Combate ao crime exige respeito à evidência
empírica
O Globo
É lamentável desprezo às câmaras em fardas e
louvável iniciativa que reverteu a proliferação de armas
No combate à violência,
governos não deveriam abrir mão de políticas públicas de sucesso comprovado. É
o caso das câmeras acopladas a uniformes de policiais, estratégia usada com
bons resultados no exterior e em pelo menos oito estados brasileiros. Não só
para reduzir as mortes causadas pela polícia, mas também para proteger os
próprios agentes de acusações infundadas, dando mais transparência às ações
contra o crime.
Infelizmente o governador paulista, Tarcísio de
Freitas (Republicanos), tem desprezado os avanços do programa
implantado em gestões anteriores. Afirmou que não investirá em novas câmaras
nas fardas, sob a alegação de que não oferecem segurança ao cidadão. Ora, os
números mostram que, entre 2019 e 2022, seu uso contribuiu para reduzir em
76,2% os civis mortos em operações policiais (nos quartéis onde não eram
usadas, a queda foi de 33,3%). Diversas pesquisas científicas corroboram a
eficácia da política.
A incoerência fica maior quando se observam os números atuais. No ano passado, primeiro do governo Tarcísio, os civis mortos por PMs em serviço aumentaram 34%, para 333, de acordo com levantamento do portal g1 com base nos dados do Ministério Público. No ano anterior, haviam sido 248, patamar mais baixo já registrado.