O temor de todos se confirmou: o governo não tem de onde tirar dinheiro para o Renda Cidadã, a não ser que desrespeite o teto de gastos. As medidas anunciadas ontem nada mais são que truques contábeis que não enganam mais ninguém, ainda mais quando quem tem que explicar a trapalhada é um representante do Centrão, especialista em truques, mas jejuno em legalidade.
Aproveitar
a verba do Fundo de Educação Básica (Fundeb), que está fora do teto de gastos,
para dar um drible na legislação, revela a postura de fura-teto do governo e
sua propensão a não dar prioridade para a educação. O presidente que não queria
tirar dos pobres para dar aos paupérrimos não se incomoda de tirar dos cidadãos
uma perspectiva de futuro melhor através da educação.
Já
houve tentativa de usar os recursos do Fundeb, aprovado contra o desejo do
governo, para financiar programas sociais, e o governo perdeu. Na negociação
ficou acertado que 5% da verba do Fundeb iria para a educação infantil. O
governo vale-se disso agora para alegar que os recursos serão usados para
colocar as crianças nas escolas no novo programa social Renda Cidadã. Mais uma
falácia da linguagem oficial.
A
parte dos precatórios é mais difícil ainda de explicar, e quebra mais regras
jurídicas. Já houve tentativas, por emenda constitucional, de ampliar o prazo
para entes federativos - estados, municípios - que estavam inadimplentes, mas o
Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucional.