O Globo
Durante um ano, escrevi todos os dias sobre
a pandemia do coronavírus. Com a chegada da vacina, voltei a viajar e pensava
que estávamos caminhando para o fim de toda a tragédia.
A vacina funcionou para mim como uma
centelha de esperança. E, como dizia Albert Camus, “depois que a menor centelha
de esperança se tornou possível, acabou o domínio da peste”.
Para muitos de nós, esta pandemia é uma experiência
única. Não há mais sobreviventes da Espanhola. O ebola foi contido na África
Ocidental e vencido nos últimos meses de 2015.
De certa forma, tivemos sorte. Na chegada
do vírus, os cientistas já haviam passado por quatro fases, a julgar pelo livro
“O gene: uma história íntima”, de Siddhartha Mukherjee.
Já se conhecia a base celular da
hereditariedade, os cromossomos. Em seguida, definiu-se a base molecular da
hereditariedade: a dupla hélice de DNA. Antes de sequenciar o genoma humano,
foi possível desenvolver o mecanismo pelo qual as células leem as informações
contidas em genes.
Os cientistas aprenderam a fazer o mesmo, com a invenção da tecnologia de clonagem e sequenciamento do DNA recombinante. Na minha visão de leigo, consigo imaginar que daí foi possível produzir uma mensagem para que nossas células combatessem o vírus.