marina, que tem 16% de intenção de votos do eleitorado, segundo pesquisa do Instituto Datafolha divulgada no sábado, têm interesse na decisão do Supremo o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT), empenhado na criação do partido Solidariedade, o PPS e o PMN, que se fundiram para a criação do MD, e os presidenciáveis Aécio Neves (14% no Datafolha) e Eduardo Campos (6%), governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB.

Para Marina, Aécio e Campos quanto maior for o número de candidatos a presidente, maior será a possibilidade de a eleição de 2014 passar para o segundo turno. As últimas três eleições presidenciais foram para o segundo turno, mas nem por isso o candidato da oposição (José Serra, duas vezes, e Geraldo Alckmin, ambos do PSDB) venceu a disputa. Ao contrário, até perdeu votos de um turno para o outro. Até agora, só Fernando Henrique Cardoso precisou de apenas um turno para vencer.

Em relação a 2014, o PT quer liquidar a eleição presidencial no primeiro turno. Não por acaso o partido trabalha para ter na coligação os partidos que integram a ampla base aliada do governo no Congresso. Até o PTB de Roberto Jefferson, autor da denúncia do mensalão. Se não for possível levar o "direito de antena" do PTB, os petistas apostam na divisão do partido e que o tempo de rádio e televisão da sigla não vá para Eduardo Campos ou Aécio Neves. Sem Marina fica mais fácil para a presidente Dilma Rousseff (51% no Datafolha) liquidar a fatura no primeiro turno. A eleição pode ficar também sem Eduardo Campos, se o PT tiver sucesso em minar sua base partidária, como vem fazendo.

A concessão da liminar por Gilmar Mendes foi considerada um "absurdo" por advogados e o governo federal. Mas não é inédita. Sob a atual Constituição, há pelo menos dois antecedentes, ambos concedidos pelo ministro Marco Aurélio Mello. O primeiro pedia suspensão da revisão constitucional, em 1983. O segundo, a paralisação da reforma da Previdência, em 1996. Nos dois casos, Marco Aurélio foi depois derrotado no plenário do Senado.

Um profissional do ramo fez as contas da "Batalha dos Portos" e chegou à conclusão de que os números não confirmam a tese segundo a qual o governo não negociou com os congressistas.

Na conta do especialista, entre o texto original da medida provisória do governo e o que voltou aprovado pelo Congresso houve 55 alterações. Dessas, 45 foram sancionadas pela presidente Dilma Rousseff. Entre essas, aquelas propostas negociadas com os trabalhadores, para citar um exemplo.

Os números indicam que 4/5 das alterações foram objeto de negociação, o que desmentiria as declarações de que o governo foi inflexível na discussão da MP dos Portos. É certo que o Planalto entrou na discussão convencido de que não eram negociáveis alguns pontos, como aquele que diz ser da União o poder concedente. Se fosse para abrir mão de poder, não haveria porque baixar a medida provisória.

Durante a "Batalha dos Portos" houve 20 votações nominais na Câmara. Em todas elas o encaminhamento dado pelo governo saiu vitorioso. Dessas 20 votações, em sete o PMDB, segunda maior bancada da base de sustentação da presidente Dilma, fez o encaminhamento oposto ao do governo. Por essa e por outras é que a coordenação política do governo se considera profundamente vitoriosa: no mérito, no enfrentamento com o flanco dissidente da própria base do governo e na tese de que o governo não tem uma articulação política eficiente.

Fonte: Valor Econômico