terça-feira, 10 de dezembro de 2013

OPINIÃO DO DIA – Fernando Henrique Cardoso

Temos uma política que está em crise, pode durar 10, 20 anos, mas esse sistema não representa a sociedade. Há uma crise de legitimidade. Até pensei que (mudaria) quando a presidente Dilma tentou mexer no sistema partidário. Está na hora de burlar esse sistema. Vai chegar o momento que vai ter que mudar a forma de representação. Vai ter que aproximar o eleitor do eleito. Não tem sentido ter partido para ter acesso ao Fundo Partidário.

O limite é o black bloc, o Estado é obrigado a atuar. O momento (de intervir) é quando a ação passa a ser destrutiva. Mas você tem que entender o processo, não adianta reprimir quando há insatisfação. É difícil manter a calma, mas se não mantiver, se o presidente entra em parafuso, todo o resto, a equipe e o país, entra em parafuso.

Fernando Henrique Cardoso, ‘Temos que reinventar o futuro’, O Globo, 7 de dezembro de 2013.

Aécio e Campos discutem alianças

O senador Aécio Neves e o governador Eduardo Campos deixam o restaurante Gero em Ipanema. Prováveis candidatos à Presidência, Aécio (PSDB) e Campos (PSB) discutiram a possibilidade de dividir palanques especialmente em São Paulo, Minas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Sul.

Aécio e Campos discutem alianças regionais em jantar

Débora Bergamasco, Wilson Tosta e Angela Lacerda

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), prováveis candidatos à Presidência em 2014, discutiram alianças regionais durante um jantar na noite de anteontem, no restaurante Gero, na zona sul do Rio de Janeiro.

Presidentes de seus respectivos partidos, Aécio e Campos avaliam a possibilidade de dividir palanques estaduais, especialmente em São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Sul. O encontro estava marcado para a semana passada, mas acabou sendo adiado.

O encontro entre dois prováveis concorrentes na disputa presidencial de 2014 aconteceu um dia após o PPS, tradicional aliado do PSDB, aprovar indicativo de apoio ao governador de Pernambuco em 2014 -o que representou um revés para o senador tucano.

O vice-presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, disse ontem que no encontro os presidenciáveis discutiram a conjuntura e aos caminhos da oposição". Para Amaral, contudo, o jantar não significa uma aproximação das ftituras campanhas presidenciais. "O segundo turno só tem duas vagas", afirmou, destacando que o encontro estava marcado havia algum tempo.

Ontem, no Recife, Campos tratou o jantar como um encontro casual. "Fui gravar ontem (anteontem) à tarde o programa do PSB no Rio e só podia voltar hoje (ontem) de manhã porque o aeroporto daqui (do Recife) está fechando às 11 horas da noite", afirmou. "Quando terminei fui jantar e encontrei Aécio que tinha saído da visita à irmã dele que está hospitalizada. Sentamos na mesa, conversamos um pouco, tomamos um café e saímos."

Fonte: O Estado de S. Paulo

Aécio e Campos jantam juntos no Rio

Encontro acontece um dia após o PPS anunciar apoio a uma eventual candidatura do PSB; movimento representa importante revés para os tucanos, que perdem aliado de 10 anos

Valmar Hupsel Filho

O senador Aécio Neves e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, jantaram juntos na noite de domingo, 8, no restaurante Gero, em Ipanema, Rio de Janeiro. O encontro entre dois prováveis concorrentes na disputa presidencial de 2014 aconteceu um dia após o PPS, tradicional aliado do PSDB, aprovar indicativo de apoio à aliança Rede-PSB, de Marina e Campos, para o ano que vem.

A decisão representa um importante revés na candidatura tucana. O PPS é um aliado do PSDB no plano nacional desde o início do governo Lula, há 10 anos.

O apoio do PPS à aliança Rede-PSB foi anunciado durante congresso do partido em São Paulo, no sábado. "O apoio ao Campos significa um reencontro de um partido de vertente comunista, o PPS, e outro de vertente socialista, o PSB, que historicamente é um aliado nosso", afirmou Freire na ocasião.

Embora tenha bancada pequena - são sete deputados na Câmara - e, consequentemente, pouco tempo de TV, tanto Campos quanto Aécio consideram simbólico ter o PPS como aliado. Ao perder o apoio do PPS, Aécio e o PSDB correm o risco de entrarem isolados na campanha, ou coligados apenas ao DEM.

Casual. Nesta segunda, 9, Campos disse que o encontro com o tucano foi algo "casual". "Fui gravar ontem (8) à tarde o programa do PSB no Rio e só podia voltar hoje (9) de manhã porque o aeroporto daqui (do Recife) está fechando às 11 horas da noite", contou. "Quando terminei fui jantar e encontrei Aécio que tinha saído da visita à irmã dele que está hospitalizada. Sentamos na mesa, conversamos um pouco, tomamos um café e saímos".

Fonte: O Estado de S. Paulo

PSB-Rede se reunirá com PPS na próxima semana

Angela Lacerda

O governador de Pernambuco e presidenciável Eduardo Campos (PSB) se encontrará com o presidente nacional do PPS, deputado federal Roberto Freire, na próxima segunda-feira, 16, no Recife, para iniciar a integração do partido com o PSB-Rede. O PPS decidiu apoiar a candidatura de Campos à presidência da República em congresso partidário realizado no final de semana, em São Paulo, com prevalência da vontade de Freire.

"Temos mais convergências que divergências", afirmou Campos em entrevista, na tarde desta segunda-feira, 09, ao participar da abertura da Semana do Ministério Público de Pernambuco, no bairro Benfica. "Estamos tratando de uma força política que já vinha dialogando com Marina (Silva), uma força política com tradição democrática, no campo popular democrático popular de esquerda".

Presidente nacional do PSB, ele destacou ser bom receber o PPS logo, "antes de termos avançado no debate de conteúdo porque vamos ter oportunidade de contar com a contribuição do PPS já na definição do documento de diretrizes".

"É bom que seja logo porque eles nos ajudam", reforçou. Segundo Campos, será uma primeira reunião de trabalho para avaliar como se dará esta integração, "como a gente vai contando com as reflexões que o PPS tem feito sobre a realidade brasileira".

Fonte: O Estado de S. Paulo

Aécio e Campos jantam juntos no Rio

Pré-candidatos tentam manter a estratégia dos palanques duplos

Maria Líma

BRASÍLIA - Em um discreto jantar domingo, no Rio, os presidentes do PSDB, Aécio Neves, e do PSB, Eduardo Campos, continuaram as articulações para a formação de palanques conjuntos em estados estratégicos, em 2014.

O pacto de não agressão no primeiro turno continua de pé, mas os dois principais adversários da presidente Dilma conversaram desta vez diante de uma nova realidade: a entrada de Marina Silva na coligação com o PSB, comprometendo a pretendida parceria.

Tucanos atribuem as novas dificuldades de entendimento ao radicalismo de Marina e sua má vontade com o PSDB. Já os socialistas alegam que os tucanos ficaram mais cautelosos por causa da ameaça concreta que a chapa Campos-Marina representa para Aécio, como mostram as pesquisas.

— Aécio e Eduardo continuam conversando sobre alianças regionais. Mas os problemas são muito fortes em São Paulo, Minas, Paraíba e Pernambuco. E a dificuldade maior é que o tempo está se esgotando — reconhece o deputado Sérgio Guerra (PSDB).

Beto Albuquerque (PSB-RS) diz que o pior dos erros é cair na armadilha do PT, que estimula uma guerra entre os dois. Mas admite que a chance de palanques duplos diminuiu bastante no pós-Marina.

— Não vamos deixar de estar juntos, mas PSDB e PSB agora vivem uma nova realidade e esses palanques duplos devem minguar.

Fonte: O Globo

Apoio a Campos é 'correção de rumos' nas alianças políticas, diz presidente do PPS

Para Roberto Freire, reencontro do partido com o PSB é reaproximação à esquerda que fortalece oposição ao PT

Iuri Pitta

Uma reaproximação das "esquerdas democráticas", a fim de reconstruir um "projeto de desenvolvimento para o País". Para o presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), é isso o que representa a decisão do partido de apoiar a candidatura do governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, ao Palácio do Planalto, aprovada em congresso na noite de sábado. O senador Aécio Neves (MG), provável nome do PSDB para a disputa presidencial, tentou fazer com que essa decisão saísse só em 2014, mas a maioria optou por tomar essa posição antes de acabar o ano.

Freire reconhece que, ao preferir uma composição com os "socialistas" em detrimento dos "social-democratas", o PPS faz um freio de arrumação ideológico. "Há uma certa correção de rumos na questão da aliança política, isso foi também discutido, e a ampla maioria do partido considera esse momento crucial para derrotar o lulopetismo, fortalecendo uma outra alternativa no campo das oposições", disse o deputado em entrevista à TV Estadão. "O PSDB é social-democrata, mas nesses últimos tempos há um crescimento de alianças com o espectro liberal, de direita democrática, mas com uma visão mais voltada ao liberalismo econômico."

Assim como Campos e a ex-ministra Marina Silva, cuja Rede Sustentabilidade aderiu ao PSB ao ter negado o registro do partido na Justiça Eleitoral, o PPS também foi um aliado do governo Luiz Inácio Lula da Silva que rompeu com o PT. O partido deixou o primeiro mandato petista em 2004 - na época, ocupava o Ministério da Integração Nacional com Ciro Gomes, que deixou a sigla e permaneceu ao lado de Lula.

"Por que esse reencontro (entre PPS, PSB e aliados de Marina)? Nós estávamos todos juntos no governo Lula, imaginávamos que era uma esquerda que vinha para fazer mudanças, um projeto de desenvolvimento para o País. Nós nos sentimos fraudados pelo governo Lula", disse Freire. "Os outros demoraram um pouco mais, mas ainda bem que saíram."

Pró-Alckmin. No mesmo congresso do fim de semana, o PPS decidiu apoiar a reeleição do tucano Geraldo Alckmin em São Paulo, um governo "avançado", que "não é conservador ou atrasado" e combina com a concepção de "nova esquerda" da aproximação com o PSB. No partido de Campos, os dirigentes da sigla também defendem essa posição, mas os aliados de Marina defendem candidatura própria. Freire discorda da ex-ministra.

"Para Eduardo Campos, é importante em São Paulo não ter candidatura que represente traço, que não seja competitiva. São Paulo não é campo para experimento, é o principal Estado da federação", avaliou. "O PSB tem uma boa presença em São Paulo junto de quem tem o poder no Estado. Se o governo Alckmin permite que o PSB, assim como o PPS, exerçam função importante, por que sair?"

Agronegócio. Freire também defendeu a busca de um "denominador comum" em questões como a relação de Campos e Marina com o agronegócio, um setor imprescindível para a economia, segundo o presidente do PPS. Como o Estado mostrou no domingo, empresários do setor resistem às ideias da ex-ministra do Meio Ambiente. "Marina traz um bom cabedal nessa questão do meio ambiente. Agora, tem que se chegar a um denominador comum, se não vamos voltar aos tempos das florestas", afirmou. "Ela começa a compreender, ela teve inclusive alguns encontros agora com esse setor para chegarmos a um denominador comum. Ninguém quer voltar ás florestas nem a degradação total."

Fonte: O Estado de S. Paulo

Aécio e Campos reafirmam alianças locais

Separados na corrida presidencial, senador e governador mantêm disposição de dividir palanques nos Estados

Presidenciáveis avaliam parceria no primeiro encontro desde a aliança de Marina com Campos

Natuza Nery

BRASÍLIA - O senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador Eduardo Campos (PSB-PE) jantaram no domingo e reafirmaram a disposição de dividir palanques em vários Estados para acumular forças contra a presidente Dilma Rousseff nas eleições de 2014.

Os dois oposicionistas tentam construir com as alianças locais uma parceria que garanta o apoio de um ao outro contra a petista no segundo turno da eleição presidencial, se um dos dois chegar lá.

O encontro de domingo foi o primeiro entre eles desde o anúncio da aliança de Campos com a ex-senadora Marina Silva, em outubro. Aécio e Campos jantaram no restaurante Gero, zona sul do Rio.

A conversa fora combinada no fim de novembro e acabou ocorrendo um dia depois de o PPS indicar que vai apoiar Campos para presidente nas eleições de 2014.

Tradicional aliado dos tucanos, o PPS vinha sendo pressionado pelo PSDB para evitar uma definição prematura. Mesmo assim, a maioria dos participantes do congresso do partido no fim de semana indicou ser favorável a uma aliança com Campos.

No jantar, em que comeram carneiro com risoto de parmesão, Aécio e Campos constataram que precisam emagrecer um pouquinho antes de entrar em campanha.

Os dois também trocaram impressões sobre a economia, as perspectivas de crescimento baixo e seu impacto sobre o desempenho de Dilma na campanha à reeleição.

Segundo a Folha apurou, ambos avançaram nas negociações sobre apoios mútuos em dois Estados prioritários, Pernambuco e Minas Gerais.

Aécio, que governou Minas Gerais por dois mandatos antes de se eleger senador, ainda não tem candidato definido no Estado, mas conta com o apoio do PSB de Campos.

Campos, por sua vez, quer garantias de que o PSDB não lançará um nome competitivo contra seu candidato a governador em Pernambuco.

Nenhum dos dois quer correr o risco de sofrer uma derrota em seu principal reduto eleitoral no próximo ano.

Ainda ontem, Aécio encontrou-se em São Paulo com o deputado estadual Daniel Coelho (PSDB-PE), um dos principais adversários de Campos em Pernambuco. Aécio e Campos acham possível dividir o mesmo palanque em pelo menos 12 dos 27 Estados.

São Paulo
Um fator que pode complicar a aproximação dos dois presidenciáveis é a atuação de Marina Silva, que também tem costurado alianças em alguns lugares e defende candidaturas próprias em Estados com grande densidade eleitoral, como São Paulo.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB), que concorrerá à reeleição no ano que vem, conta com o PSB a seu lado e já comunicou ao partido seu desejo de ter o apoio de Marina no primeiro turno.

A hipótese é considerada improvável, segundo interlocutores da ex-senadora, que entrou no PSB depois que a Justiça barrou a criação do partido que ela tenta organizar, a Rede Sustentabilidade.

No jantar de domingo, Aécio e Campos concluíram que é melhor esperar o cenário em São Paulo se definir melhor antes definir ações conjuntas. No sábado, num encontro regional da Rede, aliados de Marina se manifestaram contra o apoio a Alckmin.

Aliados de Campos também têm manifestado dúvidas sobre a aliança com os tucanos em São Paulo, por temer o risco de que ela "envelheça" sua imagem.

Questionado por jornalistas, Campos disse ontem que o jantar com Aécio foi obra do acaso: "Terminei [um compromisso], fui jantar, e lá encontrei Aécio, que tinha ido jantar. Aí sentamos na mesa, conversamos um pouco, tomamos um café".

Colaborou Reynaldo Turollo Jr., do Recife

Fonte: Folha de S. Paulo

Campos e Aécio compartilham pelo menos dez palanques estaduais

Por Cristian Klein e Fernando Taquari

SÃO PAULO - Alianças entre o PSDB e o PSB podem fazer com que os presidenciáveis Aécio Neves e Eduardo Campos dividam cerca de dez palanques estaduais na eleição ao Palácio do Planalto do ano que vem. Neste rol de coligações, cada legenda está em condição de encabeçar cinco chapas a governador. Os tucanos, no entanto, tomam a frente da candidatura em cinco dos seis maiores colégios eleitorais: São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Ceará e Pará. O PSB tende a liderar a chapa nos menores palanques - Paraíba, Espírito Santo, Amapá e Roraima - à exceção de Pernambuco, o quarto maior neste grupo de Estados onde há alta probabilidade de coligação entre as duas siglas. Há mais duas grandes possibilidades de Aécio e Campos dividirem o mesmo palanque, mas numa chapa com candidato a governador de outro partido: Amazonas, com o PP, e Piauí, com o PMDB.

O cenário reflete a aproximação perigosa entre os dois presidenciáveis, já que ambos podem travar uma disputa acirrada para ver quem chega em segundo lugar, com chance de alcançar um eventual segundo turno contra Dilma Rousseff.

A grande quantidade de palanques divididos mostra, de um lado, a fraca capacidade de penetração do PSDB no Norte e Nordeste e, de outro, a fragilidade do PSB nas região Sul e na Sudeste - que concentra a maior parte do eleitorado. Em apenas duas das dez maiores unidades da Federação, que reúnem 76% do eleitorado, o PSB já tem garantia de uma candidatura própria consolidada: em Pernambuco, onde Campos conta com uma ampla hegemonia, e na Bahia.

O objetivo é que no Rio de Janeiro também haja um terceiro nome próprio, mas o vice-presidente regional da sigla, o ex-ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirma que a situação é "dramática", depois da debandada do grupo do ex-presidente estadual do partido, o prefeito de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso, que era contra a candidatura de Campos à Presidência. Cardoso levou sua base para o PMDB para apoiar Dilma Rousseff, e o PSB fluminense, agora sob o comando do deputado federal e ex-jogador de futebol Romário, precisa juntar os cacos. "Nosso plano A é ter candidatura própria. Mas a situação é tão dramática para reconstruir o partido que não chegamos a discutir nomes", afirma Temporão.

O ex-ministro diz que o cenário inclui como alternativas o apoio às candidaturas do deputado federal Miro Teixeira (Pros) ou do senador petista Lindberg Farias. A tendência do PT nacional, no entanto, é vetar a coligação ou, pelo menos, qualquer possibilidade de Lindbergh abrir palanque para Eduardo Campos. O Rio é o terceiro colégio eleitoral do país e onde tanto PSB quanto PSDB são fracos. Cada um deverá buscar sua própria saída. Os tucanos, por enquanto, cogitam lançar o técnico de vôlei Bernardinho.

Nos dois maiores Estados, São Paulo e Minas Gerais, o PSDB é hegemônico e a pouca estrutura partidária do PSB tem levado a legenda a cogitar uma aliança com os tucanos. Pegar carona no palanque de uma sigla adversária na eleição presidencial é um sinal da fragilidade da campanha de Eduardo Campos. Mas também pode representar uma oportunidade de roubar uma fatia do eleitorado tucano. Como disse um deputado do PSDB, em encontro da bancada federal com Aécio Neves, em outubro, dividir palanques seria "coisa de corno" - ou seja, permitir a traição dos candidatos a governador com o presidenciável do PSB.

As resistências também vêm dos pessebistas, ou melhor, dos integrantes da Rede Sustentabilidade, liderados pela ex-senadora Marina Silva e que se filiaram à legenda em outubro.

Em São Paulo, Paraná e Minas Gerais, o grupo é contra a ideia de o partido abrir mão de candidatura própria para apoiar, respectivamente, a reeleição dos governadores Geraldo Alckmin, Beto Richa e o nome a ser definido para a sucessão de Antonio Anastasia. Em São Paulo, o Rede propõe as candidaturas dos deputados federais Walter Feldman e Luiza Erundina, mas a tendência, por enquanto, é que o também deputado federal Márcio França seja o vice na chapa de Alckmin.


"Cada caso é um caso. Acho problemático [a aliança] em São Paulo, porque o PSDB carrega um desgaste de estar no poder nesses anos todos. É comparável ao PT no nível nacional. Em Minas também acho complicado, porque é a base do Aécio. No Rio a situação é diferente: ambos os partidos estão afastados do poder. Certamente surgirá um nome nosso, mas também é possível uma aliança [com o PSDB]. É importante termos mínima chance de sucesso. Já passamos da fase de marcar posição", afirma o deputado federal Alfredo Sirkis (PSB), ligado à Marina Silva.

Ou seja, até no Rio de Janeiro poderia haver uma composição. Em Minas Gerais, o PSB tem um plano A, com o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda. No entanto, ele resiste a se candidatar por sua relação próxima a Aécio Neves. Os planos B e C são o lançamento do recém-filiado presidente do Atlético-MG, Alexandre Kalil, ou apoio ao PSDB, opção que segundo o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), estaria mais distante.

"Nada conspira até o momento a favor dessa união. Se o Lacerda não aceitar, temos o Kalil", afirmou o parlamentar. O também deputado federal Duarte Nogueira, presidente do PSDB paulista, por sua vez, discorda. "As conversas estão adiantadas e o PSB deve fechar conosco", afirmou o tucano, que lembrou a amizade entre Aécio e o prefeito de Belo Horizonte - principal político do PSB mineiro - como um facilitador da coligação.

Duarte Nogueira argumentou que a formação de palanques conjuntos com o PSB não prejudica a campanha de Aécio. Em sua opinião, o importante é dividir o campo governista. "Com essa estratégia é que vamos levar a disputa ao segundo turno. Onde pudermos somar forças melhor", disse.

A declaração põe panos quentes nos rumores de um afastamento entre Campos e Aécio, depois que a filiação de Marina Silva deu mais musculatura à candidatura do PSB. Marina pode ser a vice do governador de Pernambuco, numa chapa presidencial que começou a preocupar os tucanos pela possibilidade de tirá-los pela primeira vez de um segundo turno.

Além disso, a chegada da ambientalista tende a levar para o PSB um tradicional aliado do PSDB: o PPS, cujo tempo de TV é cobiçado por ambas legendas. "É legítima a busca pelo diálogo, pelo apoio de partidos e de setores da economia. O importante é que tudo tem sido feito com transparência e os dois continuam a se falar", completou.

Sirkis adota o mesmo tom. O deputado reconhece que há um "aspecto de disputa evidente" entre os dois partidos, mas que também existe um "interesse comum" porque não querem favorecer o projeto de poder do PT. Sirkis ressaltou o suposto "hegemonismo" petista ao citar a declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não semana passada sugeriu que seu partido ficará no governo federal até 2022, quando será comemorado os 200 anos da Independência do Brasil.

"É preciso levar essa relação da maneira mais amigável possível. Penso que Aécio e Eduardo concordam com uma composição, inclusive com o PT, numa situação pós-eleitoral. A vitória de Eduardo pode atrair setores do PT, num terceiro turno, na hora de governar", disse.

Para Sirkis, isso implicaria um realinhamento histórico, já defendido por Marina, na campanha de 2010, e pelo qual se isolaria os grotões. "Isso acabaria com um ciclo cuja imagem foi representada por uma frase antológica do [ex-presidente] Fernando Henrique Cardoso, para quem PT e PSDB disputam para ver quem lidera o atraso", acrescentou o parlamentar, defensor de uma união entre partidos de centro-esquerda e uma "esquerda radical modernizante" contra forças como "PMDB, PP, PTB e grotões".

Em mais seis Estados, Campos e Aécio têm alta probabilidade de compartilhar o mesmo palanque. No Ceará e no Pará, com os tucanos na cabeça de chapa, e Paraíba, Espírito Santo, Amapá e Roraima, com pessebistas à frente da candidatura a governador. No Ceará, o PSB se desmantelou depois que o grupo do governador Cid Gomes e de seu irmão, Ciro, migrou para o Pros por se recusar a apoiar Campos contra a presidente Dilma. A única saída à vista é se escorar nos tucanos, que também estão fragilizados, só que num processo mais longo de desidratação. Por isso, o ex-governador Tasso Jereissati, que já havia anunciado sua aposentadoria, recebe pressões para dar palanque aos presidenciáveis - pelo menos com uma candidatura ao Senado, cargo para o qual fracassou na tentativa de se reeleger em 2010.

Um exemplo de baixa probabilidade de aliança é a Bahia, onde a senadora Lídice da Mata (PSB) será uma terceira via entre o PT e a oposição local liderada por DEM e PMDB, e apoiada pelos tucanos no Estado.

Fonte: Valor Econômico

Tucano aposta em siglas governistas após perda do PPS

Marina Dias

SÃO PAULO - Preterido pelo PPS, que anunciou indicativo de apoio à candidatura presidencial do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), Aécio Neves (PSDB) decidiu apostar suas fichas na rebeldia da base governista após a reforma ministerial prometida pela presidente Dilma para o início de 2014.

O senador mineiro, provável candidato tucano ao Planalto, acredita que partidos como PTB, PP, PR e PDT (que têm ou já tiveram alianças com o PSDB nos Estados) podem sair insatisfeitos da reformulação na Esplanada dos Ministérios. Dessa forma, seriam alvos possíveis para compor sua chapa. Até o momento, Aécio já tem o apoio do DEM e do Solidariedade à sua candidatura.

A estratégia de Aécio até o final de fevereiro será viajar pelo país para chancelar sua candidatura em todos os diretórios estaduais do PSDB. Em março, haverá um ato com a presença do ex-governador José Serra para oficializar a candidatura do mineiro.

Em abril, Aécio irá procurar pessoalmente siglas da base da presidente Dilma que possam ter ficado insatisfeitas com a minirreforma ministerial. O mineiro não espera que partidos aliados desembarquem do governo antes de abril e por isso vai esperar para iniciar as conversas.

O PV, no entanto, será um dos focos de negociação do tucano ainda este ano. Aécio já se reuniu algumas vezes com o presidente do PV, José Luiz Penna, que publicamente defende candidatura própria.

"Vamos aguardar abril para abordar partidos da base do governo federal. Mas por enquanto podemos intensificar as conversas com o PV, que é de oposição", diz o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG).

O anúncio do PPS em favor de Campos não agradou Aécio, que investiu pessoalmente para que a sigla não declarasse esse apoio no último fim de semana, em São Paulo. Mas a decisão da legenda tem efeito mais simbólico do que prático: com apenas sete deputados federais, o PPS só agrega 16 segundos no horário eleitoral na TV.

Fonte: Folha de S. Paulo

Eduardo, Aécio e o "encontro casual"

Governador-presidenciável assegura que conversa com senador mineiro, também pré-candidato e oposição a Dilma, foi fruto de uma casualidade. E festeja apoio do PPS

Bruna Serra

Depois de ganhar a sinalização de apoio do Partido Popular Socialista (PPS), o governador-presidenciável Eduardo Campos (PSB) ainda tomou um cafezinho com o principal prejudicado por esta costura: o senador tucano Aécio Neves (MG), que também é pré-candidato à Presidência da República. O encontro se deu numa dessas coincidências que só o mundo político pode proporcionar, segundo a versão do governador.

Após gravar o programa do PSB no Rio de Janeiro, no domingo (8), Eduardo disse que foi a um restaurante e encontrou-se casualmente com o senador mineiro, seu "rival" na oposição à presidente Dilma Rousseff (PT). "Não falamos nada do PPS (com Aécio). Se soubesse que vocês (da imprensa) iriam me perguntar, teria falado", ironizou o socialista, ao ser perguntado ontem como o tucano recebeu a sinalização de adesão do PPS ao seu palanque, anunciada após o Congresso nacional do partido, no último sábado.

Eduardo Campos informou que se reunirá na próxima segunda (16) com o deputado federal e presidente nacional do PPS, Roberto Freire, no Recife. "E é bom que a gente receba o PPS antes de termos avançado no debate do programa de governo. Porque vamos ter a oportunidade de contarmos com a contribuição dele já na definição das diretrizes. Melhor que seja logo agora", comemorou Campos, ao deixar uma casa de festas na Madalena, ontem, onde prestigiou a abertura dos debates da Semana do Ministério Público.

"É importante contar com o PPS para nos ajudar na caminhada de formação de um programa que possa ser oferecido ao Brasil em 2014. Tanto no PSB como na Rede (Sustentabilidade) estamos todos muito felizes com a decisão do Congresso (do PPS). Na próxima segunda, o presidente Roberto Freire estará aqui. Nós vamos fazer uma reunião para conversarmos como vai se dando essa integração", destacou.

Durante todo final de semana o governador acompanhou de perto as decisões do PPS. Destacou que o partido integra o campo das esquerdas e por isso é bem vindo em seu palanque. "Não há divergências entre nós. Sempre militamos no mesmo campo e o PPS já vinha dialogando com Marina (Silva)", destacou.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Eleições 2014: Aécio e Campos terão discursos semelhantes

Depois de jantarem domingo, no Rio, o senador Aécio Neves (PSDB) disse que ele e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), falarão a mesma língua na campanha à Presidência. O enfoque comum, adiantou Aécio, serão os erros do governo do PT, sobretudo na política econômica. (Págs. 1 e 3)

Jantar à luz das eleições

Pré-candidatos ao Palácio do Planalto, Aécio e Eduardo Campos se reúnem em restaurante no Rio. Senador tucano elogia o governador pernambucano e volta a atacar gestão de Dilma

Juliana Cipriani

Aécio e Eduardo Campos na saída do restaurante, em Ipanema. Tucano diz que é "saudável" a presença do governador na disputa

O senador Aécio Neves (PSDB/MG), pré-candidato à Presidência da República, afirmou ontem que ele e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que também concorre ao Palácio do Planalto, falarão a mesma língua na campanha. Os dois jantaram na noite de domingo no Rio de Janeiro, em um restaurante em Ipanema, na Zona Sul da cidade. "Vamos falar dos mesmos temas. Se será a mesma abordagem o tempo é que vai dizer", afirmou Aécio, que ontem teve agenda em Florianópolis (SC) participando de encontro com empresários e, na sequência, com lideranças políticas.

Aécio disse que tem conversado muito com Eduardo Campos e que lhe dá novamente as "boas-vindas" ao campo de oposição. O tucano afirmou considerar "saudável" a presença do governador na disputa e elogiou o concorrente. "O Eduardo é um gestor qualificado, aquilo que não vejo no plano federal. Não vejo na presidente da República nenhuma característica de boa gestora", afirmou, lembrando o que chamou de "crescimento pífio".

Para Aécio, o enfoque comum das duas campanhas serão os erros do governo do PT. "Estamos percebendo a fragilidade da condução da política econômica, esse desaquecimento brasileiro. Vamos crescer mais apenas do que a Venezuela este ano na América do Sul. Ninguém me convence que isso é normal", disse. Depois de se encontrar com o empresariado em Florianópolis, na Federação das Indústrias de Santa Catarina, Aécio afirmou que não disputa com Eduardo Campos a preferência desse segmento. Segundo ele, ambos estão preocupados com questões como o pleno emprego e terão diálogo com o setor produtivo.

"É um discurso muito fácil para nós e há uma visão convergente, uma preocupação convergente entre o que pensamos e o que setor produtivo, que emprega, que gera renda, apresenta também como sugestões", afirmou. Segundo Aécio, é preciso superar a ideia de que a oposição seria contra o Brasil, mensagem que ele credita ao PT ter passado aos brasileiros. "É exatamente a crítica que nós fazemos ao governo que vai nos permitir encontrar para o Brasil um caminho de desenvolvimento maior", afirmou.

Para Aécio, há um sentimento de mudança na sociedade e cabe um discurso para capitalizar isso. O senador disse que as oposições cresceram. "E quem for para o segundo turno com a atual presidente da República, se é que ela vai, pode se preparar para vencer as eleições", disse.

PPS O encontro ente Aécio e Campos ocorreu no dia seguinte ao PPS indicar que apoiará o pernambucano nas eleições de outubro. O partido já havia flertado também com a ex-senadora Marina Silva, que depois de ter o registro da legenda que ela idealizava negado pela Justiça Eleitoral, se uniu a Eduardo Campos. O PPS estava dividido entre as duas candidaturas de oposição.

Eduardo Campos afirmou que seu encontro com Aécio foi "casual". O governador de Pernambuco disse ter ido ao Rio gravar um programa do PSB naquele estado e que, como só poderia voltar ontem do Recife, foi jantar perto do hotel. "Lá encontrei Aécio, que tinha ido jantar. Aí sentamos à mesa, conversamos um pouco, tomamos um café". Campos disse considerar "muito importante" a indicação do PPS de apoiá-lo. Segundo ele, o partido vai ajudar na formação de um programa de governo.

Fonte: Estado de Minas

"O governo do PT quando copia a agenda do PSDB acerta", afirma Aécio em visita a SC

Senador mineiro aproveitou a vinda a Florianópolis para antecipar a campanha para as eleições de 2014

Thiago Santaella

O discurso já é de campanha. Fala de Saúde, Educação e Segurança. O tratamento foi de celebridade, com pelo menos meia hora de uma sessão de fotos para recordação. Foi assim a passagem do senador, presidente nacional do PSDB e presidenciável, Aécio Neves, por Florianópolis. Ele participou, nesta segunda-feira, de um encontro com empresários na Federação das Indústrias de Santa Catarina. Em seguida, almoçou com lideranças tucanas do Estado.

O mineiro já tinha vindo à eleição do presidente estadual do PSDB e agora participou das eleições do PSDB Jovem e do PSDB Mulher, nessa segunda-feira. O objetivo é dar unidade ao partido e ao mesmo tempo firmar o nome para a provável campanha do ano que vem.

Nos últimos meses o tucano endureceu as críticas em relação ao governo federal e à presidente Dilma Rousseff, dando ares de campanha a este ano pré-eleitoral. A prioridade do PSDB Nacional é a eleição de Aécio. A do partido no Estado também.

Aécio garante o nome de Paulo Bauer ao governo. Mais do que o próprio catarinense. Nos bastidores, assim como em outros anos, os tucanos confirmam que o partido irá com o nome que garantir o palanque mais forte à Aécio. Para a campanha, que parece já ter começado.

Confira as respostas de Aécio Neves na entrevista coletiva concedida na tarde desta segunda-feira:

O que trás o senador novamente ao Estado? A construção de um palanque, de alianças?

Aécio Neves - O partido nesse momento busca uma aliança com a sociedade de Santa Catarina. O discurso do PSDB aqui sempre foi muito fácil porque ele é convergente com o sentimento das pessoas. Nós queremos maior desenvolvimento. Nós queremos uma maior participação dos municípios na distribuição de receitas, por exemplo. Paulo Bauer é o nome que o partido coloca como alternativa ao governo do Estado. Quanto mais nós falarmos com a sociedade, quanto mais sintonia, eco, houver com o que nós falamos, alianças poderão vir. Alianças, tanto a nível nacional, quanto a nível estadual, serão construídas a partir de abril ou maio do ano que vem. A hora é de fazer o que estamos fazendo: conversando com o Estado, com as pessoas, vendo as dificuldades pelas quais passam. Há um agravamento no processo de desindustrialização do Brasil e que pune exatamente aqueles que tem competitividade. A hora é de conversar. Alianças só no ano que vem.

Mas já há uma avaliação da situação do Estado, com o governador indicando seu apoio à presidente Dilma Rousseff?

Aécio - Nós buscamos o apoio da população de Santa Catarina, que, diga-se de passagem, sempre esteve ao lado do PSDB nas eleições nacionais. E nos deu vitórias aqui extremamente expressivas. Não vejo nenhuma razão para que isso mude. Até porque nós teremos um palanque sólido. O nome do senador Paulo Bauer está colocado como nosso possível candidato ao governo. Vamos construir aqui um discurso e uma proposta nova para o Estado e não tememos adversários. Respeitamos todos, mas não temos medo. Acredito que aqui, mais uma vez, o PSDB sairá vitorioso.

Nos discursos o senhor tem falado em mudança na forma de fazer política. Mas, fora do discurso, o que seriam essas mudanças?

Aécio - Primeiro eu diria que há um sentimento claro de mudança no Brasil. E nós assistimos - não podemos esquecer, não faz tanto tempo assim - o país indo às ruas, cobrando dos governantes, independente de partido, ética na vida pública, eficiência na entrega dos serviços públicos e, obviamente, um crescimento maior, com qualidade na Educação, na Saúde e na Segurança Pública. Nenhuma dessas questões colocadas teve, na minha avaliação, respostas adequadas por parte do governo. O governo responde a essas manifestações com uma proposta de uma constituinte para encaminhar uma reforma política, da qual o governo já se esqueceu, até porque nos últimos dez anos não propôs uma agenda para a reforma política. O que eu tenho dito é que é essencial nós resgatarmos no Brasil os valores, os compromissos éticos com a lisura, com a transparência e com a correção na vida pública. O Brasil hoje quer nos fazer crer que é normal obras serem orçadas por x e no meio do caminho já estarem gastando 3x. E não serem entregues no prazo. Acho a ineficiência a maior das marcas desse governo.

Não começa de forma muito tardia o discurso de oposição? As críticas mais duras ao governo Dilma são recentes, deste ano.

Aécio - Não vejo dessa forma. Talvez eu compreenda essa preocupação porque há sempre uma comparação com a forma com que o PT fazia oposição. Nós jamais faríamos oposição com a irresponsabilidade que o PT fazia. Tudo que vinha do governo FHC era visto como com vício de origem. Era contra sempre. O PT foi contra o Plano Real, o maior programa de transferência efetiva de renda na história contemporânea do Brasil. Foi contra a lei de responsabilidade fiscal. O PT foi contra todo o processo de privatizações, que hoje faz de forma envergonhada. Nós não faremos oposição ao Brasil jamais. Nossa oposição é em relação ao governo. Infelizmente há hoje quase que um monólogo no país. Espero que iniciado o processo eleitoral, nós possamos ter mais espaço para o contraditório.

Ainda assim há comentários de que a oposição foi fraca até agora…

Aécio - Nós, por exemplo, defendíamos determinadas questões, como as concessões quando éramos governo. Agora que somos oposição vamos ser contra porque eventualmente o governo pode faturar? A verdade é que o governo do PT, quando copia e repete a agenda do PSDB, acerta. Quando vai na sua própria agenda, é um desastre. Foi assim na questão macroeconômica, quando o governo do presidente Lula esqueceu seu discurso e manteve ali (a política econômica do PSDB), por um tempo, porque depois ruíram esses pilares, como as metas de inflação. Foi assim quando o PT jogou fora o seu programa social, que era o Fome Zero, e unificou os programas de transferência de renda do governo FHC e os ampliou, essa virtude nós temos que reconhecer. E agora, depois de dez anos demonizando o setor privado, ele agora se curva às concessões. Só que faz isso com dez anos de atraso.

Qual seria um exemplo da agenda do PT?

Aécio - A Petrobras, infelizmente, é o mais triste exemplo da inoperância do governo e a incapacidade de gerir a sua política econômica de forma adequada. Ele utiliza a Petrobras para manter os níveis de inflação não muito altos. Porque o PT sempre teve, de forma irresponsável, a tendência de às vésperas de eleição acusar o PSDB de vai privatizar isso ou aquilo. Em relação à Petrobras, por exemplo, o que nós vamos fazer é reestatizá-la. Tirá-la das garras de um partido político e de um projeto de poder, para que ela possa voltar a ser um instrumento de desenvolvimento do país. Aqui em Santa Catarina, por exemplo, um dos problemas crônicos que nós temos é a ausência de gás. A demanda é muito maior do que a oferta. A Petrobras deveria estar investindo, mas não vai porque perdeu a sua capacidade de investimento. Perdeu 40% do seu valor de mercado em apenas sete anos. E é hoje a empresa não financeira mais endividada do mundo.

Fará parte da sua campanha o enxugamento da máquina pública?

Aécio - Sem dúvida alguma. Temos que gastar menos com a estrutura do Estado para gastar mais com as pessoas. No governo do PSDB nós cortaríamos pela metade o número atual de ministérios, que é quase um acinte. Acho que é um tapa na cara do cidadão brasileiro. Em um momento em que os Estados e municípios estão quase em situação de insolvência, nós assistimos o Brasil ser o segundo país no mundo com o maior número de ministérios. Só perde para o Siri Lanka.

Há propostas em relação a um novo pacto federativo?

Aécio - Na base da discussão que o PSDB vai apresentar - e eu vou na próxima semana divulgar um conjunto de ideias que vou colocar em discussão com os brasileiros -, está um novo pacto federativo, onde os Estados e municípios vão ter mais receita a partir de mudanças do Congresso Nacional.

Senador, o senhor tem conversado bastante com o governador Eduardo Campos. Vai haver uma unificação do discurso de oposição?

Aécio - Em primeiro lugar, eu sempre dei e dou novamente as boas vindas ao governador Eduardo Campos ao campo oposicionista. Eu concordo com a percepção que ele e que a ex-ministra Marina Silva tem, de que esse ciclo do PT está no final. Eu converso muito com o Eduardo, há muito tempo, desde quando éramos governadores, quando me elegi pela segunda vez e ele pela primeira. Ele buscou em Minas Gerais muitas iniciativas importantes que depois foram implementadas em Pernambuco. A presença do Eduardo é saudável. Ele é um bom gestor. Aquilo que eu não vejo no plano federal. Não vejo na presidente da República nenhuma característica de uma boa gestora. Nós vamos falar dos mesmo temas. Se será com a mesma abordagem, o tempo que irá dizer.

Houve um encontro do senhor com dirigentes da Fiesc hoje pela manhã. O senhor disputa com Eduardo Campos a preferência do empresariado. E com a presidente Dilma, apesar de parte estar insatisfeita com a condução da economia. Quem está na frente?

Aécio - O tempo vai dizer. Eu vejo a presença do governador Eduardo Campos na disputa, ao contrário do PT, como algo extremamente positivo. O debate vai ser mais plural. Outros temas vão vir. Eu não me satisfaço com o pleno emprego de dois salários mínimos, no que está se transformando o Brasil. Disse isso hoje no encontro na Federação das Indústrias. Somos um país que caminha a passos largos para a desindustrialização. Hoje a indústria representa 14% do PIB. O mesmo que há 60 anos, na época do Juscelino Kubitschek. Isso não se justifica. Há uma preocupação convergente nossa com a indústria e o agronegócio. É um diálogo fácil para nós.

Como enxerga as pesquisas que tem colocado a presidente Dilma Rousseff cada vez mais à frente?

Aécio - Se vocês voltarem um pouco no tempo, nessa mesma semana de 2009, com a mesma distância que estamos hoje de 2014 e estávamos para 2010, a atual presidente da República tinha 16-17% no máximo nas pesquisas eleitorais. Por que ela não tinha mais pontos? Porque as pessoas ainda não a identificavam com o sentimento que havia naquele momento, de continuidade. A partir do momento em que houve essa identificação, ela avançou. O sentimento hoje é outro. É de mudança. Quem for para o segundo turno com a presidente, se é que é ela que irá, pode se preparar para vencer as eleições.

Na história política recente, apesar da surpresa de Marina Silva em 2010, as eleições sempre foram polarizadas entre PT e PSDB. Ter um terceiro nome de peso ajuda o PSDB por aumentar as chances de segundo turno?

Aécio - Acho bem vinda uma outra candidatura. O PT sempre trabalhou contra essa candidatura. Tentando inviabilizar o partido da Marina, criando todos constrangimentos ao PSB, partido do Eduardo, tirando inclusive um governador desse partido (Cid Gomes, do Ceará, que se filiou ao PROS). O PSDB tem um discurso muito claro. Nós somos oposição sem adjetivos. Mais quatro anos para o PT é perigoso para o Brasil. Até do ponto de vista da democracia. Porque é um partido no governo que ameaça o Judiciário quando a decisão não lhe é favorável. E a opção experimentada, a opção da mudança sem maiores riscos, é com o PSDB.

O mensalão e as manifestações devem influenciar no processo eleitoral no ano que vem?

Aécio - Quanto às manifestações, acho que temos que esperar o que está por vir. Em relação ao mensalão, o que eu sempre defendi é que houvesse um desfecho. Independente de quem fosse ou não condenado. Nunca apontei o dedo para dizer: condene A ou não condene B. O STF, 8 dos 11 ministros nomeados pelo partido do atual governo, acharam que alguns dos nomes investigados eram culpados e foram condenados. Do ponto de vista do Brasil, da sensação de impunidade que sempre tivemos, é positivo. O PT faz um mal a si próprio ao politizar essa questão. O Brasil, felizmente, desde que nós reconquistamos a democracia, não tem mais presos políticos, como quer fazer parecer o partido. Tem políticos presos.

Fonte: Diário Catarinense

Triênio para esquecer - Marco Antônio Vila

É muito difícil encontrar na história brasileira um triênio presidencial com resultados tão pífios como o da presidente Dilma Rousseff. Desde a redemocratização de 1985, o único paralelo possível é com o triênio de Fernando Collor, que conseguiu ser pior que o da presidente. Em dois dos três anos houve recessão (1990 e 1992).

Mas Collor encontrou um país destroçado. Recebeu o governo com uma inflação anual de 1.782%, as contas públicas em situação caótica e uma absoluta desorganização econômica.

Dilma assumiu a presidência com um crescimento do PIB de 7,5%. Claro que o dado puro é enganoso. Em 2009 o país viveu uma recessão. Mas o poder de comunicação de Lula foi tão eficaz que a taxa negativa de 0,2%, deu a impressão de crescimento ao ritmo chinês — naquele ano, a China cresceu 8,7%.

No campo da ética, o triênio foi decepcionante. Nos dois primeiros anos, a presidente bem que tentou assumir um discurso móralizador. Seus epígonos até cunharam a expressão "faxineira"! Ela iria, sem desagradar a seu criador, limpar o governo de auxiliares corruptos, supostamente herdados de Lula.

Fez algumas demissões. Chegou até a entusiasmar alguns ingênuos. Logo interrompeu as ações de limpeza e, mais importante, não apurou nenhuma das denúncias que levaram às demissões dos seus auxiliares. Todos — sem exceção — continuaram livres, leves e soltos. E mais: alguns passaram a ser consultores de fornecedores do Estado. Afinal, como conheciam tão bem o caminho das pedras....

Sem carisma e liderança, restou a Dilma um instrumento poderoso: o de abrir as burras do Tesouro para seus aliados. E o fez sem qualquer constrangimento. As contas públicas foram dilaceradas e haja contabilidade criativa para dar algum ar de normalidade.

Todos os programas do seu triênio fracassaram. Nenhum deles conseguiu atingir as metas. Passou três anos e não inaugurou nenhuma obra importante como um aeroporto, um porto, uma estrada, uma usina hidrelétrica. Nada, absolutamente nada.

O método petista de justificar a incompetência sempre foi de atribuir ao antecessor a culpa pelos problemas. É construído um discurso que sataniza o passado. Mas, no caso da presidente, como atribuir ao antecessor os problemas? A saída foi identificar os velhos espectros que rondam a história brasileira: os Estados Unidos, o capitalismo internacional, o livre mercado.

A política externa diminuiu o tom panfletário, que caracterizou a gestão Celso Amorim. Mas a essência permaneceu a mesma. O sentido antiamericano — cheirando a naftalina — esteve presente em diversas ocasiões. Em termos comerciais continuamos amarrados ao Mercosul, caudatários da Argentina e, quando Chávez vivia, da Venezuela (basta recordar a suspensão do Paraguai). Insistimos numa diplomacia Sul-Sul fadada ao fracasso. No triênio não foi assinado sequer um acordo bilateral de comércio.

A política de formar grandes grupos econômicos — as empresas "campeãs nacionais" — teve um fabuloso custo para o país: 20 bilhões de reais. E o BNDES patrocinou esta farra, associado aos fundos de pensão das empresas e bancos públicos. Frente à burguesia petista, J.J. Abdalla, o famoso mau patrão, seria considerado um exemplo de honorabilidade e eficiência.

A política de energia ficou restrita à manipulação dos preços dos combustíveis fornecidos pela Petrobras. Enquanto diversos países estão alterando a matriz energética, o Brasil ficou restrito ao petróleo e apostando na exploração do pré-sal, que poderá se transformar em uma grande armadilha econômica para o futuro do país.

A desindustrialização foi evidente. Nos últimos três anos o país continuou sem uma eficaz política industrial. Permaneceu dependente da matriz exportadora neocolonial, que gerou bons saldos na balança comerciai, porém desperdiçando bilhões de reais que poderiam ser agregados ao valor das mercadorias exportadas.

O Ministério da Defesa sumiu do noticiário. Celso Amorim, tão falante quando estava à frente do ministério das Relações Exteriores, é uma espécie de titular fantasma. Pior, continuamos sem política de defesa, e as Forças Armadas estão muito distante do cumprimento das suas atribuições constitucionais. Sem recursos, sem treinamento, sem equipamento — sempre aguardando o recebimento da última sucata descartada pelos europeus e americanos.

A equipe ministerial ajuda a explicar a mediocridade do governo. Quem se arriscaria citar o nome de cinco ministros? Quem é o ministro dos Portos? E o da Integração Nacional? Alguém sabe quem é o ministro da Agricultura?

A presidente recebeu o governo com 38 ministérios. Não satisfeita com o inchaço administrativo, criou mais: o da micro e pequena empresa, tão inexpressivo que sequer possui um site.

Se as realizações do triênio são pífias, é inegável a eficiência da máquina de propaganda. O DIP petista deixou seu homônimo varguista no chinelo. De uma hora para outra, segundo o governo, o Brasil passou a ter mais 20 milhões de pessoas na classe média. Como? Tal movimento é impossível de ter ocorrido em tão curto espaço de tempo e, mais importante, com uma taxa de crescimento medíocre. Mas a repetição do "feito" transformou a fantasia estatística em realidade econômica.

Dilma Rousseff encerra seu triênio governamental melancolicamente. Em 2012, o crescimento médio mundial foi de 3,2% e o dos países emergentes de 5,1%. E o Brasil? A taxa de crescimento não estava correta. A "gerentona" exigiu a revisão dos cálculos. O PIB não cresceu 0,9%. O número correto é 1%! Fantástico.

Marco Antonio Villa é historiador

Fonte: O Globo

Ilegalidade consentida - Dora Kramer

A falta de cerimônia no uso da máquina pública para fins eleitorais não é novidade, alcança políticos de diversos partidos e ocorre de maneira explícita sem que o Ministério Público faça sequer um lembrete a suas excelências a respeito da observância aos princípios da legalidade, moralidade e impessoalidade, exigida pela Constituição.

A cada ano que passa o baile corre mais solto. A cada eleição a ousadia aumenta e o desrespeito se consolida como regra. Se o MP não se manifesta, os partidos mesmo é que não o farão.

Sob a ótica deles a coisa funciona assim: ninguém perturba o outro para não ser por ele importunado. O PSDB, por exemplo, não tem interesse em representar contra andanças de ministros País afora liberando verbas e participando de inaugurações que nada têm a ver com suas pastas, porque seus governos estaduais - notadamente o de São Paulo - usam de expediente semelhante. Bem como o PSB do governador Eduardo Campos, o PMDB com seus nichos e assim por diante.

A diferença é que quem tem o poder federal nas mãos pode muitíssimo mais, ferindo outro preceito legal que é o do equilíbrio de condições entre concorrentes eleitorais.

Nosso tema aqui não é campanha antecipada. Esse é um assunto praticamente vencido. Primeiro porque a limitação temporal é uma bobagem. Na prática não restringe nada, apenas consolida uma situação de absoluta desigualdade entre candidatos governistas e oposicionistas. O sentido da lei, o de impedir o abuso de poder, foi para o espaço há muito tempo.

A punição pecuniária é irrisória e a cassação de registro de candidatura é tardia, acontece quando a eleição já passou. Por estas razões e por outras relativas ao absoluto menosprezo à Justiça Eleitoral, reclamar de campanha eleitoral antecipada é chuva que já caiu.

Mas o uso abusivo (ou simples uso) dos instrumentos de Estado para, nas palavras da presidente Dilma Rousseff, "fazer o diabo" por uma eleição deveria ao menos espantar, já que repudiar na atual conjuntura parece ser pedir muito.

Os episódios são diários. Um em especial, no entanto, chama atenção pelo misto de simplicidade e desfaçatez. Aconteceu sexta-feira passada, na sede da Prefeitura de São Paulo. Era uma cerimônia para anunciar a criação de uma casa para abrigar mulheres vítimas de violência.

Nada a ver com o Ministério da Saúde, mas lá estava compondo a mesa e discursando o ministro da área, Alexandre Padilha, provável candidato do PT ao governo paulista.

A ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, tomou do microfone, elogiou muito o ministro e encerrou sua fala assim: "Não era para fazer campanha, mas eu fiz".

E quem achar ruim que vá reclamar ao bispo, faltou dizer.

Urgência. O PT do Rio tem pressa de deixar seus cargos no governo de Sérgio Cabral Filho para que o candidato do partido ao Palácio Guanabara, Lindbergh Farias, possa "bater" à vontade no governador com alto índice de rejeição e cujo candidato está em quinto lugar nas pesquisas.

Pelo mesmo motivo, visto pelo lado oposto, Cabral faz gestões junto a Lula para que o PT adie ao máximo o desembarque. Enquanto petistas estiverem sentados em secretarias do Estado Lindbergh precisa se conter nos ataques. O problema ali é local e não a aliança nacional, conforme se alega.

A "construção" do candidato do PT como o anti-Cabral na percepção do eleitorado requer tempo. Por isso a seção regional do partido insiste na saída em dezembro e o governador faz força para que isso só ocorra em março.

Quando o governador Eduardo Campos quis confirmar que era mesmo candidato, a primeira providência foi ordenar a saída do PSB do governo federal, em setembro. Justamente para liberar a crítica.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Gestos - Merval Pereira

Como dizia Tancredo Neves, política se faz muito mais de gestos do que de palavras. A política é feita especialmente de gestos simbólicos, que indicam um comportamento futuro, esse, sim, conclusivo e gerador de fatos. Desse ponto de vista, o jantar que reuniu na noite de domingo, no Rio, o senador Aécio Neves e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, conta muito mais para o futuro da corrida presidencial, em que os dois concorrerão, do que para o presente, que ainda os mostra como adversários entre si.

Mas essa competição não impede que tracem estratégias comuns que os ajudem a atingir o objetivo. Para a primeira fase da campanha, já decidiram que considerar que a presidente Dilma tem lugar cativo no segundo turno só é bom para o PT. Começarão a tratar da eleição presidencial como uma questão em aberto, cujos desdobramentos podem levar até mesmo os dois a disputar o segundo turno entre si, decretando definitivamente o fim do ciclo petista.

Nesse caso, o PSB levaria vantagem teórica sobre o PSDB, pois, além de ter saído da base aliada do governo, tem uma coligação mais à esquerda, com o apoio da Rede Sustentabilidade de Marina Silva e do PPS. Dependendo da campanha, seria um candidato mais palatável ao eleitorado petista.

Já Aécio Neves parte para a campanha com o apoio do DEM e do Solidariedade de Paulinho da Força Sindical, que lhe dará mais tempo de televisão na campanha eleitoral no rádio e na televisão do que Campos. Neste momento de formação de alianças nacionais e palanques regionais, tanto PSDB quanto PSB têm mais interesses divergentes, mas, quando é possível encontrar convergência, Aécio e Campos se aproximam.

Como, por exemplo, nos dois estados que comandam politicamente, Minas e Pernambuco respectivamente, onde é possivel encontrar pontos comuns. A aliança com o PSB é um fato em Minas, onde o prefeito de Belo Horizonte é um socialista apoiado pelo PSDB. Nada mais natural que o PSB não lance candidato em Minas, para poder ter a reciprocidade em Pernambuco, onde o PSDB não tem candidato competitivo, mas, se lançasse o deputado Daniel Coelho, que teve 27% dos votos na recente eleição para prefeito de Recife, poderia impedir uma vitória do PSB no primeiro turno.

Onde for possível esse tipo de arranjo, será feito, inclusive com uma coligação regional. A sinalização é que há um fato novo: diferente da campanha presidencial em 2010, quando houve três candidaturas, e a ex-senadora Marina Silva não se considerou comprometida com a oposição tentando preservar seu próprio cacife eleitoral para uma nova tentativa que acabou fracassando para 2014, desta vez temos dois candidatos de oposição que se comprometem previamente com apoio num eventual segundo turno, pois têm pontos em comum que levam a esse acordo.

Ambos acham que a condução da economia é extremamente perigosa para o Brasil, a ineficiência é absoluta, o aparelhamento da máquina governamental leva, sobretudo, a um desvirtuamento dos valores democráticos. Tanto Aécio Neves quanto Eduardo Campos buscam maior eficiência do Estado brasileiro — e os dois têm o que mostrar em suas respectivas administrações regionais — e têm o objetivo de ligar o país ao mundo desenvolvido, superando as barreiras ideológicas, com a busca de maiores investimentos, dando regras claras e garantias aos investidores privados. Um conjunto de ideias que os aproxima e um objetivo comum: dar fim ao ciclo petista no governo.

Fonte: O Globo

Legado do mensalão para o futuro do PT - Raymundo Costa

O legado do PT não deveria ser o mensalão

De amanhã até sábado, o PT realiza em Brasília seu 5º Congresso Nacional para discutir o "legado e futuro do projeto democrático popular" - o que fizeram os governos do partido nos últimos 11 anos e o que o PT reserva para depois das eleições de 2014. Cerca de 800 delegados são esperados para o encontro. Mas o primeiro item da pauta diz respeito ao passado, o mensalão, uma página que o PT tenta mas não consegue virar de sua história.

A abertura do congresso será na noite deste dia 12, com a presença da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as duas maiores expressões do PT. Dilma e Lula foram poupados da pajelança, mas não está inteiramente descartado que um deles fale do mensalão. O congresso começa para valer às 10h do dia 13, com a "solidariedade aos companheiros injustiçados". Estão escalados para falar os irmãos do ex-deputado José Genoino e de Delúbio Soares e o filho de José Dirceu.

À exceção de Genoino, que cumpre prisão em casa, Dirceu e Delúbio estão na Papuda, presídio em frente ao qual até dias atrás estava armado um acampamento de militantes petistas solidários aos companheiros encarcerados. A barraca mudou de lugar, agora está ao lado do Supremo Tribunal Federal (STF), e os acantonados ameaçam subir até o centro de convenções onde se realizará o 5º Congresso Nacional.

O acampamento reúne partidários de José Dirceu e outros condenados na Ação Penal 470, mas também jovens militantes da base petista. Entre eles muitos que foram cobrados, pela direção nacional, por serem surpreendidos pelas manifestações de rua ocorridas no mês de junho. Desta vez a direção e os jovens estão em direções opostas, uma vez que em junho líderes e liderados petistas foram igualmente surpreendidos pelas ruas.

A ideia de organizar um acampamento em frente ao presídio da Papuda surgiu entre jovens que se reuniram em frente à Polícia Federal, no feriado de 15 de novembro, para recepcionar José Dirceu e José Genoino, que, na véspera, se apresentaram à Polícia Federal em São Paulo. Um grupo variado, integrado por militantes de núcleos de jovens do PT, setores da Central Única dos Trabalhadores e correligionários e amigos de José Dirceu, especialmente.

O grupo cresceu depois que organizou um jantar de solidariedade aos políticos presos, em Brasília. Na primeira semana, os parlamentares que foram visitar os três encarcerados - além de Genoino e Dirceu, o ex-tesoureiro Delúbio Soares também se entregara à PF - transformaram a tenda armada no local num ponto para receber jornalistas e conceder entrevistas de solidariedade aos prisioneiros do PT.

No acampamento surgiu a ideia de "mil cartas" aos companheiros presos - estima-se que 300 já foram remetidas. Pelo menos duas caravanas estaduais de militantes petistas aportaram em frente ao presídio da Papuda. Um integrante da juventude petista está num encontro no Equador, onde tenta articular um movimento internacional de solidariedade.

Os jovens solidários aos petistas presos consideram "clandestina" a manifestação de solidariedade organizada para o 5º Congresso Nacional. Muito embora o deputado Rui Falcão tenha visitado os três na prisão, eles também consideram insatisfatória a posição assumida pelo PT. Condenam as declarações pendulares de Lula, postergando indefinidamente a promessa de provar que o mensalão "nunca existiu".

Dilma também não escapa das críticas. A presidente da República, desde o julgamento da Ação Penal 470, procura manter uma distância institucional em relação ao escândalo que consumiu o Partido dos Trabalhadores. Fez uma exceção, "pessoal", segundo se apressou a esclarecer, para mostrar preocupação com o estado de saúde do ex-deputado José Genoino, que em julho último submeteu-se a uma delicada cirurgia cardíaca.

Com a proximidade da abertura do 5º Congresso, a direção nacional do PT aumentou a pressão sobre a direção local e a Secretaria de Juventude do partido, inclusive com o "corte das marmitas" que o PT de Brasília estaria fornecendo aos acampados, uma prática usual nas grandes manifestações realizadas na Esplanada dos Ministério, mas negada pelos petistas do DF no caso atual.

A pressão do comando do PT é feita nos bastidores e até agora não teve resultados. Até agora. Os jovens que veem "presos políticos" em Dirceu, Genoino e Delúbio não arredaram o pé e se mantêm sitiados nas imediações do Supremo Tribunal Federal. Elementar, quando a própria direção inclui na pauta do 5º Congresso uma cerimônia de "solidariedade" aos condenados do mensalão.

O temor da direção nacional do PT é que o grupo faça caravanas em direção ao centro de convenções onde o PT realiza o 5º Congresso Nacional. A "marcha sobre o 5º Congresso", se efetivamente ocorrer, não deveria ser surpresa para companheiros graduados que passaram todo o julgamento da AP 470 colocando sob suspeição o julgamento do mensalão. No próprio texto em discussão no 5º Congresso o sistema judicial brasileiro é classificado de "elitista" e permeado por "interesses privados".

A pressão do comando nacional petista sobre os "jovens solidários" começou à época em que o acampamento ainda estava em frente ao presídio da Papuda. Sem êxito, até agora. Os jovens petistas se organizam por meio das redes sociais e e-mails. Mas este talvez seja o único ponto em comum com os jovens que tomaram as ruas em junho último.

À época, as reivindicações que deixaram surpresos a direção do PT e a juventude petista eram a melhoria do transporte público, a manutenção dos poderes de investigação do Ministério Público e um "padrão Fifa" para a saúde, educação e segurança pública. O legado do PT não deveria ser o mensalão. O 5º Congresso é uma ótima oportunidade - talvez a última - para o partido entrar em sintonia com as reivindicações de junho e assim passar um bom exemplo para suas gerações futuras.

Fonte: Valor Econômico

Flores do mal eleitoral - Tereza Cruvinel

Se o STF acolher amanhã a ação da OAB contra as doações de empresas às campanhas eleitorais, o Congresso terá mais uma vez sido atropelado, sem direito a reclamar

Sempre que o Congresso se omite na solução de um problema, ele acaba sendo resolvido de outro modo. Frequentemente, pelo Judiciário. Seguem-se as queixas de invasão da competência legislativa, mas, quando já é chegado o tempo de uma solução, os reclamos caem no vazio. É o que pode acontecer amanhã, com o julgamento pelo STF da ação direta de inconstitucionalidade (Adin) movida pela OAB contra os dispositivos legais que permitem as doações de empresas privadas a partidos e campanhas eleitorais. Os ministros da mais alta Corte devem saber que essas doações estão na origem da maior parte dos casos de corrupção ou delinquência política que acabam chegando lá. Os que, nas ruas, reclamam da qualidade da representação precisam saber que, enquanto os parlamentares deverem o mandato mais ao financiador do que ao eleitor, não haverá mudança nas práticas políticas.

A Adin 4650, da OAB, que tem como relator o ministro Luiz Fux, foi apresentada há mais de dois anos. Ela vai direto ao ponto, pedindo ao STF que declare inconstitucionais o artigo 24 da atual lei eleitoral (Lei nº 9.504/97), que permite a doação de pessoas jurídicas a campanhas eleitorais, do artigo 31 da Lei nº 9.096/95, autorizando as mesmas doações aos partidos políticos, disciplinando ainda, temporariamente, com base em outros dispositivos, as doações de pessoas físicas e o uso de recursos próprios pelos candidatos (ambos limitados a 10% da renda anual), até que venha solução definitiva, devendo o Congresso ser "instado" pelo Supremo a editar legislação neste sentido.

O presidente da OAB, Marcus Vinicius Coêlho, fará amanhã perante a Corte a defesa oral da iniciativa patrocinada pela Ordem. "As pessoas jurídicas são entidades artificiais. Não são cidadãos e, por isso, não possuem a legítima pretensão de participarem do processo político-eleitoral", diz ele. O atual sistema de financiamento, acrescenta, "exacerba as desigualdades políticas e sociais ao permitir que os ricos, por si ou pelas empresas que controlam, tenham uma possibilidade muito maior de influírem nos resultados eleitorais. Na prática, são poucos os doadores e estes fazem contribuições expressivas, conseguindo manter relações muito próximas com os candidatos que patrocinam".

Pode-se acrescentar que, por causa de tais relações "muito próximas", os financiadores acabam capturando os mandatos e pedaços do próprio Estado. Pois há um pacto tácito nesse jogo, pelo qual toda doação acabará sendo retribuída por meio de contratos com o Estado para o fornecimento de bens ou execução de serviços. E isso não começou ontem nem anteontem. Assim vem sendo desde a República Velha.

É no modelo de financiamento de campanhas e no desenho do sistema eleitoral que surgem os impasses sempre que o Congresso tenta aprovar uma reforma política. Alguns partidos (como o PT) querem o financiamento exclusivamente público, outros alegam que isso não acabaria com o financiamento privado clandestino, o famoso caixa dois, outros defendem as doações privadas apenas para pessoas físicas, como parece estar implícito na proposta da OAB. Na ausência de acordo, a reforma nunca sai.

Pode ser que amanhã o STF não chegue a um decisão sobre o assunto, embora já tenha feito uma audiência pública meses atrás. A Corte que acaba de julgar o mensalão, reivindicando o julgamento como grande contribuição à moralização da política, sabe que tudo se repetirá se a legislação não mudar. Os ministros sabem que as transferências irregulares do valerioduto para os partidos aliados do PT não foram feitas para comprar o voto de sete deputados não petistas, pois não formariam a maioria. Sabem que aquilo tudo foi um grande e desastrado compartilhamento de caixa dois. Agora, podem dar uma contribuição mais perene ao sistema, que os dispensará de julgar novas ações penais. Mas aqui vamos conhecer os limites do Supremo. O artigo 16 da Constituição Federal estabelece que normas eleitorais só produzirão efeitos se aprovadas um ano antes do pleito. Se decretar agora a inconstitucionalidade dos dispositivos legais contestados pela OAB, isso valerá para 2014? É preciso que isso fique logo claro, pois havendo mudança de tal envergadura, os partidos precisam se preparar para disputar em uma situação inteiramente nova. Mais provável é que o STF adote uma solução gradualista, determinando mudanças no financiamento de campanhas para 2016. Talvez com isso o Congresso acorde e faça ele mesmo as reformas essenciais ao sistema político, que hoje são fundamentais à sua própria redenção como poder. E, com isso, teremos em 2014 uma disputa radicalizada sob as velhas regras no que diz respeito ao dinheiro. Passado o pleito, virão a vingança, as denúncias, os escândalos.

Milagre de Mandela
Não foi a primeira vez que a presidente Dilma Rousseff reuniu todos os ex-presidentes para um ato ou evento de Estado, para lá de governamental, como na instalação da Comissão da Verdade. Agora, entretanto, a campanha já está muito próxima e parecia pouco provável que todos aceitassem. Especialmente Fernando Henrique, que vem batendo muito duro no governo e no PT, em seus artigos na imprensa. Nesse caso, foi a dimensão de Mandela que prevaleceu sobre as razões de cada um para evitar o prolongado encontro no avião presidencial. Uma viagem que por si já é um fato político. Dilma deve ter lavrado um tento no imaginário popular com a fotografia de ontem, ao lado de todos eles antes do embarque, afora o fato de ser uma das oradoras nas exéquias de Madiba.

Fonte: Correio Braziliense

Turbulência - Eliane Cantanhêde

Ok, a Anac tem de cuidar dos interesses dos passageiros e punir as empresas que passem dos limites. Logo, faz sentido multar a Gol em R$ 2,5 milhões (até agora) por causa do caos do fim de semana. E os feriados de Natal nem começaram, a Copa é só no ano que vem...

Mas... a culpa do caos aéreo não é de uma só companhia, nem só das companhias. Sem falar nas condições meteorológicas, a culpa é também do governo, da infraestrutura, da falta de investimentos.

Como toda hora sobem e descem aviões no Alasca, já no círculo polar, debaixo de neve, e basta chover forte para pousos e decolagens serem interrompidos nos principais centros brasileiros? Porque faltam condições, tecnologia, equipamentos.

E o caos dos aeroportos ilustra a própria situação do setor aéreo, provocando uma nova comparação constrangedora para o país.

Como é que Cingapura e Dubai, por exemplo, têm as melhores companhias aéreas e os melhores aeroportos do mundo, com índices invejáveis de turismo, enquanto o Brasil enterra uma empresa atrás da outra, não consegue ter ao menos um aeroporto entre os cem primeiros mundiais e não atrai turistas?

Sem contar a velha Panair e várias pequenas, que nem dá para citar, o cemitério do setor inclui Vasp, Transbrasil e Varig (não venham me dizer que está viva, por favor...).

O país, que já teve quase 20 companhias, hoje tem muito menos e depende de Tam, Gol, Avianca e Azul, todas com desempenho financeiro mais ou menos --ou mais para menos--, apesar das seguidas promoções e dos aviões lotados. É o custo Brasil! Entre outros...

O mercado quer é retorno e é por isso que, independente das limitações da lei, ninguém quer investir na aviação aqui. Na Latam, grosso modo, a Tam tem frota e faturamento muito maiores, mas as ações da Lan valem mais. E como é que o Brasil quer ser tudo o que diz, ou pensa que é, sem marca(s) aérea(s) forte(s)?

Fonte: Folha de S. Paulo

Panorama político - Ilimar Franco

Protesto arco-íris
Os movimentos sociais não estarão sós. As organizações LGBT preparam uma onda de protestos em Curitiba, durante a Copa. Rússia, Irã e Nigéria, considerados países homofóbicos, jogarão no Paraná. Existe pena de morte para gays no Irã e em parte da Nigéria. A Parada do Orgulho Gay foi proibida na Rússia. A convocação para se integrar aos protestos já circula nas redes sociais e na comunidade gay.

Nos bastidores do PSB
A despeito de seu desempenho nas recentes pesquisas, o candidato do PSB ao Planalto, Eduardo Campos, está muito otimista. Ele tem pesquisas revelando que sua performance é melhor quando o eleitor é informado de que Marina Silva é a vice da chapa. Segundo sua equipe, à medida que a chapa Eduardo/Marina é explicitada nas pesquisas, o socialista ultrapassa o candidato do PSDB, Aécio Neves, e se aproxima da candidata à reeleição, a presidente Dilma (PT). O comando da campanha do PSB, não obstante a postura de boa vizinhança e das conversas entre Eduardo e Aécio, diz que “os dois querem o mesmo lugar e só tem lugar para um deles”.

“Os anões estão crescendo”
Eduardo Campos Governador (PE) e candidato do PSB à Presidência, ao saber que o PPS optou por sua candidatura. Seu comentário é uma resposta ao marqueteiro da presidente Dilma, João Santana, que andou dizendo que “Eduardo seria o que menos cresceria na antropofagia dos anões”

Um lugar ao sol
O entorno da presidente Dilma e da cúpula do PT está fervendo. São muitos os candidatos a postos- chaves no comando da campanha da reeleição. Há uma visão de que este é um estágio para se posicionar melhor para um segundo mandato.

Tudo pelo esporte
O prefeito Eduardo Paes ( Rio) terá recursos para instalar cinco Centros de Iniciação ao Esporte. O ministro Aldo Rebelo (Esporte) anuncia hoje onde serão os 300 centros que serão criados no país. O Estado do Rio terá recursos para criar outros 19 centros, destinados a atender as áreas de alta vulnerabilidade social das grandes cidades.

Convicção generalizada
Muito ruim, ontem, o clima da reunião com os líderes governistas. Eles saíram da conversa com a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) convencidos de que o governo não se importa caso não seja votado o Orçamento da União para 2014.

Vai dar o que falar
A presidente Dilma se inspirou em Lula ao levar para o enterro de Mandela os ex-presidentes Lula, José Sarney, Fernando Henrique e Collor. Na morte do Papa João Paulo II, em 2005, Itamar Franco era embaixador na Itália, e Lula deu carona para Sarney e FH. Naquela viagem, o tema dominante foi falar mal do Ministério Público.

A fonte secou
Os líderes aliados estão possessos. A ministra Ideli Salvatti os informou de que o governo não vai pagar os R$ 5 milhões que faltam a cada deputado referentes às emendas parlamentares.

Homenagem
A bancada do PT fará homenagem hoje a Marcelo Déda (ex-governador) e José Genoino (ex-presidente do partido). Será no lançamento do livro “Líderes do PT na Câmara: Trajetórias e Lutas, de 1980 a 2013”, de Athos Pereira.

OS MINISTROS Eleonora Menicucci e Aldo Rebelo entregaram sábado, em São Bernardo do Campo (SP), troféu de campeão brasileiro de futebol feminino para o time do Centro Olímpico.

Fonte: O Globo