sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Fernando Gabeira - Bolsonaro contra Bolsonaro

O Estado de S. Paulo

Com todo respeito aos vencedores, é inegável que o presidente é o grande adversário de si mesmo. Cavou sua derrota milimetricamente

Acompanhei, até agora, todas as eleições do período de redemocratização. Cada vez aprendo coisas novas e, sobretudo, fortaleço minha hipótese de que, sob certos aspectos, é um processo incontrolável.

Quero dizer com isso que, além dos candidatos, de seus especialistas em marketing e de todo o aparato analítico profissional na mídia, acontecem coisas imprevistas que acabam reforçando a ideia da complexidade do País. Aliás, essa lição já se configurou na facada em Bolsonaro em Juiz de Fora, criando o fato político mais importante daquela campanha.

Olhando para 2022, parece que o desafio aos planejadores aumentou. O Brasil escapa dos cálculos como um potro bravio.

Eleitores de Bolsonaro mataram dois eleitores de Lula, no Paraná e em Mato Grosso. Os fatos, sobretudo o primeiro, tiveram grande peso na sensação de vivermos um período violento, estimulado de cima pela própria política militarizante do presidente. As tentativas de Bolsonaro de atenuar o desgaste cooptando familiares do petista morto em Foz do Iguaçu mais associaram do que distanciaram sua visão política do crime.

Eliane Cantanhêde - Para onde correr?

O Estado de S. Paulo

Sem se mover, resta a Bolsonaro que ‘segundo turno é outra eleição’. Será?

Mais uma pesquisa atestando a estabilidade favorável ao ex-presidente Lula e capaz de desestabilizar a campanha do presidente Jair Bolsonaro: o Datafolha confirmou ontem que o petista se mantém firme e forte na faixa dos 45% e o presidente não sai do lugar, oscilando não mais para cima, mas para baixo.

A situação continua rigorosamente igual, mostrando, semana a semana, que Bolsonaro não atingiu o alvo de ultrapassar Lula nem reduziu a diferença. A nova pesquisa só não é um total desastre para ele porque a hipótese de segundo turno permanece real. Com a frustração de disparar em junho, julho, agosto, setembro... resta o consolo de que “o segundo turno é uma nova eleição”. Será?

Vera Magalhães - Quando jornalista vira pauta, algo vai mal

O Globo

Assédio deflagrado pelo presidente mostra uma campanha deliberada para minar credibilidade da imprensa

Relatório da ONG Repórteres Sem Fronteiras contou 2,8 milhões de ataques contra jornalistas nas redes sociais no primeiro mês de campanha eleitoral oficial. Dessas investidas, a maioria esmagadora se destina a mulheres e, entre elas, os ataques dirigidos a mim lideram, disparado, o ranking, com a companhia de colegas como Míriam Leitão, Amanda Klein, Andréia Sadi e Mônica Bergamo.

No meu caso, a onda de ataques e agressões, inclusive a mais recente, de assédio presencial do deputado estadual bolsonarista Douglas Garcia, foi deflagrada a partir da investida de Jair Bolsonaro contra mim a uma pergunta feita a Ciro Gomes, com comentário do presidente, no debate de um pool de veículos de imprensa.

— Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro — disse Bolsonaro.

Foi a mesma frase reproduzida num cartaz com minha fotografia, içado num guindaste durante o 7 de Setembro em Copacabana. Também foi a mesma berrada por Garcia a poucos centímetros do meu rosto na última terça-feira, junto à mentira de que eu ganhava R$ 500 mil por ano para atacar o presidente.

Luiz Carlos Azedo - A violência contra Vera Magalhães espreita todos nós

Correio Braziliense

Na verdade, as grosserias e agressões a jornalistas por parte de Bolsonaro e seus aliados ocorrem desde o começo do governo, tendo como cenário io famoso cercadinho do Palácio da Alvorada

Nossa colega Vera Magalhães, vítima de um ataque direto do presidente Jair Bolsonaro (PL) no debate dos presidenciáveis na Band e, agora, mais recentemente, de uma agressão verbal do deputado paulista Douglas Garcia (Republicanos) — que está sendo investigado pelo Ministério Público por suspeita de crime de stalking e dano emocional àquela profissional —, tornou-se uma espécie de símbolo do relacionamento oficial do atual governo com a imprensa.

Na verdade, as grosserias e agressões a jornalistas por parte de Bolsonaro e seus aliados ocorrem desde o começo do governo, tendo como cenário privilegiado o famoso cercadinho do Palácio da Alvorada, local utilizado pelo presidente para suas conversas com apoiadores e entrevistas quebra-queixo com os jornalistas credenciados na Presidência. E se reproduzem nas redes sociais.

Bela Megale - O dado do Datafolha que mais preocupa a campanha de Bolsonaro

O Globo

Possibilidade de Bolsonaro ficar sem palanque em SP num possível segundo turno contra Lula acende alerta vermelho na campanha

O empate técnico entre Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Rodrigo Garcia (PSDB) na disputa pelo governo paulista apontada pelo Datafolha foi o maior banho de água fria na campanha de Bolsonaro. Isso porque há o risco de o presidente ficar sem palanque em São Paulo, maior colégio eleitoral do país e estado estratégico, caso Bolsonaro vá para um segundo turno com Lula.

Integrantes da equipe do presidente relataram à coluna que a expectativa era de que o ex-ministro se consolidasse nessa pesquisa como o adversário que iria para o segundo turno com Fernando Haddad (PT). O petista segue na liderança com 36% das intenções de voto, Tarcísio oscilou um ponto para cima, chegando a 22% e Rodrigo quatro pontos, alcançado 19% das intenções de voto.

Bernardo Mello Franco - Ciro e o voto útil

O Globo

Empacado nas pesquisas, pedetista amplia ataques a Lula e tenta evitar derretimento às vésperas da eleição

Ciro Gomes está nervoso. Na reta final da campanha, o candidato do PDT lançou uma cruzada contra o voto útil. Quer evitar que os eleitores o abandonem às vésperas da eleição.

Na quarta-feira, o pedetista acusou o PT de fazer “terrorismo” e “fascismo de esquerda” ao pregar o voto em Lula para encerrar a disputa no primeiro turno. “Sabe qual é uma das maiores fraudes das eleições democráticas? É o falso voto útil. É uma mistura de mentira e manipulação grosseira”, esbravejou, em vídeo divulgado ontem nas redes.

Há quatro anos, ele sustentava outra visão do fenômeno. Citava pesquisas eleitorais para defender o voto útil... em si mesmo. Com base nos números, alegava ter mais chances de vencer Jair Bolsonaro do que o petista Fernando Haddad. O discurso de 2018 fracassou, e o de 2022 parece não ter muita chance de colar.

Thomas Traumann - Estáveis nas pesquisas, Lula e Bolsonaro partem para os ataques na reta final

O Globo

Clima de segundo turno é antecipado enquanto os dois adversários estão no mesmo lugar em intenções de voto desde 16 de agosto

Faltando 15 dias para o primeiro turno, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) não saem do lugar nas pesquisas há quatro semanas e vão usar a mesma tática para tentar alterar a estabilidade: o ataque. No novo Datafolha, Lula tem 45% das intenções de voto há três semanas. Bolsonaro oscilou um ponto percentual para baixo e tem 33%. Na margem de erro, Lula e Bolsonaro estão no mesmo lugar desde 16 de agosto.

Na sua última propaganda de TV, Bolsonaro coloca uma apresentadora para afirmar que “a maior mentira da campanha é dizer que Lula foi inocentado dos processo das Lava-Jato”. Em outro spot de 30 segundos, a campanha edita uma fala do petista para afirmar que Lula “defende ladrões”. Em um terceiro, os filhos de Lula são chamados de corruptos.

No programa do PT, Bolsonaro é “ruim de serviço por ter sido desumano na pandemia e um desastre na economia”. Um comercial do PT diz que “com Bolsonaro a inflação voltou” e que o presidente semeia “ódio”.

Bruno Boghossian - Bolsonaro vê resistências a seu arsenal de campanha

Folha de S. Paulo

Depois de melhorar com evangélicos, classe média e Sudeste, presidente enfrenta limites de recuperação

A flutuação das intenções de voto registrada pelo Datafolha indica que o arsenal usado por Jair Bolsonaro (PL) nos últimos meses encontra uma certa resistência nesta etapa da campanha.

Depois de melhorar seus números em segmentos importantes como evangélicos, classe média e o eleitorado do Sudeste, a reta final do primeiro turno testa os limites de sua recuperação nesses grupos.

As três faixas são consideradas cruciais pelos coordenadores da campanha pela reeleição porque concentram uma grande quantidade de eleitores que votaram em Bolsonaro em 2018 e, até os primeiros meses do ano, mantinham certa distância de sua candidatura.

As curvas traçadas desde então mostram que o presidente colheu algum retorno de seus investimentos para recuperar esses votos. Os sinais das últimas semanas, no entanto, apontam para uma estagnação em três critérios considerados fundamentais para Bolsonaro: as intenções de voto, a rejeição a Lula (PT) e sua própria rejeição.

Designado como principal campo de batalha pela equipe do presidente, com 4 de cada 10 eleitores do país, o Sudeste é o principal exemplo dessas trajetórias.

Em pouco mais de 100 dias, Bolsonaro ganhou sete pontos percentuais em intenções de voto na região, encontrando Lula numa situação de estabilidade. Mas um recorte mais limitado tem o presidente variando no mesmo patamar há cerca de um mês, agora com 34%.

Hélio Schwartsman – Voto útil é obrigação?

Folha de S. Paulo

O importante é Bolsonaro ser derrotado, tanto faz em qual turno

Lula e aliados vêm aumentando a pressão sobre os eleitores de Ciro e Tebet para que eles abracem o voto útil e assegurem a vitória do petista já no primeiro turno. O que estaria em jogo é a própria democracia.

Eu estou convencido de que Bolsonaro representa não só um risco institucional como também civilizacional e confesso que torço para que sua derrota seja a mais humilhante possível. Não vejo, porém, como afirmar que exista, para os democratas, a obrigação moral de eleger Lula já no próximo dia 2.

A primeira parte de meu argumento é estatística. Bolsonaro receberá dezenas de milhões de votos. Penso que seus eleitores estão equivocados, mas hesitaria em classificá-los todos como antidemocratas. Aliás, se esse fosse o caso, já não haveria no país democracia a defender.

Mariliz Pereira Jorge - Hora de virar voto é agora

Folha de S. Paulo

Petistas não querem perder o protagonismo da luta contra Bolsonaro

A duas semanas da eleição, a hora de mudar o voto é agora. Mas a impressão é que o petista não está preocupado com o resultado do pleito, o petista quer ter razão, quer lavar a roupa suja com antigos críticos do partido.

Diferentemente de Lula, que deixou no passado suas diferenças políticas com Alckmin em nome de uma aliança democrática contra Bolsonaro, a militância, sempre que pode, se dedica a desencavar tuítes e vídeos para mostrar que nem todo mundo é limpinho o suficiente para estar no mesmo lado da trincheira.

Não bastasse ser vítima da covardia bolsonarista, Vera Magalhães virou alvo de eleitores da esquerda que, quando deveriam estar ocupados em virar voto, resolveram cobrar o que eles consideram ser uma dívida dela como profissional. Eu tinha me esquecido que não são só bolsonaristas os que não admitem oposição ao seu político. Mas jornalismo é oposição, o resto é armazém de secos e molhados. Obrigada, Millôr.

Reinaldo Azevedo - Ciro mira 2026; pobres voltam para Lula

Folha de S. Paulo

Eleitorado de baixa renda poderia garantir novo ciclo longo ao PT

É muito provável que Ciro Gomes (PDT), que se manteve como o terceiro colocado na disputa desde o início da corrida eleitoral, tenha merecido menos atenção de colunistas de qualquer veículo profissional —não trato do espaço noticioso— do que nomes da extinta "terceira via".

Se indagados sobre os motivos, seus partidários, especialmente os engajados das redes, terão a resposta na ponta da língua: também os analistas, a exemplo de toda a imprensa, seriam reféns da "polarização odienta" e não dispensariam "ao único candidato realmente independente dos banqueiros" a devida importância. Será mesmo assim?

Um amigo refletiu: "Por que vou escrever sobre Ciro? Não tem chance de ganhar. E, de quebra, os seus partidários começarão a me ofender nas redes caso não gostem de alguma coisa. Já basta ter de escrever sobre Bolsonaro e tomar porrada de seus fanáticos". É claro que deve haver outras razões, mas a impossibilidade de o analista sair ileso é uma delas.

Vinicius Torres Freire – Maioria do eleitorado decidiu cedo

Folha de S. Paulo

Neste mês, variações de voto e rejeição foram ínfimas, debate do voto útil vai esquentar

Desde o final de agosto, a variação do voto para presidente é mínima ou ninharia mesmo, segundo os números das pesquisas Datafolha. Na prática ou na fria estatística, não há mudança na rejeição a Jair Bolsonaro (PL) e a Lula da Silva (PT), nem em suas votações. A avaliação do governo está na mesma. O petista pode levar no primeiro turno, mas é improvável —depende de pescar 2,5 milhões de votos em outras candidaturas.

conversa sobre o voto útil vai ficar mais intensa e tensa. Abstenções podem fazer diferença na decisão em primeiro turno. Fazendo piada, mas não muito, até a previsão do tempo no domingo de votação pode ser relevante, caso o cenário permaneça inalterado até a véspera do voto. Uma onda de chuva ou de "fake news" e baixarias podem render décimos de porcentagem de votos.

Cerca de 90% dos eleitores decidiram em quem votar faz mais de um mês, pelo que dizem agora ao Datafolha (entre os ora "totalmente decididos"). Apenas 6% desse eleitorado diz ter decidido o voto para presidente neste mês. A parcela de eleitores "totalmente decididos" quanto a seu voto muda um tico a cada semana, para cima, ora em 78%.

Rogério Furquim Werneck - A importância do segundo turno

O Globo / O Estado de S. Paulo

Disputa tem de ir além de um triste torneio de propostas irresponsáveis. Candidatos terão de conquistar eleitores de centro

Já não há mais esperança de que o nível da campanha presidencial ainda possa melhorar. Frustraram-se, mais uma vez, os que se deixaram levar pela fantasia de que, a esta altura, poderíamos estar presenciando amplo e proveitoso debate nacional sobre os graves desafios que o país tem pela frente. Não foi o que se viu. Nem o que se verá nos escassos 15 dias finais da campanha do primeiro turno.

Como não poderia deixar de ser, numa eleição tão polarizada, o tom dominante da campanha vem sendo dado pelos dois candidatos que lideram por larga margem as pesquisas de intenção de voto. Em meio à estridência de acusações mútuas de corrupção, à troca de impropérios e às saraivadas de promessas demagógicas, pouco se salva.

O mais angustiante, para quem entrevê a real extensão das dificuldades de ordem fiscal que terão de ser enfrentadas em 2023, é o triste torneio de propostas irresponsáveis que vem sendo travado pelos dois candidatos.

José de Souza Martins* – Brasil e Inglaterra, encontros

Valor Econômico / Eu & Fim de Semana

O país que somos e conhecemos resulta em boa parte da mediação política, econômica e cultural inglesa. Não raro da cópia, mais do que da invenção

Na mesma Abadia de Westminster, em Londres, em que ocorrerá a cerimônia religiosa do funeral da rainha Elizabeth II, está sepultado o marquês do Maranhão, Lord Thomas Cochrane, que, a convite de Dom Pedro I, em 1823, foi o primeiro almirante da Marinha Brasileira. Nessa condição participou da luta pela independência do Brasil na Bahia, em Pernambuco, no Pará e no Maranhão. Era um odiado mercenário escocês.

A essa mera coincidência pode-se agregar outra: o presidente Bolsonaro anunciou que comparecerá ao funeral da rainha, cujo réquiem será celebrado pelo arcebispo da Cantuária naquela abadia.

Essas coincidências expressam o lugar que a Inglaterra tem tido no mundo desde a Revolução Industrial, que lá nasceu. E expressam, também, o lugar decorrente do Brasil desde o nascimento da pátria. Até desde antes do século XVII, quando Portugal celebrou uma aliança com aquele país através do casamento de dona Catarina, filha de Dom João IV, com o rei Charles II, quando da restauração do trono após o intervalo republicano de Cromwell e do Parlamento.

O Brasil Colônia teve sua parte nas mudanças que ocorreram lá e cá. O ouro brasileiro, de Cuiabá, de Goiás, de Minas Gerais e até do Jaraguá, em São Paulo, arrecadado com a cobrança do quinto real, ia para Portugal e acabava na Inglaterra.

César Felício - Um espectro para cada candidato

Valor Econômico

Abstenção assombra Lula e Bolsonaro teme voto envergonhado

Há dois espectros rondando a reta final das eleições: um é o impacto da abstenção eleitoral, ou seja, do não comparecimento às urnas no dia 2 de outubro de parte considerável do eleitorado. Este já é objeto de preocupação explícita do líder nas pesquisas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O outro é o voto envergonhado. Trata-se do eleitor que, por se sentir intimidado em seu meio social, guarda para si a opção política que traz dentro do peito. Há sinais de que este fator está preocupando o presidente Jair Bolsonaro e seu entorno.

Observe-se por exemplo as reações despertadas pela agressão do deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos-SP) à jornalista Vera Magalhães no debate de governadores da terça-feira à noite na TV Cultura.

O parlamentar, muito conhecido pela agressividade, abordou a jornalista e replicou as ofensivas dirigidas a ela por Bolsonaro quando houve o debate presidencial na TV Bandeirantes. Celular em punho, Garcia disse que Vera Magalhães era uma vergonha para o jornalismo nacional. O ultraje terminou quando o diretor de jornalismo do canal arremessou para longe o telefone do deputado estadual.

O episódio provocou repulsa pública até mesmo do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o filho do presidente que já se envolveu em mais de um lance de misoginia contra jornalistas.

Márcio G. P. Garcia* - Economia e eleições

Valor Econômico

A melhora recente da economia não deve persistir no próximo ano, tanto no Brasil como nos EUA

Paul Krugman escreveu um artigo interessante(1) nesta semana em que analisa o comportamento recente de um indicador de bem-estar econômico bem antigo, o índice de miséria (misery index), e sua potencial influência nas eleições de novembro nos EUA. Nessas eleições, chamada de “midterms” por ocorrerem no meio de mandato do presidente dos EUA, serão renovados os mandatos de todos os deputados e de 1/3 dos senadores. Portanto, será então definida a margem de manobra no Congresso dos EUA com que Biden contará para implementar suas políticas no biênio 2023-24.

O índice de miséria, ou taxa de desconforto, é um indicador bastante simples do (inverso do) bem-estar econômico. É obtido pela simples soma de duas variáveis econômicas que geram desconforto: inflação e desemprego. Portanto, quanto maior o índice da miséria, pior está a economia.

Claudia Safatle - Dívida não terá meta, mas uma referência

Valor Econômico

Para ter responsabilidade fiscal é necessário entendimento da importância que isso tem, ter compromisso político e maturidade para levar adiante medidas, em geral amargas, porém necessárias

Passados seis anos de vigência da lei do teto de gasto, o governo começou a discutir com economistas do setor privado o que poderia ser entendido como novo regime fiscal: arcabouço de regras para garantir a solvência da dívida pública.

Diferentemente do imaginado quando fez o primeiro texto sobre o assunto, em 2019, agora não se pretende mais ter uma meta para a dívida, a ser cumprida a ferro e fogo. Prefere-se estabelecer uma referência e criar incentivos para persegui-la. Nesse sentido, uma dívida bruta do governo geral equivalente a 60% do PIB estaria de bom tamanho. Mas não é seguro, ainda, que se vá escolher a dívida bruta como referência; pode ser a dívida líquida, por exemplo. O texto para discussão é intitulado “Regras fiscais: uma proposta de arcabouço sistêmico para o caso brasileiro”.

Lula diz que não é favorável a inibir candidaturas e que nunca aceitou voto útil

Ele também criticou o corte no orçamento do programa Farmácia Popular. “Tirou dinheiro para poder colocar no orçamento secreto”

Por Mariana Ribeiro, Valor Econômico

SÃO PAULO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que não é favorável a inibir candidaturas e que nunca aceitou o argumento do “voto útil”. O candidato havia sido questionado sobre as articulações para atrair apoio do PDT, de Ciro Gomes.

“Eu fui vítima do voto útil muitas vezes. Muitas vezes falaram ‘o Lula não pode ser candidato por causa do voto útil’ e eu nunca aceitei isso. O povo tem que ter liberdade de escolher os seus candidatos”, disse a jornalistas hoje durante agenda em Montes Claros (MG).

Ciro lançou nesta semana uma campanha contra o voto útil para reagir ao movimento iniciado pela campanha do petista e evitar o derretimento da sua candidatura nas últimas semanas antes do primeiro turno.

Lula disse ainda que o presidente Jair Bolsonaro (PL) aumentou o Auxílio Brasil para R$ 600, mas não conseguiu crescer nas pesquisas como esperava. "A rejeição dele é maior que a aceitação”, acrescentou. O petista disse que ainda espera ganhar no primeiro turno e reforçou críticas a Bolsonaro.

“Fui candidato à reeleição e a gente só podia viajar depois do expediente. Ou seja, a gente está percebendo que ele não trabalha mais. Ele nunca governou. Agora não governo e não trabalha”, disse em relação ao presidente.

Ele também criticou o corte no orçamento do programa Farmácia Popular. “Tirou dinheiro para poder colocar no orçamento secreto.”

O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões

Editoriais / Opiniões

Instituições precisam barrar onda de violência política

Valor Econômico

Retórica incendiária do presidente cria ambiente favorável a confrontos

A violência política não é novidade no Brasil, mas com a ascensão à Presidência da República de Jair Bolsonaro deu um salto em escala. Ela está se generalizando, após deixar os rincões dos velhos coronéis para as cidades e, nelas, é abertamente propagada nas redes sociais. Há pouca coisa mais desmoralizante dos valores republicanos e da democracia de que o governo Bolsonaro abrigar no Palácio do Planalto funcionários pagos com dinheiro dos contribuintes em um autodenominado “gabinete do ódio”.

O principal propagador de ideias que tem em seu germe a violência contra adversários políticos é o presidente, que detesta jornalistas que o questionam, é misógino e não tem a democracia como seu regime favorito. O episódio mais recente de agressão e constrangimento à imprensa ocorreu durante um debate entre os candidatos a governador do Estado de São Paulo, na terça-feira. O deputado Douglas Garcia (Republicanos-SP), que apoia o bolsonarista Tarcísio de Freitas, em segundo lugar nas pesquisas, arremeteu, celular em punho, contra a jornalista Vera Magalhães, utilizando contra ela as mesmas palavras que Bolsonaro já dissera em debate na TV Bandeirantes, de que era “uma vergonha para o jornalismo”.

A retórica de Bolsonaro, seus filhos e acólitos é beligerante, incompatível com a que deveria usar alguém que ocupa um cargo cujo dever é representar os brasileiros e não apenas os de sua gangue de maus modos. Na atual campanha, Bolsonaro já pregou “extirpar essa raça”, referindo-se aos petistas, em um eco mais brando do que o de sua conclamação no Acre na campanha de 2018: “Vamos fuzilar a petralhada”.

Poesia | Fernando Pessoa - Sou eu

 

Música | Jorge Aragão - De Sampa a São Luis