Após País sentir efeitos do desabastecimento, Planalto e 8 das 11 entidades de caminhoneiros anunciam suspensão da paralisação Preço do diesel será fixado em R$ 2,10 por 30 dias Governo pedirá ao Congresso crédito extra de R$ 4,9 bi para este ano
- O Estado de S. Paulo.
Pressionado depois de quatro dias de paralisação dos caminhoneiros, com cenas de desabastecimento e caos em todo o País, o governo cedeu mais uma vez ontem e representantes do movimento concordaram em dar uma trégua de 15 dias na greve. A equipe econômica criou uma câmara de compensação para subsidiar o preço do diesel e permitir que seja reajustado apenas a cada 30 dias. Para isso, o governo pedirá ao Congresso crédito extra de R$ 4,9 bilhões para este ano – o recurso sairá do cancelamento de outras despesas, que não foram especificadas. O litro do combustível ficará congelado em R$ 2,10 nos próximos 30 dias. Nos primeiros 15 dias, a diferença em relação à cotação no mercado internacional será bancada pela Petrobrás e, nos 15 seguintes, pelo governo. Depois disso, a Petrobrás manterá a política atual de reajuste, e a diferença de preço será subsidiada. Oito das 11 entidades dos caminhoneiros concordaram com os termos do acordo.
Após uma paralisação de quatro dias que provocou desabastecimento e caos em todo o País, os caminhoneiros decidiram suspender, por pelo menos 15 dias, seu movimento. O acordo foi anunciado ontem à noite pelo governo. Depois desses 15 dias, haverá uma nova reunião entre caminhoneiros e governo para avaliar se as promessas do Planalto estão sendo cumpridas.
A proposta acertada ontem prevê que o preço do óleo diesel ficará fixo em R$ 2,10, na refinaria, por 30 dias. Depois disso, será criada uma câmara de compensação para permitir que o preço suba apenas uma vez por mês. E a variação não será repassada integralmente aos motoristas: será criada uma câmara de compensação, com orçamento de R$ 4,9 bilhões, para subsidiar o produto e permitir que a Petrobrás mantenha sua política atual de aumento de preços. Ou seja, em última instância, a conta será paga pelo contribuinte.
A suspensão da greve evita o agravamento de um quadro que se configurava a cada dia mais caótico. O Brasil é um país extremamente dependente do transporte rodoviário. Sem os caminhões, começava-se a viver um grave desabastecimento. Postos de gasolina ficaram sem combustíveis, os alimentos não estavam chegando aos mercados, as fábricas estavam parando por falta de insumos. Mesmo com o acordo, a normalização desse quadro deve demorar.