quinta-feira, 3 de julho de 2014

Opinião do dia: Aécio Neves

A história está escrita. Ninguém vai reescrevê-la. Nós podemos consultá-la e interpretá-la. Mas o fato concreto é que a mais importante reforma estruturante ocorrida no Brasil nos anos recentes foi exatamente o Plano Real, o reencontro do Brasil com a estabilidade.

Aécio Neves, senador (MG) e candidato pelo PSDB à Presidência da República, discurso em 1 de julho de 2014 – 20 anos do Plano Real.

Com Copa do Mundo, humor do país melhora e Dilma cresce

Ricardo Mendonça – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - A Copa do Mundo mudou o humor geral dos brasileiros e parece estar influenciando a avaliação do governo, as expectativas econômicas e até a eleição presidencial. No plano político, a presidente Dilma Rousseff (PT) é a maior beneficiada.

Pesquisa Datafolha finalizada nesta quarta-feira (2) mostra que a proporção de eleitores favoráveis à Copa no Brasil subiu de 51% para 63% em um mês. O orgulho com a realização do Mundial saltou de 45% para 60%.

De carona nisso, as intenções de voto em Dilma avançaram de 34% para 38% –a maior variação entre todos os concorrentes– e a aprovação do governo variou positivamente, de 33% para 35%.

No mesmo período, o senador Aécio Neves (PSDB) oscilou de 19% para 20%. E Eduardo Campos (PSB) foi de 7% para 9%, deixando assim a posição de empate técnico com Pastor Everaldo (PSC), estacionado em 4%.

A variação de Dilma está no limite da margem de erro da pesquisa, que é de dois pontos para mais ou para menos. Mas a probabilidade de que ela tenha crescido é maior que a de que nada tenha acontecido. Outros dados da pesquisa reforçam os sinais de que ela subiu.

Na pesquisa espontânea, em que o entrevistador pergunta pelo voto sem apresentar os nomes dos concorrentes, Dilma foi de 19% para 25%.

Na economia, a reversão do humor aparece em relação à expectativa de inflação (recuo de 64% para 58%), desemprego (de 48% para 43%) e poder de compra do salário (avanço de 27% para 32% dos que esperam melhoria).

Agora, 30% acham que a economia do país irá melhorar. Eram 26% em julho. E 48% estão otimistas com a própria situação econômica. Eram 42% há um mês.

O Datafolha mostrou também que, para 76%, os torcedores que xingaram a presidente no jogo de estreia da Copa, em São Paulo, agiram mal. Mesmo entre os eleitores de Aécio e Campos, a reprovação foi majoritária: 69% e 72%, respectivamente.

A pesquisa foi realizada nesta terça (1º) e quarta (2) com 2.857 entrevistas.

Dilma lidera, mas com margem menor

• No início de junho, ela tinha 34% contra 32% de todos os concorrentes somados; agora, o placar é 38% a 38%

• Nas simulações de segundo turno, petista vence tanto o tucano Aécio Neves quanto Eduardo Campos (PSB)

Ricardo Mendonça – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Apesar de ter conseguido marcar quatro pontos a mais que na pesquisa anterior, variação maior que a de qualquer outro rival, a margem da liderança da presidente Dilma Rousseff na corrida eleitoral está mais estreita.

Isso ocorre porque, juntos, os adversários da petista avançaram mais do que ela no mesmo período. Desde o início de junho, eles conquistaram seis pontos.

No início do mês passado, Dilma tinha 34% contra 32% de todos os seus concorrentes somados. Agora, o placar é 38% a 38%.

Conclusão: embora dentro da margem de erro, de dois pontos para mais ou para menos, a possibilidade de realização de um segundo turno parece maior agora.

Conforme os números do Datafolha, o que permitiu o crescimento simultâneo tanto de Dilma quanto de seus rivais foi a queda de eleitores indecisos ou dispostos a votar nulo ou em branco.

Os chamados sem candidato eram 30% na pesquisa anterior, um recorde para aquele período, o que chamou a atenção de muitos analistas. Agora, representam 24% de todo o eleitorado.

Nas últimas semanas, os partidos realizaram suas convenções para lançar as chapas, o que aumentou o grau de exposição dos candidatos.

Nas simulações de segundo turno, Dilma vence tanto o senador Aécio Neves (PSDB) quanto o ex-governador Eduardo Campos (PSB).

Contra o primeiro, o resultado seria 46% a 39%. Contra o segundo, 48% a 35%. Nesses casos, as variações em relação ao levantamento de junho são pequenas.

Segmentos
As intenções de voto em Dilma mudam muito pouco conforme o sexo ou a idade do eleitor. Mas variam bastante de acordo com a região do país, a renda ou o grau de escolaridade do entrevistado.

A petista lidera nas cinco regiões. No Nordeste, obtém seu melhor desempenho, 55% das intenções de voto, sete pontos a mais do que na pesquisa anterior. Já no Sudeste, a área mais populosa do país, tem 28%, situação de empate técnico com Aécio.

Dilma também vai melhor entre os mais pobres e menos escolarizados. No grupo dos que vivem em famílias com renda de até dois salários mínimos, ela tem 45%. Na faixa intermediária dos que recebem acima de cinco e abaixo de dez salários, alcança 26% --menos do que o estrato dos mais ricos, onde tem 30%.

Em relação à escolaridade, a divisão é parecida: 47% no universo dos que têm ensino fundamental, 25% entre os que possuem ensino superior, segmento em que Aécio lidera com 36%.

Dilma é líder também em rejeição, com 32% do eleitorado total decidido a não votar nela de jeito nenhum.

Essa taxa é de 51% entre os que têm ensino superior, 49% no grupo dos que têm renda acima de dez salários e 40% na região Sudeste.

Na vice-liderança da rejeição aparece o candidato pastor Everaldo Pereira (PSC), líder de um ramo da igreja evangélica Assembleia de Deus. Ele é rejeitado por 18% --mais que Aécio (16%) ou Campos (12%).

O Datafolha ouviu 2.857 eleitores nos dias 1º e 2 de julho. A taxa de confiança é de 95% (em 100 levantamentos assim, os resultados estarão dentro da margem de erro em 95 ocasiões).
(RM)

DEM e PPS retiram apoio de José Arruda

• Executivas nacionais das duas siglas anulam decisão de diretórios locais

Cristiane Jungblut – O Globo

BRASÍLIA- A Executiva Nacional do DEM enviou ontem ao Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal
um ofício anulando a aliança firmada no domingo pelo diretório do DF em favor da candidatura do ex governador José Arruda (PR) ao governo local. O DEM abandona assim a coligação formada na capital do país por PR, PTB, PMN e PRTB e também deixa de apoiar a candidatura do senador Gim Argello (PTB-DF) à reeleição.

Em novembro de 2009, Arruda apareceu num vídeo de 30 minutos, recebendo maços de dinheiro das mãos de Durval Barbosa, que, na época, era presidente da Codeplan, uma estatal do DF, e considerado seu braço-direito. Ele acabou preso em fevereiro de 2010, por tentar atrapalhar as investigações sobre o esquema. O vídeo teria sido gravado em 2006 e integrou a investigação feita pela Polícia Federal que levou ao escândalo conhecido como mensalão do DEM. Na época, a sigla decidiu expulsar Arruda do partido, mas, antes que isso acontecesse, ele se desfiliou.

O ofício comunicando a anulação do apoio à candidatura de Arruda foi encaminhada ao TREDF pelo presidente nacional da sigla, o senador José Agripino Maia (RN). No documento, Agripino informa taxativamente que a Executiva Nacional havia decidido “anular parcialmente a deliberação da convenção do DEM/ DF, na parte em que decidiu pela celebração de coligação para os cargos majoritários de 2014”. Em seguida, justificou a posição:

— O partido levou à desfiliação de Arruda há mais de quatro anos. Não havia nenhum sentido agora apoiar sua candidatura. Líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho seguiu a mesma linha:

— Dar apoio a Arruda era inaceitável — acrescentou.

Condenados por improbidade 
Agindo assim, o DEM acompanhou posição adotada pelo PPS anteontem. Na terça-feira, o partido foi o primeiro a anunciar que sua Direção Nacional anulava a decisão que havia sido tomada pelo diretório local do PPS de fazer parte da aliança pela candidatura do ex-governador. Além disso, o presidente nacional da legenda, deputado Roberto Freire (SP), determinou uma intervenção no diretório do DF.

Apesar de ter sido condenado em primeira instância por improbidade administrativa, Arruda recebeu no dia 24 uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em seu favor e viabilizou sua candidatura ao governo pelo PR, seu novo partido.

A aliança que havia sido firmada em torno de seu nome inclui também o líder do PTB no Senado, Gim Argello (DF), que busca a reeleição. Com a saída de DEM e PPS, Argello também perde apoio, por se tratar de uma chapa única. l

Aécio: há uma sórdida campanha de mentiras e calúnias

Erich Decat - Agência Estado

Usando sua conta numa rede social, o candidato à Presidência pelo PSDB, Aécio Neves, acusou nesta quarta-feira, 02, os "adversários" de promoverem uma "sórdida campanha de mentiras e calúnias" contra ele na internet.

"Vocês conhecem a sórdida campanha de mentiras e calúnias patrocinada pelos meus adversários contra mim, na internet. Mas, agora, eles conseguiram ser ainda mais covardes ao envolver a minha família, minha filha e minha ex-esposa, em outra mentira irresponsável, fabricada para me atingir", diz trecho do texto publicado no perfil do tucano no Facebook.

As declarações do candidato ocorreram após sua ex-mulher, Andréa Falcão, também recorrer à rede social para rebater reportagens publicadas em alguns sites que trazem um suposto bate-boca entre os dois sobre o transporte ilegal de malas de dinheiro e diamantes para o exterior.

"Divido com vocês a indignação da minha ex-esposa, Andréa, em seu Facebook, sobre o falso conteúdo que circula nas redes sociais, atribuindo a ela, entre várias mentiras, a afirmação de que eu usaria nossa filha, Gabriela, para fazer contrabando internacional de diamantes. O absurdo e a covardia dos autores dessa calúnia são exemplos de tudo o que não podemos mais aceitar na atividade política no nosso país", diz Aécio Neves. Em seguida, o tucano defende uma campanha limpa nesta eleição e um debate sobre os desafios do Brasil.

"Andam espalhando um texto totalmente mentiroso para atingir o meu ex-marido, Aécio, usando a mim e à nossa filha de forma irresponsável. É um material criminoso, que chega a dizer que eu o teria acusado de usar nossa filha para fazer contrabando de diamantes para o exterior!", diz o texto publicado no perfil de Andréa Falcão no Facebook. "O texto é tão absurdo que beira o ridículo e subestima a inteligência do leitor. Eu me admiro que pessoas supostamente ''esclarecidas'' estejam divulgando uma baixaria dessas, só explicável em função de muita má-fé", acrescenta.

A ex-mulher do tucano se refere às matérias que foram publicadas na internet nos últimos meses com títulos como "Conheça a mulher que tira o sono de Aécio Neves" e "Ex de Aécio joga ''caca'' no ventilador". "Ele levava mala de dinheiros e diamantes para Aspen". Uma parte do texto traz uma suposta discussão entre Aécio e a ex-mulher: "A área de inteligência da Receita Federal descobriu que uma integrante da inteligência da PMMG, conhecida como PM2, havia relatado uma discussão entre Aécio e Andréa Falcão, onde ela, de maneira enérgica, reclama: ''deixe minha filha fora dos seus rolos, não quero que fique utilizando ela para servir de justificativa para você fazer o que faz''". Aécio pergunta: "Que rolo?". Andréa Falcão teria respondido: "Levar estas malas de dinheiro e diamante para Aspen".

Aécio reage a envolvimento de sua filha e ex-mulher em boatos nas redes sociais

• Candidato chamou de ‘sórdida’ e ‘covarde’ postagens no Facebook relacionadas a sua família

Maria Lima – O Globo

BRASÍLIA — O candidato do PSDB a presidência Aécio Neves (MG) reagiu, nesta quarta-feira, ao envolvimento do nome de sua filha, Gabriela, de 22 anos, em ataques que teriam sido feitos por militantes ligados a seus adversários nas redes sociais. As postagens afirmam que sua ex-mulher Andrea o acusava de ter usado a filha para fazer contrabando internacional de diamantes. O candidato tucano chamou as postagens de “sórdida” e “covarde”, e também replicou em sua página no Facebook um desafabo feito por Andrea
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“Andam espalhando um texto totalmente mentiroso para atingir o meu ex-marido, Aécio, usando a mim e a nossa filha de forma irresponsável. É um material criminoso, que chega a dizer que eu o teria acusado de usar nossa filha para fazer contrabando de diamantes para o exterior! O texto é tão absurdo que beira o ridículo e subestima a inteligência do leitor. Eu me admiro que pessoas supostamente ‘esclarecidas’ estejam divulgando uma baixaria dessas, só explicável em função de muita má-fé. Aécio é um homem de bem, um grande amigo, ex- marido presente, por quem tenho um imenso carinho, assim como por toda a sua família, tão querida. É um pai apaixonado, dedicado e muito parceiro na criação e educação de nossa filha. Ela ama demais esse pai, e sabe o homem correto que ele é. Esse tipo de covardia, nos causa enorme indignação, fortalecendo ainda mais a nossa amizade e união”, diz a íntegra do texto publicado por Andrea.

Aécio chamou o boato de mais uma mentira “irresponsável”, fabricada para atingi-lo. O presidenciável disse que não se deixará abater pelas “agressivas mentiras inventadas” contra ele:

“Divido com vocês a indignação da minha ex-esposa, Andrea, em seu Facebook, sobre o falso conteúdo que circula nas redes sociais, atribuindo a ela, entre várias mentiras, a afirmação de que eu usaria nossa filha, Gabriela, para fazer contrabando internacional de diamantes. O absurdo e a covardia dos autores dessa calúnia são exemplos de tudo o que não podemos mais aceitar na atividade política no nosso país. O Brasil merece uma campanha eleitoral limpa. Os brasileiros têm o direito de conhecer a verdade sobre os candidatos. A quem interessa espalhar tanta mentira, tanta calúnia?”, rebateu Aécio.

Para crescer no NE, Campos participa de cortejo na BA

Tiago Décimo - Agência Estado

Enquanto a chapa que apoia Aécio Neves (PSDB) se esforça para fortalecer a candidatura tucana ao Planalto no Sudeste, o presidenciável do PSB, Eduardo Campos, tenta marcar presença no Nordeste, principal reduto eleitoral do PT nas últimas eleições. Na manhã desta quarta-feira, 2, Campos, acompanhado das lideranças baianas de seu partido, participou do cortejo que celebra o 2 de Julho, principal data cívica da Bahia, pelas ruas do centro de Salvador. Foi a sexta vez que ele participou de eventos públicos no Estado desde que foi anunciado como pré-candidato de seu partido à Presidência.

"Acho que (o 2 de Julho), além de ser uma festa da Bahia e do Brasil, é a única festa de independência do País que continua sendo comemorada pelo povo, sem solenidades oficiais", disse Campos sobre a celebração, que lembra a expulsão das tropas portuguesas da Bahia, em 2 de julho de 1823, e justificando sua presença, pela primeira vez, no evento. "É uma data marcante na construção da nossa nação."

Sobre a importância que se tornar mais conhecido no Nordeste tem para sua candidatura, o ex-governador de Pernambuco lembrou que a Região foi a que "deu a eleição" para a presidente Dilma Rousseff. "Desta vez, quando a população do Nordeste for escolher seu candidato, vai encontrar alguém que conhece a Região, que sabe das desigualdades, que já governou aqui e que é bem avaliado em seu Estado", argumentou.

Ele admitiu, porém, que o início da propaganda eleitoral obrigatória nas redes de TV e rádio vai ser "fundamental" para a construção de sua candidatura. "Eu sempre comecei (as campanhas) perdendo nas pesquisas e venci", analisou. "Nosso grau de conhecimento ainda é muito baixo no País. (A propaganda eleitoral) é fundamental para que a gente possa apresentar nossas ideias e nossos projetos à população. A gente quer mudar a forma de governar o Brasil." Campos não poupou críticas à distribuição de cargos do governo a partidos políticos aliados. "O Brasil está entregue aos partidos políticos - e é possível governar sem fisiologismo."

O discurso contra o fisiologismo e as associações partidárias também marcou a passagem dos dois outros presidenciáveis que participaram do cortejo, Luciana Genro (Psol) e Zé Maria (PSTU). De acordo com a candidata pelo Psol, as coligações que envolvem as principais candidaturas ao Planalto são "apenas balcões de negócios" entre partidos. "É um leilão, no qual alguns partidos vendem para os outros o tempo de TV", analisou.

De acordo com ela, para que a situação seja mudada, é preciso desvincular a duração das propagandas eleitorais das alianças partidárias. "Estamos com uma proposta nesse sentido", disse. Já o candidato pelo PSTU, Zé Maria, além de criticar o fisiologismo, disse lamentar a distância econômica entre os maiores partidos e os pequenos. "Não temos o poder econômico para disputar (as eleições)", admitiu. "As eleições são controladas pelos partidos maiores."

Confusão
Como de costume, o cortejo do 2 de julho levou uma multidão para as estreitas ruas do centro de Salvador e reuniu políticos e representantes de associações de classe de diversos setores. Todos os candidatos ao governo e ao Senado pelo Estado, além do governador, Jaques Wagner (PT), e do prefeito da capital, Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM), por exemplo, marcaram presença, desfilando em "blocos" de afinidade partidária. Também como é habitual, grupos de sindicalistas e de servidores públicos aproveitaram a ocasião para protestar. Enfermeiros e técnicos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), em greve desde ontem (terça-feira), por exemplo, levaram ao cortejo faixas cobrando "valorização" das categorias.

Todos os protestos foram pacíficos, mas foram registrados conflitos entre integrantes de grupos políticos rivais. Houve troca de xingamentos e algumas agressões entre participantes do "bloco" do governo do Estado, que reuniu o PT e os partidos aliados, e o grupo da Prefeitura, liderado por DEM, PMDB e PSDB, que é oposição ao PT na Bahia e seguia logo atrás no cortejo. A Polícia Militar teve de intervir para evitar que a briga ganhasse grande proporção.

Após a caminhada, lideranças do PT prometeram ingressar na Justiça Eleitoral contra o DEM, porque alguns militantes do partido de oposição ao governo estadual desfilaram com um adesivo colado sobre a roupa com o número da legenda (25). "Vamos notificar o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) sobre essa ilegalidade", disse o deputado Nelson Pelegrino. O presidente do PT na Bahia, Everaldo Anunciação, disse que o TRE "tem de fiscalizar e aplicar a pena devida" ao DEM.

PSB não recebe apoio em troca de cargos, diz Campos

João Pedro Pitombo – Folha de S. Paulo

SALVADOR - O candidato à Presidência da República Eduardo Campos (PSB) afirmou nesta quarta-feira (2) em Salvador (BA) que seu partido não construiu alianças nos Estados em troca de cargos.

"[Nos estados] Onde não temos candidatura própria, apoiamos pessoas que se comprometeram com o programa do PSB. Não fizemos nenhum apoio em troca de cargos, mas em torno de um programa", disse o ex-governador de Pernambuco.

Nas últimas semanas, o partido tomou decisões polêmicas ao anunciar apoio à reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo e ao senador Lindbergh Farias (PT), que disputa o governo do Rio.

Mesmo aliado dos dois partidos em diferentes Estados, Campos defendeu uma quebra da polarização entre PT e PSDB, dando início a "um novo ciclo para o Brasil". Defendeu ser possível governar "com os melhores", "sem corrupção" e "sem entregar pedaços do governo".

Antecipando o tom do discurso, Campos fez questão de reiterar três propostas que devem se consolidar como marcas de sua campanha: educação em tempo integral, redução da criminalidade e reforma tributária.

Cortejo
Campos participou do cortejo cívico da Independência da Bahia, que marca a vitória de soldados brasileiros sobre o exército português em 2 de julho de 1823.

O socialista percorreu, contudo, apenas um trecho de 350 metros entre os largos da Lapinha e Soledade, onde embarcou numa van por volta das 10h30. Ao todo, o cortejo tem cerca de 2,5 km e segue até o Pelourinho.

Vestido de branco e com um tênis verde e amarelo, Campos desfilou acompanhado pela candidata do PSB ao governo da Bahia, senadora Lídice da Mata, e pela aspirante ao Senado, a ex-corregedora do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), Eliana Calmon.

Foi assediado por militantes do partido, com quem posou para fotos, mas reconhecido por poucos baianos que participaram do desfile. Uma mulher que o cumprimentou admitiu desconhecer o candidato: "Vi que ele é político, mas não sei quem é".

Disputa eleitoral em SP está voltando a ser PSDB contra Maluf, diz Alckmin

José Marques – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Embora tenha evitado críticas aos adversários eleitorais em eventos públicos nos últimos meses, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), alfinetou seus dois concorrentes à eleição nesta quarta-feira (2), após cerimônia no Palácio dos Bandeirantes.

Em tom de brincadeira, Alckmin afirmou que a polarização de forças políticas no Estado está voltando a ser dividida entre os tucanos e os aliados do deputado Paulo Maluf (PP), ex-governador e procurado pela Interpol (polícia internacional), que o acusa da prática dos crimes de roubo, fraude e lavagem de dinheiro.

Maluf fechou apoio à chapa de Alexandre Padilha (PT) no dia 30/5 e, um mês depois, recuou da decisão e se aliou ao peemedebista Paulo Skaf na disputa ao governo.

Questionado se o crescimento da chapa de Skaf encerraria a polarização de forças entre o PSDB e o PT no Estado, o governador disse que "São Paulo sempre foi caracterizada por um quadro pluripartidário". "Se você verificar uns dez, quinze anos atrás, [a disputa] nunca foi polarizada entre PSDB e PT, mas entre PSDB e Maluf. De repente, estamos voltando", riu.

Com a afirmação, o tucano também minimiza a concorrência de Padilha, que apareceu com 3% das intenções de votos na última pesquisa Datafolha. Skaf tem 21% e Alckmin 44%.

PTB
Alckmin também afirmou que "abriu mão" do PTB na coligação eleitoral para não prejudicar o tempo de José Serra (PSDB), candidato ao Senado pela legenda.

O presidente estadual do PTB, deputado Campos Machado, disse na tarde desta terça-feira (1º) que seu partido deixou oficialmente a aliança para poder lançar candidato próprio ao Senado. Campos quer viabilizar a candidatura de sua mulher, Marlene Machado.

O desembarque do PTB ocorre porque, segundo a legislação eleitoral, se um partido quebra a coligação majoritária para lançar candidato próprio ao Senado, todos as outras legendas que compõem a aliança e têm candidato ao posto são obrigadas a lançá-lo apenas com o próprio tempo de propaganda.

Segundo Alckmin, para não prejudicar a candidatura de José Serra, Campos Machado sai "juridicamente" da coligação, mas "não mudou nada" em relação ao apoio do petebista ao governo. "Perco o tempo de televisão deles para que o candidato ao Senado não perca o tempo de todos os partidos", disse Alckmin.

O governador afirmou que não sobe no palanque de Marlene para pedir votos. "Os nossos candidatos, isso vale para o Senado e presidente da República, são o do meu partido. É o Aécio [Neves] e o [José] Serra", disse.

Aécio volta a juntar forças políticas que ajudaram a eleger FHC

Raymundo Costa e Raquel Ulhôa - Valor Econômico

BRASÍLIA - O balanço das convenções partidárias feito pelo PSDB já contabiliza o apoio do PMDB ao candidato Aécio Neves em cinco Estados. O último a aderir à campanha tucana foi o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung. Há outros três Estados em que o PMDB, partido oficialmente coligado ao PT, está junto com o PSDB e o DEM, mas o palanque é considerado "aberto" e nele cabem tanto aliados de Aécio como os da presidente Dilma Rousseff.

Desde o governo Fernando Henrique Cardoso, esta é a primeira vez que um candidato do PSDB a presidente consegue reunir um arco de apoio tão amplo. Em 1994, FHC se elegeu numa coligação com o PFL e o PTB; quatro anos mais tarde somaram-se à chapa da reeleição o PMDB e o PPB. Em mais de um ano de trabalho, Aécio conseguiu costurar suas diferenças com o PSDB de São Paulo e unir um partido que desde 2002 se apresenta dividido nas eleições presidenciais. Também atraiu seu parceiro mais tradicional, o Democratas, junto com a maioria do PSD - siglas originárias do antigo PFL.

Na reta final da campanha, Aécio rachou o PMDB. O candidato do PSDB também terá o apoios no PP, como o da senadora Ana Amélia, candidata bem situada nas pesquisas ao governo do Rio Grande do Sul, do PSC (Sergipe) e até do PCdoB, o mais tradicional aliado do PT nas eleições presidenciais, numa aliança de ocasião no Maranhão. PSDB, DEM e PMDB estão juntos com Aécio no Rio, Bahia, Espírito Santo, Ceará e Piauí. No Pará, Goiás e no Rio Grande do Norte compõem "palanques abertos".

De longe, a impressão que as alianças em torno de Aécio passa é a de uma reaglutinação das forças de oposição à direita. De perto fica evidente que se trata de uma articulação que nada tem de ideologia. No futuro, essas forças podem até servir de embrião para um partido de centro que não o PSDB, mas no momento o que elas têm em comum não é o antipetismo (muitos estavam no 'Volta, Lula'), mas a reação à mudança da tática eleitoral do PT.

Até a eleição presidencial de 2010, o PT sempre deu prioridade à disputa do poder federal. Na eleição de 2014, o objetivo evidente do partido é fincar raízes também nos maiores colégios eleitorais. Se a tática der certo, reduzirá significativamente o espaço das outras siglas, especialmente da maior delas, o PMDB.

"Rompeu-se o acordo tácito em que o PT ficava com o poder federal e o resto recebia apoio para ficar com prefeituras, Estados e deputados", diz o filósofo Marcos Nobre. "Ter candidatos competitivos em grandes Estados significa também fazer bancadas maiores, melhorar a posição do PT no Senado". A formação de grandes bancadas pode dar ao PT, nas eleições de 2014, por exemplo, o comando do Congresso, hoje controlado pelo PMDB, que detém as presidências do Senado e da Câmara.

Para conseguir reunir esse arco de apoio político, Aécio, inicialmente, teve de atrair as diversas facções do PSDB. Nas últimas eleições presidenciais, desde 2002, sobretudo nas duas candidaturas do ex-governador de São Paulo José Serra, o candidato do principal partido da oposição sequer conseguiu alinhar as próprias fileiras. Exemplo sugestivo é o da eleição de 2002, vencida por Luiz Inácio Lula da Silva.
Serra foi ungido candidato após uma feroz disputa interna com o então presidente do PSDB, Tasso Jereissati, mas logo foi abandonado pelo governo e pelo partido. Em todas as suas instâncias. O próprio Tasso declarou apoio à candidatura de seu conterrâneo e hoje adversário político Ciro Gomes, que em 2002 concorreu à Presidência pelo PPS.

Atualmente, Tasso é favorito na disputa por uma cadeira no Senado, segundo as pesquisas. Mas hesitou até o último minuto em ser candidato. O ex-senador tem um histórico cardíaco que recomenda cuidados com a saúde e uma bem sucedida carreira empresarial a ser preservada. Só virou candidato devido a um apelo pessoal de Aécio. Com ele na chapa, a candidatura do senador Eunício Oliveira (PMDB) ao governo do Ceará ganha mais musculatura - e com ela a campanha tucana, que tem como um dos objetivos dividir as forças de Dilma no Nordeste.

Quem acompanhou a campanha eleitoral de 2010 registrou que o senador José Agripino Maia (RN), presidente do DEM, não pediu votos na propaganda partidária para José Serra, muito embora o partido tivesse entrado com o candidato a vice-presidente na chapa do PSDB. Hoje, Agripino não só está cem por cento engajado na candidatura de Aécio Neves, como é o coordenador geral da campanha.

O senador atribuiu parte do mérito pelos apoios conquistados ao fato Aécio ter começado a trabalhar cedo. "Ele conversa comigo há mais de um anho", diz. E ao jeito mineiro do candidato de fazer política. "É onde entra o mérito dele, Aécio é simpaticão, é muito transado, ele foi construindo relação", diz. "Com Ana Amélia foi no Senado. Dava pra ir discutindo, acomodando, ajustando". Foi também no Senado que Aécio construiu amizade com Aloysio Nunes Ferreira, cuja escolha para vice na chapa é decisiva para a convivência do candidato com o PSDB de São Paulo.

Graças a essas conversas foi possível juntar no mesmo palanque, no Rio de Janeiro, o PMDB e o ex-prefeito Cesar Maia, o que antes parecia inconcebível. O apoio do PSB ao PT apenas precipitou a aliança, "encheu um copo que já estava quase cheio" pelo apoio de Lula à candidatura de Lindbergh Farias (PT) e pela indefinição ou estímulo de Dilma a outros candidatos. "Essas coisas foram se somando e ele administrando com maestria isso".

Em 2002 o PMDB também tinha uma aliança nacional com Serra. A dissidência pemedebista, que depois se alastrou por várias seções do partido, começou à época justamente pelo Rio de Janeiro e pelo mesmo Jorge Picciani que agora patrocina a chapa "Aezão" - a aglutinação dos nomes de Aécio com o de Luiz Fernando Pezão, candidato do PMDB ao governo do Estado.

Na Bahia, PSDB, DEM e PMDB estão juntos na candidatura de Aécio, algo também inimaginável pelo menos até o segundo turno da eleição para prefeito de Salvador, em de 2012, vencida por ACM Neto. A própria candidatura do empresário Paulo Skaf ao governo de São Paulo, apresentada pelo PMDB como simpática à presidente, encerra uma reação ao expansionismo do PT.

"Na linguagem corrente, o PT 'quer todo o poder', quer 'hegemonia', não quer 'dividir'. Claro que é difícil saber se uma tática como essa irá funcionar", diz Nobre. Segundo o filósofo, o aumento da bancada do PT na Câmara e uma diminuição da bancada do PMDB faria com que "houvesse um partido com cerca de 90 deputados e uma série de partidos médios (PMDB, PSDB, PP, PSD etc), o que representaria enorme vantagem para o PT".

O discurso de Eduardo

João Valadares – Correio Braziliense

Após o PSB firmar aliança com o PT no Rio de Janeiro e com o PSDB em São Paulo, o candidato à Presidência da República Eduardo Campos (PSB) declarou, na manhã de ontem, em Salvador, que o partido dele não costurou apoio nos estados em troca de cargos e aproveitou a ocasião para alfinetar a gestão política da presidente Dilma Rousseff. "Onde não temos candidatura própria, apoiamos pessoas que se comprometeram com o programa do PSB. Não fizemos nenhum apoio em troca de cargos, mas em torno de um programa", afirmou.

Campos voltou a falar de quebra de polarização entre o PT e PSDB e disse que é possível "governar com os melhores". Novamente, apresentou-se como o representante de "um novo ciclo para o Brasil". Declarou também que é preciso governar "sem entregar pedaços do governo". Quando chefiou o Executivo de Pernambuco, Campos tinha uma base formada por 14 partidos e alojou na administração grande parte dos aliados que o levou à vitória nas eleições de 2006 e 2010.

O candidato deixou evidente as bandeiras que deve empunhar durante a campanha eleitoral, que começa oficialmente no domingo. As três propostas são educação em tempo integral, redução da carga tributária com uma ampla reforma e combate à criminalidade.

Em Salvador, ao lado da candidata do PSB ao governo baiano, senadora Lídice da Mata, e da candidata ao Senado pela legenda, a ex-corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Eliana Calmon, Campos participou do cortejo cívico da Independência da Bahia. O evento relembra a vitória de soldados brasileiros diante do exército português em 2 de julho de 1823.

Eduardo Campos e Marina Silva protocolam pessoalmente, na tarde de hoje, o registro das candidaturas e do programa de governo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília.

Aécio defende controle de gastos em seu programa de governo

• Metas de Economia são divididas em 15 temas; arrecadação prevista é de até R$ 200 milhões

Maria Lima – O Globo

BRASÍLIA — O candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (MG), se reúne nesta quinta-feira no Rio de Janeiro com sua equipe de marketing e de programa de governo para divulgar as diretrizes do programa que será encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para o registro da chapa. Junto com as diretrizes, será apresentado um teto de gastos de até R$ 200 milhões nos primeiro e (eventual) segundo turnos da campanha. É um valor ligeiramente superior aos R$ 180 milhões apresentados como meta pelo também tucano José Serra em sua campanha à Presidência quatro anos atrás.

Sistematizado pelo ex-governador mineiro Antônio Anastasia, o documento com as diretrizes do programa de governo de Aécio terá 50 páginas divididas em oito capítulos temáticos. O capítulo da Economia terá cerca de 15 temas com medidas mais específicas, lastreadas por uma diretriz central que é a retomada dos pilares macroeconômicos — meta de inflação, câmbio flutuante e superávit primário — e controle de gastos. Essas propostas foram elaboradas pelo ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, junto com outros economistas.

Os oito capítulos temáticos se dividem entre economia, cultura, políticas sociais, segurança pública, políticas para juventude, educação, saúde, meio ambiente e sustentabilidade. Aécio disse que as diretrizes não apresentarão muitos detalhes dos programas que serão implementados. Mas já adiantou que pretende manter e aprimorar programas sociais bem sucedidos da gestão petista como o Bolsa Família, Pronatec e Prouni. Ele também vai abrir o portal do PSDB para receber propostas da sociedade.

Rediscussão da maioridade penal
Aécio pretende enfrentar temas como corte de ministérios, enxugamento da máquina pública e até mesmo a rediscussão da maioridade penal. Com forte apelo popular diante da escalada da violência, mas com resistência principalmente no PT, Anastasia costura uma proposta intermediária sobre maioridade penal, que permite a um juiz, diante da gravidade do crime e em casos de reincidência, adotar penas mais rígidas aos menores de 18 anos. Embora a proposta atenda ao clamor da sociedade pelo fim da impunidade a crimes hediondos praticados por menores, não agrada parte do Congresso e especialistas.

O eixo do programa é a construção de um novo pacto federativo que sustente uma orientação firme de Aécio para as políticas sociais e de combate à pobreza. O programa dará grande relevância ao Bolsa Família, mas integrado com outros critérios de combate a pobreza envolvendo políticas de saúde, educação, segurança e habitação, seguindo diagnósticos e o mapa de carências e renda da Pnud.

Aécio, se eleito, quer aproveitar o período de lua de mel com o Congresso para aprovar, já nos primeiros cinco meses, a reforma tributária para buscar um reequilíbrio de contas entre União, estados e municípios .

— Hoje há uma situação caótica. Os empresários estão insatisfeitos, os contribuintes estão insatisfeitos e os governos e até União também — diz Anastasia.

Merval Pereira: Baixa política

- O Globo

A reviravolta da reviravolta da bancada do PTB, que se rebelou contra a decisão da Executiva Nacional de apoiar a candidatura do senador Aécio Neves à Presidência da República e declarou voto em Dilma Rousseff, é mais uma faceta dessa farsa em que se transformou o jogo partidário brasileiro.

Ferido com o mesmo ferro com que feriu a presidente, o candidato do PSDB, assim como a incumbente em vários casos, vai somar o tempo de propaganda eleitoral do PTB, mas não terá a máquina do partido a trabalhar por ele nos estados.

Deve estar arrependido da frase que disparou no auge das traições partidárias, quando estimulou membros da base aliada a “sugarem” o mais que possam o governo federal para depois se juntarem à oposição.

Estimular esse tipo de atitude não corresponde à proposta que o tucano promete apresentar ao eleitorado, de mudança de nossos hábitos e costumes políticos. Se for para deixar tudo como está, para que mudanças?

Ao apresentar o seu programa de governo, Aécio terá oportunidade e espaço para se desfazer desse equívoco, comprometendo-se com uma reforma política que dê ao país alguma estabilidade e previsibilidade na organização partidária.

O caso do PR é exemplar do que não se deveria fazer em uma política séria, e do que se deve fazer em uma política rasteira que vigora em Brasília.

A humilhação a que foi submetida a presidente Dilma, tendo que engolir goela abaixo a recondução do grupo do PR que havia sido varrido do Ministério dos Transportes por suspeita de corrupção, e ainda ter que ceder com relação à direção do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), órgão que estava no centro das denúncias de corrupção na gestão anterior, foi um requinte de maldade extra na vingança do PR, que assim vendeu caro seu apoio à reeleição.

O general de Exército Jorge Ernesto Pinto Fraxe, que pediu afastamento “por razões pessoais”, assumira o cargo de diretor-geral do Dnit em setembro de 2011 em substituição a Luiz Antônio Pagot, que deixou o órgão em meio a denúncias de corrupção que atingiram toda a diretoria e levaram à saída do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento.

Sobre o general, contam as más línguas em Brasília uma piada que se transformou em exemplo de como a gestão no governo Dilma (não) funciona. Para parar a roubalheira no Dnit, a presidente deu carta branca ao general, que realmente estancou os problemas de superfaturamento nas obras públicas com uma decisão draconiana: não aprovava nenhum projeto, por menor que fosse. As obras não andavam, mas também não havia corrupção.

O ex-governador de Pernambuco, atual candidato à Presidência pelo PSB, reclamava muito da administração do general Fraxe, denunciando que as obras no Nordeste estavam todas paradas.

A retomada do Dnit pelo mesmo grupo do PR que havia sido enxotado de lá pela “faxineira ética”, personagem que por alguns meses Dilma representou, é um retrocesso institucional dos grandes, que reduz os partidos políticos a meros instrumentos de vantagens pessoais de grupos, e faz com que obras viárias necessárias ao país se transformem em dutos de trocas de interesses públicos em privados.

A Copa e a política
O sucesso da Copa do Mundo anda subindo à cabeça de quem não deveria. O presidente da FIFA, Joseph Blatter, resolveu gozar a cara dos opositores perguntando “onde está a ira social” prometida. O ex-presidente Lula, no mais hilário pronunciamento de todos, disse que a Inglaterra foi desclassificada porque não estava acostumada a jogar em gramados tão bons quanto os do Brasil, logo os gramados, um dos pontos negativos dos novos estádios de futebol.

E todo o governo e seu aparato midiático não esconde a euforia com o desenrolar do campeonato, claramente esperando dividendos eleitorais pela derrota dos pessimistas, como alardeia Dilma dia sim, dia não.

A pesquisa do Datafolha que sai hoje de manhã pode dar um alento aos governistas, diante do ambiente desanuviado que o país vive no momento. Mas, se não houver mudanças na popularidade da presidente, aí a coisa estará pior do que imaginam.

Jarbas de Holanda: As disputas em palanques importantes definidos no prazo final das alianças

Os três palanques eleitorais mais significativos fechados no prazo-limite para alianças foram os de São Paulo, Ceará e Minas. No primeiro, a candidatura de Paulo Skaf, do PMDB, foi beneficiada pela coligação com o PSD de Gilberto Kassab e o deslocamento em seu favor do PP de Paulo Maluf. Assim, ela reafirmou-se como contraponto viável à reeleição do tucano Geraldo Alckmin, em disputa que se tornou mais provável num 2º turno. Em detrimento da alternativa que o petista Alexandre buscava representar. 

Já no campo governista, o avanço de Skaf foi compensado pelo acerto entre Alckmin e José Serra, em torno da candidatura deste no Senado. Que parecia descartada e que fortalece a chapa majoritária do PSDB. E cria um problema para a de Skaf: uma desistência, formal ou na prática, por parte de Kassab de disputa com Serra da vaga de senador, dado o estreito relacionamento político e pessoal existente entre os dois. 

Tal disputa porá em xeque esse relacionamento, com o efeito de uma votação muito pequena para o candidato do PSD, mas mesmo assim gerando uma divisão do eleitorado antipetista com potencial de favorecer a reeleição de Eduardo Suplicy. Quanto às implicações das mudanças no quadro nacional, a fragilidade da candidatura de Padilha vai convertendo a de Skaf no palanque de que a candidata à reeleição poderá dis-por em São Paulo. O que o presidente licenciado da Fiesp não desejava com o objetivo, explicitado, de distanciar-se do desgaste do petismo. 

Por outro lado, para Aécio Neves, a candidatura de Serra ao Senado, por ele defendida, de par com a escolha de Aloysio Nunes como companheiro de chapa, propiciam reforço da unidade do PSDB e de sua candidatura no maior colégio eleitoral do país.

Favorecida pela manutenção de ampla superioridade de tempo de propaganda “gratuita” na campanha do 1º turno (com a perda do PTB estancada pela intervenção direta de Lula para segurar o PSD e o PR), a campanha de Dilma poderá ter perdas significativas, em relação à de 2010, nos principais estados do Nordeste – Bahia, Pernambuco e Ceará. 

Na Bahia, pela relação especial dela com o governador Jacques Wagner, que empurrou o PMDB de Geddel Vieira para uma composição com o PSDB, o DEM, o PTB e o PPS em torno das candidaturas de Aécio a presidente, de Paulo Souto a governador e do próprio Geddel para o Senado. 

Em Pernambuco, como resultado do choque da chefe do governo com Eduardo Campos, este rompeu com o Palácio do Planalto e tornou-se candidato anti-Dilma, que deverá arrastar a maioria do eleitorado estadual. 

A terceira intervenção da presidente no encaminhamento de alianças do Nordeste processou-se no Ceará, com base em sua aposta no grupo Cid/Ciro Gomes. Que terminou provocando o deslocamento do candidato a governador do PMDB, Eunício Oliveira, para uma composição – formalizada sábado último – com o tucano Tasso Jereissati e a montagem de expressivo palanque para Aécio. 

Tais perdas no Nordeste (agravadas pelos bons palanques de Aécio e Campos em outros estados da região) precisam ser compensadas por votação bem maior do que a recebida por Dilma em 2010 nos estados do Centro-Sul. Entre os quais o de Minas. Onde, igualmente nos últimos dias, foi revertido em sério desgaste sofrido pela campanha de Aécio: a decisão da cúpula do PSB, forçada pela esquerda da legenda, do lançamento de candidatura a governador contra o PSDB, foi esvaziada pela postura da principal liderança do partido, o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, acompanhado dos demais prefeitos e deputados estaduais pessebistas, de engajamento com a candidatura presidencial de Aécio e a de Pimenta da Veiga, para governador.

A Copa e a economia
Passado o forte risco de desclassificação do time do Brasil contra o Chile no último sábado, a expectativa de conquista do hexa pela nossa seleção segue como tema maior da mídia, envolvida em grandes contratos comerciais, que dis-tanciam o grosso da população de preocupações políticas – ate que ocorra tal conquista, ou sem ela, neste caso com ampla frustração social. 

Enquanto isso, vão piorando os indicadores e as projeções sobre o comportamento da economia este ano. Cenário resumido em editorial da Folha de S. Paulo, de domingo, com o título “Fim da fantasia” e o destaque: “Estagnação econômica solapa últimas ilusões da administração Dilma Rousseff e governo se apega a discurso de progresso social”. E o Pibinho à vista ganhou mais um indicador bastante negativo, divulgado hoje cedo pelo IBGE. A produção industrial recuou em maio, pelo terceiro mês seguido, 0,6% na comparação com abril e 3,2% quando comparada à do mesmo período de 2013. De janeiro a maio deste ano o índice acumula queda de 1,6%. Com o efeito de uma perda, só em maio, de quase 30 mil empregos no setor industrial.

Jarbas de Holanda é jornalista

Dora Kramer: Inimiga da perfeição

- O Estado de S. Paulo

A Copa do Mundo está aí mesmo para comprovar o óbvio: o prazo de validade das previsões, das catastróficas às mais otimistas, é ditado pelos fatos.

De onde não se deve brigar com eles, quando se impõem, nem por isso é aconselhável menosprezar os dados do presente como indicadores de um provável cenário futuro.

No caso do Mundial, os improvisos, os atrasos, os gastos, o histórico de maus serviços públicos e o clima adverso não apontavam para o desfecho que a realidade agradavelmente tratou de desmentir.

A expectativa tem dessas coisas. Acontece na política também. Em 5 de outubro de 2013, um sábado, o então ainda governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e a ex-senadora Marina Silva, anunciaram uma aliança que na época foi interpretada como o grande lance dessa eleição.

Um gesto capaz de mudar todo o cenário, romper a polarização entre PT e PSDB. Juntando a experiência política e a boa avaliação administrativa de Campos ao capital de votos e simbolismo de Marina, a aparência era mesmo daquilo a que se chamou de "golpe de mestre".

O alvoroço e a inquietação tomaram conta das hostes petistas e tucanas. Uma das pesquisas próximas ao anúncio da aliança parecia confirmar a expectativa positiva.

Mas, logo os índices voltaram a cair, os problemas a se mostrarem maiores que as soluções e a festejada união perdeu o elã, dando lugar a um leve sabor de frustração.

Isso quer dizer que esteja fadada ao fracasso? Tal resposta só quem tem são os fatos, aqueles senhores absolutos do prazo de validade das previsões.

Falando neles, fato é que o efeito transformador do cenário não aconteceu. Ao menos até agora.

No oficial, os parceiros não falam em arrependimento. No paralelo, porém, ressaltam que a pressa e o improviso na formação da aliança não foram bons conselheiros.

A posição de vestal de Marina afugentou potenciais aliados de Eduardo Campos e a posição dela como coadjuvante não entusiasmou na mesma proporção aquele eleitorado de 2010. Dizendo de modo mais direto: a aliança não rendeu (ainda?) aquilo que se esperava.

Culpa de Marina Silva, que só cria problemas? O PSB tende a considerar que sim, mas se a gente olhar direitinho vai ver que apesar de todas as exigências a vontade dela não prevaleceu nas decisões do partido nos três maiores colégios eleitorais, São Paulo, Minas e Rio.

Responsabilidade de Campos, que poupa o ex-presidente Lula de críticas e com isso dá a impressão de que ainda possa se aliar ao PT?

Talvez, mas isso não tem nada a ver com a aliança e sim com as razões dele que até o momento não estão claras quais são.

Senhor da razão. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse ontem que a presidente Dilma Rousseff escolherá o substituto de Joaquim Barbosa no "momento certo".

Tendo em vista a imprevisibilidade do resultado da eleição, é complicada a decisão sobre qual seria esse momento. Em tese a presidente não tem, como alega o ministro, o tempo que "for necessário".

Se deixar para depois e for derrotada ou o PT perde a chance de nomear mais um ministro do STF ou Dilma fará uma nomeação sem legitimidade para tal. Caso ganhe, aí sim será senhora do tempo.

Avalistas. A gente percebe a dimensão da influência da economia nessa campanha eleitoral quando dois pretendentes a governantes apresentam como avalistas dois ex-presidentes do Banco Central com alto capital de confiabilidade.

Aécio Neves para onde vai leva Armínio Fraga a tiracolo. Paulo Skaf mal recebeu o apoio do PSD e já anunciou Henrique Meirelles secretário de Fazenda, caso vença a eleição em São Paulo.

José Aníbal: O dever da tolerância

- Blog do Noblat

Escrevi semanalmente neste blog, sempre às quartas-feiras, desde 12 de março de 2013. Neste período pude experimentar a tal “cachaça” de que falam os jornalistas. Escrever é tão estimulante quanto ler. Principalmente numa democracia como a nossa, vibrante, anárquica, cheia de excessos e lacunas.

Desde então, reservei as noites de quarta para espiar como o artigo se saiu e os comentários que os leitores do Noblat deixaram para mim. Falar sobre o cotidiano do país assim, com assiduidade, posicionamento e exposto ao contraditório (e ao ataque), não é fácil. Habituados a certa inviolabilidade, políticos raramente têm a possibilidade de saber o que dizem e o que pensam de suas ideias. Muitos não querem nem saber.

O mais interessante, no entanto, é observar que há no noticiário um nervo oculto que, por algum motivo, desperta o interesse de todo tipo de gente, interfere nas percepções coletivas e causa nas pessoas a necessidade de falar – o que sai daí tem sentidos dos mais variados. A utopia democrática é juntar essa diversidade com absoluta tolerância de uns para com os outros. Espaços como este blog, onde a praticamos, precisam ser preservados.

Foi justo no aperfeiçoamento democrático e no dever da tolerância onde Dilma, ao meu ver, mais deixou a desejar como presidente da República – mais do que pelo evidente populismo que marca seu governo ou no desleixo com a coisa pública. Dilma deu guarida aos guerrilheiros do achincalhe político, aos sequestradores de reputação, aos que usam o Estado para perseguir, intimidar e difamar adversários. Justo ela.

Como é de conhecimento público, o enredo que imputa a mim desvios que jamais cometi foi forjado dentro do Ministério da Justiça. Arranjado por um deputado petista, o documento apócrifo foi vazado com a chancela do Cade e plantado na Polícia Federal, clandestinamente, pelo ministro José Eduardo Cardozo. O protocolo de entrada do documento na PF não existe. O PT tentou sujar meu nome e usou a estrutura do Estado para espalhar o boato. Semana passada, a oitiva, voluntária, das testemunhas, desmoralizou as calúnias do bandido delator protegido pelos petistas.

Não é de se estranhar que os mesmos que sustentam, acobertam e tiram proveito político dessas desonras defendem ardorosamente o “controle social” da mídia e produzem listas negras de jornalistas. A imprensa comprada, obviamente, os idolatra. Dilma, vértice desta edificação, contribuiu, com sua permissividade, para corrosão dos costumes políticos que ora observamos. Não construiu instituições nem reforçou os anteparos democráticos. Não foi estadista.

Quanto a mim, continuo entusiasta da democracia pois, entre outras vantagens, ela se encarrega da própria depuração. Para isso, é fundamental que, mesmo discordando, todos sejam livres para falar. A verdade e justiça são irreprimíveis. Basta que não nos intimidemos. Agradeço ao Noblat e aos leitores pela generosidade da troca democrática. Tanto os que gostaram como os demais. Que bom que vocês leram. Eu li o que vocês escreveram.

José Aníbal é deputado federal (PSDB-SP).

Luiz Carlos Azedo - O sol na peneira

• A Lei da Anistia é um pacto pela democracia, mas os familiares dos desaparecidos têm o direito de saber toda a verdade sobre o que aconteceu com os entes queridos

- Correio Braziliense

Coube a Aureliano Chaves, então vice-presidente da República, o primeiro alerta de que o regime militar estava entrando num beco sem saída. Ao fazer o balanço de perdas e danos das eleições de 1978 — mesmo com a antiga Arena elegendo maior número de deputados e senadores (quase um terço dos quais "biônicos") graças às mudanças nas regras do jogo impostas pelo chamado Pacote de Abril de 1977 —, o político mineiro disse, com todas as letras, que "não adiantava tapar o sol com a peneira": o antigo MDB, de oposição consentida, obtivera no pleito cerca de 15,18 milhões de votos, contra 10 milhões do partido governista.

No ano seguinte, começou a lenta transição à democracia, com a aprovação da Lei da Anistia, em 1979, que proporcionou a volta dos exilados — entre eles, o trabalhista Leonel Brizola, o socialista Miguel Arraes e o líder comunista Luís Carlos Prestes, nenhum dos quais chegou ao poder — e a libertação dos presos políticos. Fora um acordo entre as forças políticas no Congresso, onde já havia uma maioria favorável à redemocratização do país, embora isso não se expressasse claramente porque estava instalada a disputa que desaguaria na campanha das Diretas, Já e na eleição de Tancredo Neves, em 1985, no colégio eleitoral.

Deu-se início, então, a uma transição pactuada entre os políticos e os militares, com avanços e recuos, na qual a chamada anistia recíproca foi uma espécie de salvo-conduto tanto para os agentes dos órgãos de segurança responsáveis por torturas e assassinatos quanto para os ex-militantes da luta armada que haviam praticado assaltos a mão armada, sequestros de diplomatas e alguns crimes de morte.

Esse pacto é considerado "imexível" pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas é questionado por familiares dos oposicionistas desaparecidos e vítimas de tortura sempre que uma informação nova confirma a suspeita de que houve assassinatos e tortura em dependências militares ou em instalações clandestinas à disposição dos órgãos de repressão. Depoimentos de vítimas e documentos oficiais que surgem por caminhos mais diversos, como, por exemplo, os arquivos do Cenimar em poder da Comissão da Verdade, vão compondo um mosaico de informações que colocam em xeque o posicionamento oficial a respeito de assunto tão delicado.

Documentos oficiais
Recentemente, por exemplo, as Forças Armadas silenciaram sobre os assassinatos e casos de tortura ocorridos em suas unidades durante a ditadura militar (1964-1985) em investigação interna realizada a pedido da Comissão Nacional da Verdade. Exército, Marinha e Aeronáutica afirmaram que não houve desvio de finalidade nas unidades e que as sete instalações citadas no pedido de investigação funcionaram no período de acordo com a legislação vigente à época. É aí que vem ao caso a frase de Aureliano Chaves: estão tapando o sol com a peneira.

Ontem, a Comissão da Verdade divulgou os documentos que recebeu do Departamento de Estado, órgão governamental responsável pelas relações externas dos EUA, e que foram enviados em 20 de junho. Segundo a comissão, 18 desses documentos se tornaram acessíveis em 19 de maio deste ano, e os outros 25, entre 2005 e 2009.Sem o caráter sigiloso, é permitido a qualquer cidadão no país acessá-los. Basta um pedido, feito por meio da Lei de Liberdade à Informação, encaminhado ao Departamento de Estado.

O compartilhamento dessas informações fora anunciado pelo vice-presidente dos EUA, Joe Biden, durante visita a Brasília, na qual se encontrou com a presidente Dilma Rousseff. Os documentos estão na rede a podem ser consultados por qualquer pessoa. Mostram que houve, sim, tortura e morte em quartéis de nossas Forças Armadas. Em tempo: estou entre os que defendem o respeito à Lei da Anistia, um pacto pela democracia, cuja essência é o perdão a todos aqueles que cometeram crimes durante o regime militar, mesmo os de sangue. Os familiares dos desaparecidos, porém, têm o direito de saber toda a verdade sobre o que aconteceu com os entes queridos.

Renato Andrade: Aliado encolhido

- Folha de S. Paulo

A definição de uma chapa puro-sangue para disputar as eleições presidenciais de outubro revela um problema que o PSDB enfrenta há tempos: o gradual processo de definhamento de seu aliado de todas as horas, o DEM.

O partido que garantiu o vice da chapa dos tucanos desde a vitória de Fernando Henrique Cardoso em 1994 --exceto na corrida de 2002-- perdeu tanta musculatura que não conseguiu apresentar agora um nome sequer para encarar ao lado de Aécio Neves a disputa que começa oficialmente neste domingo (6).

O esfacelamento do extinto PFL de ACM, Jorge Bornhausen e companhia pode ser descrito em números.

Na eleição de 1998, quando FHC e Marco Maciel garantiram mais quatro anos no Palácio do Planalto, o partido conseguiu eleger uma bancada de 105 deputados, superando até mesmo os tucanos, que lideravam a chapa presidencial.

A partir daí, o partido foi se enfraquecendo paulatinamente.

Fez 84 deputados em 2002, garantiu 65 cadeiras na Câmara na eleição seguinte e saiu das urnas em 2010 com apenas 43 eleitos.

Atualmente, essa bancada está reduzida a 28 nomes, resultado das defecções de vários congressistas para legendas como o PSD do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab.

Concorde-se ou não com as bandeiras defendidas pela legenda, o esfarelamento do DEM não representa apenas uma perda para o partido. É um problema para a oposição, elemento fundamental da cena política.

Assim como na economia, concorrência faz bem a todos os envolvidos: força o poderoso da vez a não vacilar e deixa para o "consumidor" uma opção de mudança, caso ele não esteja mais satisfeito com o que está sendo oferecido pelo líder das prateleiras.

Se Dilma for reeleita, possivelmente caberá ao PSDB fazer esse papel sozinho, até porque não se sabe que tipo de oposição o PSB fará, se é que fará, se também for derrotado.

Demétrio Magnoli: A narrativa ausente

• PSDB desperdiçou seus anos de oposição sem fazer a defesado legado de FH, propiciando a cristalização da fala petista

- O Globo

‘Decifra-me ou devoro-te!” O eco do desafio mitológico da esfinge de Tebas acompanha a divulgação das sondagens eleitorais. Na etapa final da campanha, não existem enigmas difíceis: a trajetória das intenções de voto diz tudo o que importa. Contudo, nas etapas prévias, o panorama é mais complexo. Os analistas têm destacado as informações sobre a vontade de mudança do eleitorado e os índices de rejeição da presidente que busca a reeleição. São dados relevantes na equação, mas não deveriam obscurecer um outro, que configura um paradoxo: o crescimento das intenções de voto nos candidatos de oposição continua longe de refletir a vontade majoritária de mudança. Se não interpretarem corretamente o paradoxo, os oposicionistas oferecerão a Dilma Rousseff um triunfo que ela não pode obter por suas próprias forças.

Publicamente, o PSDB e o PSB asseguram que o crescimento das candidaturas de Aécio Neves e Eduardo Campos é só uma questão de tempo — ou seja, de exposição no horário eleitoral. Na hipótese benigna, eles não acreditam nisso, mas falam para animar suas bases. A hipótese maligna é que se refugiam no pensamento mágico, acalentando o sonho de uma vitória por default. De um modo ou de outro, parecem longe de admitir o que as sondagens eleitorais insistem em demonstrar: ambos carecem de uma narrativa política capaz de traduzir o desejo majoritário de mudança.

A candidatura de Eduardo Campos sofre de um mal de origem. O ex-governador de Pernambuco era, até ontem, um “companheiro de viagem” do lulismo, e sua vice, Marina Silva, fez carreira política no PT, ainda que sua dissidência já tenha uma história. Desse mal, decorre um frágil discurso eleitoral: a “terceira via”, ao menos na versão de Campos, é um elogio do “lulismo sem Dilma”. O discurso viola a verdade política, pois o governo Dilma representa, em todos os sentidos, o prolongamento dos mandatos de Lula. De mais a mais, é inverossímil, pois o eleitorado aprendeu que “Lula é Dilma” e “Dilma é Lula”.

A candidatura de Aécio Neves sofre de um mal distinto, evidenciado nas campanhas presidenciais de Geraldo Alckmin, em 2006, e de José Serra, em 2010: o PSDB não sabe explicar o motivo pelo qual quer governar o país. Oito anos atrás, Alckmin apostou suas chances na tecla da denúncia de corrupção. Há quatro anos, Serra investiu nas suas qualidades pessoais (a “experiência”) e no tema da “gestão eficiente”. A despolitização do discurso dos tucanos refletiu-se na apagada atuação parlamentar de Aécio, que nem sequer tentou transformar sua tribuna no Senado em polo de difusão de uma mensagem oposicionista. Não é fortuito que, a essa altura da corrida presidencial, suas intenções de voto permaneçam tão abaixo dos índices de rejeição à candidatura de Dilma.

O PSDB tem algo a aprender com o PT. Nos seus anos de oposição, o PT construiu uma narrativa sobre o governo e a sociedade que, mesmo se mistificadora, sintetizava uma crítica fundamental às políticas de FH e indicava um rumo de mudança. Naquele tempo, o PT dizia que os tucanos governavam para a elite, acentuavam as desigualdades sociais e, no programa de privatizações, queimavam o patrimônio público no altar dos negócios privados. O PSDB desperdiçou seus anos de oposição sem fazer a defesa do legado de FH, propiciando a cristalização da narrativa petista. Consequência disso, não formulou uma crítica de conjunto aos governos lulopetistas, limitando-se a aguardar que, num passe de mágica, o poder retornasse às suas mãos. Agora, Aécio só triunfará se produzir, em escassos meses, a narrativa que seu partido não elaborou ao longo de 12 anos.

Lula disse, várias vezes, e com razão, que “os ricos nunca ganharam tanto dinheiro como nos seus governos”. O PT governa para a elite, subsidiando pesadamente o grande capital privado enquanto distribui migalhas do banquete para os pobres, a fim de comprar seus votos. O contraste entre os valores envolvidos no Bolsa Empresário e os dispêndios no Bolsa Família contam uma história sobre o lulismo que o PSDB ocultou enquanto fingia fazer oposição. Terá Aécio a coragem de expô-la, mesmo às custas de desagradar ao alto empresariado?

Nos três mandatos do lulopetismo, o governo promoveu o consumo de bens privados, descuidando-se da geração de bens públicos. Os manifestantes de junho de 2013 foram rotulados pelo PT como “despolitizados” por apontarem essa contradição, levantando as bandeiras da educação e da saúde (“escolas e hospitais padrão Fifa”). No fundo, as multidões que ocuparam as ruas até serem expulsas pelos vândalos e depredadores estavam tomando uma posição sobre as funções do Estado. Terá Aécio a lucidez de reacender esse debate, do qual o PSDB foge sempre que o PT menciona a palavra “privatização”?

O sistema político do país vive um longo outono, putrefazendo-se diante de todos. A “solução” oferecida pelo PT é uma reforma política que acentuaria seus piores aspectos, junto com a rendição do Congresso à pressão dos “conselhos participativos”. Mas a raiz da crise crônica está fora do sistema político: encontra-se na própria administração pública, aberta de par em par à colonização pelos partidos políticos. Aécio promete operar uma cirurgia puramente simbólica, reduzindo o número de ministérios. Terá ele a ousadia de, desafiando o conjunto da elite política, propor um corte profundo, radical, no número de cargos públicos de livre indicação?

Ano passado, ouvi de uma assessora econômica tucana a profecia de que, antes do fim da Copa, um colapso econômico provocado pela inversão da política monetária americana decidiria a eleição presidencial brasileira. Era um sintoma da persistência do pensamento mágico que hipnotiza o PSDB desde a ascensão de Lula à presidência. Não: o Planalto não cairá no colo de Aécio. Para triunfar, ele precisa oferecer ao país uma narrativa política coerente.

Demétrio Magnoli é sociólogo

*Roberto Macedo: O real no seu 20º aniversário

- O Estado de S. Paulo

Em face do que representa para a economia brasileira, o Plano Real merece comemorações nos dois dias que marcam os aniversários do que trouxe de bom. A primeira, do lançamento do plano, em 1.º de março de 1994, quando nasceu a Unidade Real de Valor (URV), de vida curta e morte anunciada. A segunda, do surgimento do real como papel-moeda, em 1.º de julho do mesmo ano, quando a URV expirou.

Em torno do último dia 1.º vieram vários artigos e depoimentos sobre o real neste aniversário, abordando vários de seus aspectos. Entre estes, a muito menor taxa de inflação que veio com ele e seu impacto muito favorável sobre os rendimentos dos mais pobres, os que mais sofriam o efeito corrosivo da fortíssima inflação sobre o seu dinheiro. E as dificuldades diante da necessidade de um controle mais firme da inflação, em particular a indisciplina que marca as contas públicas federais.

Vou tocar em outros dois aspectos. Começarei por mostrar como o padrão monetário brasileiro se degenerou por décadas antes do real. Em seguida argumentarei que o extenso período de elevadíssima inflação e de luta pela estabilização do valor da moeda moldou uma geração de economistas e um conjunto de políticas econômicas muito focados nessa estabilização, negligenciando um igualmente indispensável empenho no desenvolvimento econômico do País.

Quanto ao primeiro tema, foram oito (!) os padrões monetários que a partir de 1.º de novembro de 1942 marcaram a fase posterior ao mil-réis: cruzeiro, cruzeiro novo, novamente o cruzeiro, cruzado, cruzado novo, outra vez o cruzeiro, cruzeiro real e real. E por quatro (!) vezes um novo padrão foi introduzido cortando-se três zeros do anterior, começando com 1.000 réis = Cr$ 1. Na época do cruzeiro novo, entre 1967 e 1970, não houve nem emissão de novas notas, usando-se as mesmas do padrão anterior depois de carimbadas com o corte de três zeros.

O cruzado novo veio em 1989 com o corte de três zeros, mas já no ano seguinte surgiu outro cruzeiro, sem esse corte e que durou até 1993. Entre esses dois anos, porém, a inflação foi tanta que surgiu uma nota de Cr$ 500.000 (!) com a efígie de Mário de Andrade. Este, entre outras obras, escreveu Macunaíma, o "herói sem caráter". Mais para vilão, o nosso padrão monetário também não tinha caráter.

O primeiro cruzeiro começou em 1942, estampado com vultos históricos como Cabral, Duque de Caxias, Pedro I e outros. Getúlio Vargas, então ditador, ditou que também deveria ser mostrado. Mais à frente vieram expoentes da pintura, música e literatura. E na nota de valor imediatamente inferior (Cr$ 100.000) à que "homenageou" Mário de Andrade, um ninho de beija-flores. As duas últimas notas antes do real tiveram figuras folclóricas, uma baiana na nota de CR$ 50.000 e um gaúcho noutra de um décimo desse valor, ou CR$ 5.000, o que virou motivo de piadas e mostra a falta de cuidados em escolhas como essa.

É ver para crer. Essas notas e todas as demais desde o primeiro cruzeiro estão no portal do Banco Central (www.bcb.gov.br/?PADMONET). O que ali se vê é trágico e serve para assustar e prevenir quanto a um retorno ao passado pré-real. Este conseguiu reverter a história quando chegou. Já dura mais que todos os padrões que vieram após o cruzeiro de 1942, que chegou perto de 25 anos. Com mais cinco o real vai ultrapassá-lo.

Passando ao outro tema, quando comecei a estudar Economia, em meados dos anos 1960, no Brasil o tema de maior interesse da área era o desenvolvimento econômico. Dados de contas nacionais passaram a evidenciar, com o produto interno bruto (PIB) por habitante, as enormes diferenças entre países ricos e pobres. Após a 2.ª Guerra Mundial e até a década de 1970, o do Brasil cresceu bastante, mas sobreveio forte inflação que prejudicou o País. Em meados dos anos 1980, ela escapou do controle. E se tornou a preocupação central de economistas acadêmicos e de gestores da política econômica.

Com isso ganhou realce a disciplina Macroeconomia, cujos livros focam mais no propósito de estabilizar a economia. Em geral oriundos dos EUA, esses manuais costumam deixar o crescimento econômico numa posição secundária, recebendo apenas a atenção de uns poucos capítulos ao final.

Nos EUA isso é compreensível, porque já é um país desenvolvido. Aqui não se pode aceitar que as questões ligadas ao desenvolvimento econômico sejam também postas em segundo plano, pois ele é tão primordial quanto a estabilização. Saindo do economês, um avião tem muitos mecanismos para estabilização do seu voo, mas sem motores não voará. No Brasil é escassa a atenção dada aos motores da economia, em particular o investimento na expansão da sua capacidade produtiva.

Outro fator a moldar esse quadro é a grande influência exercida pelo mercado financeiro, cujas instituições hoje dispõem de grandes departamentos econômicos e economistas bem treinados, a fornecer enorme quantidade de informações que tomam grande espaço na mídia. Mas a preocupação central dessas instituições é gerir seus ativos, como ao ficarem de olho nas taxas de juros e para saberem se o governo vai pagar direitinho sua dívida com o mesmo mercado. O desenvolvimento econômico e outras questões de horizonte mais longo ficam, se tanto, na margem do alcance de seus radares.

Mais especificamente, o debate sobre a política macroeconômica é muito centrado no curto prazo e no chamado tripé, formado pelas políticas de metas da inflação, de contas públicas bem administradas, em particular seus déficits e dívidas, para não causar turbulências financeiras, e de taxa de câmbio flutuante, para atenuar desequilíbrios do setor externo. Uma luneta com zoom precisa apoiar-se nesse tripé para acomodar a visão de um País economicamente maior e também mais desenvolvido noutras dimensões e num futuro que não seja tão longínquo como que hoje se contempla.

*Economista (UFMG, USP e HARVARD)

Brasília-DF - Denise Rothenburg

- Correio Braziliense

Estremecidos
A Copa do Mundo praticamente uniu o Brasil em favor da Seleção, mas foi insuficiente para reatar as relações entre os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Renan acusou essa semana Henrique de "se sentar em cima" da indicação de Bruno Dantas para ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).

Entre os senadores peemedebistas, há a suspeita de que essa "segurada" foi proposital e feita a pedido do governo. Existe uma tentativa de emplacar nessa vaga outros nomes, como o da ministra da Secretaria de Direito das Mulheres, Ideli Salvatti, do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ou do Advogado Geral da União, Luís Adams. Como não foi votado até agora, a perspectiva é de que a Casa só avalie depois das eleições.

Vargas na repescagem
Com a audiência pública de ontem no Conselho de Ética, o processo contra o deputado André Vargas (sem partido-PR) promete ter algum sucesso de votação até o fim do ano ou em pleno período eleitoral. Há quem diga que, se os deputados estiverem com dificuldades de eleição em seus estados, são bem capazes de vir a Brasília num esforço concentrado apenas para mostrar serviço e dizer que não compactuam com malfeitos.

Casquinha eleitoral
Os deputados petistas se revezaram nos microfones da Câmara e do Senado para mostrar que a "Copa do governo Dilma" está bombando. Reservadamente, entretanto, há quem diga que, se Dilma estivesse defendido mais a Copa do Mundo lá atrás, quando as dúvidas sobre a capacidade de o Brasil realizar esse belo evento eram imensas, ela teria faturado muito mais. Agora, o efeito político poderá ser menor.

Aposta tucana
O PSDB de São Paulo reza dia e noite para que Alexandre Padilha, do PT, tire votos de Paulo Skaf (PMDB) na corrida pelo governo estadual. Em caso de segundo turno, os principais aliados do governador-candidato, Geraldo Alckmin, acham mais fácil vencer Padilha do que Skaf.

Pressão serrista
Os aliados de José Serra lutavam até o último minuto de ontem para fazer com que Gilberto Kassab desistisse de concorrer ao Senado e ainda reclamavam que Geraldo Alckmin não havia conseguido tirar dona Marlene, esposa de Campos Machado, da disputa pela mesma vaga. As bicadas no ninho do PSDB em São Paulo parecem mesmo não ter fim. Quando alguém pensa que pacificou, vem outra crise.

O salvador/ O deputado Paulo Pereira da Silva (SDD) passou no gabinete do candidato Aécio Neves no Senado apenas para cumprimentá-lo pela escolha de Aloysio Nunes Ferreira como candidato a vice na chapa tucana à Presidência da República. Por sorte, lá estava o senador paulista: "Você me tirou muito da cadeia nos tempos da ditadura, até duas vezes num dia", disse o deputado, que, a amigos, completou depois: "Agora, ele vai nos ajudar a tirar a Dilma do governo".

Guerra em duas frentes/ Enquanto a presidente licenciada da Confederação Nacional da Agricultura Kátia Abreu luta pela renovação de seu mandato de senadora por Tocantins, o empresário Rui Prado concorre ao Senado pelo Mato Grosso de olho na CNA. Ele se licenciou da presidência da Federação de Agricultura do estado, Famato. Depois da eleição, ele e Kátia vão se enfrentar.

Se a moda pega.../ O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço (foto), aprovou um pedido para que todos os candidatos a presidente da República compareçam à comissão em dias diferentes para expor seus planos em relação à política externa brasileira. Quer assim dar algum conteúdo maior ao debate eleitoral.

... Vai faltar horário/ Se as outras comissões decidirem fazer o mesmo, tanto no Senado quanto na Câmara, vai faltar espaço para tanto debate no Congresso Nacional.

Por falar em horário.../ Será que José Dirceu vai trabalhar no dia do jogo do Brasil? Mandem suas apostas para o twitter @denirothenburg.

Diário do Poder – Cláudio Humberto

Jornal do Commercio (PE)

• Com tantos implicados, PT aposta em pizza na CPI
É tão expressivo o número de políticos citados na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, cujos autos foram disponibilizados à CPI Mista da Petrobras, que o PT agora aposta no desinteresse dos próprios partidos em aprofundar investigações. Dirigentes petistas alegam que, por se tratar de uma CPMI ampla e “sem foco”, os partidos dificilmente vão trazer à tona denúncias que os prejudiquem em pleno ano eleitoral.

• Desinteresse
A 13a Vara Federal de Curitiba permitiu acesso ao processo, que corre em segredo de justiça. Mas a turma CPI, a rigor, nem quer saber disso.

• Material, tem
A CPI Mista da Petrobras recebeu provas colhidas nas investigações, e dados bancários e interceptações telefônicas de Paulo Roberto Costa.

• Peixes grandes
Além de políticos, investigações da Operação Lava Jato pegaram os chefões de grandes empreiteiras, todas no topo das doações eleitorais.

• Que CPMI?
Os políticos e os empreiteiros que os financiam celebram a Copa do Mundo, que despachou a CPMI da Petrobras para plano secundário.

• PE: até petista ‘esquece’ Dilma e cola em Lula
A exemplo do candidato ao governo de Pernambuco, Armando Monteiro (PTB), que tem apoio do PT e só encomendou peças publicitárias ao lado de Lula, também o candidato petista ao Senado, João Paulo, ignora solenemente a presidenta Dilma em sua propaganda de campanha. Até no jingle. A musiquinha, em ritmo de frevo, jura que “João Paulo é de Lula, é do povo”, e não cita Dilma.

• O prato que comeram
Tanto Armando Monteiro quanto o petista João Paulo passaram seus mandatos de senador e deputado na cordão do “beija-mão” a Dilma.

• Metade
Eleito em 2010 com mais de 1 milhão de votos, o deputado Tiririca (PR) será reeleito com pelo menos 500 mil votos, este ano, em São Paulo.

• Mais um
O PR sugeriu para substituir o general Jorge Fraxe, na direção-geral do DNIT: Anderson Ribeiro, ex-superintendente do órgão em Goiás e DF.

• DF livre da miséria
O Distrito Federal agora é território livre da fome e da extrema pobreza. Hoje, menos de 3% de sua população tem renda inferior a R$ 140 per capita, superando tecnicamente os parâmetros fixados pela ONU.

• Alô, Receita
Além de US$3 milhões para jogadores, o jatinho do presidente de Gana trouxe ao Brasil US$ 1,5 milhão “não contabilizados” para 122 pessoas, entre seguranças, aspones e até amantes, segundo a imprensa local.

• Terceirona
Com o desempenho pífio de Alexandre Padilha (PT) nas pesquisas, o presidente do Solidariedade, sindicalista e deputado Paulo Pereira (SP) acha que, em São Paulo, a presidenta Dilma ficará atrás não apenas do tucano Aécio Neves, como também de Eduardo Campos (PSB).

• Pra frente, Brasil
Cinquenta anos depois da ditadura que a vitimou, Dilma apelou ao patriotismo dos brasileiros para incentivar a Seleção. Na Copa de 1970, ela diz que torceu pelo Brasil, mesmo trancafiada pela ditadura Médici.

• O barato do cara
O deputado André Vargas (ex-PT-PR) gastou R$ 7 mil em verba parlamentar desde abril, quando se afastou para ser julgado pela comissão de ética do partido. De R$ 508 chegou a R$ 4,3 mil em junho.

• Brasil 2022
O secretário-geral da Fifa, Jerôme Walcke, admite o Mundial de Clubes 2017. Estádios não faltam. E, assim como o México sediou as copas de 1970 e 1986, o Brasil pode se habilitar a substituir o Catar, em 2022.

• Compensação
Há servidores federais que não querem nada com coisa nenhuma, mas também há muitos que dão duro e ainda cumprem a portaria que os obriga a compensar as horas de liberação para curtir jogos da Copa.

• Quem resolve
Dirigentes do PCdoB pediram à presidenta Dilma uma solução na briga dos candidatos ao Senado Inácio Arruda (CE) e Edvaldo Nogueira (SE). Ela repassou a bola para Aloizio Mercadante.

• Ê, vidão
Em meio à vagabundagem geral, só seis comissões da Câmara dos Deputados, do total de 22, tiveram quórum para funcionar, ontem.