quarta-feira, 12 de março de 2014

Opinião do dia: Eduardo Campos

A Presidente não soube tocar o Brasil do jeito que precisava ser tocado... com respeito ao povo organizado, com respeito ao diálogo democrático, com a capacidade de ouvir e somar forças. Ter a paciência que o líder tem que ter e a sabedoria de aprender com o povo. Quem acha que sabe tudo, não sabe nada. O Brasil parou de crescer como estava crescendo. Não dá mais para ter mais quatro anos de Dilma. O Brasil não aguenta.

Eduardo Campos, governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB. “Em PE, Campos ataca Dilma e diz que falta capacidade de liderança”, O Globo, 11 de março de 2014.

Bancada do PMDB na Câmara aprova moção de apoio a Eduardo Cunha

Deputados aprovaram também parâmetros de comportamento do partido na Câmara, acenando com uma declaração de independência nas votações

Paulo Celso, Isabel Braga e Cristiane Jungblut

BRASÍLIA - Por unanimidade, a bancada do PMDB na Câmara aprovou no início da tarde desta terça-feira uma moção de apoio ao líder do partido, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Em evidente resposta à tentativa do Palácio do Planalto de isolar o deputado, mais de 50 peemedebistas avalizaram o texto que qualifica os ataques a Cunha como se fossem ao partido.

"Os ataques ao nosso líder são ataques ao PMDB. A bancada manifesta sua solidariedade ao deputado Eduardo Cunha e reafirma a confiança nele depositada", diz o texto.

Na nota, os peemedebistas afirmam ainda que a "harmonia e coesão" da bancada" incomodam outras forças políticas que flertam com projeto hegemônico de poder". Segundo eles, essas forças políticas "têm tributado ao nosso líder (...) ataques e agressões que extrapolam o patamar da civilidade em quaisquer das relações, e, particularmente, nas relações políticas onde o respeito e a cordialidade são fundamentais e imprescindíveis à democracia”.

Além da moção de apoio a Eduardo Cunha, os deputados aprovaram também uma nota que estabelece alguns parâmetros de comportamento do partido na Câmara, acenando com uma declaração de independência nas votações. Segundo o deputado Leonardo Picciani (RJ), o debate na reunião fechada foi muito tenso, com muitas críticas ao vice-presidente Michel Temer, por causa de suas declarações de ontem de que a aliança nacional com o PT está "garantidíssima".

A nota tem cinco pontos, entre eles: a interlocução com a bancada do PMDB da Câmara deve ser feita somente por meio do líder Eduardo Cunha; a bancada não indicará novos nomes para substituir ministros do governo Dilma; vai analisar todos os projetos do governo em tramitação, antes de qualquer compromisso com a votação; e pede a convocação da Executiva Nacional do partido para discutir a atual crise. É, na verdade, mais um documento de desagravo ao líder Eduardo Cunha, por ele ter sido "vítima de agressões despropositadas do PT".

- Trata-se de uma declaração de independência - disse Picciani.

Eduardo Cunha já antecipou sobre o relacionamento com a presidente Dilma:

- Se ela quiser ouvir a bancada da Câmara, vai ter que ouvir a bancada.

Ao chegar nesta tarde na Câmara, o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) disse que está mantido como primeiro item da pauta nesta terça-feira o requerimento requerimento de criação da comissão externa para investigar denúncias contra a Petrobras na Holanda.

- Essa pauta já é de quinze dias atrás. É o primeiro item da pauta de hoje - afirmou Alves.

Após reunião de Henrique Alves com líderes partidários, a maioria decidiu pôr em votação hoje à noite no plenário o requerimento. A expectativa é que este seja o primeiro item da pauta da sessão extraordinária.

Na reunião, o líder do governo, Arlindo Chinaglia, apelou, argumentando que dirigentes da Petrobras irão ao Congresso amanhã, para prestar todos os esclarecimentos, mas não convenceu a maioria dos líderes.

- Espero que se pense na importância da Petrobras - disse Chinaglia.

Mais cedo, indagado sobre a tentativa do governo ou até do PMDB de isolar o líder do partido Eduardo Cunha, Henrique Alves disse:

- Não é possível isolar o líder de uma bancada de 76 deputados. Pode haver, às vezes, dificuldade.

Mas isso não passa pela cabeça do PMDB.

Alves também comentou a frase da presidente Dilma Rousseff de que a relação com o PMDB "só dá alegrias":

- A relação é sim alegre. É lógico que em um governo desse tamanho e numa relação entre dois partidos tão grandes há problemas. Mas a relação com ela (Dilma) está boa.

Fonte: O Globo

Blocão faz desagravo a Cunha e quer votar hoje investigação da Petrobrás

Para grupo, líder peemedebista está sendo 'agredido de forma muito forte' pelo governo; parlamentares também pressionam por comissão para acompanhar escândalo envolvendo estatal

Ricardo Della Coletta

BRASÍLIA - Membros do chamado "blocão", grupo de deputados federais da base insatisfeitos com a articulação política do governo e que tenta aprovar matérias contrárias aos interesses do Planalto, fizeram nesta terça-feira, 11, um desagravo ao líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), e mantiveram a intenção de apoiar um requerimento para investigar denúncias de corrupção que envolvem a Petrobrás.

"O Eduardo Cunha foi injustiçado e no nosso entendimento está sendo agredido de forma muito forte, principalmente pelo PT", disse o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), que participou nesta tarde de um almoço com os integrantes do "blocão".

O líder peemedebista, pivô da crise da Câmara com o Palácio do Planalto, trocou farpas no feriado de Carnaval com o presidente nacional do PT, deputado estadual Rui Falcão, e sofre um processo de isolamento político comandado pelo governo.

Além de Jovair Arantes, estiveram no encontro o próprio Eduardo Cunha e representantes do PP, PDT, PSC, PR, PROS e SDD - este último da oposição. No almoço, realizado no apartamento funcional do deputado Luiz Fernando Faria (PP-MG), os deputados decidiram manter o esforço pela aprovação de um requerimento que cria uma comissão externa para acompanhar, na Holanda, investigações do esquema de pagamento de subornos a empresas de vários países, no qual a Petrobrás é mencionada.

O requerimento conta com forte resistência do governo, que defende a sua retirada de pauta.

O líder do PTB, escolhido pelos colegas para falar pelo "blocão" após esta reunião, rebateu as críticas de deputados do PT, que disseram que a comissão externa não teria razão de existir e que seus membros iriam "passear" na Holanda. Para Arantes, a Câmara precisa se posicionar uma vez que a estatal é citada em denúncias de corrupção.

Convocações. Após a reunião desta tarde, Jovair Arantes afirmou ainda que a maioria dos deputados apoia a convocação do ministro da Saúde, Arthur Chioro, para explicar o uso de avião da Força Aérea Brasileira (FAB) durante o feriado de Carnaval. Diversos requerimentos para a convocação de ministros devem ser votados nas comissões nesta semana, em mais um ingrediente da crise política entre o Executivo e o Legislativo. O PT tenta transformar as convocações em convites, que têm menor peso político.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Blocão da Câmara decide votar por requerimento da Petrobras e convocação de ministro

Grupo decide também votar contra o texto do governo para o Marco Civil da Internet

Cristiane Jungblut

BRASÍLIA - Os oito partidos que formam o chamado "blocão" fizeram um desagravo, durante almoço, ao líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), e decidiram tentar aprovar na noite desta terça-feira o requerimento que pede investigação sobre a atuação da Petrobras na Holanda. O grupo tentará ainda aprovar a convocação do ministro da Saúde, Arthur Chioro, nesta quarta-feira, na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara.

Na saída, o líder do PTB na Câmara, deputado Jovair Arantes (GO), falou em nome dos demais e disse que houve um apoio a Cunha, diante da tentativa do PT e do Palácio do Planalto de isolá-lo dentro da Casa.

- Teve desagravo ao Eduardo, diante forma muito estúpida como foi tratado. O Eduardo está sendo injustiçado e foi provocado de forma muito forte pelo PT - disse Arantes, afirmando que isolar Eduardo é "isolar a todos (os demais partidos)".

Outra decisão tomada foi de votar contra o texto do governo para o Marco Civil da Internet, o que significa, na prática, não votar a proposta. No caso da convocação dos ministros, a ideia é focar em Chioro, mas aprovar outros pedidos de convocação, caso seja possível. Participaram do encontro líderes ou representantes de PMDB, PR, PP, PTB, PROS, PDT, PSC e Solidariedade (SDD).

Mas Arantes foi mais diplomático do que o presidente do Solidariedade, deputado Paulo Pereira da Silva (SP), ao falar das estratégias do blocão.

- A maioria dos parlamentares dos nossos partidos quer aprovar a convocação de Chioro, mas cada partido vai conversar isso individualmente agora. Terei reunião da bancada. Mas a maioria quer, acredito - disse.

Aprovação certa
Já Paulinho e o líder do SDD na Câmara, deputado Fernando Francischini (PR), disseram que a aprovação do requerimento estava certa. Há vários requerimentos de convocação, um do próprio Francischini, sobre a viagem do ministro a Bahia durante o Carnaval, com recursos públicos. Outro é do líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), sobre o programa Mais Médicos.

- Queremos aprovar o requerimento da Petrobras, a convocação de Chioro e votar contra o Marco Civil da Internet. Queremos o texto original e não o texto do Alessandro Molon (PT-RJ) - disse Paulinho.

Na reunião, segundo participantes, os partidos desistiram de tentar criar uma CPI da Petrobras. A decisão de apenas aprovar o requerimento é vista como uma forma de pressionar o governo, dando uma derrota política importante.

Jovair Arantes disse ainda que a comissão deve ser aprovada, mesmo sem existir investigação na Holanda, e reagiu à declaração do líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (SP), de que os deputados queriam "passear".

- A Câmara é obrigada a dar uma resposta sobre as notícias da Petrobras. Não é ruim passear; o PT já passeou no Haiti - disse o deputado petebista.

Durante o encontro, houve várias reclamações sobre a forma como a presidente Dilma Rousseff vem tratando a Câmara. Os relatos foram de que o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), manteria o requerimento da Petrobras como primeiro item da pauta, mesmo com a pressão do Palácio do Planalto. O líder Eduardo Cunha participou do encontro, antes se reunir sua bancada na Câmara.

Fonte: O Globo

Governo frustra intenções do 'blocão' e consegue adiar convocação de ministros

Sessão que iria analisar requerimentos foi reagendada, tranferindo para semana que vem uma das estratégias de pressão de parlamentares insatisfeitos contra o Planalto

Ricardo Della Coletta

BRASÍLIA - No primeiro embate com o chamado 'blocão', grupo de parlamentares que pretende aprovar pautas caras ao governo como forma de pressão, a base aliada do Planalto conseguiu a primeira vantagem nesta terça-feira, 11, com o adiamento da sessão de análise dos primeiros requerimentos de convocação de ministros ao Congresso Nacional. A Comissão Mista de Orçamento (CMO) não alcançou quórum deliberativo e a sessão foi reagendada para a próxima semana, no dia 18.

Os requerimentos de convocação são uma estratégia da oposição para desgastar o governo Dilma Rousseff e ganharam o apoio de membros da base em meio à crise do PMDB com o Planalto.

Na pauta, constam requerimentos para convocar o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, para prestar esclarecimentos sobre problemas com empenho de emendas na pasta. Também está na pauta um pedido de convocação da ministra do Planejamento, Miriam Belchior, para explicar um decreto que autorizou no ano passado a contratação, sem licitação, da Geap Autogestão em Saúde.

Em meio à crise política entre o governo e os partidos aliados na Câmara, o Planalto trabalha para evitar a convocação de ministros ao Congresso. Segundo o líder do PT, deputado Vicentinho (SP), o partido vai trabalhar para transformar os requerimentos de convocação em convites, que têm menos peso político.

Ao todo há 21 pedidos de convocação de ministros tramitando em diferentes comissões da Câmara dos Deputados, que incluem o ministro da Saúde, Arthur Chioro, de Minas e Energia, Edison Lobão, e da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Eduardo Campos: dizer que ‘Brasil não aguenta mais’ é análise sobre rumos do governo

Pré-candidato voltou a citar fraco desempenho da economia brasileira ao analisar gestão de Dilma

Letícia Lins

RECIFE - O pré-candidato do PSB à sucessão presidencial, Eduardo Campos, afirmou nesta terça-feira que, no governo Dilma Rousseff, as conquistas que ocorreram na gestão anterior de Luiz Inácio Lula da Silva estão desaparecendo e que o desempenho da economia está muito abaixo da herança deixada pelo ex-presidente. O governador de Pernambuco participou da solenidade de inauguração da nova fábrica da Ambev no estado, que conta com investimentos de R$ 725 milhões e gerou mil empregos diretos e 42 mil diretos. A indústria fica na cidade de Itapissuma, na zona da mata, tradicionalmente ocupada pela agroindústria canavieira.

Ele disse não ter fórmulas mágicas a apresentar para o país, e voltou a repetir que ‘desse jeito não dá’, em alusão à reeleição da presidente:

- O que todos sabemos, é que desse jeito não dá - repetiu o ataque do fim de semana, no entanto, frisou que suas palavras não são ataques, mas "análises" sobre os rumos do governo. Negou, também que esteja partindo para ofensiva contra a presidente, em quem votou na última sucessão presidencial.

- Não se trata de falar da pessoa da presidente. Em várias palestras em São Paulo, deixei sempre claro e registrado o meu respeito. À pessoa dela, a ela como Presidente da República, em que votei inclusive. Mas não posso deixar de ter o direito democrático de afirmar minha divergência com a condução do país. Se você acha que é normal o Brasil estar com baixo crescimento, a inflação subindo, e os juros subindo junto, se isso vai nos levar a algum canto, não vai - disse.

- O Brasil não aguenta mais quatro anos de encolhimento da indústria, não aguenta mais quatro anos da juventude vendo que não há perspectiva para uma boa credibilidade, não aguenta mais quatro anos de um sistema que eleva de um lado a inflação da comida e dos aluguéis, e que mantém artificialmente a inflação oficial, a partir da segurada dos preços administrados, e o crescimento abaixo nos nossos vizinhos, abaixo da média do que deixou o presidente Lula e ao mesmo tempo o juro voltando a subir.

‘Não tem ataque’
Campos novamente falou em ‘fórmulas mágicas’ para atacar o desempenho do governo Dilma.

- Essa situação nos obriga a chamar o Brasil a um debate, onde todas as forças políticas devem colocar sua posição. Ninguém é dono da verdade. Ninguém está aqui com fórmulas mágicas para apresentar. Mas o que sabemos é que desse jeito não dá. Tem que ser de um outro jeito - alfinetou.
Insistiu que suas posições não significam ataques.

- Não tem ataque. Fiz só uma análise para vocês, sobre a participação da indústria no PIB brasileiro. Isso não é um ataque, é constatação objetiva que economistas de várias tendências já fizeram.

Precisamos cuidar da indústria brasileira. Estamos com problema no balanço de pagamentos e tivemos um déficit, só entre os produtos industrializados de mais de R$100 bilhões. Se isso não for importante, o que então vai ser importante? É saber quem é o próximo ministro da justiça, se o Presidente do Senado ou da Câmara vão ser do PMDB? Isso vai mudar a vida do povo? O debate tem que ser colocado no Brasil - finalizou.

O governador participa, nesta terça-feira, de mais quatro visitas ou inaugurações a indústrias que contam com incentivos do estado.

Fonte: O Globo

Vital do Rêgo recusa assumir Turismo para não constranger deputados do PMDB

Senador alega que pasta é da bancada da Câmara, além de afirmar que não teria tempo para deslanchar ministério em fim de mandato

Júnia Gama

BRASÍLIA — O ex-quase-futuro ministro Vital do Rêgo (PMDB-PB) é citado em todas as reuniões da crise entre PMDB e PT, mas somente nesta terça-feira resolveu se posicionar a respeito da rebelião do partido contra o governo. O senador afirmou que não aceitará o tardio convite para ser ministro de uma pasta que é da cota da Câmara, o Ministério do Turismo, porque não quer “constranger” os colegas deputados e porque, em final de mandato presidencial, comandar o ministério interessa menos que conseguir uma aliança com o PT para eleger seu irmão ao governo da Paraíba.

— Fiz uma reflexão e vi que, se ocupasse um espaço reservado para a Câmara, seria um constrangimento para mim e para meus colegas deputados. Nesse momento, meu posto no Senado, como presidente da Comissão de Constituição e Justiça e a questão da eleição estadual são mais importantes. Pegar um ministério desses em começo de mandato, com toda a estrutura, dá para fazer deslanchar. Mas, na quadra atual, o tempo é muito escasso e há uma inconveniência para as bancadas. Fica complicado —resumiu o senador.

Vital conta que foi procurado na quinta-feira de Carnaval para saber se aceitaria o convite. Na sexta, conversou sobre o tema com o líder do PMDB na Câmara e cabeça da rebelião, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de quem ouviu que a jogada não iria contribuir para a unidade do partido. Com o temor de que o movimento poderia restaurar uma beligerância interna no PMDB entre as bancadas da Câmara e do Senado, o senador comunicou que não iria assumir o Turismo. Mesmo assim, voltou a ser instado pelo vice-presidente, Michel Temer, no sábado seguinte. Disse a Temer que não se sentiria confortável no cargo e externou que seria imprudente “botar gasolina no fogo” com a Câmara.

Ontem, as tentativas voltaram a se repetir. Pela terceira vez, Vital foi chamado a assumir a pasta pelo Palácio do Planalto. Para a estratégia governista, nomear um senador do PMDB para uma vaga que hoje é da Câmara seria uma forma de isolar Eduardo Cunha em sua rebelião. Novamente, no entanto, Vital negou o convite. Começaram então as negociações para apoio no estado.

Segundo interlocutores, o senador recebeu a promessa de que o governo iria atuar para pacificar o PT na Paraíba em torno ao apoio a seu irmão, Veneziano Vital do Rêgo. Até mesmo o ex-presidente Lula entrou no pacote e irá ao estado para driblar as resistências no PT local, que sequer tem candidato ao governo. A instância regional deverá tomar a decisão no próximo dia 22 de março, deixando duas semanas para que a nacional “influencie” o PT no estado.

— A aliança com o PT na Paraíba é mais que natural, nós sempre apoiamos Lula e o PT esse ano não tem candidato ao governo. Contamos com a presença de Lula em todos os estados onde não há duplicidade de palanques. Ele compreende que a importância da aliança com o PMDB a nível eleitoral e congressual — pontua Vital.

Pesou também na decisão do senador a irritação com o que identificou como tentativa de tachar o PMDB como partido fisiológico. Vital comentou com pessoas próximas que está completando seis meses desde que começou a ser “fritado” por Dilma, pois foi em setembro do ano passado que a presidente pediu ao PMDB indicação para a pasta de Integração Nacional. As bancadas na Câmara e no Senado concordaram com seu nome, mas Dilma preferiu apostar no racha entre os senadores e deputados peemdebistas.

— Não quero me vincular a cargos, até porque não preciso deles, tenho ainda cinco anos de mandato no Senado. Me dá arrepio essa história de ter cargos para satisfazer um fisiologismo no PMDB. Mas, sei que estamos subrepresentados. O que o partido estava pleiteando era um sexto ministério, não uma troca que pode alimentar uma divisão no partido — afirma.

Fonte: O Globo

PMDB obtém apoios, se une à oposição e impõe derrota ao governo na Câmara

Integrantes da base aliada combinam ação com partidos de oposição e fustigam Dilma com aprovação de requerimento que cria comissão externa para investigar a Petrobrás

João Domingos

BRASÍLIA - Liderada por deputados do PMDB, parte da base aliada de Dilma Rousseff se uniu nesta terça-feira, 11, à oposição e derrotou o governo na Câmara. Os rebeldes conseguiram aprovar requerimento do PSDB para criação de uma comissão externa de parlamentares a fim de ir à Holanda apurar denúncias surgidas no país europeu de pagamento de propina a funcionários da Petrobrás.

O resultado ocorreu a despeito de o governo ter reaberto o balcão da reforma ministerial com o PP e o PROS e ter conseguido deles a promessa de que vão abandonar a aliança informal com o PMDB e outros quatro partidos no chamado "blocão".

O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, se reuniu com aliados pela manhã. O vice-presidente Michel Temer tentou demover seus correligionários peemedebistas, também pela manhã. Não houve sucesso no atacado, apenas no varejo.

Além das promessas de PP e PROS, o PDT abandonou o "blocão". Até tentou obstruir a votação do requerimento do PSDB.

Mas o PMDB da Câmara - batizado de "ala rebelde" em meio à disputa por emendas parlamentares, espaço no governo e palanques regionais nas eleições - conseguiu apoio de governistas do PTB, do PR e do PSC. Com os votos dos oposicionistas do PSDB, DEM, PPS, PSOL e Solidariedade (SDD), o placar pela aprovação da criação da comissão para investigar a Petrobrás foi de 276 a favor do requerimento - entre eles 158 votos governistas - diante de 28 contrários. Houve ainda 15 abstenções no plenário.

A comissão que irá à Holanda não tem poder de CPI nem pode convocar ninguém para depor, mas tem potencial de desgastar o governo e a estatal, alvo de críticas do mercado por causa de seu modelo de administração. Após a viagem ao país europeu, os deputados terão de apresentar um relatório e poderão até pedir um aprofundamento das investigações sobre a Petrobrás.

A rebelião da base ocorre no momento em que Dilma está no Chile e Luiz Inácio Lula da Silva, seu fiador político, na Itália.

As retaliações devem continuar. Em reunião fechada, os peemedebistas decidiram nesta terça convocar nos próximos dias o ministro da Saúde, Arthur Chioro, para falar sobre o programa Mais Médicos. O partido vai ainda aprovar convites para que a presidente da Petrobrás, Graça Foster, fale sobre as denúncias contra a estatal, e para que o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, explique os seguidos apagões no País. Outras convocações de ministros serão avaliadas individualmente.

Porta-voz. O grande vitorioso do dia foi o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), que há semanas vem tecendo críticas ao governo e ao PT.

Os colegas, do PMDB e de outros partidos da base, fizeram desagravo a Cunha. Segundo relatos, Temer passou a ser alvo de críticas por defender mais o governo que o partido. A declaração do vice-presidente dando a aliança como "garantidíssima" irritou os deputados.

Em nota aprovada na reunião, além de reiterar o apoio a Cunha, o PMDB declarou que vai agir com independência na Câmara e reivindicou a convocação da direção do partido para "reavaliar a qualidade da aliança com o PT".

Fonte: O Estado de S. Paulo

Câmara aprova comissão para investigar denúncias contra a Petrobras na Holanda

Deputados rebelados se aliaram à oposição para derrotar o governo

Isabel Braga e Paulo Celso Pereira

BRASÍLIA - Por 267 votos a favor, 28 contrários e 15 abstenções, o plenário da Câmara aprovou na noite desta terça-feira requerimento de criação de comissão externa para investigar denúncias contra a Petrobras na Holanda. O requerimento, apresentado pela oposição, ganhou o apoio de partidos da base que integram o chamado "blocão". O governo e o PT tentaram, com manobras regimentais, impedir a votação do requerimento, mas não puderam evitar.

A comissão pretende acompanhar de perto a apuração sobre a suspeita de que a SBM Offshore, empresa holandesa, tenha pago propina à estatal brasileira. A SBM aluga plataformas flutuantes de gigantes do petróleo, como a Petrobras. Assim que o resultado foi anunciado, oposicionistas e aliados rebelados comemoraram. Deputados do PT e do PC do B lamentaram a decisão tomada no plenário.

- Foi uma iniciativa da oposição, e esses que se dizem base do governo se aproveitaram disso.

Votaram na mesma linha de pressão que está sendo feita. É hora de equilíbrio, de sentar e refletir. Não se pode piorar mais do que está. O governo deve sentar e dialogar. Essa votação tem muito um quê de afronta ao governo - criticou o líder do PT, Vicentinho (SP).

O petista disse que deputados da bancada irão participar da comissão externa quando ela for efetivamente criada. Ele anunciou ainda a disposição de recorrer à Comissão de Constituição e Justiça contra decisão do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), de não acatar questão de ordem do PT.

Nesse artifício, o PT alegava que regimentalmente a comissão não poderia ser criada, pois não havia convite do governo da Holanda para ir ao país, fazer a investigação. Henrique alegou que a questão de ordem teria de ter sido apresentada no início da discussão, há duas semanas.

- Aprovada, vamos participar da comissão e seremos a maior delegação - disse Vicentinho.
Atônita com a derrota, a deputada Perpétua Almeida (PC do B-AC) comentou com colegas petistas:
- É um massacre ( referindo-se ao placar alto contra o governo). Parece quando a gente estava na oposição!

Os próximos alvos do grupo são a derrubada do Marco Civil da Internet, a convocação do ministro da Saúde, Arthur Chioro, para prestar esclarecimentos sobre o programa Mais Médicos, e o convite para a presidente da Petrobras, Graça Foster, falar sobre as denúncias envolvendo a empresa.

Cunha comemora
O líder do PMDB, Eduardo Cunha, que comandou a rebelião dos aliados do blocão contra o governo, comemorou a aprovação do requerimento. O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE) cumprimentou-o, brincando:

- Obrigado Eduardo. É o líder da oposição!

Segundo Cunha, há duas semanas a bancada do PMDB já tinha tomado decisão de votar a favor, por isso não fazia sentido votar diferente. Mas, mesmo derrotando o governo, o líder peemedebista disse que está aberto para conversar com o governo Dilma, que não há decisão de rompimento neste momento.

- Não existe nada irreversível. Política é momento. A bancada já tinha decidido antes aprovar a comissão, não teria razão para fazer diferente - disse Cunha.

Indagado se o governo sofrerá novas derrotas nesta quarta-feira, durante a votação de requerimentos de convocação de ministros, Cunha afirmou que o PMDB votará a favor de algumas das convocações. Entre elas, a do ministro da Saúde, Arhtur Chioro. A votação deste e de outros requerimentos de convocação de ministros para prestar esclarecimentos sobre denúncias ou problemas em relação a políticas públicas do governo acontecerá em comissões permanentes da Câmara, como a de Fiscalização Financeira e Controle.

Decisão no almoço
Durante almoço que reuniu líderes do "blocão" nesta terça-feira, a decisão de enfrentar a votação do requerimento, criando a comissão externa, foi reafirmada. Há duas semanas, o requerimento foi colocado em pauta, mas o governo agiu e o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), acabou não recolocando em pauta, adiando a votação.

A decisão é considerada uma derrota do governo, após tentaiva de isolar Cunha. As tensões entre o governo e a base aliada têm aumentado nas últimas semanas e se agravaram após bate-boca entre o líder peemedebista e o presidente do PT, Rui Falcão.

Na tarde desta terça-feira, antes da votação, o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes, afirmou que era preciso dar uma resposta sobre as notícias envolvendo a Petrobras e respondeu ao líder do PT, que afirmou que os deputados queriam ''passear'' na Holanda.

- A Câmara é obrigada a dar uma resposta sobre as notícias da Petrobras. Não é ruim passear; o PT já passeou no Haiti - disse o deputado petebista.

CGU
A Controladoria Geral da União (CGU), que havia dito que pediria documentos iniciais da Petrobras para avaliar a situação, decidiu esperar o término da auditoria interna anunciada pela empresa e, a partir desse resultado, avaliar o caso. Já o pedido do investigação do PSDB encaminhado à Procuradoria Geral da República (PGR) foi transferido para o MPF do Rio pelo Procurador-Geral.

Fonte: O Globo

Câmara derrota governo e aprova comissão para investigar Petrobras

Fábio Brandt e Raphael Di Cunto

BRASÍLIA - Em meio à insatisfação dos aliados com o governo federal, a Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira, 11, a criação de uma comissão externa para investigar o suposto pagamento de propina a funcionários da Petrobras. O governo se posicionou contra a apuração e tentou obstruir a votação para derrubar o quórum, mas deputados do PT, PDT, PP e Pros que não seguiram a orientação do líder ajudaram a derrotar o Palácio do Planalto.

O requerimento foi aprovado por 267 votos a 28. A comissão vai investigar a denúncia de que a multinacional holandesa SBM Offshore, que constrói plataformas de produção de petróleo em cascos de navio (FPSO), pagou propina para funcionários de empresas de vários países, entre elas a Petrobras, para obter contratos. O suposto suborno é alvo de investigação na Holanda, nos Estados Unidos e na Inglaterra.

Além da oposição (PSDB, DEM, SDD e PPS), que assinou o requerimento, apoiaram a criação da comissão PMDB, PR, PTB e PSC. Horas antes da votação, o PMDB reafirmou sua posição de independência e a disposição de não mais indicar ministros para o atual governo, que tentou isolar o líder da bancada, Eduardo Cunha (RJ), nas negociações.

Negociação
O ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante (PT), reuniu-se com líderes do PP, PCdoB, Pros, PSD e PDT, que formavam um “blocão” com PMDB, PR e PTB, para tentar adiar a votação do requerimento. Segundo apurou o Valor PRO — serviço de informação em tempo real do Valor —, um dos motivos para o Pros ter desistido de ajudar a oposição foi a sinalização de que o ministro da Integração Nacional, Francisco Teixeira, ligado ao governador do Ceará, Cid Gomes (Pros), permanecerá no cargo em 2014.

“Não batemos o martelo nisso [manutenção do ministro], mas avançamos muito”, disse um deputado do Pros que participou da reunião.

Os partidos que antes compunham o blocão tentaram ajudar o PT a obstruir a votação e derrubar a sessão por falta de deputados presentes, mas traições nas bancadas fizeram com a estratégia não desse certo.

O governo também ofereceu a visita dos ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, à Câmara para tentar dar informações sobre o caso. A tentativa de adiar a votação para um dia em que a Câmara estaria mais esvaziada, porém, não deu certo.

Fonte: Valor

Durante reunião do partido, vice-líder do PMDB defende 'alternância de poder'

Leonardo Picciani afirmou, ainda, que o PMDB do Rio de Janeiro não aceitará palanque "múltiplo" no Estado

O vice-líder da bancada do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani (RJ), chegou nesta terça-feira, 11, à reunião dos peemedebistas defendendo a "alternância de poder" e o apoio à possível candidatura à Presidência do senador tucano Aécio Neves. Segundo Picciani, a economia "não vai bem" e o PMDB do Rio não aceitará palanque "múltiplo" no Estado. "Há um desejo do PMDB (do Rio) de apoiar a candidatura do senador Aécio Neves", declarou.

Picciani é filho de Jorge Picciani, presidente do diretório estadual do PMDB no Rio, que já declarou a intenção de apoiar o senador tucano na corrida presidencial. "O PMDB do Rio não estará num palanque múltiplo, quer um palanque único", disse.

Ao chegar para a reunião, que acontece nesta tarde num dos plenários da Casa, o deputado defendeu a liderança de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ressaltou que suas posições representam o pensamento da bancada. "Ele é líder porque tem respaldo e confiança da bancada", afirmou Picciani, ressaltando que uma moção de apoio a Cunha seria "redundante".

Fonte: Estado de Minas

Sirkis diz que não abrirá mão de pré-candidatura no Rio

RIO - O deputado Alfredo Sirkis (PSB-RJ) reagiu nesta terça-feira, 11, ao movimento de seu partido, liderado pelo governador Eduardo Campos, de apoio à possível candidatura de Miro Teixeira, do PROS, ao governo do Rio de Janeiro.

"Tenho sido pressionado a abrir mão da pré-candidatura, mas não vou fazer isso. Acredito que tenho mais condições de mobilizar o eleitorado. Querem liquidar logo a fatura, mas é uma precipitação. O Eduardo Campos não é conhecido no Rio, ele deve levar em conta a dinâmica local. Tínhamos ficado de conversar, mas o Eduardo Campos teve um momento Ciro Gomes", disse Sirkis à reportagem, em referência ao fato de o governador de Pernambuco e provável candidato à Presidência da República ter dito ontem, em São Paulo, que o PSB caminha para o apoio a Miro Teixeira no Rio.

Sirkis lançou-se pré-candidato ao Palácio Guanabara em fevereiro. Campos, no entanto, planeja anunciar em breve apoio a Miro. Embora o PROS, fundado pelos irmãos Ciro e Cid Gomes, tenha fechado apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff, Miro tem sinal verde do partido para abrir o palanque do Rio à chapa presidencial Eduardo Campos-Marina Silva.

O deputado disse que o PSB erra ao avaliar que o PT aceitará que o PROS apoie Eduardo Campos no Rio, terceiro colégio eleitoral do País. "O PROS é da base do governo. É um equívoco achar que o PT vai assistir passivamente (à aliança PROS-PSB)", afirmou Sirkis.

PROS e PSB buscam espaço no eleitorado insatisfeito com o governador Sérgio Cabral (PMDB), mas que não mostrou, até agora, interesse nas candidaturas do petista Lindbergh Farias e do ex-governador Anthony Garotinho (PR). Também pretendem explorar a boa votação de Marina Silva nas eleições presidenciais de 2010, quando a então candidata do PV teve 32% dos votos e ficou em segundo lugar no Estado, à frente do tucano José Serra.

No fim de semana, Sirkis publicou em seu blog um texto no qual reclamava da pressão do PSB e lembrava que, em 2010, o candidato do PV ao governo do Estado, Fernando Gabeira, obteve 22% dos votos. Cabral foi reeleito no primeiro turno, com 66% dos votos.

"Na sociedade, há um campo aberto, cariocas e fluminenses não parecem à vontade com o atual quadro de candidaturas. Existe um eleitorado verde e moderno no Rio que na eleição passada deu 22% para o Gabeira. Uma parte dessa galera me elegeu cinco vezes. É o eleitorado verde de classe média do Rio. O eleitorado de Marina em 2010 foi mais amplo que isso, pois incorporou um grande segmento de mulheres pobres, sobretudo. Acredito que, na ausência do Gabeira, sou um interlocutor natural desse contingente eleitoral, que, nesse momento, ainda não tende para o Eduardo Campos, que ainda tem escassa penetração no Rio, embora tenha um bom potencial por aqui", escreveu Sirkis, que teve quatro mandatos de vereador e em 2010 foi eleito deputado federal.

O deputado defende que sua pré-candidatura e a de Miro Teixeira sejam mantidas até junho, época das convenções partidárias. Até lá, acredita que ficará mais claro o candidato mais competitivo. Eduardo Campos pensou em anunciar o apoio a Miro já no próximo sábado, quando acontecerá no Rio o encontro PSB-Rede-PPS para discutir o programa de governo para a campanha presidencial.

Deputado no décimo mandato - entre 1970 e 1983 e desde 1987 -, ministro das Comunicações no governo Lula, Miro evitou falar como candidato da coligação PROS-PSB. "Qualquer atropelo pode gerar desentendimento e, em uma campanha, desentendimento só com os adversários", disse Miro. "Qualquer movimento será das executivas dos partidos".

Fonte: Estado de Minas

Para pré-candidato do PSB, apoio de Campos a Miro Teixeira no RJ é precipitado

Deputado Alfredo Sirkis diz que governador pernambucano teve 'momento Ciro Gomes' ao já anunciar intenção de se aliar à candidatura do PROS ao governo carioca

Luciana Nunes Leal

RIO - O deputado Alfredo Sirkis (PSB-RJ) reagiu nesta terça-feira, 11, ao movimento de seu partido, liderado pelo governador Eduardo Campos, de apoio à candidatura de Miro Teixeira, do PROS, ao governo do Rio de Janeiro. Sirkis lançou-se pré-candidato ao Palácio Guanabara em fevereiro. Campos, no entanto, planeja anunciar em breve apoio a Miro. Embora o PROS, fundado pelos irmãos Ciro e Cid Gomes, tenha fechado apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff, Miro tem sinal verde do partido para abrir o palanque do Rio à chapa presidencial Eduardo Campos-Marina Silva.

"Tenho sido pressionado a abrir mão da pré-candidatura, mas não vou fazer isso. Acredito que tenho mais condições de mobilizar o eleitorado. Querem liquidar logo a fatura, mas é uma precipitação. O Eduardo Campos não é conhecido no Rio, ele deve levar em conta a dinâmica local. Tínhamos ficado de conversar, mas o Eduardo Campos teve um momento Ciro Gomes", disse Sirkis ao Estado, em referência ao fato de o governador de Pernambuco e provável candidato à Presidência da República ter dito nessa segunda, 10, em São Paulo, que o PSB caminha para o apoio a Miro Teixeira no Rio.

Sirkis disse que o PSB erra ao avaliar que o PT aceitará que o PROS apoie Eduardo Campos no Rio, terceiro colégio eleitoral do País. "O PROS é da base do governo. É um equívoco achar que o PT vai assistir passivamente (à aliança PROS-PSB)", afirmou Sirkis.

PROS e PSB buscam espaço no eleitorado insatisfeito com o governador Sérgio Cabral (PMDB), mas que não mostrou, até agora, interesse nas candidaturas do petista Lindbergh Farias e do ex-governador Anthony Garotinho (PR). Também pretendem explorar a boa votação de Marina Silva nas eleições presidenciais de 2010, quando a então candidata do PV teve 32% dos votos e ficou em segundo lugar no Estado, à frente do tucano José Serra.

No fim de semana, Sirkis publicou em seu blog um texto no qual reclamava da pressão do PSB e lembrava que, em 2010, o candidato do PV ao governo do Estado, Fernando Gabeira, obteve 22% dos votos. Cabral foi reeleito no primeiro turno, com 66% dos votos.

"Na sociedade, há um campo aberto, cariocas e fluminenses não parecem à vontade com o atual quadro de candidaturas. Existe um eleitorado verde e moderno no Rio que na eleição passada deu 22% para o Gabeira. Uma parte dessa galera me elegeu cinco vezes. É o eleitorado verde de classe média do Rio. O eleitorado de Marina em 2010 foi mais amplo que isso, pois incorporou um grande segmento de mulheres pobres, sobretudo. Acredito que, na ausência do Gabeira, sou um interlocutor natural desse contingente eleitoral, que, nesse momento, ainda não tende para o Eduardo Campos, que ainda tem escassa penetração no Rio, embora tenha um bom potencial por aqui", escreveu Sirkis, que teve quatro mandatos de vereador e em 2010 foi eleito deputado federal.

O deputado defende que sua pré-candidatura e a de Miro Teixeira sejam mantidas até junho, época das convenções partidárias. Até lá, acredita que ficará mais claro o candidato mais competitivo.

Eduardo Campos pensou em anunciar o apoio a Miro já neste sábado, quando acontecerá no Rio o encontro PSB-Rede-PPS para discutir o programa de governo para a campanha presidencial. Deputado no décimo mandato - entre 1970 e 1983 e desde 1987 -, ministro das Comunicações no governo Lula, Miro evitou falar como candidato da coligação PROS-PSB. "Qualquer atropelo pode gerar desentendimento e, em uma campanha, desentendimento só com os adversários", disse Miro. "Qualquer movimento será das executivas dos partidos".

Fonte: O Estado de S. Paulo

Tucanos veem com ceticismo apoio de PMDB a Aécio no Rio

Marcos de Moura e Souza, Renata Batista e Raphael Di Cunto

BELO HORIZONTE, RIO e BRASÍLIA - O PSDB de Minas Gerais recebeu com ceticismo a mensagem de que o PMDB do Rio pretende apoiar a pré-candidatura presidencial do senador tucano Aécio Neves.

O presidente do diretório mineiro do PSB, deputado federal Marcus Pestana, defendeu cautela em relação ao papel que o PMDB de fato assumirá no Rio. "É preciso deixar o processo amadurecer. Há muito balão de ensaio nesse momento de pré-campanha", disse ao Valor o dirigente, que tem muita proximidade com Aécio.

Filho do presidente do PMDB do Rio, o deputado federal Leonardo Picciani (PMDB-RJ) defendeu ontem que a legenda rompa com o governo Dilma e apoie Aécio.

"O Rio não votará pela manutenção da aliança nacional na convenção e, no Estado, vai discutir apoio a Aécio", afirmou ontem, em Brasília. "Vamos seguir o que foi determinado na convenção do partido [no Rio] no fim do ano, de termos um palanque único [para presidente], não múltiplo", disse.

O PMDB é aliado do governo da presidente Dilma Rousseff, que deverá ter Aécio como seu principal adversário nas eleições de outubro. "O importante é que se percebe um efetivo mal estar do PMDB com Dilma e com o PT". O partido estaria aguardando a decisão do PSDB de se integrar a aliança do vice-governador Luiz Fernando Pezão, pré-candidato do PMDB ao governo.

Pestana minimizou o eventual desgaste político de Aécio caso efetivamente receba o apoio do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e o prefeito da capital, Eduardo Paes, com baixa popularidade no Estado. O dirigente mineiro disse que "não se escolhe apoio" e afirmou que a manifestação do Picciani é "bem vinda".

Outro tucano - que preferiu não ter seu nome citado - disse que ter Aécio ao lado de Cabral em um palanque "não é o ideal".

Aécio tem dedicado especial atenção ao quadro eleitoral no Rio. O PSDB não tem um candidato no Estado. Pestana afirmou que Bernardinho, técnico da seleção masculina de vôlei, demonstrou em alguns momentos entusiasmo com a possibilidade de se lançar pelo partido, mas que a Olimpíada em 2016 no Rio, os muitos patrocínios e outros compromissos nas quadras o fizeram rever os planos.

Cabral e Aécio já tiveram relações familiares. A primeira mulher do governador do Rio é prima do senador mineiro. Segundo Pestana, é Aécio quem "está coordenando pessoalmente a estratégia no Rio, onde ele tem grande familiaridade". Em outros Estados, as costuras para a sucessão estão sendo conduzidas por outras lideranças tucanas, como em Minas, São Paulo e Paraná.

No Rio, o presidente regional do PSDB, deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha, negou qualquer tipo de negociação com o PMDB fluminense. "Sou oposição há sete anos e meio. Quero conversa com o PPS, com o PV, com o DEM, mas não com o governo do Cabral", disse.

Entre tucanos mais alinhados ao projeto nacional do partido, porém, a aliança não é rechaçada, inclusive porque tanto o governador Cabral quanto o prefeito Paes já foram tucanos.

O apoio ao vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) é considerado natural em uma eventual disputa estadual contra o deputado Anthony Garotinho ou o senador petista Lindberg Farias. "O PT nunca se criou no Rio. Não podemos deixar que isso aconteça agora", disse uma fonte ligada ao PSDB.

Um eventual palanque nacional com o governador também não é totalmente rejeitado. "Não é ideal. Tem esses problemas de imagem, mas todos reconhecem que fez um bom governo. E tem o Pezão, que tem a cara da eficiência", resumiu essa fonte.

O PMDB do Rio está insatisfeito com o PT, que lançou o senador Lindberg Farias, a despeito da pressão de Cabral para que os petistas apoiassem seu vice. "Há o sentimento, nas bases do PMDB do Rio, de que a economia não vai bem, temos que avançar mais e de que é hora de alternância de poder", disse Leonardo Picciani.

Fonte: Valor Econômico

Tucanos defendem que Aécio se afaste do Senado

Tática permitiria ao pré-candidato rodar pelo País e evitaria votações polêmicas na Casa, como maioridade penal

Débora Bergamasco

BRASÍLIA - Uma corrente de conselheiros do núcleo duro do PSDB pressiona o senador Aécio Neves (MG) a se licenciar do cargo no início de abril para dedicar-se integralmente à campanha presidencial. Sem o compromisso de estar em Brasília três dias da semana como congressista, o tucano aproveitaria o tempo rodando o País.

O objetivo dos que defendem um afastamento imediato é fazer um contraponto à agenda de viagens que a presidente Dilma Rousseff tem feito Brasil afora. Também conta ter a mesma disponibilidade do pré-candidato à Presidência pelo PSB, Eduardo Campos, que deixará o governo de Pernambuco em 4 de abril para investir 100% do tempo no "roadshow" brasileiro.

A ideia é que o pré-candidato tucano possa aproveitar o tempo livre para percorrer o Nordeste e o Estado de São Paulo. "Vamos vencer com uma operação de guerrilha. Tem que viajar, andar na rua, apertar a mão das pessoas, olhar no olho", argumentou um conselheiro da campanha do PSDB.

Afastar Aécio do Senado tem também como objetivo evitar que ele entre, como diz um tucano, "em bolas dividas e situações constrangedoras" ao ser confrontado com pautas polêmicas, como recentemente ocorreu na discussão sobre maioridade penal e na alteração do indexador das dívidas dos Estados. Em assuntos assim, o senador teria de assumir uma posição que não necessariamente seria a melhor para um pré-candidato à Presidência.

A proposta dos Estados é um incômodo para um presidenciável que discutre alianças regionais, na medida em que foi o governo federal quem abriu o debate e os senadores que serão candidatos a governador têm interesse em aprová-la. Além disso, a medida beneficia diretamente o município de São Paulo, sob gestão do petista Fernando Haddad, o que teria consequências na disputa pelo governo paulista, comandado há 20 anos pelo PSDB.

Procurado, Aécio admite que pode afastar-se do cargo, mas ainda não decidiu qual é o melhor momento. O senador também admitiu que vem conversando sobre o assunto com todos os seus conselheiros.

Contramão. Um eventual afastamento do Senado vai na contramão do que a maioria dos parlamentares que vão disputar eleições faz. A divulgação do nome do político em canais oficiais, como TV Câmara e TV Senado e pelo programa de rádio Voz do Brasil, é uma ferramenta importante na campanha, assim como a cobertura jornalística do Legislativo.

No entanto, os tucanos favoráveis ao afastamento de Aécio alegam que o pré-candidato se manteria no noticiário independentemente de seu cargo no Senado."O que ele falar, seja pelas mídias sociais dele ou como presidente do partido, a imprensa vai querer ouvir e replicar", defendeu um entusiasta dessa estratégia.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Elio Gaspari: O PMDB e a Petrobras

Ganha uma viagem a Roma, com direito a hotel “padrão Dilma”, quem souber apontar uma só política pública associada ao descontentamento do PMDB com o atual governo, os passados e os futuros.

Se o deputado Eduardo Cunha, líder da bancada do partido e porta-voz da insatisfação, estivesse discutindo transportes públicos, muito bem. Difícil que o faça, a menos que pretenda começar pela promiscuidade existente nas relações dos governos do Rio de Janeiro com os concessionários.

Ele também poderia estar descontente com a inépcia dos ministérios da Educação, ou da Saúde, mas disso seu PMDB não se queixa. A bandeira mais visível da oposição, ajudada pelos rebeldes, foi a proposta de instalação de uma comissão externa para investigar a Petrobras.

Em tese, toda investigação é boa. Na prática, esse instrumento transformou-se num fator de desmoralização do Congresso. A Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou as atividades do doutor Carlinhos Cachoeira serviu apenas para mostrar ao país a eficácia da blindagem dos governadores, prefeitos e empresários que com ele tinham negócios.

Quem protegeu os maganos foi o PMDB, com a ajuda do governo. Indo-se mais longe, à CPI do Banestado, verifica-se que, em vez de achar as malfeitorias da banca, ela se contentou em descobrir novos caminhos para ter boas conversas com banqueiros.

Em 2009 o Congresso criou uma CPI para investigar a Petrobras. Começaram falando na investigação de contratos bilionários de empreiteiras e acabaram discutindo patrocínios culturais que envolviam caraminguás do comissariado cultural. À época, um empresário que conhece o mercado advertia:

“Numa empresa desse tamanho, denúncia com valor inferior a US$ 100 milhões é disfarce de quem quer discutir o que não tem importância.”

A qualquer hora, em qualquer setor, algo de errado pode estar acontecendo na Petrobras. Isso deriva do seu tamanho. Quando ela se mete em desastres, como o da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, a oposição faz de conta que não vê.

A CPI de 2009 não fez bem à empresa, apenas mostrou aos grandes fornecedores o que deviam fazer para ficar fora dos holofotes parlamentares.

Admita-se que o doutor Eduardo Cunha queira conhecer melhor as contas da Petrobras. Para ficar no mundo dos trocados, poderá achar um expediente, de 2012, no qual a área de gás e energia da empresa queria fazer sua festa de fim de ano no Copacabana Palace, fechando o Golden Room e o Salão Nobre para 230 convidados. A boca-livre custaria em torno de R$ 1.500 por pessoa.

A maneira como a festa estava sendo contratada tinha fumaça. Exposto, o negócio foi cancelado. Admita-se que tivesse sido realizado, ou ainda que tivesse outra dimensão. Em vez de fechar dois salões, a Petrobras fecharia todos, para mil convidados.

Haveria tantas flores e champanhe que um ás da noite carioca seria capaz de comparar o seu luxo ao do casamento da filha de Carmen Mayrink Veiga com o neto do magnata Augusto Trajano de Azevedo Antunes. Entre os convidados estariam ilustres parlamentares do PMDB.

Mesmo tendo caixa para uma festa dessas, a Petrobras deveria ficar constrangida e nada melhor que uma CPI para que se soubessem as razões que a levaram a tal exibicionismo. Essa festa aconteceu, em 2011, mas não é da conta de ninguém. Foi um evento privado, festa familiar do deputado Eduardo Cunha.

Elio Gaspari é jornalista.

Fonte: O Globo

Rosângela Bittar: O dono do mundo

Estabilidade, maturidade e envelhecimento

O Executivo vai mal na gestão da saúde, da educação, da segurança pública, da mobilidade urbana, da execução de obras de infraestrutura, da energia, principalmente da energia, e tudo o mais que interessa aos normais cidadãos. Algo disso é culpa do PMDB? Não, todas essas questões, como outras duas dezenas de outras grandes áreas do governo, estão sob a administração do PT.

O governo vai mal na sua articulação com o Congresso, pratica um diálogo de surdos com líderes e presidentes dos partidos de sua aliança política, humilha e exige. É o PMDB que lidera essa relação? Não, são tarefas sob a administração do PT, sediado no Palácio do Planalto.

O governo vai mal nas relações internacionais, rompe fácil e unilateralmente quando contrariado, desdenha de atitudes profissionais da diplomacia mundial, adula ditadores ao sul e ao norte do Equador. É do PMDB a iniciativa? Não, é do PT, que comanda a política externa do Palácio do Planalto, onde se encontra o alter ego diplomático da presidente e do partido, deixando os profissionais numa situação subalterna.

O governo vai mal na economia, na relação com os empresários, não conseguiu um mínimo de empatia para um trabalho conjunto a favor do país. Desastre à revelia do PMDB. É o PT quem conduz a política econômica e as relações no mundo dos negócios.

Está claro quem domina o Executivo.

O PT não tinha o controle das decisões da justiça suprema até o ano passado, agora já as tem, com a transmutação promovida, por tentativas de erros e acertos para atingir suas metas, dos ocupantes das cadeiras da Corte Maior. O conceito de estabilidade institucional do PT, digamos assim, passou a ser compreendido pela maioria do Supremo Tribunal Federal. Esse poder demorou um pouco a ser sintonizado porque o grupo do partido indicado à forca reagiu, esperneou, foi para a rua, para o blog, para a imprensa, e o partido perdeu um pouco de tempo, já em recuperação.

Em um ano eleitoral por definição complexo, é o PT que tem o domínio da Justiça Eleitoral. Além de Antonio Dias Toffoli, o ministro do Supremo que vai presidir as eleições, e que já foi funcionário do partido, três outros ministros tiveram ligações fortes com o PT por causa de suas carreiras de advogados, situação esdrúxula já criticada como absurda pelo presidente do STF por causa dos "interesses entrecortados". O advogado, em tese, defende o cliente durante o dia, e vestirá a toga de ministro que o julgará à noite.

Está claro quem domina o Judiciário.

Por uma circunstância e acordo político, o PMDB tem a presidência da Câmara e do Senado neste momento, mas é o PT quem domina os partidos da maior base de apoio já formada no Congresso para dar sustentação ao seu governo. Faz ali o que quer preservando a marca do exercício de voluntarismo à deriva do Executivo nos seus interesses legislativos. Mas lhe será muito melhor se, conquistando a maioria das cadeiras nas duas Casas com o exercício do poder já conquistado, por intermédio da definição das disputas estaduais, o PT passar a ter por direito e segurança o que já tem hoje por aliança.

O partido não perde votações, a presidente veta o que lhe escapa na barganha do Congresso, e se dá ao luxo de manter-se distante, alheia, e com a ojeriza à política partidária em dia. A presidente age como guerrilheira nessa relação.

Ficou claro quem controla o Legislativo?

Os chamados movimentos sociais, ONGs e sindicatos afinados com o PT são seduzidos e abduzidos de suas missões, facilmente, pelos instrumentos de atração reservados ao partido no poder. No caso, nos poderes. A resistência se torna uma atitude mais que heroica, praticamente suicida.

Que nome tem isso? Hegemonia. Vigorosa. O PT já colocou em pé uma engenharia completa de poder.

As aparências do momento são só isso, aparências, água mole na pedra dura, propaganda negativa como peça do jogo político. O PT está por cima. Não é Eduardo Cunha o inimigo público que se pretende pintar nem o autor solitário dos males que afligem a humanidade. O PMDB está onde sempre esteve, buscando migalhas em redor do poder real. Os partidos que engrossam a aliança de governo ciscam também e tentam manter-se respirando.

Ainda que parcialmente, mas por enquanto fora desse domínio, está a mídia, apesar das investidas de controle que o partido hegemônico não se cansa de tentar.

O PT atingiu o ápice, o poder amplo, a maturidade. A questão em discussões mais teóricas da academia é se, assim, já deu o partido um passo definitivo para virar história. É como se, ao estabilizar-se nos três poderes, desse por concluído seu projeto, envelhecesse.

Nada há contra nada disso como exposto, essa é a política brasileira. Mas não se deve crer, nem fazer crer, que o eleitorado do campo de observação seja de uma tolice amazônica.

Em Brasília, bastam as nuvens escurecerem para faltar energia. Caindo a chuva, então, é apagão na certa. Com dois raios, o que vinha voltando desaparece de vez. Agora, porém, surgem fenômenos novos.

As principais avenidas da cidade têm ficado no breu mesmo em dias secos. Os bairros têm recebido avisos (incomuns) de interrupção da energia "na sua unidade consumidora" para "construções, reformas e outros serviços na rede de distribuição". No caso em tela, das 9h às 15h de uma plena quarta-feira.

Aviso que tem todos os ingredientes para ser chamado de racionamento.

Eduardo Campos, candidato do PSB à Presidência, está conquistando os auditórios onde se apresenta pela excelência do discurso de oposição que vem construindo: "Linear, inteligível, contemporâneo", qualificam. Na Firjan, chamou a atenção dos empresários a ênfase ao caos energético do Brasil, área onde, ressaltou, a sua adversária presidente Dilma mandou e desmandou nos últimos 12 anos. Na Associação Comercial, em São Paulo, impressionou pelo conteúdo e, sobretudo, pelo modelo: foi moderado em particular e muito duro na conferência em público. Uma escola diferente de sua adversária do PT, anotou-se.

Fonte: Valor Econômico

Fernando Rodrigues: Ruídos no Congresso

A sova política que Dilma Rousseff está aplicando no PMDB revela uma fragilidade extrema não só do partido que apanha, mas de todo o Congresso Nacional.

A República, como se sabe, equilibra-se entre Três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Quando um partido com apenas 75 deputados entra em disputa com o governo, não há razão para o Congresso inteiro ficar catatônico e só se mobilizar para criar comissões de investigação sobre a Petrobras.

O sistema republicano brasileiro sempre concedeu um poder hipertrofiado ao Executivo em detrimento do Legislativo. A fragmentação partidária vista na última década agravou essa anomalia. Na última eleição, 22 siglas elegeram representantes para o Congresso. Dessas, 13 têm bancadas com mais de dez deputados.

Quase nada anda nesse ambiente infestado de microgrupos. O debate empobrece. Qualquer ruído produz uma paralisação. Trata-se de algo conveniente para o Executivo. Sobretudo em um ano eleitoral como o atual. A presidente ganha mais tempo para fazer campanha. Não precisa gastar energia vetando leis ou negociando projetos.

Dizer que o PMDB é fisiológico é só metade da história. Dentro do Congresso, a imensa maioria busca cargos e verbas públicas. Os peemedebistas talvez sejam ape- nas mais explícitos ao dizerem em público o que quase todos falam e fazem em privado.

Só um cataclismo forçará uma ruptura na joint venture eleitoral entre PT e PMDB. Depois da fase de choro e ranger de dentes, os políticos das duas siglas vão se entender. No final, a presidente ainda vai faturar lustrando sua imagem: a única ocupante do Planalto que dobrou o PMDB.

"O PMDB só me dá alegrias", disse Dilma Rousseff ontem. Pode- ria acrescentar: dá também um Congresso pouco eficiente e que só produz ruídos.

Fonte: Folha Online

Dora Kramer: Mangas de fora

O menos conhecido entre os postulantes à Presidência na eleição deste ano, o governador Eduardo Campos precisa virar notícia. O caminho mais curto é polemizar com quem já é notícia: a presidente Dilma Rousseff.

Independentemente de ela responder - o que provavelmente não fará -, os ataques diretos à presidente rendem espaço no noticiário político ao governador de Pernambuco e ajudam na identificação como candidato de oposição junto ao eleitorado.

Uma fórmula simples. Opção arriscada, diriam alguns, pois representa um caminho sem volta. Seria, se nessa altura Eduardo Campos ainda estivesse apostando em alguma forma de convivência com os ex-aliados do PT.

Não parece. Ou melhor: tudo indica que o governador agora atravessou mesmo o seu rubicão. Resolveu assumir de vez o papel de oposicionista sem adjetivos, dispensando até mesmo o estágio na ambiguidade que marcou a conduta dos candidatos do PSDB nas últimas eleições presidenciais.

Os tucanos primeiro ficaram com receio de se contaminar com os problemáticos índices de popularidade do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso e depois se conduziram com medo de se confrontar com o alto grau de popularidade de Luiz Inácio da Silva.

Não defenderam o legado de seus dois governos, viram o PT subtrair-lhes o patrimônio da estabilidade econômica e fizeram três campanhas presidenciais nas quais era complicado o eleitor perceber em que lado mesmo estavam os tucanos. Os discursos eram dúbios e os posicionamentos do partido nos Estados também.

Escolado nessas escapadelas - até porque Minas Gerais foi protagonista por três vezes de uma das mais evidentes -, o senador Aécio Neves quis acumular a candidatura com o posto de presidente do PSDB. Para controlar as alianças regionais do partido e evitar a formação de possíveis quintas colunas.

Voltando a Eduardo Campos, ele não pode dar-se ao luxo da dubiedade. Se não partir para o confronto, deixa esse espaço todo livre para o tucano Aécio. Além disso, fica eternamente na sombra do governismo federal e não trilha o caminho independente que pretende.
Nas últimas semanas fez duas frases de efeito citando nominal e diretamente a presidente da República. Na primeira, disse que ela estava de "aviso prévio". Ou seja, cumprindo seus últimos meses no cargo. Com isso, enfrentou logo um tema tabu, o de que Dilma está reeleita.

Pode até ser favorita, mas ele como adversário "à vera" precisa se comportar como quem tem chance de derrotá-la. A segunda frase de Eduardo Campos sinaliza a intenção de atrair a atenção dos descontentes com o desempenho e com a maneira de ser da presidente.

"O Brasil não aguenta mais quatro anos de Dilma", afirmou, numa oração de fácil compreensão e que se presta bem ao uso político da repetição de uma ideia força sem muita elaboração de conteúdo. Guardadas as proporções, é o que faz Lula.

Dessa fase de Campos não escapam os tucanos. Ontem entraram na roda por tabela, quando o governador acusou a presidente de "varrer para debaixo do tapete" as dificuldades da economia tal como fez Fernando Henrique antes da eleição de 1998. Assim, o candidato do PSB vai tentando não ficar a reboque de ninguém.

Avaliados os custos e os benefícios, digamos que não tem nada a perder. Pode ser visto como ingrato? Pode, mas quem o vê por essa ótica não vota nele, pois considera que seu compromisso com o PT deveria ser eterno.

Para isso, Eduardo Campos também tem resposta. Dirá que seu dever de lealdade começou e terminou com Lula. Dilma ele ajudou a eleger, não o contrário.

E o PT, quando o chamou de playboy mimado sem que Lula desautorizasse a declaração nem Dilma impusesse algum reparo, deu uma boa ajuda à decisão do governador de pôr as mangas formal e oficialmente de fora.

Para todos os efeitos, foi o governo quem começou.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Merval Pereira: Derrota simbólica

A derrota do governo na votação do requerimento da criação de uma comissão externa para investigar na Holanda denúncias de corrupção na Petrobras foi o resultado de um dia inteiro de negociações para contornar a rebelião dos partidos da base, comandados pelo PMDB da Câmara.

Há duas facetas nesta crise política. A primeira, mais aparente, é a dissidência interna que revela o incômodo com a falta de reciprocidade do governo ao apoio dos partidos da aliança governista e, sobretudo, do próprio PMDB, que se sente sub-representado no governo Dilma.

Esse seria, na visão que o governo gosta de divulgar, o interesse fisiológico do PMDB, sobretudo na bancada da Câmara, que está em estado de rebelião e ontem se declarou avalista da ação do líder Eduardo Cunha, que o governo tentou em vão isolar dentro do partido.

Outra faceta, acobertada politicamente, é o projeto hegemônico do PT que, a longo prazo, pretende se ver livre não apenas do PMDB mas da maioria dos partidos que fazem parte da bancada aliada no Congresso.

O que mais se ouviu ontem nos discursos dos deputados, durante a votação do requerimento, foi que o governo Dilma tentou arrogantemente esmagar a ação do PMDB e dos demais partidos da base governista.

O próprio presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, ajudou a votação do requerimento, recusando o pretexto que o deputado Sibá Machado lhe deu, citando uma longínqua decisão da Câmara.

A bancada do Senado do PMDB tentou desqualificar a liderança do deputado Eduardo Cunha, como se ela não representasse a vontade da maioria real dos deputados do partido. E a vontade da maioria da Câmara foi tão clara que alguns partidos da base, como o PR, votaram unanimemente contra o governo que apoiam.

A sensação dos deputados era de uma declaração de independência em relação ao governo central, mesmo daqueles que não querem deixar de apoiar a presidente Dilma por ainda estarem convencidos de que ela é favorita na corrida presidencial.

De qualquer maneira, surgiu ontem no plenário da Câmara um movimento de pressão contra a maneira como o Palácio do Planalto vem lidando com seus ainda aliados. O que une essa maioria que apareceu no placar eletrônico é a rejeição à ação autoritária da presidente Dilma e, sobretudo, ao projeto de hegemonia do PT, de longo prazo e com objetivos claros de não precisar de apoios para governar o país.

Muitos deputados aproveitaram para desabafar na tribuna da Câmara, na tentativa de deixar portas abertas para uma retomada das discussões, pedindo uma relação mais adequada. Mas o fortalecimento da liderança do deputado federal Eduardo Cunha deve dificultar uma mudança do quadro, pois o que o Palácio do Planalto queria ontem era uma prova de que Cunha não representava a linha política do PMDB, o que foi desmentido pela votação do requerimento e, sobretudo, pelo documento de apoio da bancada à sua liderança.

O presidente do PMDB Valdir Raupp chegou a dar uma declaração forte desautorizando a atuação de Cunha, mas os fatos falaram mais alto. Em se tratando do PMDB, não será de se estranhar se a cúpula do partido reconhecer que a tendência da bancada de deputados é, na verdade, a da maioria das bases do partido.

Uma vitória como a de ontem, que chegou a ser comemorada por deputados de oposição como sendo o início do fim do governo Dilma, num evidente exagero, tem um peso político que não pode, no entanto, ser desprezado. Resta saber agora se a presidente Dilma terá capacidade de rever seus métodos de negociação com os partidos da base aliada.

Para isso, ela teria que ter uma humildade que não tem sido sua característica nos últimos anos. Ao contrário, a expectativa na Câmara ontem era de que ela tentaria retaliar a decisão do plenário, o que só dificultaria as relações já tão conturbadas na base aliada.

Como está convencida de que brigar com os políticos reforça a imagem de austeridade que agrada a classe média, pode ser que a presidente Dilma tente radicalizar em vez de negociar com os deputados do PMDB.

Ontem foi o dia em que a presidente Dilma ficou menor que o deputado Eduardo Cunha.

Fonte: O Globo

Luiz Carlos Azedo: PMDB, problema ou solução?

A forma como a bancada do PMDB na Câmara faz política não é muito diferente da dos demais partidos. A diferença está na contrapartida que vem do outro lado da Praça dos Três Poderes

A presidente Dilma Rousseff joga para a arquibancada as negociações com o PMDB sobre a reforma ministerial. A rigor, a reforma é chinfrim, não agrega grandes coisas à gestão governamental, cuja avaliação está muito abaixo da imagem de Dilma Rousseff nas pesquisas de opinião. Quando faz jogo duro com os caciques do PMDB, que são tratados como chantagistas e fisiológicos, Dilma melhora a própria imagem, às custas do aliado principal, mas joga pra baixo a do governo, ainda mais porque nele pretende manter os peemedebistas. É um jogo perigoso. Não é tão fácil resgatar a vassoura que ficou escondida atrás da porta desde quando a “faxina”, iniciada logo após a posse, foi interrompida por um “alto lá” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em defesa dos remanescentes de sua administração. A situação do Ministério do Trabalho é a prova disso.

Tereza Cruvinel relatou ontem, em sua coluna aqui no Correio, como o PMDB comportou-se eleitoralmente ao longo dos anos, desde a “cristianização” de Ulysses Guimarães, nas eleições presidenciais de 1989. Também registrou que, desde então, ninguém governa sem o apoio do PMDB. O exemplo mais acabado dos riscos de se ter o PMDB na oposição foi a campanha pró-impeachment do ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL), hoje senador e aliado de Dilma Rousseff, que renunciou à Presidência. O primeiro mandato de Lula também serve de exemplo: provavelmente não haveria a crise do mensalão, que defenestrou a cúpula petista do governo e levou-a à cadeia, se o PMDB tivesse sido incorporado à coalizão de governo logo após as eleições de 2002.

Dilma Rousseff não gosta do PMDB, tem dificuldades para lidar com seus caciques, inclusive aquele que hoje é a mão na roda para acalmá-los, o vice-presidente Michel Temer. Mas tem de engolir a presença de seus líderes na administração, como aconteceu com o ministro da Secretaria de Aviação Civil, Moreira Franco. Herdeiro do velho pessedismo fluminense, hoje é figura importante na gestão de um dos maiores abacaxis do governo: os preparativos da Copa do Mundo. Essa má vontade de Dilma com o PMDB não é fruto de intriga, é consequência de uma concepção de poder e do modo de fazer política “castilhista”, adquirida durante os anos em que viveu no Rio Grande do Sul. Centralizadora e sabedora do poder de uma caneta cheia de tinta, Dilma quer obrigar o PMDB a aceitar seis por meia dúzia na reforma ministerial. Acontece que os setores do PMDB, que não se sentem representados no poder, querem mais participação no governo, da mesma forma como o querem os petistas insatisfeitos que conspiram dia e noite para que o ex-presidente Lula seja o candidato da legenda no lugar de Dilma.

Quem é o inimigo?
A maior dificuldade da presidente da República no seu modus operandi com o PMDB é a absoluta falta de experiência parlamentar, ao contrário de Lula, que compensou com as manhas de sindicalista o fato de ter sido parlamentar apenas na Constituinte eleita em 1986. Lula conhecia aqueles que um dia chamou de os “trezentos picaretas” do Congresso e a primeira coisa que fez, quando viu o circo pegar fogo na CPI dos Correios, foi buscar um acordo com eles. Graças a isso, sobreviveu ao escândalo e conseguiu se reeleger. É preciso destacar que não contou com a moleza que é hoje a relação do Palácio do Planalto com o Senado. Teve que tourear uma oposição com muito poder de barganha naquela Casa. Além disso, a situação na Câmara também era ainda mais complexa do que é hoje.

A questão central para Dilma Rousseff é chegar à conclusão de que o PMDB é mais solução do que problema para o governo. Não do ponto de vista da retórica, porque isso não resolve a situação, mas de forma prática. No momento, a situação é ambígua: o PMDB no Senado é visto como solução e precisa ser agraciado com mais um ministério; o da Câmara, é o problema, deve ser isolado e mantido a pão e água. Não é uma coisa nem outra. Nem o PMDB no Senado é tão dócil como aparenta, nem o PMDB na Câmara pode ser isolado pelo Palácio do Planalto. Por uma razão até simplória: a forma como a bancada do PMDB na Câmara faz política não é muito diferente da dos demais partidos da base governista, inclusive a bancada petista. A diferença hoje está mais é na contrapartida que vem do outro lado da Praça dos Três Poderes.

Mas há outra questão em jogo na tensa relação entre Dilma e o PMDB. Do ponto de vista eleitoral, em tese, o principal adversário do PT é o PSDB, cujo candidato a presidente da República é o senador Aécio Neves (MG). Ocorre que, na disputa pela hegemonia no Congresso, tanto na Câmara como no Senado, o PMDB virou o “inimigo principal”. Não porque o PT fez uma declaração de guerra, longe disso, mas por causa da disputa entre os dois partidos pelos governos estaduais, que são o grande lastro para eleição das bancadas de senadores e de deputados. É por isso, por exemplo, que a situação no Senado pode não ser tão tranquila quanto aparenta. Ali o estrago costuma ser maior do que na Câmara, como foi, por exemplo, no caso do fim da CPMF. A diferença é que senadores votam contra o governo sem muito blá-blá-blá, basta o líder do PMDB coçar a gravata.

Fonte: Correio Braziliense, 10/3/2014

Alberto Goldman: O "volta, Lula" não é tão simples assim

No discurso oficial, governistas comemoram as pesquisas que mostram Dilma Rousseff (PT) reeleita no primeiro turno nas eleições deste ano. Ainda assim, o brado de petistas, aliados e demais aproveitadores da era PT --"volta, Lula"-- começa a ecoar em Brasília.

Os mais experientes em processos eleitorais sabem que intenções de voto meses antes do pleito nada valem. Mesmo considerando-as hoje, o cenário não é bom para Dilma.

A presidente é a única candidata com alta taxa de conhecimento, e 56% não declaram voto nela neste momento. Entre os que conhecem bem os três principais candidatos, o cenário é menos favorável para a presidente. Isso sim é relevante, assim como a avaliação de seu governo.

O desgaste da presidente e o futuro melancólico vislumbrado na economia levam muitos governistas à procura da salvação de seus interesses pessoais. A solução seria chamar o ex-presidente Lula (PT) para assumir a candidatura e garantir mais quatro anos de retrocesso.

Para muitos --empresários inclusive--, seria a chance de deixar o barco que está afundando para se agarrar a um novo candidato que lhes pareça ter possibilidades de vitória e que garanta a manutenção de seus privilégios e benefícios. Lula seria o candidato --segundo eles, imbatível-- de Dilma e da continuidade. No entanto, uma retrospectiva da história recente mostra que as coisas não seriam assim tão fáceis.

Após a redemocratização, nas eleições de 1989, tínhamos um governo José Sarney (PMDB) mal avaliado, o que levou a um segundo turno entre dois oposicionistas, Fernando Collor (então PRN) e Lula. Venceu Collor, que sofreu o impeachment e deu lugar a Itamar Franco. Este, bem avaliado devido ao sucesso do Plano Real, lançou Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em 1994, que venceu Lula no primeiro turno naquele pleito e no seguinte, de 1998, por um FHC bem avaliado.

Em 2002, com a má avaliação de FHC, José Serra (PSDB) foi derrotado por Lula. Este, bem avaliado, foi reeleito em 2006 e, em 2010, conseguiu eleger Dilma Rousseff. Os bem avaliados venceram.

O mesmo padrão se repete nas eleições estaduais em São Paulo. Em 1982, Franco Montoro, do PMDB, de oposição ao regime militar, se elege contra o candidato da situação, Reinaldo de Barros (PDS). Em 1986, Montoro com boa avaliação elege Orestes Quércia (PMDB). Em 1990, Quércia, com boa avaliação, elege Luiz Antônio Fleury Filho (PMDB), contra a oposição de Paulo Maluf (então PDS). Em 1994, Fleury, mal avaliado, lança Barros Munhoz (PMDB), que é derrotado por Mario Covas (PSDB). Em 1998, Covas, com avaliação razoável, se reelege, derrotando Maluf e Marta Suplicy (PT). Em 2002, após assumir o governo com a morte de Covas e administrar bem, Geraldo Alckmin (PSDB) é reeleito, derrotando José Genoino, da oposição (do PT). Em 2006, Alckmin, com boa avaliação, elege o sucessor, José Serra (PSDB), e este, em 2010, bem avaliado, elege o sucessor, o próprio Alckmin.

Em praticamente todos os casos, seja com candidatura à reeleição ou com candidato de continuidade, vence o governo que tem boa avaliação. Perde quem não a tem.

Vai daí que, se a avaliação negativa de Dilma se confirmar --e já se esgotaram os efeitos especiais--, ela não se reelegerá nem terá condições de eleger sua continuidade, qualquer que seja o nome. Não é matemático, mas é um padrão dos processos eleitorais.

Lula está louco pra voltar, mas teme que os efeitos do reconhecimento do insucesso de Dilma coloque em risco o prestígio que adquiriu.

De uma coisa temos certeza: o PT vai cair atirando. Seu nível de escrúpulos é baixo e o seu compromisso com a democracia é tênue. Teremos muitas emoções.

Alberto Goldman, é vice-presidente nacional do PSDB. Foi governador de São Paulo (2010)

Fonte: Folha Online