quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

OPINIÃO DO DIA – Roberto Freire

O partido entendeu que deveria tomar uma decisão agora. Não é definição de apoio formal a uma candidatura, até porque ainda não há candidatos. Mas é um indicativo importante e de um reencontro histórico com os socialistas, entre duas vertentes que hoje se situam no campo da esquerda democrática. A ampla maioria do partido considera que este momento é crucial.

Roberto Freire, em entrevista na TV. Estadão, 10 de dezembro de 2013

STF julga doações e abre conflito com o Congresso

Por Juliano Basile, Maíra Magro, Raquel Ulhôa e Yvna Sousa

BRASÍLIA - O julgamento, hoje, no Supremo Tribunal Federal, de ação da OAB contrária à lei que permite doações de empresas a partidos e candidatos pode provocar um novo confronto entre o STF e o Congresso. Para a OAB, a lei é inconstitucional. Pelo menos 4 dos 11 ministros do Supremo já fizeram declarações contra as doações e estão inclinados a votar nesse sentido: o presidente e o vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Marco Aurélio Mello e José Antonio Dias Toffoli, e os dois últimos presidentes daquela Corte, Cármen Lúcia Antunes Rocha e Ricardo Lewandowski.
Caso essa tendência prevaleça e o STF derrube as doações de empresas privadas para políticos, o Tribunal deve abrir uma crise em seu relacionamento com o Congresso, que considera descabida a interferência do Judiciário na decisão tomada pelo Legislativo.

O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), disse que uma eventual declaração de inconstitucionalidade das doações significaria a revogação da legislação em vigor e, na prática, tornaria inviável a realização das próximas eleições ou incentivaria o "financiamento clandestino" das campanhas dos candidatos.

Segundo o senador Aécio Neves (PSDB-MG), a interferência do Supremo na matéria é um "ativismo político" que poderá estimular o uso de caixa dois nas eleições. Aécio disse que o importante não é proibir as doações mas, sim, promover a "transparência absoluta" no financiamento das campanhas eleitorais, para que se saiba "quem doou e para quem doou".

Uma nova contabilização feita pelo Tribunal Superior Eleitoral mostra que os gastos de campanha, nas últimas eleições municipais, somaram R$ 6 bilhões. E os setores que lideram a lista de contribuições são os que mais fazem contratos com órgãos públicos. A construção civil contribuiu com R$ 638,5 milhões, quase o dobro do segundo colocado, a indústria de transformação, com R$ 329,8 milhões. O terceiro lugar é do comércio, com R$ 311,7 milhões. O setor financeiro doou R$ 109,1 milhões.

As grandes empresas doadoras distribuem suas contribuições pelos mais diversos partidos políticos, mas o principal destinatário é o Partido dos Trabalhadores.

Fonte: Valor Econômico

Partidos criticam Supremo por julgar doações eleitorais

Tribunal vai colocar em pauta ação movida pela OAB que quer proibir os pagamentos de empresas para partidos e candidatos.

Débora Álvares, Daiene Cardoso

BRASÍLIA - A possibilidade de o Supremo Tribunal Federal declarar hoje inconstitucional o financiamento privado de campanhas eleitorais desencadeou no Congresso uma nova onda de ataques à Corte. A crítica geral é que o Judiciário avança sobre temas que deveriam ser deliberados exclusivamente pelo Legislativo.

Ontem, o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB e provável candidato à sucessão presidencial em 2014, disse desaprovar o "ativismo político" do STF. "Não gosto muito desse ativismo político do Supremo. E, nas vezes em que decidiu, não decidiu a favor, infelizmente, do aperfeiçoamento do processo político brasileiro. Foi assim no final da cláusula de desempenho, a chamada cláusula de barreira lá atrás, foi assim quando permite a portabilidade do tempo de televisão e da parcela do fundo partidário quando o parlamentar migra para um novo partido", disse o tucano, que defendeu mais transparência nas doações para evitar o caixa 2 de campanha.

O primeiro item da pauta do STF é uma Ação Direta de Inconstitucionalidade proposta pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que pretende não só proibir doações de pessoas jurídicas a partidos políticos, mas também estabelecer novos limites para as doações de pessoas físicas tanto a campanhas quanto às legendas.

Pelas regras atuais, tanto empresas quanto cidadãos podem fazer doações a candidatos ou aos partidos políticos, respeitando determinados limites: 10% dos rendimentos brutos no ano anterior à eleição para pessoas físicas e 2% do faturamento bruto para as jurídicas. A relatoria do processo no Supremo é do ministro Luiz Fux.

Causa única. As críticas ao ativismo do STF uniu partidos com posições distintas sobre o assunto. PSDB, assim como PMDB, PP e DEM, é favorável à manutenção do financiamento privado. Outros partidos, como PT, PC do B, PDT e PSB, defendem o financiamento público. Mas avaliam que não caberia ao Supremo decidir sobre o tema. "Esse é um assunto que cabe ao Congresso legislar", disse o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE).

O líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI), disse estar preocupado com as consequências desse julgamento no STF. "Considerar o modelo atual de financiamento inconstitucional vai deixar uma brecha jurídica. Se não for isso, o que fica no lugar?", questionou o senador petista. Para o PMDB, o Supremo pressiona o Congresso, mas nem assim os resultados são significativos. "Há quantos anos tentamos aprovar uma reforma política?", disse o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE).

Para o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), uma decisão do Supremo pela inconstitucionalidade das doações de empresas para campanhas tornaria ilegítima a eleição da atual legislatura. "Fomos eleitos por esse processo." Eunício completou: "Sem financiamento não tem eleição. Hoje não existe financiamento público. Se proibir as doações de pessoa jurídica, ficamos sem recursos".

O presidente nacional da OAB, Marcus Vinícius Furtado Coêlho, que falará hoje no Supremo a favor da ação, acredita que a votação de uma reforma política será um "efeito colateral" da possível declaração de inconstitucionalidade pelo STF.

"Hoje existe uma inércia que será vencida e terá que haver uma concentração de esforços para a reforma política", destacou o presidente da OAB.

Coêlho rebateu o argumento de parlamentares de que o Supremo, ao julgar a matéria, estaria legislando em assunto restrito ao Legislativo. "Na ação, solicitamos que o Supremo possa modular os efeitos e atribuir prazo para que o Congresso legisle sobre as lacunas", explicou o presidente da OAB.

Colaborou Eduardo Bresciani

Fonte: O Estado de S. Paulo

STF já tem 4 votos contra doação de empresas

Por Juliano Basile e Maíra Magro

BRASÍLIA - Ao menos quatro dos onze ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) já se posicionaram publicamente contra o financiamento empresarial de campanhas políticas - e estão inclinados a votar dessa forma hoje, quando a Corte, comandada pelo ministro Joaquim Barbosa, começa a julgar a ação movida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pedindo o fim de doação de empresas aos candidatos e partidos.

São o presidente e o vice do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os ministros Marco Aurélio Mello e José Antonio Dias Toffoli, e os dois últimos presidentes daquela Corte, Cármen Lúcia Antunes Rocha e Ricardo Lewandowski. Todos já fizeram declarações públicas criticando o atual sistema de financiamento de campanhas.

Caso essa tendência prevaleça e o STF derrube as doações de empresas privadas para políticos, o tribunal deve entrar em crise com o Congresso. Os ministros da Corte teriam ainda que decidir se o fim das doações valeria já para as eleições de 2014 ou apenas a partir de 2016.

Uma saída para esse impasse já foi levada ao STF por integrantes da OAB. A solução seria o tribunal declarar que as doações de empresas são inconstitucionais, mas dar aos parlamentares um prazo de 24 meses para que eles possam regulamentar a questão. Com isso, o espaço para decidir sobre as contribuições de campanha não seria totalmente retirado dos parlamentares.

A OAB também pediu na ação que os ministros determinem ao Congresso a fixação de um limite para a contribuição de pessoas físicas. Hoje, a doação de pessoas físicas está limitada a 10% da renda. Para o presidente da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coelho, a regra permite que quem tem mais dinheiro influa mais no resultado das eleições. "A lei prevê uma participação censitária das pessoas. Quem tem mais renda participa mais. Isso contraria o princípio democrático básico pelo qual cada cidadão tem direito a um voto", afirmou.

Na ação enviada ao STF, a OAB não sugeriu um teto, mas, em seu projeto de reforma política, propõe um limite de R$ 700 para as doações eleitorais de pessoas físicas. Para o presidente da entidade, o julgamento que começa hoje pode deflagrar a aprovação de uma reforma política no Congresso. "O Brasil vive uma inércia em relação a esse tema. Um julgamento favorável pode quebrar essa inércia", disse.

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as doações na última campanha eleitoral, em 2012, ultrapassaram R$ 6 bilhões e foram feitas, em sua maioria, por empresas que costumam fazer contratos com órgãos públicos.

O setor de construção civil liderou a lista de doadores de 2012 com R$ 638,5 milhões em contribuições. Em seguida, está a indústria de transformação, com R$ 329,8 milhões, o comércio, com R$ 311,7 milhões, e os bancos, as empresas de seguros e as demais prestadoras de serviços financeiros, com R$ 109,1 milhões.

Apesar de as maiores doadoras de campanha espalharem as suas contribuições pelos mais diversos partidos políticos, o líder em contribuições é o PT. Primeira empresa na lista do TSE, a Construtora Andrade Gutierrez contribuiu com R$ 81,1 milhões divididos em 19 diretórios nacionais de diversos partidos, além de seis estaduais. A maior cota ficou com o PT: R$ 21,4 milhões. A segunda foi do PMDB, com R$ 15,8 milhões, e a terceira foi do PSDB, R$ 12,8 milhões. A única doação a candidato da construtora foi para o atual prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), mas o valor é pífio: R$ 800.

A segunda empresa na lista é a Queiroz Galvão, com R$ 52,1 milhões, e ela também seguiu padrão semelhante ao da Andrade Gutierrez, com 13 doações a diretórios nacionais de diferentes partidos e o PT na liderança, com R$ 15,1 milhões do total.

A Construtora OAS é a terceira, com R$ 44 milhões, espalhados por diversos diretórios nacionais, estaduais e comitês financeiros partidários, entre os quais o PT é novamente o líder, com R$ 8,1 milhões. Além de doar aos diretórios, a OAS contribuiu com diversas candidaturas individuais e o mais beneficiado foi o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, com R$ 1 milhão. O candidato tucano em São Paulo, José Serra, aparece na lista da OAS com R$ 750 mil, depois de Nelson Pellegrino (PT), que foi derrotado em Salvador e obteve R$ 850 mil. A OAS também aparece na lista do TSE com outro CNPJ através do qual doou mais R$ 6,75 milhões. Na divisão desse montante, o PT novamente está na dianteira, com R$ 1,75 milhão em contribuições, seguido do Diretório de São Paulo do PSDB, com R$ 1,55 milhão.

A lista do TSE é feita através do CPF e do CNPJ dos doadores. Algumas empresas trabalham com mais de um CNPJ para efetuar as contribuições. Por CNPJ, a liderança na lista é dos partidos políticos através de contribuições que são chamadas na Justiça Eleitoral de "ocultas", pois permitem às legendas cobrir eventuais rombos nas contas de candidatos. O PT aparece em primeiro, com doações de R$ 214,9 milhões. A segunda maior doação foi do PMDB: R$ 121 milhões. A terceira é do PSDB e totaliza R$ 84,3 milhões. As doações dos partidos foram distribuídas para vários comitês e candidaturas locais. No caso do PT, a maior contribuição do montante de R$ 214,9 milhões foi dada para o Comitê Financeiro Único de São Paulo: R$ 28,6 milhões. A segunda foi para Patrus Ananias, o candidato derrotado à Prefeitura de Belo Horizonte, e equivale a R$ 12 milhões. A terceira foi para a campanha do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e totalizou R$ 13,7 milhões.

Como os partidos também trabalham com mais de um CNPJ - usando um para o diretório nacional e outros para os comitês locais, as contribuições das legendas são ainda maiores dos que esses três valores iniciais do PT, do PMDB e do PSDB. Além de estar na primeira posição da lista, o PT também está na 16ª, onde, com outro CNPJ, aparece com doação de R$ 26,9 milhões. O PSDB, que está em terceiro com um CNPJ, também aparece em 10º com outro (doação de R$ 34,1 milhões). O PMDB, que está em segundo na lista, também surge em 18º, com contribuição de R$ 24,1 milhões.

A maior doação individual feita na campanha de 2012 é de uma possível "laranja". Segundo a lista feita pelo TSE, Debora Apparecida Medina doou R$ 12 milhões para Claudinei Cardoso, candidato do PCdoB, em Belford Roxo (RJ). O Valor localizou uma professora com esse nome naquela cidade, mas ela negou ser a autora da doação. "Com certeza, isso é um engano. Eu sou professora", afirmou. Questionada se teria sido usada como "laranja", ela se negou a responder, desligando o telefone.

Fonte: Valor Econômico

Em jantar em SP, Aécio sofre cobrança de ambientalistas

Grupo de Líderes do setor testa posições do tucano em relação ao ambiente e pretende repetir a dose com Dilma e Campos.

Pedro Venceslau

Depois de participar de diversos jantares e encontros com ruralistas nas últimas semanas, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), provável candidato tucano à Presidência em 2014, tenta agora se aproximar dos ambientalistas. O primeiro passo desse movimento foi a presença de Aécio em um jantar fechado com 60 lideranças do setor, anteontem, em São Paulo.

Organizado pelo ex-deputado federal Fábio Feldman e pelo ex-ministro do Meio Ambiente de Fernando Henrique Cardoso José Carlos Carvalho, o evento foi marcado por cobranças duras ao tucano. O senador foi questionado pelo fato de Minas Gerais ter sido o Estado campeão de desmatamentos em 2013, ouviu críticas sobre a postura da bancada do PSDB durante o debate do Código Florestal e recebeu pedidos para que os tucanos retomassem as bandeiras ambientais dos tempos da fundação do partido.

Participaram do jantar, entre outros, Ricardo Vilela, diretor do banco Itaú, Roberto Klabin e Mário Mantovani, da SOS Mata Atlântica, Walter Lazzarini Filho, presidente do Conselho Superior de Meio Ambiente (Cosema) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), e Marina Grossi, do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).

Posição. Os presentes cobraram, por exemplo, uma posição clara do PSDB e de Aécio sobre o projeto de lei que determina a reabertura da Estrada Caminhos do Colono no Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, em tramitação no Congresso. Ex-chefe de gabinete de FHC e ex-secretário de Estado do Meio Ambiente de São Paulo (2007-2010), Xico Graziano foi escalado para fazer a defesa dos tucanos. Graziano exaltou o programa carbono zero, que consiste em compensar a emissão do gás carbônico por meio de ações como o reflorestamento, implantado em Minas.

Em sua intervenção, Aécio defendeu um novo ciclo para a política ambiental no País. "Não adianta só punir. Tem que fiscalizar, sim, mas também incentivar." O senador ressaltou em sua fala a "transversalidade" do tema, já que, segundo ele, sustentabilidade e o meio ambiente devem nortear o planejamento de todas as ações de governo.

Também no jantar, o deputado estadual Daniel Coelho (PSDB-PE) foi apresentado como o responsável pelas propostas ambientais do programa de governo de Aécio, que será apresentado no dia 17, em Brasília. Ele também organizará outros eventos do tucano com entidades e lideranças ambientalistas.

Aprendizado. "Desde 1989 nós apresentamos uma agenda para os candidatos. Estamos aprendendo que ela não pode ser muito genérica", disse Feldman, que é advogado, já passou por PSDB e PV e atualmente está sem partido. Ele contou que pretende promover, depois do carnaval, um jantar com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, também provável candidato ao Planalto pelo PSB.

A presidente Dilma Rousseff também será convidada para outro jantar. A iniciativa dos ambientalistas foi uma resposta à articulação em curso dos ruralistas junto aos presidenciáveis.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Aécio flerta com ambientalistas, ouve críticas e promete mudança

Tucano diz que tema ambiental não traz voto, mas é 'estratégico'

Marina Dias

SÃO PAULO - O senador mineiro Aécio Neves (PSDB) iniciou anteontem rodada de conversas com ambientalistas, grupo historicamente ligado à ex-senadora Marina Silva (PSB), aliada de Eduardo Campos em uma das chapas de oposição para 2014.

Provável candidato tucano à Presidência, o senador participou de um jantar na zona oeste da capital paulista com cerca de 40 ambientalistas.

Aécio ouviu duras críticas quanto à postura da bancada de deputados federais do PSDB, que apoiou os ruralistas na votação do Código Florestal. Diante das reclamações, comprometeu-se a mudar o discurso do partido.

"Vou resgatar a visão do PSDB como uma sigla que se preocupa com a sustentabilidade", disse.

O senador afirmou ainda ter consciência de que o tema não traz votos, mas que a discussão é "estratégica para fazer do Brasil um país desenvolvido".

Foi Xico Graziano, diretor do iFHC (Instituto Fernando Henrique Cardoso), quem interveio mais enfaticamente sobre a ligação entre ruralistas e o PSDB.

"É preciso parar de olhar pelo retrovisor", disse ele, que citou a aprovação do Código Florestal como "assunto superado" (os ambientalistas foram contra a norma).

Aécio comprometeu-se a abrir uma agenda de trabalho com o grupo, mas ouviu de alguns dos presentes que esse tipo de encontro não tem efeito prático e que é necessário mudar a abordagem do tema nas campanhas eleitorais, com ligação do meio ambiente a políticas integradas.

A crítica mais direta, quanto ao posicionamento dos tucanos em relação à sustentabilidade, foi feita no discurso de Mário Mantovani, representante da Fundação SOS Mata Atlântica e um dos doze convidados que fizeram intervenções no jantar que durou cerca de três horas.

Organizado por Fabio Feldmann, ex-secretário de Meio Ambiente de São Paulo, e José Carlos Carvalho, ex-ministro do Meio Ambiente de FHC, o encontro contou com representantes de instituições como Greenpeace, WWF Brasil e CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável).

Fonte: Folha de S. Paulo

Mensalão - Dirceu pode passar ao regime aberto em 2015

Ex-ministro terá esse direito se STF aceitar os embargos infringentes

Carolina Brígido

BRASÍLIA - Se o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitar os embargos infringentes apresentados por condenados do mensalão, personagens centrais do esquema que já estão presos poderão ir para casa a partir de 2014. É o caso do ex-deputado José Genoino (PT-SP) e do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, que estão no regime semiaberto e poderão passar ao regime aberto no ano que vem. A parte final da pena deverá ser cumprida em prisão domiciliar.

Ganhando no STF, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que também está no semiaberto, vai mudar para o regime aberto em 10 de março de 2015, seis dias antes de seu 69^ aniversário. Em julho de 2016, Dirceu terá direito ao livramento condicional. Mas, caso as condenações contestadas sejam mantidas, as penas serão aumentadas. A de Dirceu, por exemplo, voltará a ser de dez anos e dez meses de prisão. Nessa hipótese, ele será transferido ao regime fechado, O semiaberto só voltará a ser um direito do ex-ministro em 2015. Os cálculos foram feitos pela Vara de Execução Penal (VEP) do Distrito Federal.

Se Genoino perder no embargo, sua pena subirá para seis anos e 11 meses de prisão. Mesmo assim, ele ainda poderá ter direito ao regime aberto em 2014. Mas, no caso de Delúbio, a derrota elevará a pena para oito anos e 11 meses de prisão. Nessa hipótese, ele será transferido ao regime fechado e só terá direito a progressão para o semiaberto em 2015.

O ex-deputado federal Bispo Rodrigues (PL-RJ), o ex-deputado estadual Romeu Queiroz (PTB-MG) e o ex-tesoureiro do PL (atual PR) Jacinto Lamas também terão o direito de passar para o regime aberto em 2014, se obtiverem vitória com I os embargos infringentes. A progressão I do regime ocorre depois de cumprido um sexto da pena. Na data indicada, o juiz analisará se o detento tem bom comportamento e pode usufruir do benefício.

Reconhecidos os embargos infringentes, a pena de Dirceu termina por completo em outubro de 2021. A condicional de Genoino será em junho de 2015 e a de Delúbio, em fevereiro de 2016.

No regime semiaberto, o detento tem o direito de sair para trabalhar durante o dia e voltar para a cadeia à noite. Para ; isso, o preso precisa receber uma proposta de trabalho, que será analisada pelo juiz da VEP — que poderá ou não I concordar com o emprego. No regime I aberto, é preciso se apresentar em uma casa do albergado no fim do dia e nos finais de semana. Como em Brasília não existe esse tipo de instituição, a praxe é mandar os condenados para a prisão domiciliar Cabe ao juiz da VEP determinar as condições do regime.

A situação de quem está no regime fechado é mais complicada. A maior pena do mensalão foi dada ao operador do esquema, Marcos Valério. Ele ficará em regime fechado até fevereiro de 2020, quando terá direito ao semiaberto. Em maio de 2026, Valério terá direito ao livramento condicional. A pena de Valério só termina em abril de 2051. A ex-dona do Banco Rural Kátia Rabello está no regime fechado. Ela vai para o semiaberto em abril de 2016, se tiver bom comportamento. A condicional dela será em setembro de 2018. O fim da pena, em abril de 2028.

Fonte: O Globo

Mensalão - João Paulo Cunha descarta renunciar

Deputado petista condenado lança revista com sua versão sobre mensalão

Fernanda Krakovics

BRASÍLIA - Condenado por lavagem de dinheiro, corrupção passiva e peculato (desvio de dinheiro público) no processo do mensalão, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) lançará hoje, na Câmara, uma revista intitulada "A verdade, nada mais do que a verdade sobre a Ação Penal 470" Na sequência, fará um discurso, em plenário, para se defender e questionar o resultado do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). O petista disse que não pretende aproveitar a ocasião para renunciar ao mandato.

— Eu? Se vou me defender, por que vou renunciar ao mandato? — indagou o deputado.

Ele foi condenado a nove anos e quatro meses de prisão e começará a cumprir a pena em regime fechado. Seu pedido de prisão ainda não foi expedido porque ele teve recursos aceitos pelo STF.

João Paulo foi condenado por receber R$ 50 mil, em 2003, quando era presidente da Câmara, para beneficiar agência de publicidade de Marcos Valério, operador do mensalão, em contratos com a Casa.

De acordo com resenha divulgada pela liderança do PT na Câmara, a revista editada por João Paulo aborda "de forma técnica" no formato de perguntas e respostas, os episódios julgados pelo STF e denunciados pela Procuradoria Geral da República. Ainda de acordo com a resenha, a publicação traz certidões de órgãos como o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Divisão de Perícias da Polícia Federal para embasar a versão do deputado.

Já presos em decorrência do julgamento do mensalão, José Genoino (PT-SP) e Valdemar Costa Neto (PR-SP) renunciaram aos mandatos de deputado para evitar o desgaste de um processo de cassação.

Fonte: O Globo

Em livro, PT faz homenagem a petistas condenados

BRASÍLIA - O PT fez ontem homenagem ao ex-deputado José Genoino (PT-SP), que está em prisão domiciliar, e ao deputado João Paulo Cunha (PT-SP), ambos condenados no julgamento do mensalão. Eles são citados no livro "Lideranças do PT na Câmara, Trajetórias e Lutas, 1980 a 2013" de Athos Pereira, ex-funcionário da liderança da sigla na Câmara, e que foi lançado ontem, em solenidade na Casa. A publicação é recheada de ataques à imprensa e ao Supremo Tribunal Federal.

— Às vezes a História nos prega peças. Neste ano, foram duas. A primeira foi nos ter privado para sempre da presença física de (Marcelo) Déda. A segunda é a que nos tirou do Parlamento um dos mais brilhantes parlamentares que este país já teve e que agora está privado de sua liberdade — disse o presidente do PT, Rui Falcão.

Antes dos discursos, foram exibidos dois vídeos em homenagem a Genoino e Déda, governador de Sergipe morto semana passada vítima de um câncer. Apesar de estar na Câmara, João Paulo não foi ao evento.

Fonte: O Globo

Campos quer ensino superior no MCT

Por Murillo Camarotto

RECIFE - O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), ainda não assumiu publicamente a candidatura ao Palácio do Planalto, mas trabalha arduamente na costura de alianças, apoios e na confecção do programa de governo que pretende apresentar ao país no ano que vem. Na área da Educação, protagonista em qualquer campanha eleitoral, o pernambucano já tem algumas diretrizes, entre elas a transferência, para o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), da gestão do ensino superior, hoje a cargo do Ministério da Educação. A ideia é separar as gestões do ensino básico e fundamental do ensino superior com vistas a aproximar este último de pesquisa, desenvolvimento e inovação, bem como buscar maior clareza orçamentária na administração desses dois campos educacionais.

Na viagem que fez à Europa, mês passado, Campos gastou boa parte do tempo de voo folheando e discutindo "Propostas para o Governo 2015/2018", livro organizado pelos economistas Fabio Giambiagi e Claudio Porto, lançado recentemente. Entre os artigos publicados está outra proposta considerada pelo presidenciável do PSB para a Educação, que consiste em aumentar volume de recursos "carimbados" para a área.

"Dinheiro carimbado para a Educação está no coração de Eduardo Campos", disse um dos principais articuladores da candidatura presidencial do PSB. A mesma fonte revelou que, eleito presidente, Campos pretende transferir para o MCT, ocupado por ele próprio entre 2004 e 2005, a gestão do ensino superior. A proposta original, segundo apurou o Valor, é do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), primeiro ministro da Educação no governo Lula e grande entusiasta da candidatura Campos.

Interlocutor privilegiado do governador, o economista pernambucano Alexandre Rands assina o artigo "Políticas de Desenvolvimento Regional no Contexto do Desafio da Competitividade", publicado no livro de Giambiagi e Porto. Nele, Rands defende a tese de que as desigualdades regionais são explicadas pela defasagem de capital humano das regiões mais pobres em relação às mais abastadas. Eliminada esta disparidade, sustenta, a desigualdade sócio-econômica recua sensivelmente.

Neste ínterim, o economista defende que o gasto por aluno dos ensinos básico e pré-escolar das regiões Norte e Nordeste seja equiparado ao do Sudeste, o que, nas suas contas, custaria em torno de R$ 11 bilhões por ano. Uma das possibilidades, segundo Rands, é que essa quantia seja carimbada dentro do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) destinado às regiões Norte e Nordeste, ou seja, não haveria a necessidade de dinheiro novo.

"O ponto essencial do que proponho é mover para a educação - com foco na melhoria da qualidade - recursos que hoje vão para o apoio à máquina das prefeituras. Além disso, quanto menos mexer nos instrumentos atuais, melhor", explicou o economista, assumidamente cético quanto à capacidade de gestão de recursos da maioria dos municípios brasileiros.

Coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, o cientista político Daniel Cara avalia que as duas propostas são positivas, mas agregam pouco.

O deslocamento do ensino superior para o MCT, segundo ele, já foi experimentado de forma semelhante - e sem grande êxito - em outros países. O especialista concorda, entretanto, que é preciso melhorar a interlocução entre as pastas da Educação e da Ciência e Tecnologia. "Devia haver uma relação mais contínua, mas não é preciso trocar de ministério para que o governo federal dê maior atenção à educação básica", diz.

A mesma lógica se aplica à proposta de aumentar a fatia de recursos do FPE e FPM carimbados para a Educação. Segundo o cientista político, o governo federal precisa injetar dinheiro novo - cerca de R$ 46 bilhões anuais - no ensino básico para elevar e equiparar o gasto por aluno de todas as regiões. "Não adianta mexer no dinheiro que já vai para Estados e municípios sem aumentar a participação da União", diz o especialista.

O fundo é abastecido com recursos de Estados e municípios, inclusive com 20% das receitas do FPE e do FPM. Também entram no Fundeb 20% da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), entre outros. A União apenas compensa Estados e cidades cujas receitas próprias não possibilitem o investimento mínimo exigido por aluno. "O governo federal tem que colocar dinheiro novo. Isso, sim, seria novidade", diz Daniel Cara.

Além de Alexandre Rands, o livro organizado por Giambiagi reúne sugestões de economistas de diversas vertentes, como Bernard Appy, Elena Landau e Maílson da Nobrega, entre outros. Na contracapa, comentários dos presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos. Para o pernambucano, as questões abordadas estarão na ordem do dia durante segunda metade desta década.

Fonte: Valor Econômico

PMDB reage contra veto do Planalto

Após decisão do Executivo contrária ao Orçamento impositivo, presidente da Câmara acelera trâmite de propostas que desagradam ao governo.

João Domingos

BRASÍLIA - O PMDB começou ontem a retaliar o Palácio do Planalto por sua decisão, anunciada na véspera, de vetar a aprovação do pagamento obrigatório de emendas parlamentares em 2014, o chamado Orçamento impositivo.

Principal defensor da proposta, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), autorizou a criação de uma comissão especial destinada a debater a proposta de emenda constitucional (PEC) que altera o rito de demarcação de terras indígenas. Momentos antes, ele tratou do assunto com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que deixou claro que o governo é contrário à proposta.

Também ontem Henrique Alves anunciou que faria andar outra PEC que aumenta os repasses do governo federal para o Fundo de Participação dos Municípios (FPM). O governo é contrário à liberação de mais dinheiro para os municípios, sob o argumento de que tal iniciativa vai solapar os recursos da União. "Não dá para aumentar o FPM", respondeu o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP).

Preocupados com possíveis efeitos da crise na relação nacional entre PT e PMDB, o vice-presidente da República, Michel Temer, e a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, decidiram que irão se reunir ainda nesta semana.

Isso porque uma terceira ideia de retaliação por parte dos peemedebistas é não votar o Orçamento da União para o ano que vem. Temer chegou a marcar uma reunião com os líderes , partidários para tentar acalmar os ânimos na Câmara. Mas a decisão dele vazou. Como a presidente Dilma Rousseff estava fora de Brasília, o vice preferiu cancelar o encontro. Ele entendeu que não poderia fazer a reunião sem que a presidente soubesse de antemão.

A movimentação de Alves, apoiada pela bancada peemedebista da Câmara, ocorreu porque os aliados se sentiram diretamente atingidos pelo anúncio do veto ao Orçamento impositivo feito na segunda-feira por Ideli e pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Elas informaram que o governo vetará a determinação contida na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de obrigatoriedade no pagamento das emendas.

O problema é que o PMDB considera que, sem as emendas para abastecerem suas bases eleitorais municipais, ficará em desvantagem em relação ao PT na eleição para a Câmara de Deputados no ano que vem. "Sem a garantia de nossas emendas podemos levar um banho na eleição, porque o PT só tem ministérios bons. Seus candidatos poderão se apresentar nos municípios como autores das emendas dos ministérios que comandam e nós não", disse o deputado Lúcio Vieira Lima, vice-líder do PMDB.

Alves também criticou a atitude do governo. Ele viu no anúncio uma tentativa de impedir que ele tente a reeleição ao cargo em 2015. "Não há razão para esse veto, que vai frustrar e tensionar toda a Câmara dos Deputados." Para Alves, o Orçamento impositivo é uma bandeira da Casa e não dá para o Congresso viver à espera da liberação das emendas dos parlamentares, por parte do governo, como se fosse um favor, como ocorre hoje.

Colaborou Daiene Cardoso

Fonte: O Estado de S. Paulo

Prefeitos protestam na Câmara, por Fundo de Participação maior

Ricardo Delia Coletta

BRASÍLIA - Dezenas de prefeitos ligados à Confederação Nacional dos Municípios realizaram ontem um protesto por mais recursos no Salão Verde da Câmara dos Deputados. Liderado pelo presidente da entidade, Paulo Ziulkoski, o grupo defende diversos projetos municipalistas que tramitam no Congresso - entre eles o que destina adicional de 2% ao Fundo de Participação dos Municípios e o que altera o fator de reajuste do piso nacional do magistério.

Segundo o presidente da confederação, as prefeituras do País estão "ingovernáveis" - situação que creditou a ações do governo e do Congresso. "Os prefeitos não têm condições de pagar seus funcionários. A Câmara está se omitindo de votar projetos importantíssimos", protestou Ziulkoski.

Em seguida os prefeitos seguiram para o Auditório Nereu Ramos, também na Câmara. Uma das queixas da entidade é de que o governo, ao promover desonerações do IPI, reduz a parte destinada às prefeituras, via Fundo de Participação dos Municípios. "A Câmara e o Senado têm que parar de votar direitos para o cidadão sem mostrar de onde o dinheiro vai sair", concluiu.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Prefeitos fazem manifestação na Câmara

BRASÍLIA - Cerca de 300 prefeitos e vice-prefeitos invadiram o Salão Verde da Câmara na tarde de ontem para forçar um encontro com o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Eles reivindicam a aprovação de projetos que garantam mais recursos para os municípios.

O grupo foi barrado na entrada do salão, mas conseguiu passar pela segurança e chegar próximo à entrada do gabinete da Presidência.

Após a confusão, o presidente da CNM (Confederação Nacional dos Municípios), Paulo Ziulkoski, conseguiu se reunir com Alves.

Ele se comprometeu a conversar com líderes da Câmara para agilizar a tramitação de proposta que eleva a parcela de recursos da União destinada ao FPM (Fundo de Participação dos Municípios).

O projeto, que tramita no Senado, aumenta de 23,5% para 25,5% a participação do FPM na distribuição total da arrecadação do governo federal com o Imposto de Renda (IR) e o Imposto sobre Produtos Industriais (IPI).

É a principal reivindicação dos prefeitos --os recursos do FPM são fonte importante de financiamento em cidades de menor população.

"Essa manifestação é o retrato de uma crise profunda que se abate sobre as prefeituras de todo o país. Os municípios ficaram totalmente ingovernáveis em função de uma política do governo federal, do Congresso e dos governadores, que é a questão federativa", disse Ziulkoski.

Para ele, projetos relativos a educação e saúde deveriam ser prioritários.

Os prefeitos também se disseram preocupados com o piso nacional do magistério, que terá de ser cumprido em janeiro. "O aumento do FPM não paga o piso do magistério. Só o aumento do piso dá impacto de R$ 10 bilhões sobre todas as prefeituras. Não há recursos para isso", afirmou Ziulkoski. (MH)

Fonte: Folha de S. Paulo

Queda de braço – Merval Pereira

Em qualquer lugar do mundo, com exceção do Brasil e de alguns outros países com precário desenvolvimento institucional, o Orçamento tem que ser cumprido. Aqui, ele é quase uma ficção, chamado de "autorizativo" isto é, o Executivo tem o poder de não pagar certas despesas, fazendo o contingenciamento do montante necessário ao cumprimento das metas fiscais. E os legisladores supervalorizam as receitas para aumentar os gastos das "emendas parlamentares"

O que historicamente foi a origem do Parlamento, a necessidade de estabelecer parâmetros para o financiamento das obras públicas e as prioridades de um governo, passou a ser um detalhe da atividade parlamentar. O orçamento impositivo, que o presidente da Câmara, Henrique Alves, pretende aprovar é a mais nova dor de cabeça para o Palácio do Planalto, provocando uma queda de braço que impede a aprovação do Orçamento.

A presidente Dilma parece disposta a vetar o orçamento impositivo e, mais que isso, cortar a verba para as emendas parlamentares do próximo ano. Sendo 2014 o ano da eleição presidencial, esse curto-circuito entre Executivo e Legislativo, comandado pelo PMDB, tem alto teor de periculosidade para o Palácio do Planalto.

Há quem considere que a aprovação do orçamento impositivo pode trazer um benefício: acabar com o "é dando que se recebe" com relação às emendas parlamentares, provocando uma redefinição de forças no Congresso, porque parlamentares deixariam de se alinhar automaticamente com o governo só para liberar suas emendas.

Porém, o "orçamento impositivo" só trata de parte ínfima do Orçamento, a das emendas parlamentares, e essas é que se tornariam impositivas. Seus críticos veem nesse privilégio das emendas parlamentares um perigo adicional: elas se transformariam em verdadeiras moedas de troca, com o malefício se espalhando pelas casas legislativas do país. O mandato seria, então, a garantia de ter uma verba de milhões para negociar.

Toda vez que existe uma votação importante no Congresso, há também uma corrida de deputados e senadores ao Palácio do Planalto em busca da liberação de verbas contingenciadas do Orçamento federal. Esse processo de contingenciamento de verbas para emendas parlamentares foi aperfeiçoado no governo Fernando Henrique, tornando-se o principal instrumento de controle das votações no Congresso, transformando-se num mecanismo de disciplina de voto.

Deputados experientes no Congresso consideram, porém, que o Legislativo se tornou no decorrer desse processo um de parlamento do Poder Executivo.

Essa situação de submissão seria atenuada se os partidos se guiassem por programas para participarem do governo, mas, no sistema atual, um partido recebe um ministério sem mesmo saber qual é o programa que vai conduzir.

Ao contrário dos países mais desenvolvidos, onde 70% do trabalho do Legislativo são definição do Orçamento, entre nós quem o define é o Executivo, e, se um parlamentar quiser alguma mudança, tem que negociar com o Executivo. Não foi sempre assim.

Na Constituição de 1946, os parlamentares podiam emendar o Orçamento inteiro, como nos Estados Unidos se emenda. A partir da ditadura militar, o Orçamento passou a ser tratado como um decreto-lei. O Congresso só podia aprová-lo ou rejeitá-lo, não podia emendá-lo. E os deputados e senadores tinham uma cota para dar verbas a entidades assistenciais.

A Constituição de 1988 retomou o espírito da de 1946, com a capacidade de emenda do Congresso. Mas, no governo Collor, surgem os "anões do Orçamento" com o ex-deputado João Alves — que "ganhou" várias vezes na loteria de relator, manipulando o Orçamento a favor de um pequeno grupo, em todos os sentidos. O Executivo voltou então a centralizar as decisões sobre o Orçamento.

Essa disputa entre Executivo e Legislativo provavelmente não dará em nada, ainda mais nas proximidades da eleição. Mas indica uma relação conflituosa que só fará aumentar, caso a presidente Dilma se reeleja.

Fonte: O Globo

De boas intenções - Dora Kramer

Não têm sido eficazes os resultados das investidas dos tribunais superiores - tanto o Supremo quanto o Eleitoral - no campo das regras que regem eleições.

Digo isso, e já explico melhor, a propósito do julgamento marcado para esta semana no STF de uma ação de inconstitucionalidade apresentada pela Ordem dos Advogados do Brasil contra as doações de pessoas físicas e jurídicas para campanhas.

A OAB pede a proibição do financiamento por intermédio de empresas e sugere a alteração do porcentual (10% dos rendimentos brutos) permitido para doações individuais.

A intenção, expressa no texto da ação, é boa. A Ordem argumenta que a "excessiva infiltração do poder econômico nas eleições gera graves distorções", cria desequilíbrio em favor dos mais ricos e enseja "perniciosas vinculações entre doadores de campanha e os políticos, que acabam sendo fonte de favorecimentos e de corrupção após a eleição".

Nenhum reparo a fazer à argumentação. Acontece isso mesmo. Basta verificar a desproporção de montantes destinados a candidatos governistas e aos de oposição quando não representam uma perspectiva segura de poder.

Hoje as doações de pessoas jurídicas respondem por 98% do financiamento das campanhas, e apenas 2% de pessoas físicas. Os números não deixam dúvida quanto à indisposição do brasileiro em transferir dinheiro do bolso para o caixa de partidos e/ou de candidatos.

A razão é a mesma que torna a proposta de financiamento público inexequível na prática: desconfiança e má vontade com a política. Sentimentos baseados em fatos reais, pois não?

De onde o gesto da OAB pode ser bem-intencionado, mas no mínimo bastante questionável do ponto de vista da eficácia. Proibidas as doações de empresas, seria posto o quê no lugar? Financiamento público não passa na sociedade e, por consequência, não passa no Congresso.

A rigor, os partidos é que deveriam se virar para conseguir dinheiro, dentro da legalidade, e deixar o contribuinte - que hoje já "colabora" com o Fundo Partidário e a renúncia fiscal decorrente do horário cedido pelas emissoras em períodos eleitorais - fora disso.

A realidade, porém, é mais dura e não obedece a condições ideais. Proibir pura e simplesmente as doações de pessoas jurídicas "por dentro" só teria como imediata consequência o aumento dos recursos "não contabilizados". O conhecido caixa dois.

Dificilmente os partidos, diante das exigências do marketing cada vez mais caras, concordariam em se adequar a instrumentos modestos para fazer campanha. Seria ótimo que isso acontecesse - mas, sem outras mudanças de fiscalização e procedimentos, prevaleceria o mercado negro.

Ou não, se os Três Poderes da República se envolvessem numa ofensiva efetiva e muito ampla para mudar o panorama. O Legislativo reclama quando o Judiciário é instado a se envolver no assunto, junto com o Executivo falam muito sobre o tema, usam o "sistema" como justificativa para atitudes condenáveis, mas não fazem nada em prol da já desacreditada reforma política.

De forma isolada não chegarão a lugar algum. Em pelo menos dois casos, o STF e o TSE produziram resultados contrários ao pretendido ao transitar pelo campo das regras eleitorais e partidárias.

Em um deles, a Justiça derrubou a cláusula de barreira - pela qual os partidos deveriam obter um porcentual mínimo de votos para ter representação no Congresso - sob o argumento de que feria o direito das pequenas legendas.

Em outro, permitiu que políticos filiados a partidos novos carregassem consigo o tempo de televisão e os recursos do Fundo Partidário, quando as leis ordinárias dizem que para isso é preciso passar pelo crivo de uma eleição.

Com acontece com a OAB, a intenção era boa, mas a realidade bem menos generosa.

Fonte: O Estado de S. Paulo

O poder de uma foto - Fernando Rodrigues

Cético por dever profissional, sempre fico constrangido quando uma notícia desperta em mim um sentimento de simpatia ou esperança. No meu ofício, o otimista é só um repórter mal-informado.

Ainda assim, assumo o risco. Dilma Rousseff acertou na mosca ao convidar os ex-presidentes brasileiros para que fossem juntos ao funeral de Nelson Mandela, na África do Sul. A imagem da petista junto com Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique Cardoso, Fernando Collor e José Sarney nos remete a um Brasil que talvez se torne realidade um dia --um país no qual os desiguais convivam com urbanidade e os interesses da nação se sobreponham a divergências ideológicas ou partidárias.

É claro que não é esse ainda o caso. Mas a cada reunião dessas de ex-presidentes, um passo a mais é dado. Pode parecer pouca coisa. Não é. Não existem cenas iguais do passado por uma simples razão: ex-presidentes nunca se encontravam nem se deixavam fotografar todos juntos. Passada a ditadura militar (1964-1985), nada justificaria os civis convidarem os generais para algum convescote.

Mesmo no início do atual ciclo democrático, faria pouco sentido os sucessores imediatos de Fernando Collor chamá-lo enquanto os processos relativos ao período do impeachment ainda estavam inconclusos.

Muitos devem ter torcido o nariz ao saber que Dilma convidou Collor e Sarney. Não é fácil defender seus governos. Só que os dois carregam a experiência de ter sentado na principal cadeira do Palácio do Planalto. Nos EUA, enquanto era vivo, Richard Nixon também participava de encontros de ex-presidentes --mesmo tendo deixado a Casa Branca acossado pelo risco de impeachment.

Em política, ingenuidade é mortal. O Brasil continua basicamente igual ao que era antes da viagem de Dilma e seus antecessores à África do Sul. Mas a foto de todos juntos torna o país um pouco mais civilizado e urbano. Uma imagem, às vezes, é tudo.

Fonte: Folha de S. Paulo

Mandela e a “fulanização” da política - Luiz Carlos Azedo

Obama destacou muitas qualidades pessoais de Mandiba, como o povo chamava Mandela, mas uma delas é especial na política: a capacidade de perdoar os desafetos

Foi emocionante o funeral de Nelson Mandela, ontem, em Joanesburgo, na África do Sul. Ele, como disse a presidente Dilma Rousseff, foi talvez a maior personalidade do século 20, na qual pontificaram grandes estadistas e líderes, nenhum dos quais, porém, com trajetória política tão dramática e soma de atributos de natureza pessoal com a universalidade do sul-africano. “Nelson Mandela conduziu com paixão e inteligência um dos maiores processos de emancipação do ser humano da história contemporânea: o fim do apartheid na África do Sul. O combate de Mandela e do povo sul-africano se transformou em um paradigma para todos os povos que lutam pela justiça, pela liberdade e pela igualdade”, disse Dilma.

Entre os 90 chefes de estado presentes à cerimônia, ocuparam lugar de destaque os presidentes de Cuba, Raúl Castro; da Índia, Pranab Mukherjee; da Namíbia, Hifikepunye Pohamba; e o vice-presidente da China, Li Yuanchao. Mas a grande estrela da festa foi o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que fez um pronunciamento antológico e, desde a entrada no Estádio Soccer City, com capacidade para 80 mil pessoas, foi sempre o mais aplaudido entre os presentes, enquanto o atual presidente sul-africano, Jacob Zuma, foi vaiado.

Obama destacou muitas qualidades pessoais de Mandiba, como o povo chamava Mandela, mas uma delas é especial na política: a capacidade de perdoar os desafetos, depois de vencidos, como fez não só com o primeiro-ministro Frederik Willem de Klerk, com quem dividiu o prêmio Nobel da Paz, depois de negociar uma transição pacífica, mas, também, com seu carcereiro, de quem se tornou amigo. A lição de Mandela é de que não se deve “fulanizar” a política, mas lutar por ideias e agir contra as instituições e práticas injustas, como era o apartheid. Talvez tenha sido essa mesma inspiração a que levou Obama a cumprimentar de forma simpática e até efusiva o presidente de Cuba, Raúl Castro, sem embargo das críticas que fez aos regimes autoritários e seus tiranos. Um sinal de que alguma coisa nova pode surgir daí e da política externa norte-americana, cujo eixo é a luta antiterrorista herdada de George Bush, e que cada vez mais dá sinais de que se esgotou.

Todo esse arrazoado, porém, tem por objetivo ressaltar o gesto da presidente Dilma Rousseff ao convidar os ex-presidentes da República José Sarney (PMDB), Fernando Collor de Mello (PTB), Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luíz Inácio Lula da Silva para integrar a delegação oficial brasileira que foi ao enterro, à moda norte-americana, cuja delegação também era integrada pelos ex-presidentes Jimmy Carter, George Bush e Bill Clinton. Foi um ato — o segundo que faz em seu mandato — de que não pretende “fulanizar” a política de governo. Isso é importante diante da aproximação de uma campanha eleitoral que dá sinais de que será dura e suja. Ulysses Guimarães (PMDB), o patrono de nossa Constituição Cidadã, com outras palavras, dizia que esse tipo de postura é um equívoco. A situação política muda e, muitas vezes, o adversário de ontem é o grande aliado de hoje.

A própria delegação brasileira é um exemplo disso. Talvez ninguém tenha esculachado mais o ex-presidente José Sarney do que Collor de Mello, que acabou apeado do poder por uma campanha de impeachment liderada por seu desafeto na campanha de 1989, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva. Este, antes, durante e depois de seu governo, nunca perdeu uma oportunidade de espicaçar seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, que também não deu vida mole para José Sarney quanto ele ocupava a Presidência, a ponto de dizer que a crise viajava com ele. Agora, os quatro dividiram a mesma cabine do avião presidencial, como notáveis representantes do Brasil no funeral de Mandela.

A “fulanização” da política no Brasil é uma tradição pré-republicana. Foi característica de D. Pedro I logo após a proclamação da Independência, principalmente durante a Constituinte de 1923, que acabou dissolvida. Com seu amigo Francisco Gomes da Silva, o Chalaça, infernizava a vida dos desafetos com publicações anônimas e caluniosas. Foi também uma característica das lutas políticas da República Velha. Nosso regime presidencialista, de certa forma, até hoje estimula que assim o seja. Mas é uma forma atrasada e retrógrada de fazer política. Por isso, o mesmo povo despreza os políticos que usam de baixaria nas disputas e depois se confraternizam como amigos de infância. Consideram esse gesto de civilidade — que em si não é o problema —, falta de vergonha na cara. Como isso é inevitável na política, quando mudam conjunturas e prioridades, o melhor, mesmo, é não “fulanizar”.

Fonte: Correio Braziliense

Projeto é presente, partido é futuro - Rosângela Bittar

A ministra Eliana Calmon está no centro do factoide

Uma pergunta insistente de adversários, feita com ironia e desdém, é sobre qual mesmo a contribuição que Marina Silva deu até agora à candidatura Eduardo Campos à Presidência da República. Em termos objetivos, quem conhece pesquisas não divulgadas que têm como base questionário específico, sabe a resposta e ela é positiva: quando o inquiridor coloca o nome da ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula como vice do governador pernambucano, o resultado eleva a chapa para o segundo lugar, na enquete induzida, colocando-os em condição de disputa real com a candidatura líder. Ou seja, ela pode transferir ao cabeça parte do prestígio que tem para si mesma, sendo candidata a vice.

Na ampla e difusa seara da subjetividade, porém, não importa resultado matemático neste momento da campanha eleitoral. O significado da aliança entre Eduardo e Marina está no crescimento da densidade política de todo o grupo, no aprofundamento dos temas em discussão e na exposição que o gesto permitiu à situação opaca e indefinida de ambos, e é disso que precisam neste momento. Sendo que Marina, com muito mais intenções de voto, estava em pior situação que Eduardo porque sequer tinha partido para sustentar qualquer projeto, uma preliminar simplesmente eliminatória, como se viu.

Ainda no plano da transferência de aura, e não de números, um grande passo à frente na subjetividade, há aquele eleitorado jovem, numeroso, manifestante ou não, ambientalista ou não, evangélico ou não, partidário da rede social e não do partido Rede, que, reza a lenda, vê Marina com simpatia, há alguns anos.

Ainda sem dono, não custa trabalhar a conquista de um naco desse contingente que a qualquer momento volta às ruas e, embora não se identifique com nenhum partido e nenhum político, parece ter mais afinidade com um projeto como o de Eduardo e Marina do que com qualquer outro que se lhes apresentem no menu eleitoral.

Não foi um factoide, portanto, essa adesão, até porque o governador de Pernambuco não deixou que a junção das ideias de Marina às do PSB e o apoio dela à sua candidatura se transformassem num espetáculo que se esgotasse facilmente no foguetório. Tudo aconteceu numa solenidade sóbria, enxuta, organizada de improviso num fim de tarde de um sábado, em um hotel de Brasília. Nada mais xoxo.

O sensacionalismo só começou a aparecer depois, coincidentemente quando os adversários iniciaram a reação a tão surpreendente aliança, em que a pergunta que começa essa história, sobre qual a contribuição de uma a outro, ganhou posição de destaque na campanha, sobretudo do PT e do PMDB.

Até o momento, não se tinha visto um drama, desses que ocuparam a atenção da mídia na relação Eduardo-Marina depois de outubro, quando se juntaram, que fosse um real fato político. Com uma única exceção: o veto de Marina Silva ao apoio do ruralista Ronaldo Caiado ao candidato do PSB. Ali houve até certa compreensão, tratava-se do símbolo, o representante de boa parte do país que vai do ruralismo político ao agronegócio, um dos lados em permanente conflito com o ambientalismo de que é símbolo a candidata a vice.

As demais intrigas, segundo os experts em Marina originadas no meio que a cerca, estavam naquela categoria do barulho para o qual se procura uma razão e não se acha. Mas nada foi tão gratuito quanto o último, que colocou a ministra do STJ, a baiana Eliana Calmon, no centro do redemoinho. Eduardo Campos anunciou, com prazer, pela rede social, a filiação de Eliana ao PSB, na semana que vem, para candidatar-se ao Senado pela Bahia. As cenas e declarações havidas após o anúncio, até agora discreto, são de corar.

Há alguns juízes, exatamente por serem destemidos e moralizadores, que são vistos como candidatos potenciais de um eleitorado que elege a corrupção como um dos principais problemas brasileiros. É o caso de Joaquim Barbosa, presidente do Supremo, e também de Eliana Calmon, ex-corregedora da Justiça. Não se imaginava, porém, e ainda não se pode explicar, que Marina Silva fosse reagir como reagiu ao simples anúncio de sua filiação ao PSB, e Eliana tivesse que sair explicando suas relações com Marina para diferenciá-las de suas relações com o PSB. O Rede criou um papel de mico para a ministra do STJ, agora no centro de um factoide.

O ciúme, talvez, justifique, mas não explica a corrida dos redistas, a comandante, inclusive, para anunciar que Eliana Calmon é do Rede e não do PSB, que seu compromisso é com Marina e não com Eduardo. Ou há uma intenção ainda submersa de assumir a liderança da chapa, ou medo de Eliana Calmon ser tão bem sucedida no PSB que não queira voltar para o Rede quando o partido vier a existir.

A ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula irritou-se como em nenhum outro não-fato da aliança com o PSB e jogou Eliana no fogo, amplificando o óbvio: tratava-se apenas de uma filiação transitória ao PSB, pois sua filiação política é ao Rede.

Se o Rede não existe, e por isso mesmo a própria Marina foi obrigada a procurar abrigo no PSB, por que o rigor intempestivo com a filiação de Eliana Calmon? A ex-corregedora nacional de Justiça e mais cotada candidata ao Senado pelo PSB da Bahia foi obrigada a sair em socorro da amiga, afirmando ser para ela questão moral, de compromisso com Marina, filiar-se posteriormente ao Rede, quando partido houver.

Uma disputa em torno do nada por uma razão inescrutável. Até agora, por mais que a intriga as embaralhem, as cartas voltavam ao lugar por falta de razão para manter o mercúrio alto. O caso Eliana Calmon, porém, é um desafio a todos os que já haviam compreendido que o presente é o projeto, o PSB, e o futuro é o Rede. Seja para os que no futuro ingressarão no Rede, seja para os que continuarão no PSB, no DEM, no PMDB, no PDT, e de onde mais vierem.

Nada foi pior até agora para o governo, a Fifa e a organização da Copa do Mundo no Brasil do que a violência no jogo Atlético PR e Vasco. Atrasos, negociações, moral da tropa, confiança, certezas, tudo voltou à estaca zero.

Fonte: Valor Econômico

Ignorante ou mentiroso? – Alberto Goldman

No evento de posse do presidente estadual do PT, no dia de ontem, Alexandre Padilha foi saudado pela plateia petista como o “futuro governador de São Paulo”. À parte o fato de que, como outros petistas, Lula, Dilma et caeterva ( vai em latim mesmo para não ofender), estar agredindo a lei eleitoral – como sói acontecer – Padilha atacou o PSDB, dizendo que quando os tucanos governaram simultaneamente o Brasil e o Estado, até 2002, a desigualdade social só aumentou, e que de 2000 até 2010, depois que começou o governo Lula, a desigualdade no Brasil despencou. Ainda mais disse que “os números aqui ( em SP ) não se mexeram. O que despencou mesmo foi a seriedade do agora candidato. Vamos mostrar.

Vejam o gráfico abaixo sobre a evolução do IDH brasileiro que mede a desigualdade social ( Fonte ONU ):


Como se vê, o IDH vinha crescendo de forma contínua até 2005, incluindo o período do governo FHC e a partir daí passou a ter um ritmo de crescimento menor sendo que, a partir de 2010, praticamente estagnou. De 1991 a 2000—— ( inclui 6 anos de FHC ) o IDH cresceu 24,1%. De 2000 a 2010 ( 2 anos de FHC e 8 anos de Lula ) cresceu 18,8%. Está perdendo fôlego.

Vamos agora aos dados do IPEA ( órgão federal ) disponíveis. De 1995 a 2008 –( 8 anos de FHC e 6 anos de Lula ), a pobreza absoluta no Brasil baixou de 43,4% da população para 28,8%. Em São Paulo ( governos Covas, Alckmin e Serra ) foi de 20,7% para 12,8% da população.

Quanto à distribuição de renda o índice Gini ( quanto mais próximo de 1 a desigualdade é maior ) variou, no Brasil, entre 1995 e 2008 de 0,60 para O,54. Em São Paulo variou de 0,53 para 0,50 . Nos dois casos a desigualdade diminuiu.

Eis como Padilha começa a se mostrar. Ignorante ou mentiroso?

Alberto Goldman é vice-presidente nacional do PSDB

A Exortação de Francisco à sua Igreja militante - Oliveiros Ferreira

Mantenhamos como pano de fundo a advertência papal: "Tanto os intelectuais como os jornalistas caem, frequentemente, em generalizações grosseiras...". O que nos diz que comentar a Evangelii Gaudium é tarefa sumamente delicada, antes de tudo, porque os quadros mentais do papa Francisco e os dos "intelectuais e jornalistas" são muito diferentes. Os referenciais de Francisco são as Escrituras e a Moral; os nossos, uma pretensa Razão, preocupada com a possível influência política dos textos provindos do Vaticano. Será o caso de, aqui, destacarmos a reiterada opção pelos pobres, parte da Doutrina Social da Igreja, quando não inscrita no próprio Evangelho, como Francisco faz questão de assinalar aqui e ali.

João Paulo II afirmara, numa de suas últimas encíclicas, que a questão social é, para a Igreja, uma questão moral - é, portanto, uma daquelas questões sobre as quais o papa fala ex cátedra. Francisco vai mais longe, , lembrando que "deriva da nossa fé em Cristo, que Se fez pobre e sempre Se aproximou dos pobres e marginalizados, a preocupação pelo desenvolvimento integral dos mais abandonados da sociedade". E insiste: "Mas a quem deveria (a Igreja) privilegiar? Quando se lê o Evangelho, encontramos uma orientação muito clara... Não devem subsistir dúvidas nem explicações que debilitem esta mensagem claríssima. Hoje e sempre, "os pobres são os destinatários privilegiados do Evangelho"".

Sempre que examinam os textos papais, intelectuais e jornalistas defrontam-se com uma dificuldade: a qual universo Sua Santidade se estará referindo? Ao real, da práxis cotidiana, ou ao espiritual? Diz dos pobres de meios ou dos pobres de espírito? Sem dúvida, para o papa Francisco, a Igreja Católica tem a missão de levar a mensagem de Cristo a todos. Haverá ainda, porém, outra missão: "A Igreja não cresce por proselitismo, mas "por atração"... Repito aqui... prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças enquanto lá fora há uma multidão faminta e Jesus repete-nos sem cessar: "Dai-lhes vós mesmos de comer". Não deixemos que nos roubem o Evangelhol".

A Igreja é, pois, militante. Isso estará explicitado em diferentes momentos da Evangelii Gaudium, sem ambages: "Embora "ajusta ordem da sociedade e do Estado seja dever central da política", a Igreja "não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça"". Francisco e sua Igreja defenderão a propriedade, justificada por um "direito" que lhe é anterior: "A solidariedade é uma reação espontânea de quem reconhece a função social da propriedade e o destino universal dos bens como realidades anteriores à propriedade privada".

A esta altura, um intelectual presunçoso e prepotente se lembrará do Discurso sobre a desigualdade e de que "aquele que cercou um pedaço de terra e disse "isto é meu" foi o verdadeiro fundador da sociedade civil". Os demais perguntaram-lhe em nome de que direito a propriedade era reivindicada: o do primeiro ocupante ou o do mais forte? Como a resposta nada lhes dizia, seguiu-se a guerra de todos contra todos, que cessou quando os ricos e fortes puderam

O cerne da questão não está na propriedade - está na alienação que se dá no dinheiro convencer os pobres e fracos a que aceitassem o governo.

Para Francisco, nem o direito do mais forte, nem o direito do primeiro ocupante, nem um contrato social justificam a propriedade. Ela se justifica por "realidades" anteriores e terá uma "função social": a "posse privada dos bens justifica-se para cuidar deles e aumentá-los de modo a servirem melhor ao bem comum, pelo que a solidariedade deve ser vivida como a decisão de devolver ao pobre o que lhe corresponde". É como se voltássemos ao poeta romano e à era primeva a de ouro, em que os homens viviam sem lei e sem juiz. Ou ao Éden, em que tudo foi de todos, até que se cometeu o Pecado.

Enganar-se-ão os que pretenderem ver na Exortação a "anistia" papal à Teologia da Libertação. A defesa dos pobres faz-se em nome de Cristo, cujo caráter salvífico é constantemente afirmado sem nenhuma referência ao seu suposto caráter revolucionário. A missão, hoje, não é pôr-se em armas contra ricos, poderosos e opressores. Nem dar fim à desigualdade pela expropriação da propriedade pelo Estado, eliminando a mais-valia. A leitura da Exortação só permite uma conclusão: a sociedade não se divide entre proprietários dos meios de produção e operários, mas sim entre o rico e o pobre, o primeiro devendo "devolver" ao segundo "o que lhe corresponde"...

O cerne da questão não está na propriedade - está na alienação que se dá no dinheiro. Convém lembrar que São Paulo já condenava não o dinheiro, mas a cobiça por ele. Francisco dirá: "Não à nova idolatria do dinheiro"; e "uma das causas desta situação está na relação estabelecida com o dinheiro, porque aceitamos pacificamente o seu domínio sobre nós e as nossas sociedades... O dinheiro deve servir, e não governar. A adoração do antigo bezerro de ouro... encontrouumanovae cruel versão no fetichismo do dinheiro e na ditadura de uma economia sem rosto e sem um objetivo verdadeiramente humano... O papa ama a todos, ricos e pobres, mas tem a obrigação, em nome de Cristo, de lembrar que os ricos devem ajudar os pobres, respeitá-los e promovê-los".

Nesse ponto, Francisco avança contra "ideologias que defendem a autonomia absoluta dos mercados e a especulação financeira. Por isso negam o direito de controle dos Estados, encarregados de velar pela tutela do bem comum" e de preservar a Natureza e o Homem indefesos "em face dos interesses do mercado divinizado, transformados em regra absoluta".

A Igreja militante terá seus soldados, sua disciplina e também sua hierarquia. Na Exortação, o papa Francisco cuida desse problema.

*Professor da USP e da PUC-SP.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Um banho de Brasil para a Fifa - Elio Gaspari

Joseph Blatter, presidente da Fifa, pensa que é um chefe de Estado e leva uma vida de magnata. Viaja no avião da entidade, é recebido por presidentes de agenda porosa, atravessa algumas cidades precedido por batedores e durante os jogos de futebol fica em camarotes de VIPs onde garçons servem champanhe e caviar. (Na abertura da Copa das Confederações, felizmente, a doutora Dilma reclamou do mimo.)

A Fifa não é um Estado, e, se fosse, com sua crônica de propinas, estaria entre as cleptocracias da segunda divisão. Para os brasileiros, há a lembrança do ocaso de João Havelange, que dirigiu a instituição de 1974 a 1998, quando se tornou seu presidente honorário. Renunciou em abril, na esteira de um escândalo. A Fifa é uma organização de cartolas, e a Copa do Mundo tornou-se um empreendimento que move bilhões de dólares. Durante as manifestações de junho, a imprensa internacional lembrou o fato de que a competição será realizada num país onde multidões protestavam contra o preço das tarifas de transportes públicos enquanto a entidade anunciava que entre os patrocinadores do evento estará o champagne Taittinger (US$ 100 a garrafa).

A Fifa mudou o horário de sete jogos da Copa, atendendo a pedidos dos patrocinadores e das emissoras, interessadas em transmitir os jogos ao vivo. Jogo jogado, pois essa possibilidade estava prevista. As pessoas que compraram ingressos para os velhos horários e por algum motivo quiserem desistir perderão pelo menos 10% do valor pago. Ou seja, o sujeito marcou uma consulta no dentista, pagou adiantado, o doutor mudou o horário, e ele perderá 10% do preço da visita se quiser cancelá-la. Pouco custaria à Fifa livrar a clientela dessa tunga, até porque serão poucas as desistências.

Quando a burocracia dos cartolas baixa no Brasil com tamanha desconsideração, cria antipatias desnecessárias. Blatter vende ingressos para uma população que o vê passando na rua com batedores (no Rio já chegaram a fechar as transversais da Avenida Atlântica para que ele tivesse pista livre). Os ingressos para os jogos terão preços salgados, as companhias aéreas e os hotéis estão de olho no bolso da galera. Além disso, o evento colocará nas ruas milhares de policiais com o treinamento e os modos que mostraram em junho.

Esses problemas são parte da vida nacional, não é preciso agravá-los. Blatter deveria vir ao Brasil por três dias, para viver como uma pessoa comum. Descobriria que o amigo que o hospeda no Rio ou em São Paulo paga mais IPTU do que ele na Suíça. Descobriria também que, enquanto paga o equivalente a R$ 100 por ano para andar quantas vezes quiser em todas as autoestradas do seu país, aqui pagará R$ 40 por um só percurso do Rio a São Paulo, com direito a engarrafamento. Quando um brasileiro desce no aeroporto, rala na Alfândega. Ele, não. Sendo suíço, verá que Pindorama é o único país do mundo onde a fila dos nativos para o exame de passaportes é maior que a dos estrangeiros.

Quando um pedaço do Itaquerão desabou, Blatter pediu a "Deus e Alá" que garantam a entrega das arenas a tempo. Se os brasileiros se aborrecerem durante a Copa, o doutor não deverá invocar seus nomes em vão.

*Elio Gaspari é jornalista

Fonte: O Globo

Política – Claudio Humberto

• Dilma lidera, mas 57,18% ainda não têm candidato
Dilma Rousseff (PT) lidera as intenções de voto, mas um detalhe deixa a disputa em aberto: quando solicitados a dizer espontaneamente em quem pretende votar para presidente no próximo ano, 57,18% dos entrevistados afirmam que ainda não sabem. Sem contar outros 6,26% que responderam “ninguém”. O Instituto Paraná Pesquisas ouviu 2.250 eleitores, entre os dias 3 e 7 deste mês, em 158 municípios brasileiros.

• Já foi pior
A pesquisa apurou que o desinteresse do eleitorado em dezembro (57,18%) era maior em setembro: 62,88% não sabiam em quem votar.

• Espontânea
Dilma lidera na espontânea (16,35%), seguida de Lula (6,13%), Aécio (4,69%), Marina (3,86%), Eduardo (2.04%) e Serra (1,72%).

• Estimulada
Na estimulada, quando o entrevistado vê uma lista de nomes, Dilma tem 43,4%, Aécio 17,14%, Joaquim Barbosa 15,61% e Eduardo 6,93%.

• Fator Joaquim
O presidente do STF, Joaquim Barbosa, aparece com apenas 1,11% na pesquisa espontânea, mas sobe para o 3º lugar na estimulada.

• PT cogita trocar Temer por Josué na vice de Dilma
A pretexto de aproximar Dilma do empresariado, o PT adotou a lógica do ex-presidente Lula, já revelada nesta coluna, de trocar o vice Michel Temer por Josué Gomes, filho do falecido José Alencar. A filiação de Josué ao PMDB-MG foi pilotada por Lula pessoalmente, insinuando sua candidatura ao governo de Minas, Estado onde o empresário não vive e mal conhece. Mas o alvo real era mesmo a vaga de Temer.

• Tem futuro
A cúpula do PMDB nem sequer admite a hipótese de Temer ceder a vice de Dilma, mas vê Josué como possível presidenciável para 2018.

• Falta pulso firme
Voltaram a pipocar críticas a Michel Temer na Câmara: o PMDB não se conforma com o corte das emendas e o veto ao Orçamento Impositivo.

• Poucos dissidentes
Apesar das insatisfações, o PMDB acredita que, com as negociações, só três estados votarão contra reedição da chapa Dilma-Temer.

• Sono dos justos
O embaixador Roberto Azevêdo, diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, dormiu só 3 horas nos primeiros quatro dias da reunião em Bali, costurando o acordo que o faria entrar para a História. Com o término da reunião, no domingo, foi à forra: dormiu 19 horas seguidas.

• Zero em Geografia
Dilma viveu dois momentos saia-justa na homenagem a Mandela em Johanesburgo: chamou sul-africanos de “sul-americanos”, lendo o texto, e usou uma écharpe preta sobre a roupa branca, a única na cerimônia.

• Embromation
O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) ainda não explicou por que em 2011 extinguiu a Câmara Técnica de Combate à Intolerância Esportiva. Enquanto funcionou (um ano), a Câmara fixou padrão de atitude das polícias, dentro e fora dos estádios, que evitou as brigas.

• Negociação
Durante o jantar com Aécio Neves (MG), domingo (8), Eduardo Campos (PE) pediu apoio mútuo PSB-PSDB em Minas e Pernambuco. Campos teme perder o governo estadual, se houver segundo turno.

• Para bom entendedor…
Para quem já chamou Lula de “o cara”, apertar a mão do ditador Raúl Castro tem o mesmo sentido. Barack Obama criticou “os líderes que se dizem solidários à luta de Mandela, mas não toleram a dissidência”.

• Consumidor lesado
O dono de um carro Azera, da Hyundai, aguarda há 40 dias um para-choque traseiro e sensores de estacionamento, destruídos após batida. Conhecido advogado de Brasília, ele vai à Justiça contra o desrespeito.

• Não dá ideia
O blog do Financial Times concluiu que Dilma foi mau negócio para o Brasil, depois de Lula, “um pragmático capitalista”. Desfia a sucessão de erros econômicos e estratégicos, causa dos protestos em junho.

• Xabu misterioso
Esquisita a parceria com a China: além de torrar R$ 160 milhões num foguete louvando feitos maoístas, o Brasil de nada sabe. Sob censura, a imprensa chinesa não tem sequer foto do fiasco da geringonça.

• Notícia do fim do mundo
Após a revelação de que Lula teria sido dedo-duro na ditadura, a Comissão da Verdade talvez apoie a exumação do ex-líder sindical.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Brasília-DF - Denise Rothenburg

Henrique pressionado
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), bem que tentou, mas não conseguiu adiar a instalação da comissão especial que analisará a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº215, que transfere ao Congresso a prerrogativa de aprovar a demarcação de terras indígenas. O PT não queria essa PEC em tramitação porque representa perda de poder tanto para o governo federal, via Fundação Nacional do índio (Funai), quanto para as comunidades indígenas.
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O tema, entretanto, será debatido no ano eleitoral, quando a bancada ruralista, setor que hoje sustenta o Produto Interno Bruto (PIB), terá muito mais força. Para completar, o relator será o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), o mesmo que foi implacável com os petistas na CPI dos Correios, que investigou o mensalão.

Política versus técnica
A derrubada das licitações dos portos de Santos e de Belém pela ministra do Tribunal de Contas da União Ana Arraes foi vista como uma declaração de guerra do PSB à presidente Dilma Rousseff e ao governador do Ceará, Cid Gomes. O TCU, entretanto, garante que a decisão é técnica, uma vez que não havia justificativa plausível para o governo privilegiar a empresa EBP na contratação dos estudos portuários.

Por falar em Cid...
Ele e o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), estão numa fase paz &amor. Basta ver a aprovação vapt-vupt ontem, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), de um empréstimo de R$ 2,1 bilhões para o governo estadual.

Pior hora
Ninguém está colocando muita expectativa sobre o Congresso do PT, amanhã, às vésperas do enterro de Nelson Mandela. Até mesmo o ato de defesa dos petistas presos é considerado por muitos no partido uma notícia negativa num momento em que a legenda deveria encher de esperanças o povo brasileiro.

Expectativa tucana
Depois do revés no Congresso do PPS, que virou a proa rumo à candidatura de Eduardo Campos à Presidência da República, o PSDB joga suas fichas no elenco de 12 pontos que o senador Aécio Neves (MG) lançará na semana que vem. O foco dos próximos dias será fechar esse documento, que será divulgado logo depois do Congresso do PT.

A culpa é da “governanta”! / É assim que os deputados estão se referindo à ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Querem debitar na conta dela as dificuldades de votar o Orçamento da União para 2014. Mais uma vez, dizem alguns, é preciso lembrar às excelências que Ideli tem chefe.

A visão da experiência/ O senador Pedro Simon lança hoje, às 18h30, no Salão Nobre do Senado, o livro Fé &Política, em que apresenta suas reflexões sobre as manifestações de junho, relacionando-as com os novos rumos que o Papa Francisco dá à Igreja Católica. A apresentação é do ex-ministro do STF Ayres Britto.

Conversinhas aéreas/ Dilma não tinha nem desembarcado no Brasil e alguns petistas do governo diziam que o cerca-lourenço da conversa dos presidentes nas 10 horas de voo até a África do Sul foi a vida de Mandela. Ou chutaram ou têm bola de cristal.

Últimos dias/ O deputado João Paulo Cunha (PT-SP), um dos réus do mensalão, tenta manter a rotina no Congresso. Ontem, por exemplo, participou das votações e até cumprimentou alguns colegas no plenário. Mal ele virava as costas, alguns comentavam: “Ele está meio que se despedindo daqui”.

Fonte: Correio Braziliense