Governo federal tem dever de enfrentar o
crime
O Globo
Ministério da Segurança é necessário para o
Brasil poder desbaratar facções criminosas de alcance transnacional
Se algo une hoje o Brasil, é a sensação de
insegurança. Cotidianamente o país é sacudido por assassinatos, latrocínios,
estupros, feminicídios, sequestros, roubos, furtos e uma profusão de golpes que
deixam marcas profundas. Sai governo, entra governo, a situação pouco muda.
Avanços e retrocessos costumam acontecer menos como resultado de políticas
públicas e mais em razão dos armistícios entre as quadrilhas do crime
organizado que amedrontam a população indefesa. A violência se
mantém em patamares vergonhosos.
De acordo com a última comparação internacional disponível, o Estudo Global sobre Homicídios 2023, divulgado neste mês pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC), o Brasil registrou 22,4 homicídios intencionais por 100 mil habitantes em 2021, quase quatro vezes a média mundial (5,8 por 100 mil). A taxa supera a média das Américas (15 por 100 mil) e da África (12,7 por 100 mil), as regiões mais violentas. De 458 mil homicídios computados no mundo em 2021, 10,4% aconteceram no Brasil, país que reúne 2,5% da população global. No ano passado, foram 47.400 assassinatos, segundo o Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). A cada hora, pelo menos cinco brasileiros foram mortos. Os estupros chegaram perto de 75 mil, mais de 200 por dia. Mais de 22 mil crianças sofreram maus-tratos. Mesmo os crimes de menor gravidade expuseram números exorbitantes: houve quase 1 milhão de furtos ou roubos de celulares e 1,8 milhão de estelionatos. Não se pode achar normal essa calamidade.