O Globo
Não começou no governo Jair Bolsonaro a
discussão a respeito da adoção da tese do marco temporal como vinculante para a
demarcação de terras indígenas, decisão fundamental para o futuro do Brasil
que, de tão intrincada, o Supremo Tribunal Federal pode de novo adiar nesta
quarta-feira.
Mas foi neste governo que esse tema virou
mais uma daquelas bandeiras que o presidente brande para se contrapor de forma
sempre brutal a qualquer direito de minorias com que não tem qualquer empatia
nem qualquer compromisso como governante.
O marco temporal virou um passaporte para
Bolsonaro impulsionar uma política de subjugar os povos indígenas e lhes tirar
direitos, e é essa a dimensão que o julgamento do STF adquiriu, com a maior
mobilização pela vida já organizada em Brasília por representantes de várias
etnias.
Foi ainda no julgamento da demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol, concluída em 2009, que a tese do marco temporal ganhou corpo, incluída entre 19 condicionantes apresentadas pelo ministro Carlos Alberto Menezes Direito ao voto histórico de Carlos Ayres Britto que reconhecia a demarcação contínua da área no Estado de Roraima.