Revista IstoÉ
Os contínuos ataques de Bolsonaro ao Estado Democrático de Direito passaram dos exageros retóricos para a prática antirrepublicana
O Brasil caminha para o mais tenso processo
eleitoral desde 1989, quando foram restabelecidas às eleições diretas para a
Presidência da República. O clima eleitoral que sempre foi marcado pela
esperança da mudança ou da continuidade democrática (como em 1998, 2006 e 2014)
se transformou em um ambiente marcado pelo medo, pelo temor de que o livre
debate das ideias seja substituído pela força, pela violência.
As eleições de 2018 levaram às Assembleias
Legislativas, ao Congresso Nacional e aos executivos estaduais – este em menor
conta –, personagens que pouco tinham relação com a política no sentido mais
amplo. A renovação, na maioria dos casos, foi desastrosa. O ataque ao que foi
chamado de velha política produziu uma onda extremista que adentrou às instituições
moldadas pela Constituição de 1988 e envenenou o funcionamento do Estado
democrático de Direito.
Pautas reacionárias que até então estavam restritas a grupos extremistas – algo até considerados folclóricos – acabaram assumindo o primeiro plano da cena política. Ocuparam durante meses e meses um tempo precioso que poderia ter sido destinado à discussão e busca de solução dos graves problemas nacionais.