quarta-feira, 8 de junho de 2016

Opinião do dia – Alberto Aggio

O PT, na sua avaliação de conjuntura, após o afastamento de Dilma, lamentou não ter seguido o caminho venezuelano, que impôs desde o início uma Constituição com os devidos “mecanismos de defesa”, o que tem permitido ao atual presidente, Nicolás Maduro, se manter no poder e bloquear qualquer saída para a dramática crise que vive nosso vizinho. O PT lamentou ter confiado na ordem democrática fundada na Carta de 1988, uma Constituição “indefesa” que permitiu que o partido fosse “golpeado” por aqueles que levaram o impeachment em frente.

A tese do “golpe de novo tipo” visa a advertir a esquerda de que, mesmo aderindo à democracia, não estará imune ao golpe, uma vez que a democracia não tem condições de se proteger dos “golpistas”. A tese é reiterativa e deriva dos pergaminhos que ditam que o objetivo da esquerda é instalar um regime (também) de “novo tipo”, que dê cabo da democracia vigente. Mas deste, como nos recordamos, os presságios sempre foram assustadores.

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*Alberto Aggio é historiador e professor titular da Unesp. ‘O paradigma do ‘golpe de novo tipo’, O Estado de S. Paulo, 8/6/2016

Partidos se unem contra prisões

• Para Renan, pedido de Janot é abusivo; Sarney se diz ‘perplexo e revoltado’

Além do PMDB, integrantes de PT e PSDB criticam pedido do procurador-geral

O pedido de prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros, do ex-presidente José Sarney e do senador Romero Jucá, todos do PMDB e acusados de tentarem atrapalhar a Lava-Jato, provocou forte reação deles e dos partidos. A decisão está nas mãos do ministro do STF Teori Zavascki, que analisará o pedido do procurador-geral, Rodrigo Janot, revelado ontem pelo GLOBO. Janot também requereu a prisão do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, como mostrou a TV Globo. Renan chamou o pedido de “desproporcional e abusivo”. Sarney se disse “perplexo, indignado e revoltado”. A notícia deixou alarmado o Senado, onde tramita pedido de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff. Partidos de campos opostos, como PT e PSDB, defenderam os peemedebistas.

Perplexidade e autoproteção

• Partidos opostos como PT e PSDB criticam os pedidos de prisão de Renan, Sarney e Jucá

Cristiane Jungblut, Simone Iglesias, Eduardo Bresciani - O Globo

Gilmar Mendes critica vazamentos em processos sigilosos

• Ministro do STF diz que é um contrassenso pedir o sigilo e depois divulgar o teor do caso

Carolina Brígido – O Globo

BRASÍLIA – O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou nesta terça-feira o vazamento de informações contidas em processos ocultos. Ele disse que essa prática configura crime e os responsáveis precisam se explicar. Embora não tenha se referido especificamente a um caso concreto, o exemplo mais recente de vazamento ocorreu com a divulgação pelo GLOBO de pedidos de prisão feitos ao STF pela Procuradoria-Geral da República contra quatro caciques do PMDB: o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e os senadores José Sarney (AP) e Romero Jucá (RR).

Renan, Cunha e Jucá criticam pedidos de prisão; Sarney se diz 'perplexo' e 'indignado'

• Presidente do Senado afirma que pedido de Janot é ‘abusivo e desproporcional’

Cristiane Jungblut, Isabel Braga – O Globo

BRASÍLIA — Alvos de pedidos de prisão feitos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF), caciques do PMDB reagiram, nesta terça-feira, com críticas e perplexidade em notas divulgadas à imprensa. O presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), classificou como desproporcional e abusiva a iniciativa de Janot. O senador Romero Jucá (RR) declarou considerar "absurdo" o pedido, e reiterou que sempre esteve à disposição para dar todos os esclarecimentos pedidos dentro da Lava-Jato. O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, também disse que vê com estranheza o "absurdo pedido" de prisão. Já o ex-presidente José Sarney (AP) afirmou que está "perplexo, indignado e revoltado".

O pedido de Janot foi revelado pelo GLOBO em sua edição desta terça-feira. Renan, Jucá e Sarney foram flagrados tramando contra a Operação Lava-Jato em conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. O "Bom Dia Brasil", da TV Globo, confirmou que há também um pedido de prisão contra Cunha, mas o motivo seria sua interferência no comando da Casa, mesmo após seu afastamento.

‘Estamos num poço sem fundo’, diz Marina sobre pedidos de prisão

• Para ex-senadora, atual governo não tem condições de passar Brasil a limpo

Stella Borges – O Globo

GUARULHOS - A ex-senadora e candidata à Presidência da República em 2014 Marina Silva disse nesta terça-feira que os pedidos de prisão de caciques do PMDB feitos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, indicam que a política está num “poço sem fundo” e reforçam a necessidade de se convocar novas eleições. Ela, no entanto, despistou quando questionada se concorreria novamente.

Marina defende a cassação da chapa Dilma-Temer no TSE. O pedido, feito pelo PSDB, argumenta que os então candidatos à reeleição usaram dinheiro desviado da Petrobras para financiar a campanha.

Líderes do PSDB dizem que não há fatos que caracterizam pedidos de prisão

• Cunha Lima pede calma porque ‘o santo é de barro’; Aloysio Nunes reclama de vazamento

Cristiane Jungblut – O Globo

BRASÍLIA — O líder do governo interino de Michel Temer, senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), disse que não havia fatos nas gravações feitas por Sérgio Machado que caracterizam obstrução de Justiça. O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), fez discuro na mesma linha, afirmando que não há provas de atuação indevida e sim opiniões e ainda cobrando explicações oficiais do procurador da República, Rodrigo Janot, sobre os pedidos.

Na prática, os tucanos estão saindo em defesa do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), do senador Romero Jucá (RR) e do ex-presidente José Sarney (AP) de forma mais contundente do que o próprio PMDB, partido deles.

Parecer de Janot, que sacudiu a cena política, mira cúpula do PMDB

• O procurador-geral da República pede a prisão da cúpula peemedebista, como Renan, Sarney, Jucá e Eduardo Cunha, por obstrução da investigação contra eles

João Valadares – Correio Braziiense

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mirou a cúpula do PMDB. Ele pediu ao ministro Teori Zavascki, relator dos procedimentos relativos à Operação Lava-Jato na Corte, a prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros; do senador Romero Jucá; do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha; e do ex-presidente da República José Sarney. Nos pedidos, encaminhados há mais de uma semana com base, sobretudo, em gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, o procurador-geral utiliza como justificativa a tentativa de obstrução dos trabalhos da Justiça e, no caso de Cunha, do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.

Em relação a José Sarney, 86 anos, Janot pediu prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica, em razão da idade do político. Afastado do mandato parlamentar pelo STF após pedido da Procuradoria-Geral da República justamente para tentar sanar as manobras do peemedebista, Cunha continuou interferindo no andamento do Conselho de Ética para evitar sua cassação. No entendimento de Janot, o afastamento do deputado não se mostrou eficaz.

Planalto teme que pedido de prisão de Renan atrapalhe impeachment

• Temor do governo é de que pedidos de prisão ameacem governabilidade e causem instabilidade

Tânia Monteiro, Carla Araújo - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Os pedidos do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de prisão de caciques do PMDB ao Supremo Tribunal Federal trouxeram grande preocupação ao Palácio do Planalto. A avaliação de interlocutores do presidente em exercício Michel Temer é de que o episódio pode atingir a governabilidade, com o atraso de votações importantes, principalmente das medidas econômicas que já estão no Congresso e as que ainda serão enviadas em breve.

Eles lembram que, além do recesso parlamentar em julho, em agosto as atenções estarão voltadas para os Jogos Olímpicos e as eleições, em seguida. Há preocupação também sobre o impacto dos pedidos no processo de impeachment de Dilma Rousseff, embora o Planalto diga que há convicção de que o número de votos que garantirá o afastamento definitivo da petista está consolidado.

Gilmar Mendes diz que vazamento da Lava Jato é 'brincadeira com o Supremo'

• Ministro do STF repudiou a divulgação da informação de que a PGR pediu a prisão de Renan Calheiros, Romero Jucá e do ex-presidente José Sarney por tentativa de obstruir a operação

Isadora Peron - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, fez uma dura crítica contra o vazamento da informação de que a Procuradoria-Geral da República havia pedido a prisão de integrantes da cúpula do PMDB.

"Não se pode brincar com esse tipo de coisa. Tem-se um processo oculto, pede-se sigilo, mas divulga-se para a imprensa. Isso é algo grave, não se pode cometer esse tipo de coisa. Isso é uma brincadeira com o Supremo. É preciso repudiar isso de maneira muito clara", disse.

Questionado sobre quem teria vazado, o ministro evitou apontar culpados, mas afirmou que "quem está fazendo isso está cometendo crime".

Divulgação de pedido de prisão é 'brincadeira' com STF, diz Mendes

Márcio Falcão – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes classificou nesta terça-feira (7) de "brincadeira" com o tribunal a divulgação dospedidos de prisão de integrantes da cúpula do PMDB por tentativa de obstrução da Lava Jato.

Segundo o ministro, essa prática é grave e os responsáveis precisam ser chamados às falas.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, requereu ao STF a prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do senador Romero Jucá (PMDB-RR), do ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP) e do deputado afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Os processos tramitam no mais alto grau de sigilo, a classificação oculta quedeixou de existir no tribunal, e foram protocolados há três semanas. Os casos aguardam decisão do ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato.

Planalto teme que pedido de prisão pode afetar votações e impeachment

• Temor é de que pedidos de prisão afetem a governabilidade e também causem instabilidade no governo Temer

- O Tempo (MG)

Os pedidos do procurador geral da República, Rodrigo Janot, de prisão de líderes do PMDB ao Supremo Tribunal Federal trouxeram grande preocupação ao Palácio do Planalto.

A avaliação de interlocutores do presidente em exercício Michel Temer é de que o episódio pode atingir a governabilidade, com o atraso de votações importantes, principalmente das medidas econômicas que já estão no Congresso e as que ainda serão enviadas em breve.

Eles lembram que, além do recesso parlamentar em julho, em agosto as atenções estarão voltadas para os Jogos Olímpicos e as eleições, em seguida.

Há preocupação também sobre o impacto dos pedidos no processo de impeachment de Dilma Rousseff, embora o Planalto diga que há convicção de que o número de votos que garantirá o afastamento definitivo da petista está consolidado.

Os riscos políticos da ação de Janot

Por Raymundo Costa, Carolina Oms, Maira Magro e Letícia Casado – Valor Econômico

BRASÍLIA - O pedido de prisão das cúpulas do PMDB e do Congresso tem o poder de paralisar o Legislativo, embaralhar o processo de impeachment e, no limite, levar a uma crise institucional. Mas a aprovação do nome do economista Ilan Goldfajn para a presidência do Banco Central também mostra que a aliança que fez o impeachment da presidente Dilma Rousseff e empossou Michel Temer é um consórcio forte o bastante para se efetivar no poder, apesar da crise.

Ilan foi a terceira vitória importante de Temer no Congresso, em menos de um mês. As duas primeiras foram a aprovação da meta fiscal e da DRU, propostas que a presidente afastada não conseguiu obter. A crise, no entanto, não é subestimada no Palácio do Jaburu. A temperatura política voltou a subir. O Senado aguarda em suspense e com apreensão a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre as prisões. O plenário da Casa decidirá se acata ou não os pedidos.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros, do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, do ex-presidente da República José Sarney e do senador Romero Jucá, todos do PMDB, por tentativa de obstruir as investigações da Operação Lava-Jato. No caso de Sarney, o pedido é de prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica por causa de sua idade avançada, 86 anos. Os pedidos de prisão contra Renan, Sarney e Jucá foram enviados ao ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, na semana passada.

No Senado, reação foi cautelosa

Por Vandson Lima - Valor Econômico

BRASÍLIA - "O meu silêncio será uma manifestação retumbante", disse Renan Calheiros (PMDB-AL), sentado em sua cadeira de presidente do Senado. Ele reagia ao pedido de sua prisão, feito por Rodrigo Janot. O silêncio foi seguido por uma extensa maioria de senadores, de petistas a tucanos, que durante o dia investiram no discurso de cautela e questionaram os motivos da ação extrema baseada apenas nas gravações do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.

O senador alagoano, porém, não passou o dia em silêncio. Em nota, antes mesmo de chegar ao Senado, classificou a iniciativa de Janot como "desarrazoada, desproporcional e abusiva". À imprensa, disse que "as instituições devem guardar seus limites" e afirmou não ter praticado "nenhum ato concreto que pudesse ser interpretado como suposta tentativa de obstrução à Justiça".

No plenário do Senado, ninguém foi aos microfones questionar a presença de Renan na mesa de comando. "Não vejo fundamento para medida dessa natureza", disse o líder do governo, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). Renan é alvo de 12 inquéritos no Supremo, nove deles relacionados a investigações do esquema de corrupção na Petrobras.

O paradigma do ‘golpe de novo tipo’- Alberto Aggio*

- O Estado de S. Paulo

Em abril de 1964, após o golpe de Estado, o presidente João Goulart exilou-se no Uruguai e só retornou ao Brasil para ser enterrado, em São Borja, em 1976. Depois de sua exumação, foi sepultado, passados 37 anos, com honras de chefe de Estado.

Em setembro de 1973, Salvador Allende foi retirado morto do Palacio de la Moneda, após intenso bombardeio. A circunstância dramática levou Allende ao martírio em nome da causa que defendia. Hoje ele é o único presidente do Chile a ter um memorial vizinho ao palácio presidencial, no centro de Santiago.

Era uma época de golpes de Estado na América Latina, com o seu cortejo de violência e terror. O de 1964, no Brasil, e o de 1973, no Chile, são considerados paradigmáticos. Não se resumiram numa quartelada e, mesmo diferentes entre si, solaparam a democracia então existente para, em seguida, instalarem regimes autoritários de longa duração.

O fim da picada - Merval Pereira

- O Globo

Nada será igual após o que estamos vivenciando. Não é trivial a decisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de pedir para colocar na cadeia a cúpula do partido que está no poder. Por isso mesmo, é previsível que ele tenha mais informações a acrescentar às gravações já divulgadas entre o delator Sérgio Machado e os três políticos do PMDB que Janot visou em seu pedido: o presidente do Senado, Renan Calheiros; o presidente do PMDB, Romero Jucá; e o ex-presidente da República José Sarney, que pela idade, segundo o pedido, deveria ficar em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica.

Ogoverno anterior, derrubado por seus próprios crimes, já está praticamente todo na cadeia, com as duas principais figuras ainda soltas a caminho de serem condenadas: a presidente afastada, Dilma Rousseff, pelo menos por crime de responsabilidade; e o expresidente Lula, pelo menos por obstrução da Justiça e provavelmente por ocultação de bens e outros crimes relacionados.

Aqui se paga - Dora Kramer

- O Estado de S. Paulo

O pedido de prisão de José Sarney, Romero Jucá, Renan Calheiros e Eduardo Cunha feito pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal só espanta a sociedade e alvoroça o mundo político porque nem uma nem outro se habituaram ao fato (novo) de que atos cometidos por poderosos geram consequências.

Por menos confiança que se tenha nessa evidência, levando em conta o histórico brasileiro em prol da impunidade, trata-se de um processo irreversível deflagrado a partir da observância do preceito constitucional da independência entre os Poderes. Simples assim? Pois é. O correto é herdeiro da simplicidade.

Nenhum dos quatro citados pelo procurador Rodrigo Janot é cidadão acima de qualquer suspeita. Todos são portadores de ocorrências pregressas desabonadoras e, à exceção de Sarney, são alvos de investigações, inquéritos e processos presentes.

Terremoto no PMDB – Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

A Lava Jato mirou em quatro e acertou um: o PMDB. Com ospedidos de prisão revelados nesta terça (7), a operação fechou o cerco sobre o partido de Michel Temer. A ofensiva agrava o clima de instabilidade política e lança novas dúvidas sobre o futuro do governo interino.

A Procuradoria requereu a prisão preventiva dos peemedebistas mais poderosos do Congresso: o presidente do Senado, Renan Calheiros, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o presidente em exercício do partido, Romero Jucá. Completa o quarteto o ex-presidente José Sarney, que ainda influencia acordos e votações.

A orquestra do Titanic - Luiz Carlos Azedo

• A “grande política” virou um caso de polícia, o que transformou o Ministério Público e o juiz Sérgio Moro, da Vara Federal de Curitiba, em grandes protagonistas da crise

- Correio Braziliense

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal federal (STF) a prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do senador Romero Jucá (PMDB-RR) e do ex-presidente José Sarney (PMDB-MA), além do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por tentativa de obstrução da Operação Lava-Jato. O pedido está em mãos do ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, relator do caso, desde a semana passada. O vazamento do pedido, que está em “segredo de Justiça”, põe a cúpula do Senado na berlinda e deixa o ministro-relator da Operação Lava-Jato na maior saia justa.

Lula da Lapa - Rosângela Bittar

• Lula não está doente, apenas sem viço e abúlico

- Valor Econômico

O PT está dividido entre insistir na candidatura de Lula à Presidência, em 2018, para, quanto mais não seja, ao menos arrastar uns votos e eleger deputados, e apoiar um outro nome identificado com o partido. Considera o de Ciro Gomes, que acha corajoso para levar o PT nas costas, ou Marina Silva, mais equilibrada, que concilia o partido com a ética, porém mulher, gênero que depois do fiasco Dilma deve perder prestígio na política, especialmente nas primeiras eleições presidenciais pós impeachment. As duas alternativas são discutidas para a eventualidade de Lula livrar-se, como espera o partido, da Lava-Jato. Caso contrário não há o que conjecturar, terá mesmo só a opção de buscar nome em outro partido porque, no PT, não tem mais nenhuma alternativa.

O PT está dividido, também, entre os que têm certeza que Dilma não conseguirá voltar ao cargo, ainda que o impeachment não seja aprovado, e os que acham que ela está virando votos à beça: já teria conquistado Romário e teria sido visitada umas quatro vezes por Cristovam, entre outros senadores menos visíveis. Se Dilma voltar ao cargo, Lula se elegerá, nas contas dos que puxam para o otimismo, e não voltando, tudo fica mais difícil, inclusive para o candidato que o partido vier a escolher em outra legenda.

O circo pegou fogo - Elio Gaspari

• A Lava-Jato desmantelou o PT, continuou sua marcha e chegou ao braço tradicional e onipotente da oligarquia

- O Globo

Janot leva faxina aos salões do PMDB, e o circo pega fogo. A Lava-Jato corroeu a presidência petista de Dilma Rousseff, está perto de chegar em Lula, botou na cadeia José Dirceu e João Vaccari, ex-presidente e ex-tesoureiro do PT. Com o pedido de prisão para José Sarney, Renan Calheiros, Eduardo Cunha e Romero Jucá, o procurador-geral Rodrigo Janot levou a faxina para os salões do PMDB.

Desde 2014, quando a operação começou, a oligarquia nacional cultiva a fantasia de que ela seria paralisada por poderosos interesses. Enganouse em todos os casos. Ela não chegaria à Odebrecht. Chegou. Não prenderia o doutor Marcelo. Prendeu. Ele não falaria. Falou. O impensável aconteceu e continuará acontecendo porque as forças poderosas tornaram-se impotentes.

Ameaça de tsunami tira sono da República - Ricardo Noblat

- O Globo

Ameaça de tsunami faz a República dormir mal. Por ora, fora a repercussão política do fato, nada deverá acontecer no rastro da notícia de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão dos senadores Romero Jucá (RR) e Renan Calheiros (AL), presidente do Senado, do ex-presidente e ex-senador José Sarney (AP), e do deputado Eduardo Cunha (RJ), presidente da Câmara com mandato suspenso.

O ministro Teori Zavaski, relator da Lava-Jato, poderia autorizar as prisões monocraticamente. Mas nem ele tem pressa, tampouco o STF. Ali, há certa irritação com o vazamento da notícia, atribuído a gente da Procuradoria-Geral da República. Teori guardava o pedido de prisão há uma semana. Desde então, a República dorme mal.

Crise pode ser levada a níveis inéditos - Paulo Celso Pereira

- O Globo

Prisões podem levar a uma crise entre poderes. Primeiro, veio a perplexidade. Os dois ministros mais próximos do presidente Michel Temer — Eliseu Padilha (Casa Civil) e Geddel Vieira Lima (Governo) — amanheceram ontem sem saber o que dizer diante da informação de que o presidente do Senado, Renan Calheiros; da Câmara, Eduardo Cunha; o principal articulador do governo no Congresso, Romero Jucá; e o ex-presidente José Sarney poderiam ser presos. Com a sinceridade habitual, Geddel evitou as perguntas:

— Estou aguardando os desdobramentos dos acontecimentos para passar a achar alguma coisa — disse.

Apesar de as informações que circulavam ontem em Brasília darem conta de que o Supremo não mandaria a elite do partido do governo para a cadeia, o simples pedido de prisão já era motivo suficiente para jogar o confuso cenário político brasileiro numa incerteza absoluta. Nos últimos meses, Renan Calheiros e José Sarney integraram o seletíssimo grupo dos que ainda mantinham pontes com os dois lados da guerra política brasileira.

Temer, 'bandidos' e 'safados' – Vinicius Torres Freire

- Folha de S. Paulo

No fim do dia, os poderes brasilienses pareciam insatisfeitos com o pedido de prisão dos caciques do PMDB. Pelo menos no fim do dia de ontem. A hipótese de cadeia parecia improvável, com exceção frágil de Eduardo Cunha.

Se assim for, fica afastado o risco de tumulto ainda maior e imediato na política, pelo menos de turumbamba suficiente para inviabilizar projetos de remendos na economia. Mas o funcionamento da coalizão temerista no Congresso é uma incógnita. Até agora, o governo venceu jogos fáceis.

Ministros do Supremo rumorejavam ontem que a prisão dos caciques em geral parecia "exagerada" e que o vazamento do pedido de cana em regra foi um "expediente inaceitável", caso tenha partido de Rodrigo Janot.

Frustrações olímpicas - Monica de Bolle*

- O Estado de S. Paulo

A “Olimpíada das Olimpíadas”. Faltam apenas dois meses, dois meses para a abertura dos jogos Rio 2016. A poucas semanas do evento portentoso, evento que chamará a atenção de todo o mundo para as nossas belezas e mazelas, encantos e amarguras, pouco se diz sobre qual será o legado da “Olimpíada das Olimpíadas”. Menos ainda é dito sobre fato de estarmos tão próximos do maior evento esportivo internacional.

Quebrando o silêncio que impera nos meios de comunicação nacional sobre os Jogos Olímpicos, afogados em meio aos escândalos e à crise econômica, oEstadão publicou matéria recente sobre decisão do COI, o Comitê Olímpico Internacional. O COI decidiu recentemente adiantar parte dos US$ 1,5 bilhão que viriam em agosto para ajudar a cobrir os gastos da cidade maravilhosa com o evento. Disse Thomas Bach, presidente do COI, que a decisão fora um “gesto de solidariedade”, maneira elegante de reconhecer o estado lastimável das contas públicas do Estado e do município do Rio de Janeiro. Forma gentil de alertar para o fato de que há muitos ingressos que ainda não foram vendidos – é possível, vejam só, encontrar ingressos para a final olímpica do futebol –, além de novos patrocinadores que não foram encontrados. A penúria dos orçamentos do Comitê Organizador, da Autoridade Pública Olímpica, não foi citada diretamente pelo cortês dirigente do COI.

Banco Central: a volta à normalidade - Cristiano Romero

• Se sofreu pressões indevidas, Tombini deveria revelá-las

- Valor Econômico

O discurso do novo presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, perante a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE) é um sinal de que, pelo menos na área econômica, ensaia-se em Brasília uma volta à normalidade. Nos últimos cinco anos, o governo Dilma Rousseff, ao implodir o arcabouço de política macroeconômica que o país seguia com razoável sucesso desde meados de 1999, jogou o Brasil numa das mais severas crises de sua história.

"Atravessamos a pior recessão da história brasileira, com desemprego em alta e relevante desafio fiscal", disse Ilan, na CAE, sem nenhuma preocupação em dourar a pílula. "Há problemas conjunturais e dificuldades estruturais. A incerteza econômica paralisou o investimento e sequestrou a esperança de muitos."

O novo comandante do BC procurou, em seu discurso e nas respostas dadas durante a sabatina, repor o que havia antes de iniciada a aventura da "Nova Matriz Econômica", de triste memória. Disse, por exemplo, que, sem inflação na meta (isto é, baixa e sob controle), não há recuperação econômica nem muito menos progresso social.

O BC e seus dilemas - Míriam Leitão

- O Globo

O economista Ilan Goldfajn se comprometeu ontem, durante a sabatina no Senado, a levar a inflação para o centro da meta. Disse e repetiu. Pode parecer o cumprimento da mais simples das suas tarefas, mas nos últimos cinco anos isso não aconteceu, nem ocorrerá este ano. Pela projeção que ele mesmo fazia no Itaú, nem no fim de 2017 se chegará a 4,5%.

Ilan falou também de crescimento, como decorrência da melhora geral da economia que poderá ser conseguida com ajuste fiscal e inflação na meta. “Estou certo que esse objetivo poderá ser conquistado por meio do funcionamento harmônico e complementar das instituições brasileiras. É amplamente registrada na literatura econômica a importância do fortalecimento das instituições para o crescimento econômico sustentável”, disse.

O economista explicou como é importante manter a inflação na meta para absorver os “choques” que sempre acontecem. Ressaltou que estava feliz em voltar ao setor público, como forma de retribuir ter estudado em universidade pública.

Recuperação econômica pode vir a reboque da indústria – Editorial / Valor Econômico

Os esperados primeiros sinais de recuperação da economia parecem estar vindo da indústria. A possibilidade surgiu com a divulgação, na semana passada, que o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre teve um recuo inferior ao esperado, de 0,3% em relação ao quarto trimestre de 2015. O resultado foi em parte atribuído às exportações, que avançaram 6,5%, baseadas principalmente em produtos industriais; e, em parte, ao desempenho do PIB da indústria, que surpreendeu ao mostrar retração de 1,2%, praticamente a metade da estimada pelos analistas, com o segmento de transformação com queda de 0,3%.

Alguns dias depois, os analistas foram novamente surpreendidos pelo aumento de 0,1% da produção industrial de março para abril, confirmando as suspeitas levantadas pelos dados do PIB. Havia a expectativa de que a produção industrial poderia encolher, depois de ter avançado 1,4% em março. Mas o resultado foi melhor do que o esperado, garantido pela atividade extrativa, que voltou a contribuir positivamente ao expandir-se 1,3%, e pela indústria da transformação, que cresceu 0,2% puxada pelas exportações, uma vez que a demanda doméstica continua deprimida. Desde agosto de 2014 a indústria não registrava crescimento por dois meses consecutivos. Dos quatro primeiros meses do ano, três foram positivos e a exceção foi fevereiro, com recuo de 2,9%.

A lição simples de Goldfajn – Editorial / O Estado de S. Paulo

Para consertar a economia brasileira e retomar o crescimento seguro é preciso reconstruir com urgência o tripé formado por responsabilidade fiscal, controle da inflação e câmbio flutuante, disse ontem o economista Ilan Goldfajn, indicado para a presidência do Banco Central (BC). Essa foi sua principal mensagem durante a sabatina regulamentar na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. O Brasil ascendeu econômica e socialmente enquanto esses princípios foram seguidos, lembrou o economista, sem gastar tempo explicando como o tripé foi desmontado pela administração petista. Nem precisaria: ao indicar como a harmonia das três políticas cria segurança, anima os investidores e abre espaço para a prosperidade, deixou clara a oposição entre o caminho da sensatez, há muito abandonado no País, e a trajetória para o atoleiro onde foi lançado o Brasil.

Durante mais de quatro horas Ilan Goldfajn expôs com simplicidade e clareza suas ideias sobre o papel do BC e respondeu da mesma forma às perguntas dos senadores. Reafirmou, desde o discurso inicial, seu entendimento sobre a missão da autoridade monetária: cuidar da estabilidade da moeda e ao mesmo tempo zelar pela solidez e pelo bom funcionamento do sistema financeiro. Esses dois itens compõem o mandato definido em lei para o BC.

Percalços nos embates contra a impunidade – Editorial / O Globo

• Sempre a cautela é a postura mais indicada, porque a ousadia, sem sólido embasamento técnico, pode gerar efeitos indesejados. Foi assim na condução coercitiva de Lula

A pressão sobre o comando do PMDB no Senado, onde está o núcleo mais forte do partido do presidente interino, Michel Temer, passou a subir com a divulgação, em capítulos, de conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, apanhado pela Lava-Jato, com o alto escalão da legenda.

Nos últimos dias, têm desfilado na imprensa, em diálogos a quatro paredes sobre a operação, os senadores Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR), o ex-presidente José Sarney, para citar os parlamentares. Há ainda citações de nomes, sempre em conversas entre pessoas que, por serem alvos da operação baseada em Curitiba, não têm qualquer apreço, é óbvio, por ela, e gostariam que não fosse real o pesadelo que vivem.

A pressão atingiu níveis inéditos com a notícia, dada pela manchete do GLOBO de ontem, de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedira ao ministro do Supremo Teori Zavascki, responsável na Corte pelos inquéritos da Lava-Jato, a prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros, de Jucá e de José Sarney, primeiro ex-presidente a passar por esta experiência. Mais tarde, a TV Globo revelou que o deputado e presidente da Câmara Eduardo Cunha (RJ), cumprindo suspensão por determinação do Supremo, também tivera a prisão pedida por Janot.

Falta explicar – Editorial / Folha de S. Paulo

Passou o tempo em que se receberia com incredulidade a notícia de que se encaminham ao Supremo Tribunal Federal pedidos de prisão de peemedebistas tão importantes quanto o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), o presidente da Câmara afastado, Eduardo Cunha (RJ), o ex-presidente da República José Sarney (AP) e o senador Romero Jucá (RR).

O desenrolar da Operação Lava Jato, dentro de uma conjuntura marcada pelo impeachment da própria presidente da República, torna possível, de forma inédita no país, que medidas judiciais extremas sejam encetadas contra pessoas que, pelo hábito do privilégio e pelo amplo poder de influência, se imaginavam protegidas pela permanente impunidade.

Dito isto, a informação não perde seu enorme impacto.

Ausência – Carlos Drummond de Andrade

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Teresa Cristina canta Cartola