domingo, 29 de dezembro de 2013

OPINIÃO DO DIA – Antonio Gramsci

O político em ação é um criador, um suscitador; mas não cria do nada, nem se move no vazio túrbido dos seus desejos e sonhos. Baseia-se na realidade fatual. Mas, o que esta realidade fatual? É talvez algo de estático e imóvel, ou não antes uma relação de forças em continuo movimento e mudança de equilíbrio? Aplicar a vontade à criação de um novo equilíbrio das forças realmente existentes e atuantes, baseando-se numa determinada força que se considera progressista, fortalecendo-a para levá-la ao triunfo, é sempre mover-se no terreno da realidade fatual, mas para dominá-la e superá-la (ou contribuir para isso). Portanto, o dever ser é concreção; mais ainda, é a única interpretação realista e historicista da realidade, é história em ação e filosofia em ação, é unicamente política.

Antonio Gramsci, “Maquiavel, a Política e o Estado Moderno” , p.43. Civilização Brasileira, 1978

Alta de imposto não deve reduzir gastos no exterior

Para especialistas, medida será mais eficaz para aumentar arrecadação do que para reduzir gastos no exterior

Nice de Paula, Maira Amorim

Aumento no IOF nos saques com cartões de débitos no exterior, cheques de viagem e carregamento de cartões pré-pagos com moeda estrangeira 

O aumento de 0,38% para 6,38% no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nos saques com cartões de débitos no exterior, cheques de viagem e carregamento de cartões pré-pagos com moeda estrangeira terá mais impacto nas contas do governo do que no mercado de turismo, acreditam especialistas.

— A taxa de 6% tem mais um efeito psicológico de inibir um pouco os excessos de compras. Mas quem estava disposto a viajar para o exterior vai continuar viajando; quem ia comprar um tênis lá fora vai continuar comprando, porque mesmo com os 6% ainda é muito mais barato. O maior impacto será na arrecadação do governo. As contas públicas estão com déficit, e há risco de rebaixamento do país, mas o governo devia resolver isso economizando e não aumentando impostos — diz Myriam Lund, professora da Fundação Getulio Vargas.

Ao anunciar as mudanças, na noite de sexta-feira, o Ministério da Fazenda informou que o IOF maior vai gerar uma receita anual de R$ 552 milhões.

— Mesmo com o dólar mais caro, os brasileiros continuarão gastando lá fora, ajudando a piorar as contas externas. Mas é uma tentativa do governo — afirmou Alexandre Espírito Santo, economista da Simplific-Pavarini Investimentos.

Diana Prudencio, sócia da Portfolio Travel Solutions, agência especializada em roteiros personalizados, acredita que a mudança não vai reduzir viagens nem compras no exterior:

— A oscilação do dólar e do euro em 2013 não causou diminuição nas viagens. E diante dos preços altíssimos do Brasil e, principalmente no Rio, quem tiver oportunidade vai fazer compras no exterior.

Ontem, primeiro dia da entrada em vigor das novas alíquotas, o IOF não foi tema de interesse dos clientes da CVC do shopping RioSul, contou a agente de turismo Alessandra Paula da Silva:

— As viagens de janeiro estão compradas e a próxima data, o carnaval, não é forte para turismo internacional. Então, se houver impacto, será sobre as férias de julho. As pessoas reclamam que viajar para o Nordeste é mais caro do que para o exterior. Agora pode ficar igual.

Fonte: O Globo

Alta do IOF surpreende e irrita turistas

Brasileiros em viagem ao exterior buscam alternativas para escapar da alta repentina de 1.579% do tributo sobre operações com cheques de viagem e cartões de débito

Turistas surpresos com IOF

Aumento da alíquota faz brasileiros com destino ao exterior priorizarem a compra das moedas estrangeiras em espécie

Simone Kafruni, Guilherme Araújo

Os brasileiros que estão de malas prontas para aproveitar o recesso de fim de ano e as férias em outro país ou mesmo os que já chegaram ao exterior foram pegos de surpresa com o aumento do principal tributo relacionado a viagens. No apagar das luzes de 2013, o Ministério da Fazenda decretou a elevação do Imposto de Operações Financeiras (IOF) em 1.579% sobre pagamentos no débito e com cheques de viagem, sobre saques no exterior e sobre o carregamento de cartões pré-pagos em moeda estrangeira.

Em vigor desde ontem, a medida, que deve elevar a arrecadação em R$ 552 milhões por ano, foi considerada um golpe por especialistas e consumidores. O IOF para todas as operações de compra em moeda estrangeira é, agora, de 6,38%, mesma taxa que já era cobrada nas transações com cartão de crédito — as demais, antes, eram de 0,38%. Apenas o câmbio feito com dinheiro em espécie segue com alíquota de 0,38%.

Na avaliação do professor de economia das Faculdades Rio Branco Onofre Portella, o que mais chama a atenção, além do aumento exorbitante de 1.579% na alíquota, é a maneira como a alteração foi feita. “Uma medida tomada na semana entre o Natal e o ano-novo tem cheiro de golpe. É condenável”, lamenta. Ele alerta que a mudança vai incentivar a compra de moeda em espécie, apesar do risco que isso acarreta. “Por questões de segurança, melhor seria não levar muita quantidade em dinheiro.”

Não há limite para viajar portando divisas estrangeiras, desde que, acima de R$ 10 mil, o montante seja declarado à Receita Federal, explica o professor de finanças da Fundação Dom Cabral Haroldo Mota. “Quem havia carregado cartões pré-pagos ou comprado cheques de viagem antes da medida entrar em vigor se livrou do imposto mais alto, porque a alíquota incide sobre a transação de câmbio e não diretamente nas compras, como ocorre com o cartão de crédito”, explica.

No aeroporto de Brasília, o administrador Max Brugalli, 44 anos, contou que teve de reformular os planos de um dia para o outro para evitar prejuízos na sua viagem para Tel Aviv, em Israel. “Vou levar mais dinheiro em espécie e utilizar o cartão de crédito apenas em casos de emergência.” Ao lado dos companheiros de viagem, a namorada, Valdilene Santos Silva, 29, e o primo Gabriel Sidney Silva, 15, Max argumentou que a medida do governo, “apesar de ser um assalto ao bolso do consumidor”, pretende frear as compras no exterior. “Porém, a preferência continuará por produtos estrangeiros, já que, no país, os mesmos artigos são ainda mais caros”, destaca.

A designer Patrícia Araújo, 54, não sabia da alteração do IOF. “Acho um absurdo. Querem nos regular até no exterior. Como eles fazem uma mudança justamente num período em que muita gente viaja?”, desabafa. Ela avalia que o governo deveria ter avisado a população com antecedência. “Eu pretendia levar uma parte do dinheiro no cartão. Agora, vou ter de me replanejar horas antes do voo”, diz. Patrícia e o acompanhante José Ernesto Duarte de Almeida, 55, viajam para Los Angeles, nos Estados Unidos.

Para José Almeida, ex-presidente da Associação dos Bancos dos estados de Goiás, do Tocantins e do Maranhão (Asban), a medida vai pegar de surpresa, inclusive, os brasileiros já no exterior. “Quem está lá fora se planejou para gastar uma quantia, mas, quando retornar ao Brasil, vai se assustar com os impostos”, ressalta. Ele acredita, contudo, que nem assim os brasileiros vão deixar de gastar em outros países. “Aqui uma camisa custa R$ 150. Lá fora, sai por US$ 15”, exemplifica.

O médico Miguel Chamma Neto, 59, havia se programado para viajar neste fim de ano a Portugal. Ele tinha comprado uma determinada quantia em euro. Se faltasse, sacaria mais no exterior. Mas optou por se desdobrar no aeroporto antes do voo para garantir recursos em dinheiro. “Agora, vou ter de segurar o bolso lá fora. Pretendia usar meu cartão por comodidade, mas decidi levar maior quantidade em espécie para evitar pagar mais imposto. É um absurdo. Subiu muito”, reclama.

Justificativa
A alegação do Ministério da Fazenda para elevar o IOF é evitar que um meio de pagamento seja preterido por outros. Em março de 2011, o governo havia aumentado o tributo nas compras com cartão de crédito de 2,38% para 6,38%. Além do cunho arrecadatório, a medida tinha como objetivo equilibrar as contas externas. Mas as despesas de brasileiros no exterior continuaram se superando. De acordo com o Banco Central (BC), em 2013, os gastos líquidos devem chegar a R$ 18,6 bilhões, 18,8% a mais do que os R$ 16,9 bilhões de 2012. A previsão para 2014 é de US$ 19 bilhões.

Fonte: Correio Braziliense

Indústria fecha 200 mil postos de trabalho em dois anos

A crise na indústria brasileira engoliu mais de 200 mil empregos em pouco mais de dois anos. Os números são da Pesquisa Mensal de Emprego, do IBGE. Trabalhadores industriais estão migrando para setores que mantém fôlego nas contratações, como o comércios os serviços.

Em dois anos, setor industrial fecha mais de 200 mil postos de trabalhos

Emprego. Com indústria desaquecida, trabalhadores migram para o comércio e os serviços, onde ainda há vagas disponíveis; para especialistas, no entanto, o problema dessa migração é a baixa qualidade dos postos de trabalho oferecidos nesses setores

Danieía Amorim, Idiana Tomazelli

Os problemas que a indústria brasileira atravessa já fizeram mais de 200 mil funcionários perder o emprego em pouco mais de dois anos. Os trabalhadores industriais estão migrando para setores que ainda têm fôlego para aumentar as contratações, como o comércio e, principalmente, os serviços, firmando os contornos da mobilidade do mercado de trabalho nacional.

Os números da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que, em junho de 2011, a força de trabalho da indústria - que inclui os subsetores de transformação, extrativa e distribuição de eletricidade, gás e água - somava 3,769 milhões de empregados. O resultado foi o maior da série histórica, iniciada em março de 2002.

No mês passado, no entanto, esse número caiu para 3,544 milhões de trabalhadores. Só neste ano, são menos 117 mil vagas nas seis principais regiões metropolitanas do País.

"Hoje se emprega muito menos gente no setor industrial do que há dez anos. Isso é uma tendência de longo prazo. O emprego industrial tende a se reduzir, e a maior parte do emprego disponível é o de baixa qualificação no setor de serviços. Não há nenhuma indicação de que isso possa se reverter (no próximo ano)", afirmou o presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), Simon Schwartzman. ,

Desde o auge do emprego na indústria, na metade de 2011, a população ocupada no setor recuou 6%, apontou o Instituto de Estudos para o Desenvolvi1mento Industrial (Iedi). O cálculo tem com base os dados do IBGE, cuja PME é apurada em seis regiões metropolitanas: Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Recife, Salvador e Belo Horizonte.

"Ou seja, 225 mil postos de trabalho foram extintos. Esse dado bate com o da Pesquisa Industrial Mensal: Empregos e Salários (Pimes), também do IBGE. A indústria desacelerou a produção e mandou gente embora mesmo", avaliou o economista-chefe do Iedi, Rogério César de Souza.

São Paulo. Na Região Metropolitana de São Paulo, responsável por cerca de 40% da PME, a participação da indústria na população ocupada encolheu 1,1 ponto porcentual em dois anos. O setor detinha 19,2% da população ocupada em novembro de 2011, mas passou a responder por apenas 18,1% em novembro de 2013.

No ápice do emprego industrial na região, verificado em agosto de 2008 um mês antes da quebra do Lehmann Brothers, que marcou o início da grande crise econômica global -, o setor empregava 1,955 milhão de pessoas. Em novembro deste ano, a indústria local tinha encolhido para 1,762 milhão de funcionários, o equivalente a um corte de 193 mil vagas só em São Paulo.

Por outro lado, a região registrou aumento na participação do comércio, que saiu de uma fatia "de 17,7% da população ocupada em novembro de 2011 para 18,1% em novembro último.

Ao mesmo tempo, o setor chamado de outros serviços -segmento que inclui alojamento, transporte, limpeza urbana e serviços pessoais - passou a contar com uma parcela de 18,3% da população ocupada na Região Metropolitana de São Paulo, ante afatia de 17,2% verificada dois anos antes.

Dessa maneira, a categoria de "outros serviços" ultrapassou a indústria como maior segmento empregador na região, que tem o maior e mais diversificado parque industrial do País.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Em ano de protestos, Congresso ficou em falta com ‘pauta das ruas’

Fim do voto secreto para cassações foi um dos poucos projetos aprovados

Júnia Gama, Cistiane Jungblut

BRASÍLIA — Após a sacudida que o Congresso levou dos manifestantes que saíram às ruas este ano pedindo o fim da corrupção e a melhoria da qualidade de vida, parlamentares aceleraram o ritmo de votações e tiraram das gavetas projetos para compor uma “agenda positiva”, em resposta às reivindicações populares. Mas, da chamada pauta das ruas, com aprovação final, concluída pelas duas Casas, pouca coisa vingou, como o fim do voto secreto nos processos de cassações de mandatos. A proposta que transforma corrupção em crime hediondo, por exemplo, foi aprovado em junho no Senado, mas na Câmara está adormecida.

A ambiciosa proposta do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de aprovar a lei do passe livre para estudantes de todo o país, foi mais uma a cair no esquecimento. Arlindo Chinaglia (PMDB-SP), líder do governo na Câmara afirmou esta semana que a Câmara não atendeu os anseios das ruas:

— Na minha opinião, na opinião do povo, nós não cumprimos. Não faço o julgamento de quem quer que seja, mas no julgamento popular, estamos em baixa e me inclua aí. Os motivos? Você pode abrir uma avenida. Não estou dizendo que a Câmara trabalhou mal. Mas foi insuficiente porque o mundo político está sob questão — afirmou Chinaglia.

No apagar das luzes do Congresso, quinta-feira, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) fez um balanço semelhante. Disse que, apesar de medidas administrativas de mais austeridade — o Senado anunciou economia de R$ 275 milhões no orçamento da Casa este ano — e da dedicação dos colegas na votação de projetos, não vê motivos para comemorações:

— Não vejo razões para festejos, encômios (louvor) e parabéns.

Já do ponto de vista dos dirigentes da Câmara e do Senado, após trocas de farpas ao longo do último semestre, culpando um ao outro pela demora nas votações, o Congresso foi bem no resultado final.

O presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), disse que aprovou as principais bandeiras que queria, como o orçamento impositivo e o voto aberto.

Nos bastidores, Alves não escondia o alívio pelo fim de um ano turbulento, em que os deputados preservaram, no voto secreto, o mandato do deputado-presidiário Natan Donadon (sem partido-RO). E em que mensaleiros condenados continuaram exercendo seus mandatos, até a prisão. O caso Donadon é uma das pendências a serem enfrentadas em 2014: seu segundo processo de cassação não foi concluído antes do recesso, como queria Alves.

Renan fez seu balanço na quarta-feira, último dia efetivo de trabalho no Congresso, apresentando como grande feito economia de R$ 275 milhões que fez na Casa, informando que esses recursos serão devolvidos para o Tesouro:

Entre outras matérias já promulgadas e sancionadas (já em vigor), que andaram no Congresso graças à pressão popular, estão: o projeto que responsabiliza a pessoa jurídica que auferir vantagem com corrupção; a desoneração da cesta básica e redução da tarifa de energia elétrica; a destinação dos royalties do petróleo para Saúde e Educação; a desoneração de serviços de transporte coletivo municipal de passageiros; a minirreforma eleitoral, que seria uma tentativa de reduzir custos de campanha; e o que exige Ficha Limpa para ocupação de cargos de confiança ou funções comissionadas no Senado.

Já no rol de matérias aprovadas no Senado, ainda sob apreciação da Câmara, estão a que torna corrupção crime hediondo; Ficha Limpa para servidor público dos três poderes; proibição de cônjuge ou parente como suplente de senador e redução de dois para um do número de suplentes; eliminação da aposentadoria como pena disciplinar para juízes e promotores condenados; e perda automática do mandato de parlamentar nas hipóteses de improbidade administrativa ou de condenação por crime contra a administração pública.

Fonte: O Globo

Influência eleitoral na geografia da Esplanada

Reforma ministerial prevista para as próximas semanas levará em conta a necessidade de fortalecer as alianças para a disputa por votos em 2014. Das 14 mudanças esperadas, ao menos 12 titulares de pastas devem ter perfil político em vez de técnico

Paulo de Tarso Lyra

O ministério que a presidente Dilma Rousseff começa a definir em janeiro e que terá contornos finais após o carnaval, em março, será moldado nas necessidades eleitorais da candidata do PT à reeleição para o Planalto. E terá prazo de validade: nas conversas que a presidente tem tido com os partidos, eles sabem que os nomes escolhidos poderão ser trocados em 2015, dependendo do resultado das urnas e dos personagens que forem importantes na corrida eleitoral. “Conforme o desempenho dos aliados e o peso dos partidos na composição do novo Congresso, poderemos ter um novo desenho ministerial no início do segundo mandato”, admitiu um aliado direto da presidente.

Dilma queria ter começado as definições dos nomes em dezembro e estender as substituições para, no máximo, janeiro. A escolha do novo cronograma tem a participação direta de dois personagens: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, pré-candidato do PT ao governo de Minas Gerais. O prazo máximo para a desincompatibilização é o fim de março, seis meses antes das eleições.

Na cabeça da presidente, trocar os nomes em dezembro e janeiro daria tempo suficiente para os novos ministros se ambientarem com a máquina e começar a produzir efetivamente logo após o carnaval. A tendência também era indicar secretários executivos, com uma ou outra pasta destinada a indicações políticas. Entretanto, mudou de ideia, influenciada por Lula.

O ex-presidente alertou que as indicações devem ser políticas, para agradar aos aliados e garantir os respectivos palanques. Além disso, seria arriscado escolher os nomes muito antes das convenções partidárias, marcadas para junho, quando acontecem as definições das alianças políticas. “Dilma estaria entregando um espaço no governo antes de ter a certeza da contrapartida dos partidos”, ponderou um interlocutor palaciano, que compreende o raciocínio lulista.

Com isso, das 14 pastas que deverão passar por mudanças, em 12 delas, a escolha será política. A única definição técnica ficará no Ministério da Saúde — apesar de ser um nome que contará, necessariamente, com as bênçãos do atual titular, Alexandre Padilha, que deixará a pasta para concorrer ao governo de São Paulo. A situação ainda indefinida é a Casa Civil, considerada uma pasta vital para o funcionamento do governo (veja arte abaixo).

A possibilidade de a pasta ser conduzida por Aloizio Mercadante, atual ministro da Educação, voltou a ganhar força. No início do mandato, ele nem era tão próximo da presidente, mas foi conquistando espaço e acabou sendo indicado para suceder Fernando Haddad, atual prefeito de São Paulo, no Ministério da Educação. Outros dois nomes concorrem à Casa Civil, nesta ordem: Carlos Gabbas, atual secretário executivo do Ministério da Previdência e parceiro de Dilma nos passeios de moto por Brasília; e Miriam Belchior, ministra do Planejamento.

Caso a presidente deseje um perfil técnico, a opção será Gabbas. Mercadante, por outro lado, representaria uma escolha política. Mais do que isso, se for indicado para a Casa Civil, o atual ministro da Educação abdica automaticamente de ser o coordenador da campanha pela reeleição. Com isso, a função passaria a ser do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.

Necessidades distintas
Duas das principais estrelas petistas que deixarão a Esplanada para concorrer aos governos estaduais têm pensamentos distintos sobre a desincompatibilização: Alexandre Padilha e Fernando Pimentel. O primeiro quer deixar o governo o quanto antes — mesmo pensamento, aliás, de Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, que deve disputar o governo do Paraná. Padilha precisa de tempo para ser conhecido pelo eleitorado e, principalmente, pela militância petista.

O caso de Pimentel é diferente. Ele já foi prefeito de Belo Horizonte por duas vezes e concorreu ao Senado em 2010. É, portanto, conhecido do eleitorado e da militância. Para ele, é melhor continuar até o limite máximo possível no ministério. E ainda tenta influenciar diretamente a escolha do sucessor. Ele tenta convencer a presidente a indicar para o empresário Josué Gomes, filho do ex-vice-presidente José Alencar.

Recém-filiado ao PMDB, Josué chegou a ser cogitado para senador, vice-governador ou até candidato do PMDB ao governo mineiro. Pimentel tenta emplacá-lo na pasta para eliminar problemas, mantendo o discurso de que Lula escolheu Luiz Fernando Furlan, da Sadia, para o Ministério do Desenvolvimento e que Dilma repetiria o mesmo gesto ao apostar em Josué na expectativa de êxito semelhante.

Outra pasta que passará por mudanças é a Secretaria de Relações Institucionais. Derrotada politicamente com a eleição de um grupo adversário ao diretório do PT em Santa Catarina, Ideli Salvatti não vai mais concorrer, nem mesmo ao Senado. Pesou também o desgaste sofrido após uma série de reportagens do Correio mostrando que ela utilizou o único helicóptero utilizado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para visitas políticas no interior do estado sulista.

Ideli deve ser deslocada para outra pasta. “Ela é um soldado obediente, lembre-se disso”, reforçou um aliado de Dilma. Uma opção plausível seria ela ser deslocada para a Secretaria de Direitos Humanos, já que Maria do Rosário será candidata à reeleição na Câmara dos Deputados. O mais cotado para as Relações Institucionais hoje é o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP). Com excelente trânsito no PT, ele seria uma alternativa para aproximar a bancada petista na Câmara, que sempre reinvidicou a articulação política do governo.

Trocas desde 2011
Dilma Rousseff promoveu, ao longo do primeiro mandato, 21 trocas em relação à equipe original, que assumiu em 1º de janeiro de 2011. As causas foram variadas. A primeira leva, durante o primeiro ano de mandato, foi afastada por denúncias de corrupção, na chamada faxina ministerial. Alguns ministros foram trocados por baixa produtividade e outros, para acomodar as forças políticas aliadas.

39
Número de pastas do governo Dilma, entre secretarias e órgãos com status de ministério

Fonte: Correio Braziliense

Tucanos criticam ida de Dilma a locais de cheias

Daiene Cardoso

Tucanos criticaram neste sábado, 28, as visitas da presidente Dilma Rousseff a Minas Gerais e Espírito Santo, Estados atingidos pelas chuvas dos últimos dias. Na página no Facebook, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), atacou a responsabilidade do governo na prevenção de desastres naturais. "Nenhuma palavra sobre as promessas feitas em tragédias anteriores e nunca cumpridas; nenhuma palavra sobre as poucas obras que se arrastam sem conclusão; nenhuma palavra sobre a baixíssima execução do orçamento nessa área", escreveu o presidenciável.

Aécio afirma que somente 14 obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) 2 foram concluídas até o início de setembro. "Solidariedade é muito importante. Mas, no caso dos governantes, precisa ser a outra face da responsabilidade", concluiu. Nesta sexta-feira, 27, Dilma sobrevoou Governador Valadares (MG) e na terça-feira, 24, esteve na região serrana do Espírito Santo.

O ex-governador de São Paulo Alberto Goldman (PSDB) divulgou um artigo intitulado "Sem vergonha na cara", onde classifica como "farsa" a presença da presidente nestas áreas. "Pra quê o jaleco? Dentro de uma aeronave? Vai sair na chuva, andar na lama, carregar pessoas e coisas? Pra quê o seu olhar pessoal, físico, se tudo isso pode ser visto, com muito mais amplitude e detalhes pelas imagens tomadas não só por órgãos governamentais mas também por toda a mídia?", questionou.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Sem vergonha na cara – Alberto Golman

Não pretendia postar nesse final de ano. Seria uma pausa. Mas, indignado, näo me contive ao ler e ver o noticiário sobre as enchentes no Espirito Santo e em Minas Gerais.

Dilma sobrevoou de helicóptero as regiões afetadas, vestida com um jaleco cor abóbora da Defesa Civil, acompanhada de fotógrafo e cinegrafista que tomaram cenas para a mídia impressa e televisiva, nas quais a presidente aponta para as regiões alagadas.

Que presidente responsável! Que mulher emotiva e sensível! Que ser humano especial!
Uma farsa!!!

Pra que o jaleco? Dentro de uma aeronave? Vai sair na chuva, andar na lama, carregar pessoas e coisas?

Pra que o seu olhar pessoal, físico, se tudo isso pode ser visto, com muito mais amplitude e detalhes pelas imagens tomadas não só por órgãos governamentais mas também por toda a mídia?

Vivi, pessoalmente, situações de graves problemas quando nas funções de Ministro dos Transportes e de Governador. Mesmo quando sobrevoei áreas atingidas, nunca usei vestimentas não usuais, nem levei comigo fotógrafos ou cinegrafistas.

Dilma se aproveita, sem pudor, da desgraça do povo que lhe cabe respeitar e ajudar, para fazer sua campanha eleitoral. Sobrevoou porque isso servia ao seu interesse pessoal. Se de fato se emocionou, foi uma questão secundaria. O “cartão de emergências ou calamidades” que ela anuncia, segundo o Ministério da Integração Nacional, depende de “dotação e disponibilidade”. Imaginem!

É uma vergonha!

Alberto Goldman, vice- presidente nacional do PSDB

Dilma 'usa tragédia' para fazer campanha, afirma PSDB-MG

Paulo Peixoto

BELO HORIZONTE - Em mais um episódio da disputa eleitoral antecipada de 2014, a viagem da presidente Dilma Rousseff nesta sexta-feira (27) ao leste de Minas Gerais para sobrevoar municípios afetados pelas chuvas motivou críticas dos tucanos do Estado.

O PSDB de Minas Gerais, que segue orientações do senador mineiro Aécio Neves, presidente nacional do partido, divulgou nota em que afirma que Dilma usou a "tragédia que se abate sobre o Estado" para "fazer campanha eleitoral".

A principal crítica do PSDB ficou em torno da presença na visita do ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), provável candidato do PT ao governo de Minas Gerais.

"É inexplicável que ela tenha evitado trazer os ministros das áreas responsáveis para dar palanque ao pré-candidato do PT ao governo de Minas. [...] A máquina pública é usada de forma incorreta para promover de forma irregular a candidatura de Fernando Pimentel em 2014", diz o PSDB-MG.

Além de Pimentel, Dilma esteve em Minas acompanhada pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), pré-candidato ao governo de São Paulo. A presidente interrompeu suas férias na Bahia para ver de perto o estrago das chuvas em Minas.

Ao longo de 2013, a presença de Dilma no Estado motivou queixas do PSDB mineiro. Muitas dessas reclamações foram feitas diretamente por Aécio. Pré-candidato ao Planalto, Aécio buscará em Minas uma votação expressiva para tentar ir a um eventual segundo turno. Nas pesquisas atuais, Dilma lidera essa corrida.

Em Minas, Pimentel também lidera as pesquisas. O PSDB criticou o fato de o ministro ter ido ao Estado duas vezes para entregar máquinas e equipamentos, como parte de um programa do Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Na entrevista que concedeu em Valadares, tendo ao seu lado o governador de Minas, o tucano Antonio Anastasia, a presidente disse que as ações de reconstrução das cidades afetadas pelas chuvas serão feitas em conjunto com o Estado, independentemente dos partidos de cada um.

"Eu vejo uma grande parceria entre nós e um espírito de cooperação. Nessas horas nós temos que esquecer que temos divergências políticas", disse a presidente.

Apesar da declaração, o PSDB cobrou de Dilma o cumprimento de promessas anteriores para municípios mineiros atingidos pelas chuvas.

Procurada para comentar as declarações do PSDB-MG, a Presidência da República não havia respondido até a publicação desta reportagem.

Fonte: Folha de S. Paulo

O efeito Aécio

A candidatura do senador do PSDB mineiro agora é irreversível. Economistas preveem que, se ela se mostrar competitiva, a euforia com o Brasil voltará aos mercados e animará os investidores

Marcelo Sakate e Adriano Ceolin

Para consolidar sua candidatura à Presidência da República, o senador mineiro Aécio Neves tinha de enfrentar um obstáculo e um desafio antes de 2013 acabar – o obstáculo já não existe mais. Na segunda-feira, o também tucano José Serra anunciou em sua página no Facebook que abria mão de entrar na disputa, uma vez que "a maioria dos dirigentes do partido acha conveniente formalizar quanto antes o nome de Aécio Neves". A frase encerrava dois anos de conflitos no PSDB, durante os quais o "grupo de Serra" tentou emplacar o nome do ex-governador de São Paulo como alternativa ao do mineiro. No dia seguinte ao da postagem de Serra, Aécio apresentou sua agenda de campanha em Brasília: uma carta de intenções com os marcos prioritários de seu eventual governo. A carta foi o primeiro passo para que o agora candidato oficial do PSDB enfrente o desafio que tem pela frente: conquistar a adesão dos mercados e se mostrar a opção mais segura para recuperar a confiança dos investidores na economia.

No texto, o ex-governador de Minas lembrou que o Brasil atravessa uma crise de credibilidade – consequência do ambiente de incertezas criado pelos vaivéns na política econômica e das interferências do governo em setores produtivos. Diz o documento: "Numa combinação perversa, a inflação está alta, o crescimento é baixo e o déficit das contas externas, ascendente". O ano de 2013 será o terceiro seguido de crescimento pífio do PIB, abaixo da média mundial. A inflação fechará, pelo quarto ano consecutivo, acima da meta de 4,5%. O desemprego permanece baixo, mas houve uma queda na criação de vagas e os salários sobem em ritmo menor. Se a agenda de Aécio não aponta medidas específicas para animar a economia, faz um diagnóstico cristalino de suas deficiências: a falta de competitividade. o peso dos impostos e a produtividade estagnada.

A carta de Aécio contou com a chancela do ex-presidente do Banco Central e economista-chefe da campanha, Armínio Fraga, para quem um eventual governo Aécio seria "mais capaz do que qualquer outro de mobilizar capital, num momento em que o país precisa investir mais e melhor". O economista acredita que uma política econômica mais transparente e previsível, por. si só, já seria capaz de reverter o desalento entre os investidores. Para ele, a queda nos prêmios de risco embutidos hoje nos juros, por exemplo, seria uma correção de rota de impacto positivo imediato. Os ajustes deveriam partir de um compromisso sólido com a execução dos fundamentos macroeconômicos: superávit fiscal sem artifícios e cumprimento rigoroso das metas de inflação.

Analistas concordam que a defesa desses princípios por um candidato com forte chance de decolar pode ter o condão de mudar os humores do mercado. "Se alguém com chance concreta de vitória sinalizar que adotará medidas como uma política fiscal equilibrada, com prioridade para o combate à inflação e o fim da intervenção no setor privado, haverá uma melhora imediata no mercado financeiro", diz Tony Volpon, chefe de pesquisa para mercados emergentes das Américas do banco Nomura. Aécio aposta que, por causa da situação da economia, a eleição será marcada pelo desejo de mudança – como, de resto, já deixaram claras as pesquisas. 

No último levantamento do Instituto Datafolha, diante da pergunta "você prefere que as ações do próximo presidente sejam iguais ou diferentes das tomadas por Dilma Rousseff?", 66% das pessoas ficaram com a segunda opção. A tendência à ruptura faz com que as eleições de agora se aproximem mais das de 2002, quando Lula derrotou Serra em um quadro de desgaste do PSDB, do que das eleições de 2010, quando a tendência do eleitorado era claramente de continuidade do governo do PT. Dilma, porém, continua liderando as pesquisas, com 47% das intenções de voto, contra 19% de Aécio e 11% de Eduardo Campos (PSB). O que explica o fato de a presidente despontar na dianteira na mesma pesquisa em que eleitores sinalizam querer que o futuro governo adote ações diferentes das do seu? Responde o cientista político Rubens Figueiredo: "Muitos eleitores querem mudar, mas não sabem quem representa essa mudança".

Hoje, só metade dos brasileiros sabe quem é Aécio Neves. Como candidato, ele dará início às viagens pelo Brasil em fevereiro. Mesmo assim, acredita que apenas depois da Copa do Mundo as eleições para presidente vão atrair a atenção da população e será possível dar um salto que lhe garanta um lugar no segundo turno. Cita o exemplo de 2010. A um ano do pleito, Serra liderava com cerca de 40% das intenções de voto, Dilma tinha metade disso e Marina Silva patinava com 5%. Abertas as urnas, Dilma teve 47%, contra 33% de Serra e 19% de Marina. A moral da história, diz o senador, é que não dá para tomar como definitivos os números das pesquisas a um ano das eleições.

Ao adotar o discurso da mudança "de verdade", Aécio pretende não apenas se contrapor a Dilma, mas salientar suas diferenças em relação a Eduardo Campos (PE). O candidato do PSB, aliado do PT desde o início do governo Lula, só rompeu com o partido neste ano, ao lançar sua candidatura. Na semana passada, Campos dividiu um palanque com Dilma pela primeira vez após o rompimento. Quem esperava um confronto se decepcionou. O tom do pessebista foi de conciliação.

Mesmo na oposição, é difícil brigar com um governo com marcas populares como o Bolsa Família e o Mais Médicos. A dificuldade em modular esse discurso foi um dos motivos que levaram Aécio e seu marqueteiro, Renato Pereira, a romper na semana passada. O candidato não aceitou as críticas de que deveria se preocupar mais em se aproximar do eleitorado com propostas "pés no chão" e deixar em segundo plano as críticas ao governo e o discurso para o empresariado. Aécio termina 2013 livre do seu maior obstáculo, apoiado por seu partido e munido de bons princípios. A reação dos mercados a essa decolagem será o primeiro sinal de quão alto ele pode ir.

Fonte: Revista Veja

Campos critica gestão de programas sociais

Governador de Pernambuco diz que faltam eficiência e fiscalização nos gastos da União

SÃO PAULO - O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), usou seu perfil no Facebook para fazer críticas ao governo federal em relação à aplicação e fiscalização do dinheiro destinado a programas como o Bolsa Família, principal bandeira do PT.

O provável candidato à Presidência usou em sua crítica números da CGU (Controladoria-Geral da União) citados em reportagem da Folha publicada na última quinta.

Como faz periodicamente, a CGU sorteou 60 cidades que recebem verba da União e executam esses programas em parceria com o governo federal com o objetivo de realizar auditoria para acompanhar a aplicação da verba.

Ao receber o dinheiro, as prefeituras devem realizar uma série de procedimentos, como comprovar que o projeto está em execução.

Mas os municípios frequentemente falham em procedimentos básicos, como a comprovação da aplicação dos recursos, fiscalização e previsão orçamentária, o que resulta em atrasos, ainda segundo o levantamento do órgão de controle do governo.

A amostragem realizada pela CGU em 60 cidades mostrou que em 98% delas foram identificadas falhas no Bolsa Família e na construção de creches, pré-escolas e UBSs (unidades básicas de saúde).

"Não adianta simplesmente criar um programa e achar que o problema está resolvido. Você precisa estabelecer metas, acompanhar de perto, fiscalizar, fazer ajustes. Administrar não é apenas reunir ideias, mas sim executá-las com eficiência", escreveu o político do PSB.

Sobre o aprimoramento da administração pública, Eduardo Campos fez referência às manifestações de junho, quando parte da população foi às ruas, entre outras coisas, para pedir uma melhora dos serviços públicos.

"A falha normalmente está em procedimentos básicos que poderiam ser evitados com um mínimo de fiscalização", disse.

"Com isso, muito dinheiro se perde. E estamos falando de dinheiro de impostos, que poderia ser usado em desdobramentos dessas ações. Com esse dinheiro escoando pelo ralo, não é à toa que essas ações estão estacionadas, sem desenvolver a vida de ninguém".

No texto, postado anteontem na rede social, ele louva seu trabalho no Estado e afirma que sua administração se tornou "modelo de gestão".

Fonte: Folha de S. Paulo

Romário diz que PSB não apoiará candidatura de Pezão

Silvio Barsetti

O deputado Romário, presidente do Diretório do PSB do Rio, afirmou neste sábado, 28, que o partido não apoiará a eventual candidatura do vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) ao governo do Estado. Romário acrescentou que a legenda avalia algumas hipóteses na eleição estadual: apoiar Miro Teixeira (Pros), o cantor e compositor Gilberto Gil, se ele vier pelo PV, ou o técnico de vôlei Bernardinho, se ele for candidato pelo PSDB.

De acordo com o deputado do PSB do Rio, a sigla não descartou ainda a possibilidade de lançar candidato próprio. "Com certeza, não vamos fechar com o PMDB no Rio", disse Romário, que ainda não decidiu se concorrerá à reeleição ou se disputará uma vaga no Senado. "Hoje, a tendência é tentar me reeleger. Mas quero ver as pesquisas mais à frente sobre a corrida para o Senado." O deputado do PSB deu as declarações em evento beneficente organizado pelo ex-jogador Zico no Maracanã.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Em 2013, PIB e balança comercial decepcionaram. Juro subiu mais

Dólar teve alta a partir de maio, com a mudança na política americana

Lucianne Carneiro

A “bola de cristal" dos economistas saiu arranhada em 2013. O ano chega ao fim com indicadores bem diferentes dos previstos em dezembro de 2012. A maior surpresa, ou decepção, veio de um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pela economia) bem abaixo do estimado. O ano deve fechar com um PIB de 2,3%, inferior ao crescimento de 3,3% que se imaginava no início de 2013. As exportações também decepcionaram. A balança comercial deve terminar o ano com saldo de só US$ 1,18 bilhão, contra US$ 15,22 bilhões previstos antes. Isso mesmo com uma alta não prevista do dólar a partir de maio.

O crescimento econômico baixo de 2013 veio depois de uma alta de só 1% do PIB em 2012.

— De 2011 para cá, o crescimento do Brasil e do mundo têm frustrado as expectativas. No Brasil, apesar de o ritmo ter acelerado em 2013, frente a 2012, ainda é um crescimento baixo — afirma o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges.

Ele lembra que, enquanto os investimentos surpreenderam positivamente em 2013 — a projeção inicial da LCA era de uma expansão entre 4% e 4,5%, e agora é de 7% —, o consumo das famílias cresceu a um ritmo de 2,3%, inferior ao estimado inicialmente, de 4%.

Na avaliação da economista Silvia Matos, coordenadora técnica do Boletim Macro Ibre, da Fundação Getulio Vargas (FGV), o crescimento mais fraco da indústria, que não deslanchou mesmo com os incentivos do governo, ajuda a explicar a diferença entre o que ela projetava para 2013 e o que vê agora:

— Todos os setores se recuperaram, mas foi muito pouco. Por mais que o governo tenha tentado ajudar, com desonerações e incentivos como o PSI (Programa de Sustentação do Investimento, do BNDES), a recuperação da indústria foi pequena. O que corrobora a avaliação de que há problemas estruturais que dificultam o crescimento da indústria.

Balança pode ter déficit
A avaliação é compartilhada pelo economista-chefe do Santander, Maurício Molan, para quem a falta de competitividade tem restringido a economia brasileira.

— Não se consegue expandir a capacidade produtiva: falta mão de obra disponível e há um crescimento muito lento da produtividade. Quando se cresce o consumo, como ocorreu com as medidas de incentivo do governo, em vez de produzir mais, o país importa mais — afirma Molan.

Se o ritmo de crescimento da economia foi menor do que o projetado, no caso da taxa básica de juros Selic o que se viu foi o contrário: a taxa fecha 2013 em 10%, após um aperto monetário iniciado em maio. A expectativa de analistas era de que mantivesse os 7,25% com que encerrou 2012.

O movimento tem relação com o dólar, que se valorizou e pressionou ainda mais a inflação. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, usado nas metas de inflação do governo) chegou a acumular alta de 6,70% nos 12 meses encerrados em junho — ou seja, acima do teto da meta, que é de 6,5%. E deve chegar ao fim do ano em 5,72%.

No fim de 2012, analistas estimavam que o dólar encerrasse 2013 em R$ 2,09, com média de R$ 2,07, segundo o Boletim Focus, do Banco Central, que reúne as projeções de cem instituições financeiras. Agora, a estimativa é de R$ 2,34 em dezembro, com média de R$ 2,17. No Brasil e no mundo, o dólar mudou de tendência a partir de maio, quando ficou claro que os Estados Unidos encerrariam sua política de estímulos à economia americana que pressionava para baixo a cotação da moeda.

— O dólar se valorizou como resultado da mudança do cenário externo, mas também de uma inflação em patamar já elevado, da piora da saúde fiscal e da limitação da capacidade de produção do país — diz Molan.

É também do setor externo que vem outro indicador com grande discrepância entre o que se imagina no fim de 2012 e o que vê agora. Especialistas previam um saldo comercial de US$ 15,22 bilhões este ano. No acumulado entre janeiro e novembro, o superávit é de US$ 2,2 bilhões e a projeção para o ano é de apenas US$ 1,18 bilhão. Há quem acredite até na possibilidade de o país registrar o primeiro déficit na balança comercial desde 2000.

O quadro é resultado de exportações quase no mesmo nível de 2012 e de importações que continuam em crescimento. Segundo Maurício Molan, o salto das importações é resultado do mesmo problema que afeta o PIB: a dificuldade de expansão da capacidade produtiva do país.

Outro fator que tem prejudicado a balança comercial, lembra Silvia Matos, é o aumento da competição para os produtos manufaturados brasileiros no exterior, que afeta as nossas exportações. Com a crise nos países avançados, houve um ajuste e aumento da presença de produtos desses países no mercado externo.

Superávit maior em novembro
O quadro da balança comercial acabou deteriorando ainda mais o déficit em transações correntes, antes estimado em US$ 63 bilhões e agora em US$ 80 bilhões.

— Em 2013, tivemos um gap entre o déficit em transações correntes, que deve fechar em 3,4% do PIB, o volume de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED), de 2,7% do PIB. Conseguimos financiar nosso déficit, mas com investimento em carteira e dívidas, ou seja, um perfil não muito saudável. O ideal é que esse financiamento seja via IED — diz Borges.

Já o superávit fiscal primário acabou, na reta final do ano, se aproximando do prometido pelo governo. A meta do superávit primário (economia que o governo faz para o pagamento de juros da dívida pública) começou o ano em R$ 155,9 bilhões, ou cerca de 3% do PIB. O objetivo já foi revisado pelo governo para R$ 110,9 bilhões, ou 2,3% do PIB. Nos 12 meses encerrados em outubro, o esforço fiscal foi de R$ 67,9 bilhões, ou 1,43% do PIB. Com ajuda do programa de parcelamentos de dívidas tributárias (Refis) e o leilão de concessão de Libra, no entanto, a situação mudou em novembro e o valor acumulado em 12 meses foi de 2,17% do PIB, ou R$ 103,2 bilhões.

Fonte: O Globo

Analistas veem PIB baixo e inflação alta em 2014

Com dólar valorizado, balança comercial terá refresco, mas crescimento da economia deve ser menor que este ano

Lucianne Carneiro

RIO - Um ano de crescimento baixo e inflação perto do teto da meta. Não, não se trata de 2013. Mas sim de 2014. Depois de o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) avançar apenas 2,3% este ano, como preveem a maioria dos analistas, no ano que vem a taxa deve ser ainda menor, perto de 2%. A inflação, que este ano deve ficar pouco acima de 5,7%, em 2014 pode ir a 6%. A avaliação é de que 2014 será de ajustes na economia, com a manutenção da taxa de juros elevada para conter a inflação. Ao mesmo tempo, um dólar mais valorizado deve ajudar a balança comercial e, em consequência, reduzir o déficit nas trocas do país com o exterior, a chamada conta corrente.

No horizonte, ainda paira algum risco do cenário chamado pelo ex-ministro Delfim Netto de “tempestade perfeita", que combinaria um aperto na política monetária americana com deterioração da situação fiscal do Brasil e redução da nota de crédito brasileira.

— O Brasil tem restrições de crescimento de duas ordens: de maneira mais imediata, há a inflação e um ciclo de taxa de juros que ainda está por concluir, a elevação do risco país e as incertezas nas políticas econômica e fiscal. Mas há também a restrição colocada pela falta de competitividade da indústria e um crescimento potencial do PIB menor do que há alguns anos — afirma o pesquisador do Instituto de Economia da UFRJ Caio Prates.

O Banco Central (BC) começou a elevar a taxa básica de juros Selic em abril, para conter as pressões inflacionárias, e hoje a Selic está em 10% ao ano. Os analistas preveem que os juros chegarão ao fim de 2014 em 10,5% ou 11%.

‘Precisamos de um freio para arrumar a casa’
Para o economista-chefe do Santander, Maurício Molan, o cenário de 2014 será afetado pela piora na percepção sobre a saúde fiscal e a limitação da capacidade de produção do país.

— A consequência disso é que precisamos de um freio para arrumar a casa e voltar a crescer de forma mais acelerada. É preciso reforçar a estrutura dos pilares, recuperar a credibilidade fiscal e ajustar a política monetária para reduzir a inflação. E isso vai significar um crescimento menor — diz Molan, que estima expansão de 1,7% do PIB no próximo ano.

O horizonte de 2014 vai depender então, segundo Caio Prates, da UFRJ, da capacidade de o governo reverter a desconfiança, principalmente em relação à política fiscal, e de controlar a inflação, que deve sofrer a pressão de um dólar mais apreciado:

— Um bom controle da inflação e bons sinais da política fiscal, mesmo tratando-se de ano eleitoral, podem permitir que se mantenha em 2014 uma taxa de crescimento da economia em 2,4%, que é a mesma que esperamos para 2013. Esses são os pressupostos para essa expansão.

Nos 12 meses até novembro, o setor público consolidado acumulou superávit fiscal primário (economia para pagamento dos juros da dívida pública) de 2,17% do PIB. O resultado, no entanto, teve forte influência de receitas extras, como o programa de parcelamentos de dívidas tributárias (Refis) e o leilão de concessão de Libra. Para 2014, as estimativas são de um esforço fiscal menor. A projeção do Ibre/FGV é de 1% do PIB, considerando o superávit efetivo, ou seja, sem descontos ou ajustes.

‘Ventos internacionais’ mais favoráveis
O principal trunfo para a economia em 2014, segundo o pesquisador do Instituto de Economia da UFRJ, virá dos investimentos em infraestrutura, e isso não apenas por causa das novas privatizações.

No cenário projetado pela economista Silvia Matos, coordenadora técnica do Boletim Macro Ibre, da Fundação Getulio Vargas (FGV) todos os setores da economia devem mostrar desaceleração em 2014.

— Pela ótica da demanda, temos desaceleração de todos os componentes, com destaque para um consumo das famílias crescendo menos. E o investimento ainda terá expansão, mas aquém do valor de 2013.

O risco de uma “tempestade perfeita” existe, admite Caio Prates, mas depende da situação fiscal. Com uma melhoria nessa área, é possível evitar o pior cenário:

— Se o governo insistir com estímulos fiscais, vai colher alta do risco Brasil e menos crescimento. É uma situação paradoxal, em que estímulos fiscais vão significar menos crescimento.

Mas há quem veja um excesso de pessimismo nas projeções para 2014, como o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges. Para ele, a economia brasileira vai manter seu ritmo de crescimento em 2014, com uma expansão de 2,5%. A melhoria no cenário da economia internacional, que deve puxar as exportações, é a principal justificativa para tal previsão.

— Os ventos da economia internacional, que foram contrários nos últimos três anos, devem voltar a ser favoráveis. Os efeitos prejudiciais do fim dos estímulos dos EUA já estão ocorrendo e o Brasil já está sofrendo o impacto de uma possível mudança no rating — diz Borges.

Em 6 de junho, a agência de classificação de risco Standard &Poor’s (S&P) colocou a nota do crédito do Brasil em perspectiva negativa, o que é o primeiro passo para um corte.

O cenário traçado por analistas inclui um crescimento maior da economia mundial, embora em ritmo moderado — pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), a expansão global deve acelerar de 2,9% em 2013 para 3,6% em 2014 — e a continuidade da apreciação do dólar. O Boletim Focus estima que a taxa de câmbio deve encerrar 2014 em R$ 2,45. A combinação deve significar um saldo maior na balança comercial, de US$ 7,85 bilhões, embora ainda em patamar baixo, e um déficit ligeiramente menor em transações correntes, de US$ 71,30 bilhões.

— O câmbio mais valorizado deve ajudar a segurar um pouco o déficit em transações correntes e ajustar as importações. Ao mesmo tempo, o Brasil pode conseguir exportar um pouco mais, mas o cenário é desafiador, porque a competição está grande entre os produtos manufaturados — defende Silvia Matos.

Sua avaliação é de que haverá alguma melhora no déficit em transações correntes em 2014, mas um ajuste mais forte só é esperado para 2015. A projeção do Ibre é de déficit em transações correntes de US$ 74 bilhões em 2014, ou 3,4% do PIB.

Fonte: O Globo

A pauta escamoteada - José de Souza Martins

Educação e saúde entraram mais nas respostas do governo às ruas do que no próprio protesto

Apesar das suposições, educação e saúde não tiveram forte visibilidade no elenco das demandas das manifestações de rua. Os protestos elegeram a elevação das tarifas de ônibus, a corrupção política evidenciada, sobretudo, no caso do mensalão, as despesas astronômicas com a infraestrutura de eventos grandiosos como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 e a má qualidade dos serviços públicos. A educação e a saúde públicas entraram nesse último item, aparecendo em Brasília, mas não aparecendo no Rio.

Como é compreensível nos chamados movimentos coletivos, o comportamento de multidão tende a ser o das demandas difusas, surgidas no acaso dos reelamos suscitados na ocasião, um assunto puxando outro. Mas tende a ser também o momento da síntese expressiva dos tópicos de uma agenda de reclamações que todos carre; gam na memória à espera da oportunidade para torná-las visíveis e audíveis. Demandas sociais não explodem de repente.

A importância política dessas manifestações coletivas está no fato de que deram voz e visibilidade à maioria silenciosa, diferente do que ocorre nos chamados movimentos sociais. A quebra do silêncio se torna nessa hora um fato político, sobretudo porque contraria o coro dos cúmplices e bajuladores de voz programada para o amém que alegra, os poderosos. Durante o regime militar um novo sujeito político emergiu no cenário nacional, com demandas tópicas que incluíam reformas sociais.

No decênio do petismo outro sujeito político começou a germinar em silêncio, claramente antipartidário, o que bem indica a natureza da crise que protagoniza. Expressa o descrédito da política. Sendo os participantes desse novo movimento majoritariamente jovens, com acesso à internet e às redes sociais, é bastante evidente que se trate de manifestações da classe média que já não reclama educação, mas se motiva na educação para o protesto. A educação gerou os manifestantes de agora, em vários momentos de sua ação indicando o protagonismo do manifestante contra o do militante.

Nas manifestações coletivas deste ano, vimos a tensão se deslocando do centro das cidades para a periferia e retomando ao centro, com os temas do protesto se modificando, acrescentados. Como se o deslocamento fosse uma caça de temas para enriquecer a indignação dos manifestantes e dar durabilidade ao que tende naturalmente a esgotar-se. Mas indício, também, de que um invisível estoque de descontentamentos permanece à espera de novas manifestações. Não emergiram antes porque os mecanismos de controle social o impediram. Alguns emergiram agora porque esses mecanismos perderam a eficácia.

Educação e saúde entraram mais no rol das respostas do governo ao protesto do que no próprio protesto. O programa Mais Médicos acabou funcionando como tentativa de dar a volta por cima das inquietações de rua, para aplacar uma demanda permanente por saúde pública de qualidade, uma verdadeira medicina social, como há em outros países. É uma tentativa do governo de administrar o conflito, cujo acerto dependerá de tempo para que a clientela desse serviço possa experimentá-lo, testá-lo e avaliá-lo. Como técnica, esvazia esse item do protesto e adia o seu desfecho. Resta saber por quanto tempo. Médico sem satisfatória infraestrutura de saúde pública é pouco mais que um curandeiro.

Na área da educação a questão é mais complicada. Há uma crescente demanda de ensino superior, mas nenhuma explícita demanda de melhora no ensino elementar e médio. É aí que se situa o cerne da crise da educação brasileira. As avaliações anuais das escolas não permitem otimismo. Por outro lado, no contraponto do crescimento numérico das. escolas superiores, o próprio ministro da Educação vetou o vestibular em mais de 200 cursos superiores, dado que aquém da qualidade que superiores os tomaria. A falta de um verdadeiro projeto nacional de educação se revela nessas incongruências. Mas se revela, também, num programa como o Ciência sem Fronteiras, que envia alunos de graduação ao exterior para uma temporada, sem clareza quanto ao que isso acrescenta a sua formação.

Na sequência das manifestações, houve finalmente a invasão da Reitoria da Universidade de São Paulo, com a ocupação e depredação de cinco andares do prédio e prejuízos avaliados em R$ 2,4 milhões. O tema foi a questão do poder na universidade, não a eventual questão do ensino e da educação. A melhor universidade brasileira foi objeto de uma manifestação que, rigorosamente falando, nada teve a ver com demanda por educação ou melhora da educação superior. Foi um desdobramento residual e antagônico das manifestações de rua e tentativa de implantar demanda ideológica e partidária no interior de um movimento justamente contrário a isso. Os manifestantes, porém, que falaram pela maioria, já haviam deixado às ruas e se calaram diante do vandalismo antieducacional e antipolítico dos militantes da minoria. Expuseram assim seus limites, insuficiências e contradições.

José de Souza Martins é sociólogo, professor emérito da Faculdade de Filosofia da USP e autor, entre outros, de Asociologia como aventura (Contexto)

Fonte: O Estado de S. Paulo / Aliás

Política social e eleições - Alberto Carlos Almeida

Política social tornou-se um dos temas mais importantes, senão o mais importante, desde que Lula assumiu a Presidência em 2003. Aliás, quando Fernando Henrique começou a falar de sua sucessão, a partir de 2000, afirmou que o candidato do governo sairia da área social. José Serra foi o candidato depois de ter ocupado o Ministério da Saúde e ocupado a mídia com várias iniciativas, tais como campanhas de vacinação, quebra de patentes de remédios etc. A política de transferência de renda consagrada pelo Bolsa Família no governo Lula teve início com o Bolsa Escola no governo Fernando Henrique.

Lula e Fernando Henrique estavam pressionados pelo eleitorado. Política social de sucesso dá voto. O desempenho eleitoral de Serra em 2002, derrotado por mais de 20 pontos percentuais de margem por Lula, não pode ser atribuído à sua associação com a área da saúde, mas sim com o fato de o governo Fernando Henrique ter tido uma avaliação abaixo de 30% de "ótimo" e "bom" às vésperas da eleição. Lula investiu pesadamente na política social por várias razões: pressão social e da opinião pública, necessidade de renovar a agenda do país - depois de solucionado o problema da inflação, outros problemas apareceram - e também por conta de sua ideologia. Líderes e governos de esquerda, quando precisam escolher, conferem mais importância ao combate à desigualdade de renda do que à geração de eficiência econômica. Todos os governos fazem as duas coisas, a diferença está na prioridade atribuída a cada uma delas.

O resultado de política social, sejam iniciativas de transferência de renda, como o Bolsa Família, seja o aumento real do salário mínimo e, principalmente, a melhoria da escolaridade da população mais pobre, tudo isso resultou na redução da desigualdade de renda. Todos os dados comprovam isso: as Pnads do IBGE, as criteriosas análises do Ipea, estudos acadêmicos etc. A desigualdade diminuiu e isso é aprovado pela população: 57% consideram que é bom para o Brasil e para o povo brasileiro que a desigualdade entre ricos e pobres diminua. Somente 22% acham que isso não é bom nem é ruim, e 9% acham que a redução da desigualdade de renda não é algo bom para o país.

Tão importante como essa aprovação da maioria da população à redução da desigualdade é a percepção, também bastante ampla, de que a classe média vem crescendo. De fato, 49% dos brasileiros consideram que a classe média no Brasil está aumentando e com isso a desigualdade entre ricos e pobres está diminuindo, enquanto 38% acreditam que a desigualdade entre pobres e ricos não está diminuindo. O que a população quer, redução da desigualdade, vem sendo atendido.

Há a percepção de que a desigualdade diminuiu mais durante o governo Lula do que no governo Dilma: 56% dos brasileiros afirmam que a desigualdade diminuiu quando Lula foi presidente e a proporção é de 38% quando se pergunta se isso ocorreu no governo Dilma. Por outro lado, 24% acham que a desigualdade permaneceu inalterada no período Lula e 35% dizem o mesmo para o atual governo. Uma minoria dos brasileiros acha que a desigualdade aumentou. Isso vale tanto para os 16% que consideram que assim foi no governo Lula e os 22% que dizem que ocorreu no governo Dilma.

Estamos tratando aqui de percepções da sociedade e não de dados reais. Vários fatores levam a população a considerar que Lula foi mais efetivo no combate à desigualdade do que Dilma. Que fatores são esses? Impossível dizer com certeza. Podem-se levantar algumas hipóteses e uma delas tem a ver com a própria biografia de cada um deles. Lula foi o retirante nordestino que chegou ao poder para defender os mais pobres. Dilma tem a trajetória de uma pessoa de classe média. Assim, é mais fácil para o eleitorado associar a redução da distância entre ricos e pobres com Lula do que com Dilma. Outra hipótese tem a ver com os fatos de Lula ter governado por dois mandatos e no último ano de seu governo o crescimento econômico ter sido de 7,5%. A memória da população é de um período de bonança. O governo Lula é um retrato feliz na parede das casas da grande maioria dos brasileiros. É possível que a melhoria intensa e generalizada do bem-estar resulte na percepção de que a desigualdade foi reduzida de maneira mais efetiva.

No Brasil, durante a ditadura militar, tornou-se famosa a concepção de que seria necessário primeiro fazer o bolo crescer, para só então dividi-lo. O crescimento econômico foi colocado em oposição à redistribuição de renda. Há, de fato, uma diferença, presente até hoje no discurso de políticos de centro-esquerda, quando comparado aos líderes da centro-direita. Lula e Dilma sempre enfatizam que não faz sentido crescer a qualquer custo, que é preciso crescer gerando renda em maior proporção para os pobres do que para os ricos, que é preciso crescer reduzindo a desigualdade. Essa ênfase nem sempre está presente nas aparições públicas dos líderes de centro-direita. A visão predominante aqui é a de que o crescimento econômico é a prioridade, mesmo que haja algum aumento da desigualdade. Aliás, essa diferença entre os dois lados do espectro político está devidamente documentada pela literatura acadêmica especializada.

Pensando nisso, o Instituto Análise perguntou o que os brasileiros preferem, se o crescimento econômico ou a redução da desigualdade. Quando os dois objetivos são confrontados diretamente, 50% preferem que a desigualdade de renda seja reduzida, ao passo que 38% dizem preferir mais crescimento econômico. Igualmente interessante é o que a população pensa quando se afirma que um objetivo pode ser obtido em detrimento do outro. Trata-se de uma forma de medir o que é prioritário para a população: 46% preferem gerar mais desenvolvimento econômico e mais crescimento, mesmo que isso aumente a desigualdade entre ricos e pobres, enquanto 37% preferem que o governo faça coisas para diminuir a desigualdade entre ricos e pobres, mesmo que isso diminua o crescimento econômico. Há uma divisão da sociedade, com leve preferência pelo crescimento econômico.

Haverá aqueles que dirão que as duas coisas, crescimento e redução da desigualdade, são compatíveis. Concordo inteiramente. O objetivo da pergunta foi tão somente avaliar qual é a prioridade para os brasileiros. O resultado para o país inteiro esconde uma diferença regional importante: nas regiões Sul e Sudeste, há uma leve vantagem da preferência pela redução da desigualdade e no Nordeste, Norte e Centro-Oeste prefere-se mais desenvolvimento econômico. Isso independe da classe social. A conclusão é simples e direta: os pobres das regiões menos desenvolvidas do Brasil querem mais oportunidades para melhorar.

Há aqui uma aparente contradição. O PT, Lula e Dilma são proporcionalmente mais votados no Nordeste do que no Sul e no Sudeste, em que pese a imagem que ambos têm de defensores dos pobres e de líderes comprometidos com a redução da pobreza e da desigualdade. Essa aparente contradição pode ser equacionada se imaginarmos que a imagem que ambos nutrem tem por finalidade mostrar aos mais pobres que há alguém ao lado deles. Para os mais pobres, é mais desejado o crescimento econômico - e os dois governos, de Lula e de Dilma, vêm entregando isso, na visão dessa parte da população.

Essa hipótese é confirmada quando vemos que 36% dos brasileiros consideram que somente o PT, Lula e Dilma fazem coisas para diminuir a desigualdade entre ricos e pobres, ao passo que 31% consideram que o PSDB, Aécio, Fernando Henrique e Serra também fazem coisas para diminuir a desigualdade, como reduziram a inflação quando estiveram no governo. A diferença de imagem é pequena e está dentro da margem de erro da maioria das pesquisas. A única região na qual o PT é claramente diferente do PSDB quanto a esse aspecto é o Nordeste: o PT leva grande vantagem como o partido que diminui a desigualdade. Obviamente, isso faz com que o PT seja mais aceito e bem visto no Nordeste do que o PSDB. E tem feito a diferença no resultado final das últimas três eleições.

Alberto Carlos Almeida, sociólogo, é diretor do Instituto Análise e autor de "A Cabeça do Brasileiro"

Fonte: Valor Econômico / Eu fim de semana

Que venha o voto facultativo - Gaudêncio Torquato

As portas de 2013 se fecham sob a promessa do presidente da Câmara, deputado Henrique Alves, de abrir, mais uma vez, as sublinhadas e desgastadas páginas do livro da reforma política. Depois de recorrentes tentativas, ao longo das últimas décadas, para pôr um fim ao conservadorismo ortodoxo que inspira a vida pública e explica a razão pela qual a política deixou de ser missão para ser profissão, acreditar que as práticas nessa frente possam mudar é a confissão de fé de que Deus, ufa, decidiu tirar férias por aqui e ajudar o País a pavimentar o terreno da razão.

Deixando de lado os insondáveis desígnios do Senhor, é possível apostar uma quantia, mesmo mínima, na megassena política de 2014, tendo como base as derrotas em série que marcam a atividade política em matéria de reforma de costumes. A lei das probabilidades acolhe a hipótese de que ganhos são possíveis após sucessivas derrotas. Ademais, temas que outrora seria inimaginável que passassem pelo crivo de quadros fundamentalmente preocupados com a preservação de seu poder começam a ser palatáveis, como é o caso do voto facultativo. O surgimento de novos polos de poder na sociedade, a partir da multiplicação de entidades de intermediação social, reforça a necessidade de acabar com a obrigatoriedade de votar.

O voto facultativo tende a ser a chave-mestra para abrir as portas da mudança política. Vamos às razões.

Primeiro, a constatação de que a sociedade, há bom tempo, demonstra querer participar de forma ativa do processo político. A degradação geral dos serviços públicos, as crescentes pressões urbanas, o distanciamento entre a esfera política e as bases eleitorais, a pequena margem de manobra do corpo parlamentar para atender a demandas das comunidades, enfim, as promessas tão repetidas e nunca plenamente realizadas pela representação política compõem a argamassa da insatisfação social. Grupos, setores e categorias organizam-se em torno de suas entidades, formando um gigantesco rolo compressor a fazer pressão contra a representação centrífuga do poder. Estabelece-se, assim, o nexo entre cidadania ativa (mobilização social) e voto. Insatisfeitos com mandatários que foram sufragados nas urnas, contingentes tendem a buscar uma representação comprometida com suas demandas e próxima aos interesses locais/regionais. O poder econômico, claro, continuará a realizar manobras táticas (e escusas) para cooptar bolsões, mas essa prática será cada vez mais atenuada pelo adensamento das correntes racionais.

Neste ponto é oportuno lembrar os motivos que inspiram as escolhas. Para as classes que habitam os fundões e as margens sociais o apelo é o do bolso, na esteira da equação BO+BA+CO+CA=bolso cheio, barriga satisfeita (geladeira recheada), coração agradecido, cabeça decidindo retribuir a recompensa. Ora, mesmo nesses amplos espaços a inquietação e o clamor por melhoria dos serviços públicos (saúde, educação, segurança) dão sinais de exacerbação. Imagine-se tal onda de tensão num ano esportivo e eleitoral como será 2014.

O segundo apelo é o da proximidade. Os eleitores são induzidos a escolher representantes próximos aos seus ambientes físico e social, identificando perfis mais confiáveis, aptos a cuidar de seus interesses e mais controláveis. Esse fator aponta para um voto consciente. O voto facultativo, sob esse prisma, não arrefecerá o ânimo das bases. Ao contrário. Ainda na planilha de fatores que cercam o processo decisório, contabiliza-se a indicação feita por grupos de referência do eleitor - familiares, vizinhos, companheiros de trabalho, lideranças do bairro, etc. A onda de críticas, exigências e participação terá, nesse núcleo, mais um reforço. E por último, o próprio perfil do candidato estará sob a mira eleitoral, deixando escancarar a hipótese de que fica cada vez mais difícil vender gato por lebre.

Essa radiografia se completa com um pano de fundo que exibirá a linguagem da assepsia: políticos ficha-limpa; história de um passado limpo e vida decente; respeito, dignidade, ética e moral; combate à corrupção; Ministério Público e juízes de tribunais eleitorais com lupas potentes; sentimento de que a justiça está chegando para todos, fracos e poderosos; maior transparência. O voto facultativo torna-se adereço importante nessa fotografia. A soma de todo esse aparato indica expansão da racionalidade, conceito que ampara o voto qualificado e livre.

O eleitor irá às urnas com o sentimento de que votar ou deixar de votar constituem atos de consciência cívica. Há 20, 30 anos a modelagem do voto obrigatório fazia-se necessária sob o argumento de que a melhoria da representação implicava aprendizagem (votar sempre), sendo os eventos eleitorais de dois em dois anos com voto compulsório o mecanismo ideal para a democracia. A experiência até valeu. Mas os costumes políticos não acompanharam a dinâmica social. Daí a necessidade de alterar o calibre eleitoral. Hoje já se pode garantir que o eleitor brasileiro desenvolveu um sentido agudo e sutil e quer exercitar seu direito, votando ou mesmo deixando de votar. Sem amarras e injunções.

E se as urnas exibirem um grande vazio, com uma enxurrada de votos nulos e em branco? Ora, a conta negativa também pode ser debitada no crédito da racionalidade política. Protestar contra o status quo, fincar pé no terreno da contrariedade, deixar as urnas vazias constituem atos consonantes com nosso estágio civilizatório. O voto facultativo deverá ser testado. Haverá oportunistas? Sim. Figuras e figurões poderão usar a arma do bolso para convencer eleitores do fundão do País. E, dessa forma, plasmar um voto "falcatruativo". Não terão a comodidade d'outrora. A interpretação lamurienta do memorável coronel pernambucano Chico Heráclito sobre a cabeça do votante se alastra pelo País: "O eleitor do Recife é muito a favor do contra". Esse eleitor contrário se espalha pela Nação.

*Jornalista, professor titular da USP,

Fonte: O Estado de S. Paulo

Mal na fita - Merval Pereira

A mais recente edição da revista “Foreign Affairs” traz duas análises que se combinam: os países que merecem a atenção dos investidores e aqueles que são os “eternos emergentes” e acabam não realizando as profecias que fazem sobre eles. Infelizmente o Brasil, que já foi uma das estrelas daquele time de vencedores, passou a esta última categoria.

Entre as novas estrelas, a revista cita México, Coréia do Sul, Polônia, Turquia, Indonésia, Filipinas e países da região do rio Meckong – Camboja, Laos, Vietnam (a antiga Indochina), Miamar e Tailândia. Há observações cautelosas, por exemplo, sobre a situação da Turquia, onde apontam o primeiro-ministro Erdogan como o responsável pela pujança, mas que também pode ajudar a desconstruir o país com sua tendência ao populismo.

Com relação a alguns desses países, como o México e as Filipinas, a revista cita como um dos pontos favoráveis “um líder político carismático” que entende a necessidade de reformas e tem capacidade de levá-las adiante. Mas Ruchir Sharma, chefe de mercados emergentes e de macroeconomia global da Morgan Stanley, adverte: esse tipo de líder costuma durar pouco nessas regiões.

Ele escreve artigo para essa edição da revista "Foreign Affairs" em que alinha os erros de previsão em relação à pujança dos países emergentes, especialmente os que formam os BRICS – Brasil, Rússia,Índia, China e África do Sul – classificado por ele de um acrônimo vistoso, mas sem sentido. Destaca que, por razões diferentes, os países dos BRICS estão tendo dificuldades, o que mostra que foi um erro tratá-los como um pacote sem rosto, esquecendo as histórias próprias de cada um apenas para justificar o acrônimo.

Os quatro países iniciais que formaram os BRICs (tijolo em inglês) – a África do Sul entrou depois, aproveitando o S no idioma inglês - detêm 40% da população e do PIB mundiais, além de representarem 28% da massa terrestre do planeta. Mas até agora, as discussões entre os Brics têm sido dominadas por temas que os dividem: a representação mais ampla dos países emergentes nas organizações estabelecidas depois da Segunda Guerra Mundial, e a questão do protecionismo, especialmente na agricultura.

São temas divisionistas, pois dois deles, China e Rússia, estão entrincheirados entre os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. E no tema econômico do protecionismo a divisão ocorre em outras linhas por que o Brasil busca apoio aos seus produtos agrícolas, e China e Índia têm o interesse de resguardar sua agricultura familiar.

Ruchir Sharma cita como um dos principais erros das previsões acreditar que tendências registradas em determinado momento são permanentes “e que economias quentes continuarão quentes”, sem levar em conta “a natureza cíclica” dos desenvolvimentos político e econômico". Ele atribui esse comportamento à "euforia” que tomou o lugar de um julgamento sólido”.

Sobre o Brasil, ele faz algumas observações. Primeiro, que assim como a Indonésia e a Rússia, o Brasil está se apagando graças à “gestão má ou complacente ”. Outro exemplo em que ele cita o Brasil é quando fala do equilíbrio das contas públicas que é necessário para garantir um crescimento homogêneo para o país: “O Brasil está gastando muito para construir um estado de bem-estar social para um país com renda média de onze mil dólares, enquanto a Coréia do Sul, que tem a renda média duas vezes maior que a do Brasil, está gastando muito pouco em programas sociais”.

Ele cita também que a desigualdade de distribuição de rendas é muito maior do que deveria no Brasil e na África do Sul, enquanto está dentro da normalidade na Polônia e na Coréia do Sul, países incluídos entre aqueles que estão a merecer a atenção dos investidores internacionais.

Com relação aos investimentos, ele cita a China como exemplo de uma política que aparentemente é vitoriosa, com cerca de 50% do PIB, mas que corre sério risco devido a obras inúteis, como grandes condomínios abandonados. Já no Brasil e na Rússia, a falta de investimentos faz com que os serviços urbanos não funcionem, chegando ao cúmulo de, em São Paulo, devido aos constantes engarrafamentos, executivos dependerem de helicópteros para se locomoverem pela cidade.

Fonte: O Globo

Presente de grego no Natal - Eliane Cantanhêde

Os viajantes brasileiros deixaram (deixamos) mais de US$ 20 bilhões no exterior neste ano. No fim das contas vai dar umas cinco vezes mais do que a compra de caças suecos para renovar a frota da FAB, a serem pagos durante décadas.

Em vez de aquecer a economia do Brasil, estamos movimentando o comércio e gerando empregos nos países alheios, sobretudo nos ricos. Miami passou a ser o principal destino da brasileirada, que volta com malas gigantescas abarrotadas de peças de grife e todo tipo de bugiganga.

Na versão cor de rosa do governo, tudo isso é resultado do sucesso: o país está bombando, e os brasileiros estão cheios de amor para dar e com montanhas de dinheiro para viajar e gastar. Mas a realidade é outra e tem um nome: preço. Os preços no Brasil estão pela hora da morte.

Numa tarde em Miami, sentei para tomar um café e me senti em casa, mas a minha casa é aqui. À mesa da direita, paulistas; à da esquerda, nordestinos. E havia três moças de Minas. Todos cheios de sacolas.

Na volta, fiquei vagando duas horas num shopping em São Paulo à procura de lembrancinhas de Natal e tudo o que comprei foram dois lencinhos de seda, só para não sair de mãos abanando. Ah! E gastei R$ 60 de estacionamento num único dia.

Os produtos nacionais viraram artigo de luxo, os importados custam três vezes mais que nos EUA. Nem as feiras e o comércio popular escapam. Imagine a aflição da maioria de trabalhadores ao procurar brinquedos, tênis e roupas para os filhos.

Não foi nenhuma surpresa saber que o comércio teve seu pior Natal em 11 anos. A surpresa ficou por conta da reação desvairada do governo: em vez de se preocupar e se ocupar com os preços internos abusivos, aumentou o IOF e penalizou os cartões de débito em moeda estrangeira. Falta pão? Suprimam-se os brioches.

Se o brasileiro ficar, o bicho preço come; se correr, o bicho imposto pega. Obrigada, presidente Dilma, pelo presente de grego no Natal.

Fonte: Folha de S. Paulo