quarta-feira, 12 de maio de 2021

Vera Magalhães - Haja trator para tanto escândalo

- O Globo

Tratores são, como o nome indica, veículos de tração, responsáveis por movimentar cargas muito pesadas, de difícil deslocamento. Haja trator superfaturado para empurrar Jair Bolsonaro até o fim do mandato com tanto escândalo, tanto fracasso e tanta incompetência.

O escândalo do tratoraço, revelado pelo “Estadão”, que começou a puxar o fio da meada de um mecanismo novo de apropriação do Orçamento da União por pequenos grupos para dar sustentação a um governo insustentável, é a chave para ajudar a responder, juntamente com o fanatismo de um setor da sociedade, à pergunta de um milhão de dólares: por que Bolsonaro não cai?

O ministro Luiz Eduardo Ramos costuma se gabar de que, depois de sua passagem pela Secretaria de Governo da Presidência, a máxima segundo a qual não havia articulação política no Planalto foi derrubada.

Agora se sabe com que expedientes.

Uma engenhosa urdidura permitiu que o Centrão caísse no colo do presidente, e lá vai permanecer enquanto houver trator para arrancar. A base desse arranjo foi a criação de um tipo de superemenda (a RP9, domínio do relator do Orçamento), usada como uma conta-mãe de que parlamentares aliados sacam nacos para suas bases à custa de fidelidade nas votações e mediante ofícios por baixo dos panos.

Bernardo Mello Franco - Engavetador em campanha

- O Globo

Um assessor parlamentar deposita R$ 89 mil na conta da primeira-dama. Quando a história vem à tona, o presidente diz que o dinheiro era para ele. Ao ser questionado sobre o motivo dos cheques, o político se descontrola. Fecha a cara, solta palavrões e ameaça agredir o jornalista com um soco na boca.

A pergunta do repórter do GLOBO ganhou as redes sociais: “Presidente, por que sua esposa, Michelle, recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz?”. Nove meses depois, Jair Bolsonaro ainda não se dignou a respondê-la. Se depender da Procuradoria-Geral da República, continuará em confortável silêncio.

Na segunda-feira, o procurador Augusto Aras rejeitou abrir inquérito sobre o caso. Ele afirmou ao Supremo que não vê “lastro probatório mínimo” contra o capitão. O parecer contrariou o advogado Ricardo Bretanha Schmidt, autor do pedido de investigação. “Quando se trata do presidente, a PGR nunca tem disposição de elucidar os fatos”, protesta.

Fernando Exman - Centro entra na briga pelo “agro-eleitor”

- Valor Econômico

Terceira via pode ter vice que fale bem com o produtor rural

Fevereiro de 2015. Cerca de nove meses antes do início do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, estavam mais do que dados os sinais da polarização em gestação e que há anos trava o jogo político. Aquele evento no Rio de Janeiro, agendado para ser um ato em defesa da administração petista e a gestão do partido à frente da Petrobras, seria lembrado até hoje por produtores rurais que justificam a decisão de aderir ao projeto político do presidente Jair Bolsonaro e já entraram no radar das siglas de centro.

Havia tensão no ar. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegara ao local depois que militantes petistas e oposicionistas já haviam trocado sopapos. A polícia precisou ser acionada.

 “Em vez de ficarmos chorando, vamos defender o que é nosso. Defender a Petrobras é defender a democracia e defender a democracia é defender a continuidade do desenvolvimento social neste país”, discursou Lula, convocando os aliados a saírem pelas ruas. Aplausos na plateia.

Entre os presentes, pouco importava a proposital confusão entre a defesa de uma empresa estatal que sofrera um verdadeiro saque e o desagravo a um governo em derrocada. Sabia-se que Dilma não chegaria ao último dia de mandato. Mas, para Lula e seus aliados, era necessário, antes de tudo, manter a militância vigilante.

Ricardo Noblat - O que disse Barra Torres à CPI da Covid calou Bolsonaro

- Blog do Noblat / Metrópoles

O presidente perdeu a voz porque não esperava um depoimento tão contundente. General Eduardo Pazuello quer proteção da justiça para ir depor

De manhã, antes do início do depoimento à CPI da Covid-19 no Senado do contra-almirante Antonio Barra Torres, presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Jair Bolsonaro fez o de costume antes de ir trabalhar: reuniu-se nos jardins do Palácio da Alvorada, onde mora, com um grupo de devotos, e deitou falação. Entre outras coisas, chamou jornalistas de “canalhas”.

No meio da tarde, informado sobre o que dissera Barra Torres, e ainda dizia, perdeu a voz. Sequer discursou como estava previsto na cerimônia em que o governo anunciou a liberação de mais dinheiro para a área da Saúde e socorro aos brasileiros pobres atingidos pela pandemia. Aquela seria uma ocasião para faturar politicamente, mas ele não o fez. Parecia bufar de tão furioso.

Não era por menos. Foi até aqui o depoimento que mais afrontou o governo e pessoalmente o presidente da República. Os dos ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich saíram conforme o previsto, assim como o de Marcelo Queiroga, o atual ministro, que poupou o governo e Bolsonaro dos maiores embaraços. Queiroga mentiu e sonegou informações.

Rosângela Bittar - Fraulein, o regresso

- O Estado de S. Paulo

A Câmara se entregou. Achou uma pechincha a imposição da velha escola, a domiciliar

Assim como não existe legalmente, o Centrão não tem preços fixos. De um lado do balcão, o presidente da República. Do outro lado, as legendas, da Câmara sobretudo. Com suas condições no atacado e no varejo. Em postos bem posicionados, com domínio de comissões decisivas para a linha de montagem dos produtos, representantes fanáticas do presidente Jair Bolsonaro.

Essas transações produzem um escândalo atrás do outro. Quem se importa ou se envergonha?

A Câmara dos Deputados descobriu que o preço do presidente Jair Bolsonaro está abaixo da expectativa do Centrão, uma vez que os critérios da barganha parlamentar só consideram de milhões para cima. Para a sociedade tudo isso é incompreensível e doloroso. Como compatibilizar a votação de uma mudança de costumes com as obras físicas inúteis e superfaturadas? Como pesar o engavetamento do impeachment tendo no outro prato da balança a anulação das minorias parlamentares com uma simples mudança do regimento?

José Nêumanne* - Bolsonaro ostenta lema das milícias

- O Estado de S. Paulo

Sorrindo diante do cartaz de ‘CPF cancelado’, presidente mostra de que lado está

Em 23 de abril, em atrasadíssima ida a Manaus, o presidente Jair Bolsonaro posou, sorridente, para fotografia segurando cartaz com os dizeres “CPF cancelado”. Fê-lo ao lado do apresentador do programa de TV Alerta Nacional, Sikêra Jr., e dos ministros da Saúde, Marcelo Queiroga, da Educação, Milton Ribeiro, e do Turismo, Gilson Machado Neto, líder da banda de forró Brucelose (infecção bacteriana que afeta milhares de pessoas no mundo). A expressão é usada por defensores de policiais que matam suspeitos em operações, como era, à época da ditadura militar, a caveira com ossos em xis usada pelo Esquadrão Le Coq, criado em 1965 para vingar a morte do detetive da Polícia Civil do Rio de Janeiro Milton Le Cocq. Essa scuderie inspirou grupos de extermínio de “bandidos” por policiais, entre os quais o delegado do Dops paulista Sérgio Fleury.

Fernando de Barros e Silva escreveu na revista Piauí o artigo País cancelado, que começa assim: “Jair Bolsonaro seguiu à risca o que se exige da mulher de César. Não basta ser miliciano, tem que parecer miliciano”. Este, segundo ele, seria o estilo “milícia ostentação”. Não que a famiglia presidencial omita que o deputado federal Jair Messias foi ao julgamento do chefe miliciano Adriano da Nóbrega e o homenageou em discurso na Câmara. Sob ordens dele, seu primogênito, Flávio, nomeou para próprio gabinete familiares do acusado de chefiar o Escritório do Crime, empreiteira de assassínios de aluguel. E entregou-lhe a Medalha Tiradentes na cela. Quando Nóbrega foi executado por policiais civis baianos e fluminenses, Flávio, já acusado de extorquir funcionários-fantasmas na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), lamentou a execução do criminoso em aparente queima de arquivo.

Michel Temer* - E lá se vão cinco anos!

- O Estado de S. Paulo

Não é hora de ódio, mas de pregar a paz entre os brasileiros e a harmonia entre as instituições

Há cinco anos assumi a Presidência da República. Afastada a senhora presidente, desejou-se realizar posse em largo espaço no Palácio do Planalto. Modestamente, achei que o momento não era para comemoração. Era, apenas, cumprimento de um dever constitucional. Pedi para realizarem o ato no menor dos auditórios. Entretanto, surpresa! Quando me dirigi ao local, os corredores estavam repletos de deputados, senadores, assim como populares que não conseguiram ingressar naquele espaço, que estava lotado. Percebi naquele momento que tinha apoio sólido do Congresso Nacional.

Quase todos os partidos estiveram presentes, a confirmar tese que alardeei ao longo do tempo: a unidade de todos para enfrentar os problemas do País. E quais eram eles? Inflação de dois dígitos, juros da taxa Selic em 14,25%, estatais desarranjadas e dando prejuízo, déficit fiscal, descrédito, desânimo, imagem negativa no exterior e desarmonia interna no governo. Tive de providenciar, às pressas um bom Ministério.

Bruno Boghossian – O amigo entregou o presidente

- Folha de S. Paulo

Depoimento mostra que presidente não consegue controlar estragos da investigação

Antônio Barra Torres se diz amigo de Jair Bolsonaro. Nos primeiros meses da pandemia, o presidente da Anvisa frequentava o Palácio da Alvorada e aconselhava um presidente que já fazia questão de minimizar os riscos daquela crise. Agora, com o país mergulhado na tragédia, ele reconheceu que o governo levou o país pelo caminho errado.

O depoimento de Barra Torres à CPI da Covid escancara a conduta destrutiva de Bolsonaro. A comissão já esperava colher depoimentos incômodos para o presidente entre seus desafetos, como o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, mas nem mesmo um amigo foi capaz de acobertar o estrago feito até aqui.

Ruy Castro - Pequeno manual para a CPI

- Folha de S. Paulo

Quando vão aprender que, num interrogatório, o importante não é a pergunta, e sim a resposta?

Uma sessão de CPI, em que parlamentares interrogam judicialmente um depoente, se parece com uma coletiva de imprensa, em que jornalistas fazem perguntas a uma pessoa. Em ambas, o objetivo é extrair informações. O entrevistado pode omitir ou mentir para os repórteres, porque sabe que nada lhe acontecerá. Já o inquirido pela CPI está sob juramento. É obrigado a responder a tudo e só dizer a verdade, ou sair dali preso. Mas, na prática, contando com a própria esperteza ou com o despreparo dos inquisidores, ele também omite ou mente à vontade e volta para casa assobiando.

Hélio Schwartsman - Esqueceram dos homens

- Folha de S. Paulo

Eles têm 40% a mais de chance de morrer devido à Covid que as mulheres

Já vi gente séria defendendo que se priorize a vacinação contra a Covid-19 de pretos, pardos, moradores de favelas. No caso de indígenas aldeados e quilombolas, os dois grupos foram incluídos na lista de preferências do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

Categorias profissionais, como policiais, professores, motoristas de transportes públicos, também encontraram seus propagandistas. Assim como portadores de comorbidades, as frequentes e as raras.

Essa é uma daquelas situações em que todos têm razão –o que não significa necessariamente que o Estado possa ou deva atender a todas as demandas. Os pleitos estão quase sempre amparados em estudos que apontam risco aumentado de infecção, hospitalização e morte para cada um desses grupos. Nas situações em que falta uma boa pesquisa, sobram considerações pragmáticas, como o valor social da educação.

Vinicius Torres Freire - Epidemia vai morrer de morte morrida

- Folha de S. Paulo

Ainda na pior fase, país tem 2 mil mortes por dia e deixou de agir para matar a doença

Estamos cansados de distanciamento, de medo de perder o emprego ou o negócio, de mortes. Há sempre um escândalo ou ultraje novo que abafa o horror ou a mutreta da semana passada. O conjunto da ruína soterra no esquecimento outros desastres. Quem ainda se comove com o desmatamento crescente, “recorde”, da Amazônia? Assim é também com as mortes de Covid e a vacinação lenta.

A epidemia está em um nível de morticínio que, até a metade de março, era o recorde e causava escândalo, provocava panelaço e incentivou a instalação da CPI. São ainda mais de 2.000 mortes notificadas por dia no Brasil. A estatística funérea caiu bastante desde o pico do horror (meados de abril), uns 33%. Mas, no ritmo em que vamos, ainda em meados de junho teremos mil mortes por dia, como em janeiro, que por sua vez contava o dobro do número de mortes de novembro, no entanto.

E daí?

Não sabemos se o número de mortes vai continuar caindo nesse ritmo já lento. Faz cerca de duas semanas, o número de novas internações por Covid em UTIs no Estado de São Paulo está praticamente estável (em torno de 2.235 por dia, muito acima da média de 1.500 por ainda de fevereiro).

Fábio Alves - O chilique das eleições

- O Estado de S. Paulo

Polarização entre as candidaturas de direita e de esquerda, representadas por Bolsonaro e Lula, vai gerar maior volatilidade nos preços

É cada vez maior a percepção dos investidores de que os preços dos ativos financeiros no Brasil devem começar a sofrer a influência da corrida para a eleição presidencial de 2022 muito antes do que em outros ciclos eleitorais e esse impacto pode ocorrer ao mesmo tempo que sopram ventos adversos do exterior.

Os investidores temem que os mercados globais enfrentem, já no segundo semestre deste ano, outro episódio de “taper tantrum”, a turbulência observada em 2013 quando o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) começou a discutir a redução dos estímulos monetários adotados durante a crise financeira mundial de 2008.

É que com a retomada mais acelerada do que o previsto da economia dos EUA, após o tombo causado pela pandemia de covid, a expectativa é de que o Fed comece a discutir em algum momento do segundo semestre uma eventual redução nas compras de títulos do Tesouro americano e de papéis lastreados em empréstimos imobiliários, o que seria executado a partir do início de 2022. O efeito dessa discussão pelo Fed poderá resultar em fuga dos investidores de ativos de maior risco, como as moedas e as Bolsas de países emergentes.

Zeina Latif - Silêncio ensurdecedor sobre a educação

- O Globo

Sou fruto de um Brasil que poderia ter dado certo. Estrangeiros enxergavam o País como uma terra de oportunidades. A julgar pelas amplas evidências empíricas sobre as razões para as diferentes performances dos países, nosso maior erro histórico foi a atenção tardia e insuficiente à educação básica. Universalizamos o ensino, mas insistimos no erro da baixa qualidade de gestão.

Meus avós eram quase analfabetos. Do lado materno, chegaram ao Brasil como mão de obra braçal no interior longínquo de São Paulo. Os imigrantes valorizavam o estudo mais do que os brasileiros de renda equivalente, além de muitos deles terem maior capital humano.

Assim contribuíram para o investimento estatal na educação, no Chile e na Argentina, e também em algumas regiões do Brasil, como São Paulo e Rio Grande do Sul.

Analisando as imigrações patrocinadas por São Paulo entre o final do século 18 e o início do 19, Rudi Rocha, Claudio Ferraz e Rodrigo Soares encontraram relação entre cidades que receberam estrangeiros e o maior avanço da escolaridade, com benefícios de longo prazo para suas economias.

Nilson Teixeira - Crescimento sujeito a várias incertezas

- Valor Econômico

Não é possível ter convicção sobre a previsão de crescimento do PIB em 2021 diante de incertezas em muitas frentes

Os dados recentes sugerem números mais favoráveis para o PIB do 1º trimestre - nossa projeção de crescimento é de 0,2% ante o 4º trimestre. O aprofundamento da pandemia em março, com a decretação pelos Estados e municípios de medidas mais restritivas ao funcionamento de alguns segmentos, notadamente no setor de serviços, teve impacto no mês menor do que o antecipado.

Essa dinâmica em março ocorreu tanto do lado da produção como do consumo. A produção industrial, por exemplo, cresceu 10,3% frente a fevereiro e contraiu 2,4% frente a março de 2020, um resultado melhor do que o previsto. Do mesmo modo, as vendas no varejo de março surpreenderam positivamente, com alta de 10,1% frente ao mesmo mês do ano anterior e retração de apenas 0,6% ante fevereiro.

A incerteza sobre o comportamento do PIB advém de várias frentes, algumas com efeitos positivos e outras negativos. Do lado favorável, a forte e contínua alta dos preços das commodities agrícolas e metálicas indica que o superávit comercial pode ser maior, não apenas por conta dos preços altos, mas também de maiores quantidades exportadas.

Cristiano Romero - Por que insistir no erro de substituir importações?

- Valor Econômico

Bacha diz em estudo que economia fechada explica estagnação

Entre 1950 e 1980, a economia brasileira cresceu em média 7,5% ao ano. Em 1981, já sentindo os efeitos da segunda crise do petróleo, que jogou inflação e taxas de juros nos Estados Unidos nas alturas, o Produto Interno Bruto (PIB) do país contraiu 4,25%, o primeiro resultado negativo em quase quatro décadas - em 1942, em plena guerra, recuara 2,7%.

Na década de 1980, conhecida como “década perdida” - provavelmente, na ocasião poucos acreditassem que aquela era apenas a primeira de quatro décadas de crescimento medíocre -, a taxa média anual de expansão do PIB brasileiro caiu para 1,67%. Na década seguinte, segundo o Valor Data, subiu para 2,63%. Nos dez primeiros anos deste século, a média anual saltou para 3,71% e, de 2011 a 2020, caiu para estarrecedor 0,23% ao ano, ritmo bem inferior ao de crescimento médio, de 0,83% ao ano, da população.

Edmar Bacha, um dos formuladores do Plano Real, lembra que, de 1981 a meados da década de 2010, estabeleceu-se padrão de expansão do PIB de apenas 2,5% ao ano, um terço da média registrada de 1950 a 1980. Na última década, veio a derrocada inapelável, que já nos deu várias lições e derrubou vários mitos - um deles, o de que nossos períodos recessivos duram poucos anos e a recuperação é sempre rápida.

Aylê-Salassié F. Quintão* - Criptomoedas: ficar rico logo ou perder tudo de uma vez

“Só compre moedas digitais se estiver preparado para perder todo o dinheiro aplicado”, adverte Andrew Bailey, presidente do Banco da Inglaterra, termômetro do fluxo financeiro no mundo. Os ganhos são astronômicos, mas as possibilidades de perdas são ainda maiores.

Em 2017, uma unidade de bitcoin, a moeda criptografada, era adquirida por US$ 4.700, e chegou a US$ 13.400. Atraiu milhares de pessoas. Um ano depois, valia, entretanto,US$ 3.500, conforme mostra a revista  Infomoney (https://www.infomoney.com.br/guias/criptomoedas/).   

Seu valor pode alcançar elevados patamares hoje, e amanhã despencar. Altamente volátil, é, entretanto, sedutora para quem nada tem a perder ou para quem pensa em ficar rico repentinamente.

As criptomoedas são muitas:  bitcoin, etherum (ETH), tether (USDT), Ripple (XRP), Litecoin (LTC) e outras. Mas não tem lastro (garantia) material acessível para dar suporte aos montantes em circulação virtual e que transitam já pelos bilhões, embora use como referência o dólar norte-americano, por sua vez lastreado no fluxo comercial e financeiro no mundo (U$ 25 trilhões). 

Impossível, portanto, ignorar seus efeitos políticos planetários. As moedas digitais ajudam, no fundo, aqueles que tentam derrubar a hegemonia do dólar no mercado internacional. Em um momento no passado recente, os países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e até do Mercosul pretenderam derrubar o dólar.

O que a mídia pensa: Opiniões / Editoriais

EDITORIAIS

Orçamento para os amigos

O Estado de S. Paulo

O presidente Bolsonaro ofereceu às raposas do Congresso não somente as galinhas, como os ovos e as chaves do galinheiro

O governo de Jair Bolsonaro montou um esquema de rateio de recursos públicos entre parlamentares de sua base, fora dos controles orçamentários, conforme mostraram reportagens do Estado publicadas desde domingo.

Trata-se de um escândalo que espanta não apenas pelos valores envolvidos – em torno de R$ 3 bilhões, até onde a reportagem pôde verificar –, mas também pela sorrateira engenharia para escamotear a escassez de critérios técnicos e a abundância de critérios políticos para a distribuição do dinheiro. Nada nessa história parece nem remotamente republicano.

No esquema, dezenas de parlamentares governistas ganharam a chance de determinar a destinação de verbas do Ministério do Desenvolvimento Regional. O manejo dos recursos, por lei, cabe somente à pasta, dentro dos limites estabelecidos pelo Orçamento, mas o governo, no afã de agradar a sua base, simplesmente abriu mão dessa prerrogativa.

As verbas em questão resultam das chamadas “emendas de relator”, modalidade de emenda parlamentar ao Orçamento introduzida no ano passado. O relator-geral do Orçamento pode encaminhar emendas para, entre outros objetivos, remanejar recursos para determinadas áreas. Nessa modalidade, não cabe ao relator indicar qual município receberá o dinheiro nem qual obra será financiada. Essa tarefa – a execução orçamentária – é do Ministério.

Música | Mutirão de amor - Roberta Sá (Sambabook Zeca Pagodinho)

 

Poesia | Graziela Melo - O palco da vida

Rotativo
é o palco
da vida

Logo após
as primeiras
cenas

já é hora
da despedida!!!

É
triste
envelhecer!!!

É como
se fosse
enxergar
o mundo

parando
de crescer!

Triste
Está
minh'alma

Sem
rumos
definidos...

Olho
para trás

e rememoro

à distância

os caminhos
percorridos...

Hoje
estamos juntos
prazerosos
eufóricos
e eloquentes...

Amanhã,
nos separamos

mudos,
frios,
inertes,
indiferentes!!!