O Estado de S. Paulo
Com todo respeito aos vencedores, é inegável que o presidente é o grande adversário de si mesmo. Cavou sua derrota milimetricamente
Acompanhei, até agora, todas as eleições do
período de redemocratização. Cada vez aprendo coisas novas e, sobretudo,
fortaleço minha hipótese de que, sob certos aspectos, é um processo
incontrolável.
Quero dizer com isso que, além dos
candidatos, de seus especialistas em marketing e de todo o aparato analítico
profissional na mídia, acontecem coisas imprevistas que acabam reforçando a
ideia da complexidade do País. Aliás, essa lição já se configurou na facada em
Bolsonaro em Juiz de Fora, criando o fato político mais importante daquela
campanha.
Olhando para 2022, parece que o desafio aos
planejadores aumentou. O Brasil escapa dos cálculos como um potro bravio.
Eleitores de Bolsonaro mataram dois eleitores de Lula, no Paraná e em Mato Grosso. Os fatos, sobretudo o primeiro, tiveram grande peso na sensação de vivermos um período violento, estimulado de cima pela própria política militarizante do presidente. As tentativas de Bolsonaro de atenuar o desgaste cooptando familiares do petista morto em Foz do Iguaçu mais associaram do que distanciaram sua visão política do crime.