O Globo
Os últimos acontecimentos no interior do PL
mostram que o bolsonarismo não tarda muito a virar a mesa
Um dos problemas de estudar a História da
extrema direita é que, às vezes, durmo no sofá e tenho curtos pesadelos.
Supremacia branca, antissemitismo, homofobia, raiva de mulheres — cada grupo
tem seu gosto, e juntos formam a chamada direita alternativa — alt-right.
Uma coisa que aprendi nas horas de estudo e
vigília é que a extrema direita tem uma tática de escandalizar para emergir no
chamado mainstream. Foi assim quando Hillary Clinton, nas eleições de 2016,
mencionou a alt-right. Muitos grupos celebraram por terem sido citados.
— Conseguimos entrar na cabeça dela —
postaram nas suas redes.
Sou pai de professora e tenho tudo para
estar indignado com o deputado Eduardo
Bolsonaro, que comparou os mestres brasileiros a traficantes de
drogas.
No entanto não posso deixar de colocar sua
fala no contexto, como dizíamos antigamente. O pai foi derrotado na votação da
reforma tributária.
Nesse quadro de isolamento, uma tábua de
salvação é precisamente dizer algo bombástico. Os adversários comentam e movem
processos, o próprio governo manda investigar.
Um encontro insignificante de pessoas que defendem armas acaba tendo uma divulgação que o salvou de passar completamente em branco, ou em cinza, dependendo de como se avalia o anonimato.