O Globo
Ao longo da vida, participei de centenas de
manifestações, em muitas gritando palavras de ordem; em outras, apenas
documentando.
O que extraio de verdadeiro dessa gritaria
nas ruas é uma frase que sobrevive na velhice: “O povo, unido, jamais será
vencido”. Um país pode ser invadido por forças militares superiores, o governo
pode ser desfeito, mas, no médio e longo prazos, essa verdade essencial acabará
se impondo.
Escrevo num momento de transição. Sei que o
mundo mudou e seguirá mudando. Mas a simples eclosão da guerra não consegue
ofuscar, para mim, o novo relatório dos cientistas da ONU mostrando como
avançam o aquecimento global e o perigo de tragédias climáticas.
Do nível nacional ao internacional, o
instinto de morte parece estar numa ofensiva sem precedentes. Não pretendo
abordá-lo com mais uma análise da correlação de forças, nem das negativas
consequências econômicas. Essa tarefa, já a cumpri durante a semana, analisando
o papel estratégico dos fertilizantes no agronegócio e, consequentemente, na
economia e na segurança alimentar do Brasil.
Ao encerrar meu trabalho noturno, tenho visto uma série chamada “Mind hunters”. É a história de agentes do FBI que, no fim do século passado, percebem que os crimes não se explicam mais pelos velhos motivos: ciúmes, dívidas a cobrar. Eles se interessam por criminosos em série, cujas razões só podem ser entendidas com um mergulho nas suas mentes doentias.