sábado, 15 de agosto de 2009

PENSAMENTO DO DIA – Giuseppe Vacca

“Aparentemente, estamos todos de acordo ao afirmar que toda uma época terminou.
Mas, quando uma época termina, se não conseguimos pensá-la com conceitos novos, diferentes daqueles que capturaram a mente de quem viveu, das duas uma: ou não é verdade que ela terminou, ou quem continua a representá-la com conceitos do passado talvez não saiba, mas na realidade morreu intelectualmente com ela.”

(Giuseppe Vacca, - no livro Por um novo reformismo, págs. 160-161, Fundação Astrojildo Perereira / Contraponto, 2009)

Ambiguidade perigosa

Merval Pereira
DEU EM O GLOBO


Há poucos dias participei, juntamente com vários outros profissionais de diversas áreas, na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme), na Praia Vermelha, no Rio, de um almoço temático em que o assunto central era a Comunicação Social. Vários aspectos da questão foram discutidos, e naturalmente sobrou para mim, o único jornalista presente, a pergunta inevitável, já que naqueles dias o governo da Venezuela estava fechando diversas rádios, como já fizera anteriormente com a RCTV, na continuação da perseguição à liberdade de expressão no país. Um oficial me perguntou como eu via a política externa brasileira em relação à América Latina, justamente tendo em vista a tendência autoritária e antidemocrática de governos como o da Venezuela e seus satélites e a cada vez mais clara perseguição à imprensa livre.

Disse, em resumo, o que já escrevi aqui algumas vezes: compreendo a tese da união regional, e entendo a ajuda aos países mais pobres — não quer dizer que aceite a passividade com que o governo brasileiro reage diante da invasão da Petrobras na Bolívia, por exemplo —, mas deveríamos exigir em troca que eles se comportassem dentro dos padrões democráticos.

E o Mercosul tem uma cláusula expressa a favor da democracia que não pode ser esquecida pelo Senado na análise da aceitação da Venezuela no organismo regional.

O senador Eduardo Azeredo, presidente da Comissão de Relações Exteriores, já fez um discurso recentemente criticando o governo venezuelano na sua tentativa de controlar os meios de comunicação.

A cada dia que passa fica mais claro o descomprometimento do governo venezuelano com os valores democráticos.

A intervenção no ensino é a mais recente, e não será a última, prova disso.

No entanto, é cada dia também mais evidente a incoerência da política externa brasileira, muito rigorosa com a Colômbia e leniente com os chamados “bolivarianos”.

A reportagem do último número da revista inglesa “The Economist”, uma das mais respeitáveis do mundo, perguntando “de que lado está o Brasil” e chamando a atenção para o fato de que o país “não pode confundir democratas com autocratas, como Lula parece fazer”, é reflexo dessa ambiguidade.

O caso das chamadas “bases americanas” na Colômbia é típico. Colômbia e EUA estão discutindo um acordo para aumentar a cooperação militar americana para combater os traficantes de drogas e narcoguerrilheiros, mas as bases serão comandadas e operadas por colombianos.

Há uma limitação legal do Congresso Americano para o número de soldados envolvidos na operação, que não pode passar de 800 militares e 600 prestadores civis de serviços. Pelo novo acordo, as tropas americanas estarão em pelo menos sete bases militares colombianas.

O número atual, de 71 militares e 400 civis, certamente será aumentado, mas dentro desse limite legal. Mas Lula, mesmo que tenha atuado para esvaziar o espírito belicoso de Chávez na recente reunião da Unasul, sugeriu “convocar” o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para se explicar aos sul-americanos.

Expedito Bastos, pesquisador de assuntos militares da Universidade Federal de Juiz de Fora, e que estava presente na reunião da Eceme, acha que as bases americanas na Colômbia não são ameaças ao Brasil, até porque algumas já existem há tempos e fazem parte da ajuda na luta contra o narcotráfico e a guerrilha das Farc, que já dura mais de trinta anos e não foi necessário pedir autorização aos países sul-americanos, quando de sua implantação. “Trata-se de um problema interno de um país”, resume.

Também não encontrei entre os oficiais do Exército com quem conversei preocupação com o assunto que tanto mobiliza o governo brasileiro. Para Expedito Bastos, o investimento americano em ajuda militar “tem sido muito grande e está surtindo efeitos altamente positivos para ambos e, de certa forma, para toda a região”.

Ele lembra que os Estados Unidos não necessitam de bases para efetuar ataques contra alvos em qualquer ponto do planeta. “Detém tecnologia suficiente para isto, basta lembrar os bombardeiros do tipo B-2 invisíveis ou dos antigos B-52 que se encontram ainda operacionais, isto sem falar em aviões espiões que podem voar a grande altitude e os inúmeros satélites militares de que dispõem, além de uma ótima frota naval composta por porta-aviões e submarinos nucleares”.

O curioso, diz ele, é que “quando a Venezuela anunciou que a Rússia seria bem vinda caso precisasse de uma base na região, ninguém reclamou.

Quando dois aviões Tupolev Tu-160 Blackjack, com capacidade de levar armas nucleares, realizou manobras na região, operando a partir daquele país, inclusive voando em águas internacionais ao longo da costa brasileira até o Uruguai, ninguém reclamou”.

O pesquisador prossegue: “Quando o cruzador nuclear ‘Pedro, O Grande’ lá aportou para manobras com a marinha venezuelana, acompanhado do destróier ‘Chabanenko’, e de outros de apoio, ninguém reclamou. Quando se divulgou que armas adquiridas pela Venezuela foram capturadas em mãos de guerrilheiros das Farc, ninguém reclamou. Mas quando os americanos recriaram a IV Frota foi uma reclamação geral, parecia que fora criada para nos intimidar, invadir o nosso pré-sal, uma ameaça à soberania dos países da região, e não para conter o avanço chinês na África”.

O problema, para Expedito Bastos, é que os governos da região “estão agindo por ideologia e parecem não ter percebido as mudanças ocorridas no mundo após o fim da guerra fria e, com atitudes antiamericanas em suas retóricas, querem a todo custo trazer de volta a tensão daquele período para essa região, onde os perigos maiores estão muito mais próximos do que imaginamos e gerados em nosso entorno”.

As mil saídas do beco

Coisas da Política :: Villas-Bôas Corrêa
DEU NO JORNAL DO BRASIL

A crise da roubalheira no Senado explodiu com estrondo de uma bomba com discursos de veemência de comícios de final de campanha, com senhores de cabelos grisalhos ou a calva à mostra trocando desaforos e ameaças de desforço pessoal; a polarização cheia de rachaduras entre a equipe governista, comandada por Lula e fiscalizada pela ministra-candidata Dilma Rousseff, e o bloco da oposição embaralhado pelas várias alas com interesses contraditórios.

Nos primeiros meses da caminhada, a popularidade recordista de Lula, furando o teto das pesquisas com índices acima dos 80%, e a oposição com a dupla indecisa de aspirantes, composta pelos governadores José Serra e Aécio Neves, a temperatura no Senado com a mais grave crise ética da crônica do Legislativo incendiou os debates e as denúncias. Entre a esquiva de malandro de fingir que não sabia de nada e o pasmo pelo tamanho do rombo, o Senado cambaleou à beira do precipício. E esta é uma das singularidades do desaguisado: o fio da meada enrosca-se na renúncia do aloprado presidente Jânio Quadros com sete meses de mandato e a reação militar à posse do vice-presidente Jango Goulart.

Escapamos da tragédia de uma guerra civil, com a violenta reação do governador Leonel Brizola em defesa da posse do cunhado Jango Goulart, que levantou o Rio Grande do Sul com o apoio das forças governistas. De Minas, com a articulação do governador udenista Magalhães Pinto, os batalhões do Exército e da Polícia Militar, sob o comando do general Olímpio Mourão Filho que anunciou aos quatro ventos que ia descer a serra para derrubar o governo, mas levou três dias para fazer a barba, vestir a farda e iniciar a caminhada. Quando chegou ao Rio, encontrou o general Arthur da Costa e Silva, autoempossado como ministro do Exército, e o general Castello Branco na Presidência da República.

Deste mau começo de uma revolução sem um tiro, para restaurar a democracia e que desembocou numa ditadura de quase 21 anos e cinco generais-presidentes e que dissolveu os partidos para impor o bipartidarismo de proveta, com tortura, atos institucionais, recessos punitivos do Congresso, cassação de mais de uma centena de mandatos, o senador biônico, o atentado do Riocentro, não se podia esperar boa coisa. A eleição indireta do presidente Tancredo Neves, que morreu antes de tomar posse, foi contornada com a posse do vice, José Sarney. E com a eleição de Fernando Collor, o azarão que disparou na reta de chegada, a recaída na crise da sua renúncia para evitar a cassação. O vice Itamar Franco assumiu a Presidência, deu conta do recado e terminou o mandato com 90% de aprovação, graças ao êxito do Plano Cruzado que derrubou a inflação.

No mais, os dois mandatos do presidente Fernando Henrique Cardoso e os seis anos dos dois mandatos do presidente Lula são história de ontem e de hoje. Com um largo espaço para o encaixe da mudança da capital, em 21 de abril de 1960, do Rio para Brasília inacabada, um canteiro de obras no cerrado, depois dos sete meses do governo de Jânio, da turbulência do governo de Jango, dos 21 anos da ditadura militar, o Congresso cavou a sua sepultura com a orgia das mordomias e suas variantes da verba indenizatória, as quatro passagens aéreas para o fim de semana nas suas bases eleitorais, as nomeações sem concurso e o truque de malandro do carimbo de secreto para encobrir a patuscada das vendas de passagens, das gratificações e demais escândalos da roubalheira. É nesta moldura de madeira podre que se encaixa o corre-corre de senadores – enquanto os deputados tomaram chá de sumiço – para improvisar um acerto dos ponteiros para terminar este ano aziago e entrar com o pé direito na campanha de 2010, quando a maioria jogará mais quatro anos de um dos melhores empregos do mundo.

O presidente-viajante Lula aconselha o senador José Sarney a manter a calma enquanto se esforça para conter a rebeldia do PT. Numa bobeada da base governista, a oposição conseguiu aprovar a convocação da ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira para depor da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, em reunião marcada para a próxima terça-feira. Lina revelou que recebera da ministra Dilma o pedido para acelerar as investigações contra as empresas ligadas ao presidente José Sarney. E entendeu que o pedido era para encerrar as investigações.

A ministra Dilma desmente que tenha se encontrado com a ex-secretária Lina Vieira ou feito qualquer pedido. E a chefe de gabinete da Receita Federal, Iraneth Weller, garante que Erenice Guerra, secretária da Casa Civil, afirmou que nunca esteve no gabinete de Lina. Se não for negociada uma saída, a reunião da CCJ de terça-feira promete um espetáculo que lotará o auditório. Em mais um palpite infeliz, Lula declarou que “o debate no Senado chegou a tal ponto que ficou incompreensível para a população”. O presidente está enganado: a população está compreendo tudo, daí o medo do elenco da patuscada. Talvez faça mais sucesso os atores fecharem o espetáculo cantando o samba do gaúcho Lupicínio Rodrigues :

“E o remorso está me torturando/ Por fazer a loucura que eu fiz”.

O DNA da apatia

Fernando Rodrigues
DEU NA FOLHA DE S. PAULO

BRASÍLIA - Só um sentimento de pânico patológico explica a insinuação do ex-ministro e ex-deputado petista José Dirceu sobre cassar o mandato de Marina Silva se a senadora trocar o PT pelo PV.

"O seu mandato [de Marina Silva] pertence ao povo do Acre e também ao PT", escreveu Dirceu em seu blog. A ameaça foi logo debelada pelo Palácio do Planalto e por petistas em geral. Depois de dezenas de escândalos engavetados, seria devastador para a imagem do PT perseguir Marina Silva.

Para a senadora pelo Acre, talvez fosse até um favor. Ganharia publicidade gratuita como a única cassada no lodaçal do Congresso.

Mas tudo parece ter sido mesmo uma ideia sem conexão com a realidade. No atual momento pelo qual passa o Poder Legislativo, só um fato muito inaudito resultará na punição de algum deputado ou senador. Por ora, estão todos salvos.

Embora o foco agora seja o Senado, não custa lembrar das estripulias na Câmara. Lá, já está tudo abafado. Usou-se até parecer jurídico pago com dinheiro público na absolvição do deputado que levou a namorada ao exterior.

Essa impunidade generalizada parece ter conexão com o momento pelo qual passa o país. A economia não foi para o buraco. Milhões de brasileiros recebem o Bolsa Família. A sensação de bem-estar produzida leva os cidadãos a pensar mais no próximo crediário nas Casas Bahia e menos em protestar contra a canalhice na política.

Num país miserável, não é surpresa a barriga vir na frente da ética e da moral quando se trata de escolher entre ganhar a vida e preocupar-se com políticos indecentes.

Nesta semana, o PSOL fez um protesto anti-Sarney. Apareceram menos de 30 gatos pingados.
Faltou povo. Como escreveu ontem Clóvis Rossi, pouco ou nada acontecerá enquanto a maioria achar que basta mandar e-mails desaforados para os congressistas.

A 'nova' UNE

Carlos Vereza
DEU EM O GLOBO


"Não há em toda a Dinamarca um só canalha que não seja... um patife consumado". Hamlet

Essa "nova" UNE (União Nacional dos Estudantes), raquítica de ideais, não pode ser descartada de um projeto maior, megalômano, não só de perpetuação no poder do senhor Luiz Inácio, mas de um ultrapassado antiamericanismo, compactuado por países como Bolívia, Equador, Paraguai e Venezuela - com o psicopata Chávez implantando, ante a simpatia de Lula, um regime ditatorial, anulando, inclusive pela violência, a liberdade de órgãos de comunicação que não se submetem a seu despotismo.

Cabe à "nova" UNE minimizar a natural tendência dos jovens estudantes à contestação, própria de sua faixa etária; às centrais sindicais, aparelhar não apenas os sindicatos, como também a máquina governamental.

Os intelectuais e artistas - com as devidas ressalvas - permanecem silenciosos, ávidos por um patrocínio, ou quiçá por uma bolsa de "aperfeiçoamento" no exterior. Como se não bastasse, o Brasil pratica a pior política externa de todos os tempos: uma verdadeira teia de "solidariedade" estende-se ao Irã do lunático Ahmadinejad, à Coreia do Norte do moralmente minúsculo Kim Jong-Il, sem esquecer, é claro, a indisfarçável leniência para com os narcotraficantes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

Lula, "orientado" pelos teóricos do PT, segue de ouvido as formulações do defasado pensador italiano Antonio Gramsci (o príncipe moderno...), servindo-se da democracia para posteriormente destruí-la.

A bolsa-anestesia exclui a população mais necessitada de qualquer possibilidade de acesso à cidadania, transformando-a, para utilizar um jargão "esquerdista", em verdadeira massa de manobras.

A desmoralização do Legislativo, do Judiciário, o desmonte das Forças Armadas, os bandoleiros do MST são dados que formatam uma estratégia que poderá nos levar a uma "democracia" plebiscitária, e a uma oposição figurativa.

E a "nova" UNE cumpre, talvez, a mais insidiosa dessas tarefas: a de manter apática e colonizada culturalmente o que poderia ser a parcela da população com potencial para rever uma prática política cruel e apodrecida.

Carlos Vereza é ator.

Internacional democrata

Cesar Maia
DEU NA FOLHA DE S. PAULO

O MOVIMENTO comunista, no século 19, criou uma organização internacional de partidos políticos: a Internacional Comunista -IC. A IC ia além dos debates político-ideológicos.

Atuava operacionalmente nos países de seus partidos. A Internacional Socialista -IS- se confundia com a IC no início. Mas, a partir da divisão entre comunistas e socialistas, a IS organizou-se como fórum de debates e orientações, sem ação operacional nos países de seus membros.

Os partidos do centro à direita só constituíram suas "internacionais" após a Segunda Guerra. A primeira, a Internacional Democrata-Cristã -IDC-, com expressiva presença na América Latina (Chile e Venezuela), estabeleceu-se como fórum de debates e orientações.

A Internacional Liberal atuava sem a intensidade da IS e da IDC. A desintegração da URSS desfez a IC. A IS cresceu, ampliou sua atuação na formação de quadros e se fez presente nas regiões dos partidos membros. O sistema político alemão (pós-Guerra), ao criar e financiar as "fundações" ligadas aos partidos, desdobrou sua atuação internacional, mantendo-se sempre no escopo dos debates, orientação e formação de quadros.

Esse quadro mudou para os partidos do centro à direita. O Parlamento Europeu, definindo blocos, articulou-se internacionalmente. A IDC ampliou sua base: manteve a sigla e mudou o nome para Internacional Democrata de Centro. Na Europa, se tornou majoritária com seu bloco, o Partido Popular Europeu (PPE, de Merkel, Sarkozy etc.). A Internacional Liberal -aproximando-se do centro com os conservadores britânicos, liderados por Cameron- transformou-se em União Democrata Internacional -UDI- e ampliou sua base, e seu bloco, a partir das eleições europeias de junho. Alguns partidos europeus -como o CDU de Merkel- participam de ambas -IDC e UDI.

Na América Latina, a IS não constitui uma organização regional como representação. A novidade é a Alba, "bolivariana", que atua regionalmente e repete a prática da IC, intervindo operacionalmente nos países de seus partidos. Honduras é apenas um exemplo.

A IDC, mantendo a denominação anterior (ODCA), atua regionalmente como fórum e formação política. A novidade é a Upla -União de Partidos Latino-Americanos-, ligada à UDI.

Como fórum e formação, decidiu atuar operacionalmente e fazer o contraponto à Alba. Para isso, criará no Rio (com apoio do DEM, em 10/09), a Frente Democrática da América Latina, que será um braço político também operacional.

Com isso, o panorama latino-americano verá -pela primeira vez- forças ideologicamente opostas atuarem num campo que a cada dia se torna mais conflituoso.

Alternativa Marina não reduz o flerte PSDB-PV

Manoel Medeiros Neto
DEU NO JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Na visita ao Recife, o tucano Aécio Neves aproveita a passagem também do líder do Partido Verde Fernando Gabeira para reforçar a sintonia política. Os dois agendam encontro para discutir 2010

A possibilidade de a senadora Marina Silva (PT-AC) desembarcar no Partido Verde (PV) e candidatar-se à Presidência da República foi tema de conversa, ontem, entre o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), e o deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ), no Recife. Como tinham agendas independentes, os dois combinaram de se reunir em Belo Horizonte para conversar com mais cautela sobre a provável candidatura do PV. Aécio e Gabeira se encontraram rapidamente durante almoço em um restaurante nas Graças, onde o mineiro se reunia com lideranças da extinta União por Pernambuco (DEM, PMDB, PPS e PSDB). Para o deputado, só “falta um ajuste de contas íntimo” para Marina filiar-se ao PV.

Gabeira, que veio a Pernambuco para participar de manifestação ambiental (leia na próxima página), descartou, no entanto, a hipótese de Marina Silva disputar o pleito de 2010 na condição de vice na chapa encabeçada por um tucano. “A Marina é a nossa candidata, sem ambiguidades. Depois, no segundo turno, nós veremos”, avaliou ele, lembrando que as movimentações ainda dependem da confirmação por parte da senadora da mudança de legenda. Em entrevista à Rádio Jornal, Aécio comentou a hipótese de uma aliança PSDB-PV já no primeiro turno. “Ela ser vice nunca foi conversado oficialmente pela direção do partido, mas podemos conversar em outra oportunidade já que temos canais desobstruídos com o PV.”

Gabeira também disse a Aécio que “espera” a decisão do PSDB – entre o mineiro e o governador de São Paulo, José Serra -, além de ressaltar que as boas relações com o PSDB devem continuar. Os tucanos apoiaram a candidatura de Fernando Gabeira à Prefeitura do Rio de Janeiro, ano passado, quando o verde surpreendeu, foi ao segundo turno, mas treminou derrotado pelo peemedebista Eduardo Paes por pouco mais de 50 mil votos. “O PSDB me apoiou no Rio de uma forma muito leal. Nós (PV) estamos ligados também ao governo de Minas, temos um papel e eu admiro muito a administração de Aécio”.

Além dos elogios entre as partes, o nó que Fernando Gabeira precisa desatar para viabilizar sua candidatura ao governo do Rio de Janeiro está diretamente ligado à sucessão presidencial e, em resumo, ao PSDB. Ele precisa do apoio dos tucanos para conquistar tempo no programa eleitoral, mas, caso Marina seja candidata, não subirá no palanque de Serra ou Aécio. Na contrapartida, os peessedebistas necessitam de um palanque forte no Rio de Janeiro, território onde o os social-democratas não possuem histórico de boas votações.

“Não sabemos como é que fica, é a engenharia mais difícil até agora: Dona Flor e seus dois maridos”, brincou.

O deputado federal adiantou, no entanto, que não subirá em dois palanques presidenciais:

“Os eleitores não entenderiam se eu subisse em dois palanques”. Sobre a possibilidade de Marina tirar votos dos tucanos, Aécio Neves negou preocupações. “A candidatura dela preocupa mais o núcleo do governo do que a oposição”, avaliou.

Candidatura de Marina serve à oposição, diz Costa

DEU NO JORNAL DO COMMERCIO (PE)

O prefeito do Recife, João da Costa (PT), enxerga a possível candidatura da ex-ministra Marina Silva (PT-AC) como uma jogada da oposição. Embora reconheça o perfil e o histórico petista da senadora, Costa declarou que a possibilidade da sua candidatura se trata de “uma tática da oposição para tentar desgastar e dividir um pouco o campo dos que apoiam o presidente Lula”.

“No final, a população vai decidir quem é que pode dar continuidade às mudanças de Lula e aí eu não tenho dúvida de que apostarão na continuidade do projeto. Hoje, o nome para dar continuidade é o de Dilma (ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff)”, ressaltou o gestor. As especulações políticas do cenário nacional giram em torno da filiação de Marina ao Partido Verde (PV) e sua participação na disputa presidencial.

João da Costa minimizou os efeitos de uma possível candidatura de Ciro Gomes à presidência pelo PSB. Diferentemente do seu padrinho político João Paulo (PT), que viu no projeto Ciro uma “temeridade para as forças de esquerda”, o prefeito interpretou esse caminho como uma questão de tática que deve ser discutida. “Isso é uma questão de tática. Se a tática melhor for ter vários candidatos do nosso campo... O próprio presidente, que é coordenador desse processo, vai avaliar o melhor caminho a ser seguido”.

Uma estratégia que, segundo o prefeito, deve terminar convergindo para o nome de Dilma. “Eu ainda acredito que estaremos todos juntos defendendo o nome de Dilma”. Para Costa, o melhor é fortalecer a candidatura da ministra e não outras alternativas.

Mesmo se o PSB disputar a corrida presidencial, o político reforçou a importância de se apostar no projeto de reeleição de Eduardo Campos (PSB). “É importante a gente estar unido em torno da reeleição do governador. O governo estadual tem produzido resultados. A gente tem trabalhado em parceria. Tem sido positivo para a cidade do Recife”.

Ontem, João da Costa assinou a ordem de serviços para o início das obras da Policlínica de Água Fria - promessa de campanha. O empreendimento deve ficar pronto num prazo de 8 a 12 meses.

O QUE PENSA A MÍDIA

Editoriais dos principais jornais do Brasil

Aécio: 'Não só o PMDB deve governar'

Letícia Lins e Odilon Rios
DEU EM O GLOBO


Mineiro visita o Nordeste e critica governo Lula; Serra evita falar de política

RECIFE e MACEIÓ. Pré-candidato do PSDB à sucessão presidencial, o governador de Minas, Aécio Neves, visitou ontem Pernambuco e fez duras críticas ao espaço que o governo Lula deu ao PMDB e à "companheirada". Reconheceu ser muito difícil governar sem o apoio do PMDB, mas disse que, se eleito, fará esforço para não se submeter à "ditadura de um partido". Ele chamou de "muito exagerada" a presença do PMDB no governo Lula.

Aécio passou o dia em Pernambuco, onde o governador José Serra, também pré-candidato do PSDB, esteve há 15 dias. Mas Aécio disse que sua presença no estado tinha mesmo "caráter político", enquanto Serra - que visitara Exu (PE) e ontem estava em Alagoas - dissera que era uma visita cultural.

Aécio almoçou com líderes de quatro partidos (PSDB, DEM, PV e PPS) no estado e também com o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), que estava em Recife. À tarde, o tucano participou de uma reunião com mais de 700 pessoas em Jaboatão dos Guararapes, região metropolitana.

Em Jaboatão, foi saudado com banda de frevo e recepcionado por atores fantasiados de Mateus e Catilina, personagens do folclore pernambucano. Posou para fotos, distribuiu apertos de mãos e abraços.

"Governo não é para ser ocupado pela companheirada"

Depois de elogiar o Bolsa Família, Aécio prometeu fazer um governo técnico e eficiente, citando sua gestão em Minas:

- O governo não é para ser ocupado pela companheirada, como ocorre hoje no Brasil. Tenho respeito pessoal por Lula, mas o governo dele não investiu na qualificação.Temos um governo com 39 ministérios e boa parte deles não se justifica. Eles existem só para fazer acomodação dos aliados, dos companheiros de forma exagerada.

Disse que, se eleito, vai ter que procurar partidos que lhe deem sustentação no Congresso, inclusive o PMDB. Mas ressaltou:

- É possível construir uma aliança com o PMDB sem a relação que se construiu no Brasil, com troca de favores tão explícita dos espaços do poder. No momento em que o PMDB não foi o único responsável pela governabilidade, não deveria ter o espaço que vem tendo hoje. Da mesma forma que é difícil governar sem o PMDB, não apenas o PMDB deve governar o país.

E voltou a criticar o loteamento do governo pelo PMDB:

- Poder prestigiar os quadros do partido é uma coisa. Então, o novo governo tem que restabelecer novo padrão nas relações partidárias. O que não se pode é submeter o seu governo à ditadura de qualquer partido, qualquer que seja ele. Uma parcela do PMDB certamente se disporia a participar conosco desse novo projeto. É preciso inverter a lógica de um país a serviço de um partido político.

Após passar por Salvador, no início da semana, Serra chegou ontem a Alagoas, governada por tucanos, para assinar convênios de cooperação entre os dois estados. Ele negou clima de campanha presidencial:

- Essa cooperação não tem coloração partidária - disse, ao lado do governador Teotonio Vilela Filho (PSDB).

Nos últimos meses, Serra passou por Pernambuco, Ceará, Bahia e, nos próximos dias, segue para Sergipe.

Em um dos convênios, que incluem acordos nas áreas tributária e editorial, foram assinados investimentos da Sabesp para a Casal, as companhias de água e esgoto de São Paulo e Alagoas, de R$25 milhões. Somadas as dívidas tributárias e trabalhistas, a Casal, empresa do governo alagoano, tem um rombo de R$1 bilhão, considerado impagável pelo Executivo.

Sobre a possibilidade da entrada da senadora Marina Silva (PT/AC) no PV atrapalhar os planos do PT à sucessão e a aproximação de Marina com os tucanos, Serra esquivou:

- Sapo de fora não chia. Não vou dar palpite. São outros partidos.

Serra usa até helicóptero para conseguir cumprir agenda

Ricardo Rodrigues
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Cotado para disputar a eleição presidencial do ano que vem, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), liderou ontem mais um dia de agenda cheia pelo Nordeste do País. Para fazer caber a extensa lista de eventos no programa, ele aproveitou a carona no helicóptero do governador Teotônio Vilela Filho, que também é do PSDB. Com isso, passou o dia percorrendo centenas de quilômetros, se revezando entre a capital Maceió e municípios do interior.

Serra começou a agenda, pela manhã, com uma cerimônia de entrega de cartas de garantia do programa Minha Casa, Minha Vida, que é capitaneado pelo governo federal.

Logo após a solenidade, Serra seguiu para Arapiraca, a 142 quilômetros da capital. Na chamada "Terra do Fumo", a agenda incluía a posse dos conselheiros escolares, que atuam no Agreste e Sertão alagoano. Sem desanimar, Serra seguiu para o município de Batalha, a 204 quilômetros de Maceió. Lá, o plano era garantir a presença numa solenidade sobre a melhoria no abastecimento de água da cidade.

À tarde, já em Maceió, a agenda incluiu a assinatura de acordo de cooperação técnica entre as companhias de abastecimento de Alagoas (Casal) e de São Paulo (Sabesp). "É um acordo inédito entre duas empresas públicas de saneamento e marca o arrojo dos governos de São Paulo e de Alagoas, no combate ao desperdício de água potável."

Depois disso, o governador ainda encaixou na programação premiações da campanha Nota Fiscal Alagoana e a assinatura de convênio com a Imprensa Oficial de Alagoas.

Em meio à maratona, Serra negou ter tomado conhecimento da insatisfação de sua base na Assembleia Legislativa paulista, em decorrência de um corte nas emendas parlamentares. A medida, conforme revelou ontem o Estado, levou deputados a ameaçarem um boicote em retaliação ao governo. "Não tomei conhecimento de nada disso, nenhum deputado ligou para mim insatisfeito. Estou tomando conhecimento agora, pela imprensa", afirmou.

Serra não quis comentar detalhes do corte. Segundo dados da Secretaria do Gabinete Civil, valor de cada emenda cairia de R$ 3 milhões, para R$ 2 milhões. Ele também se esquivou em comentar o convite do PV à senadora Marina Silva (PT-AC) para que dispute o Planalto em 2010. "Sapo de fora não chia. Prefiro não comentar."

Tucanos disputam espaço no Nordeste

Silvia Amorim
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Enquanto Serra teve agenda em Maceió, Aécio passou dia no Recife

O discurso oficial dos pré-candidatos do PSDB à Presidência da República, os governadores José Serra (São Paulo) Aécio Neves (Minas Gerais), tem sido sempre o de que ainda é cedo para falar e fazer campanha eleitoral. Na prática, entretanto, Aécio e Serra têm promovido incursões individuais pelo País, principalmente a Estados do Nordeste, com o objetivo de fortalecer suas candidaturas dentro e fora do partido para 2010. Ontem foi um dia emblemático nesse sentido. Enquanto o paulista cumpriu agenda administrativa em Maceió e no interior de Alagoas, o mineiro passou o dia no Recife, Pernambuco, em encontros com lideranças do PSDB.

A busca por maior popularidade entre os nordestinos pelos dois tucanos não é à toa. O diagnóstico do PSDB é de que o centro da disputa presidencial no ano que vem será o Nordeste. E, para entrar nessa briga com chances reais de vitória, o PSDB sabe que precisa romper com a imagem de partido dos grandes centros urbanos.

De acordo com pesquisa CNT/Sensus de março, é na região que Serra tem o pior desempenho: 38,5% das intenções de votos ante 52% na Região Sul. É também no Nordeste um dos piores desempenhos de Aécio: 15,5% contra 29% no Sudeste. Já a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT, tem o melhor desempenho no Nordeste: 26,5%, contra 11,4% no Sudeste.

Na eleição de 2006, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva venceu o então candidato tucano, Geraldo Alckmin, em todos os Estados nordestinos. Em 2002, com Serra como candidato, o PSDB derrotou o PT apenas em Alagoas.

Ontem, após participar de evento com o governador de Alagoas, Teotônio Vilela (PSDB), Serra disse não estar em viagem pelo Nordeste para ganhar a simpatia das lideranças nordestinas, numa eventual disputa com Aécio. "Não existe disputa interna, nem campanha. Estou em Alagoas, numa missão de governo", afirmou.

Aécio admitiu o caráter político de sua visita, custeada pelo partido, mas garantiu que quem quer que seja o escolhido - ele ou Serra - o PSDB estará unido. "Por mais que a política esteja desgastada e por mais que a sociedade se mostre desesperançada, temos de compreender que é a boa política, feita com seriedade e eficiência, que vai transformar o País."

Somente em agosto, Serra viajou quatro vezes para fora de São Paulo. Três delas tiveram como destino o Nordeste - Pernambuco, Bahia e Alagoas. Aécio fez ontem sua segunda passagem pelo Recife em dois meses. Na próxima semana o mineiro estará no Ceará, em Sergipe e na Bahia e em seguida visita Estados da Amazônia.

A concentração de agendas tucanas em Pernambuco não é por acaso. É a terra natal de Lula. Foi na capital pernambucana que o PSDB organizou, em março, um evento com os dois governadores juntos, no auge da disputa interna, para tentar minimizar o racha no partido.

Ceará também é outro Estado considerado crítico pelo PSDB por causa da forte liderança do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), inimigo declarado de Serra.

SEMINÁRIO

Os dois governadores podem aparecer juntos de novo na próxima semana em Aracaju - Sergipe é governado pelo PT. Nos dias 21 ou 22 - ainda a definir - o PSDB realizará um seminário para debater o programa Bolsa-Família. O encontro faz parte de um plano já definido pelo tucanato para tentar reverter o discurso de que são contra a maior vitrine do governo Lula.

Fatia do PMDB no governo ''é exagerada'', critica Aécio

Ângela Lacerda
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Para ele, não se pode submeter Planalto a ?ditadura? de partidos nem entregar poder à “companheirada”

"É exagerada a presença do PMDB hoje no governo." A avaliação foi feita ontem pelo governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), postulante à indicação de candidato tucano à presidência, em entrevista coletiva no Recife. Ele considera "muito difícil" se governar sem o PMDB, mas defendeu que "não se pode submeter o governo a uma ditadura de qualquer partido, qualquer que seja ele".

"É preciso se reverter a lógica de que o País deve estar a serviço de um partido político.Da mesma forma que é difícil se governar sem o PMDB, não é apenas o PMDB que governa o País", disse o governador mineiro, que criticou o loteamento de cargos em Brasília para atender aliados e companheiros do partido.

"O governo não pode ser ocupado pela companheirada. É preciso qualificação na vida pública, é preciso indicar pessoas qualificadas, ter meta de desempenho para os servidores e também para os ministros", afirmou ao citar o exemplo de Minas, onde reduziu o número de secretarias de 23 para 15. "O governo Lula tem 39 ministérios, muitos dos quais só para acomodação de aliados e companheiros do partido", disse.

Ao pregar que o novo governo tem que estabelecer "um novo padrão nas relações partidárias", ele disse ser possível, "quando se assume o governo com autoridade e apoio popular", buscar no PMDB quadros qualificados.

O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), que acompanhou Aécio, reconheceu que não se governa o País sem o PMDB - que tem mais de mil prefeitos, nove governadores e 89 deputados federais. Ele negou, no entanto, que os embates travados no Senado sejam uma briga entre PSDB e PMDB - o que poderia ter repercussão negativa para uma candidatura tucana à presidência da República.

"A questão é do Senado, não é de um partido ou de outro", afirmou. O problema, segundo ele, "é um quadro de atraso que permanece lá no Senado", afirmou Guerra.

FATOR MARINA

A provável candidatura à presidência da senadora Marina Silva pelo PV é encarada por Aécio como positiva. De acordo com ele, Marina vai elevar o nível do debate e obrigar os outros candidatos a priorizarem a questão ambiental e a sustentabilidade econômica.

A candidatura da senadora, segundo ele, deve preocupar muito mais o núcleo do governo - que ela critica - do que a oposição. Aécio também considera positivo a presença de mulheres na disputa presidencial, mas é de opinião que a decisão do eleitor não se dará pelo gênero.

Na agenda cumprida no Estado, Aécio Neves almoçou com políticos do PMDB - representado pelo deputado federal Raul Henry, ligado ao senador Jarbas Vasconcelos - DEM, PPS e PV. O deputado federal Fernando Gabeira (PV), que estava no Recife para outro compromisso, encontrou-se com Aécio durante o almoço.

Aécio também visitou o governador Eduardo Campos (PSB), no Palácio do Campo das Princesas. O partido de Campos é parceiro do governo mineiro.

PV já procura aliados para Marina Silva

Gustavo Uribe
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Segundo presidente do partido, PSB, PPS, PSOL e PDT foram sondados

Ainda que a senadora Marina Silva (PT-AC) não tenha batido o martelo sobre a sua permanência no PT, lideres do PV articulam um leque de apoio que dê envergadura eleitoral à eventual candidatura da ex-ministra do Meio Ambiente ao Planalto em 2010. O presidente nacional da legenda, o vereador José Luiz de França Penna (SP), já fala em diálogos com o PSB, PPS, PSOL e PDT.

""Vamos marcar alguns encontros e cumprir uma agenda mais pontual para as próximas semanas"", antecipou. ""Mas antes precisamos ter uma resposta da Marina Silva sobre se ela aceitará o nosso convite"", completou.

O primeiro passo do partido será a escolha de um nome que componha uma chapa mista com a eventual candidata do PV. Entre lideranças da sigla consultadas pela Agência Estado, o nome do senador Cristovam Buarque (PDT-DF) é unanimidade. ""O PDT é um bom partido e o Cristovam se animou bastante com o convite que fizemos a Marina"", disse Penna.

Outros nomes como o da presidente nacional do PSOL, Heloisa Helena, e o da presidente da Comissão da Amazônia e Desenvolvimento Regional da Câmara dos Deputados, Maria Helena (PPS-RR), também são apostas de membros do partido. ""Temos muitas alternativas em mente. Mas nenhuma se compara à de Cristovam. Ele é quase consenso entre os verdes"", avalia uma liderança da legenda. Ele já era cotado pela Executiva Nacional do PV para ser o vice de Marina desde a reunião que selou o convita para que a ex-ministra dispute a presidência da República.

Além de ser um nome conhecido pelo eleitorado brasileiro - o parlamentar disputou a sucessão ao Planalto em 2006 -, o pedetista agregaria conteúdo ao programa do partido, que pretende passar por uma ""refundação"" para 2010.

SUSTENTABILIDADE

""Nós conversamos por telefone e ele tem colaborado bastante com ideias que a sigla pode adotar em seu programa partidário"", disse Penna. O carro-chefe da campanha do PV em 2010 é a proposta de implementação de um desenvolvimento sustentável no País.

Contudo, a sigla tem consciência de que um palanque monotemático não vence eleições e, por isso, tem dialogado com intelectuais e acadêmicos para a inovação de suas referências programáticas. ""Temos também de dar resposta aos outros problemas do País, como segurança e saúde"", propõe o deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ).

Em conversa com interlocutores, Cristovam manifestou o desejo de ser candidato a vice de Marina em uma eventual eleição, caso o PDT não tenha candidatura própria. O senador anunciou às suas bases no Distrito Federal que ""não voltará tão cedo"" a disputar como cabeça de chapa uma sucessão ao Planalto.

Outras alternativas são uma chapa puro-sangue, com Penna ou Gabeira como candidatos a vice.

PT do Acre promete a Lula que Marina não baterá em Dilma na campanha

Gerson Camarotti
DEU EM O GLOBO


Presidente e petistas fazem pacto por disputa eleitoral sem agressões

BRASÍLIA. Um "pacto de convivência" entre o governo Lula, a senadora Marina Silva e seu grupo político no Acre foi acertado, ontem, em encontro no gabinete do presidente Lula. O acerto precede o anúncio da saída da senadora e ex-ministra do Meio Ambiente do PT, o que deve ocorrer nos próximos dias. Participaram Lula, seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, e três petistas que, ao lado de Marina, comandam a política do Acre há 15 anos: o ex-governador Jorge Viana, o atual, Binho Marques, e o senador Tião Viana.

A reunião teve como objetivo distensionar a relação entre o Palácio do Planalto e o PT do Acre com a provável filiação de Marina ao PV na próxima semana. Segundo relatos, o presidente Lula ouviu dos interlocutores a garantia de que, numa eventual candidatura presidencial da senadora, não haveria um discurso crítico ao seu governo e nem à política ambiental.

Os três petistas garantiram a Lula que, nesse cenário, Marina fará uma campanha propositiva contra o governo e sua provável adversária no PT, a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, sem ataques pessoais. Em 2008, Marina deixou o Ministério do Meio Ambiente depois de duros embates com Dilma por causa de entraves ambientais para a construção de obras de infra-estrutura.

"Esse é um momento de dificuldade", diz Jorge Viana

Na conversa, Lula reconheceu todas as dificuldades para avançar na área ambiental. Mas ponderou que ser governo significa assumir responsabilidades mais amplas e que, nesta condição, não é possível atuar de forma restrita, pensando apenas num setor específico.

Lula também disse aos petistas do Acre que não haverá retaliação à senadora por causa de sua saída do partido. Ele ainda afirmou que ninguém do governo deve trabalhar para desconstruir a imagem de Marina Silva, ou mesmo a sua gestão como ministra do governo durante quase seis anos.

- Este é um momento de dificuldade para o nosso grupo político no Acre. Estamos muito tensionados. Mas o presidente Lula estava tranquilo e nos passou essa calma. Agora, é uma maldade essa versão de que haveria a desconstrução da imagem de Marina por parte do governo ou qualquer retaliação, caso ela deixe o PT. Isso não existe - afirmou o ex-governador Jorge Viana, evitando dar detalhes do encontro.

Na conversa, Lula voltou a repetir o que já dissera na noite de quarta-feira, num jantar com integrantes da cúpula do PSB: não fará gesto algum para impedir a candidatura de Marina.

Ele lembrou que ele não poderia fazer isso, até porque já disputou cinco eleições presidenciais. Embora tenha lamentado a decisão da senadora, Lula repetiu que também não conversaria com ela.

Em entrevista ao blog do jornalista Ricardo Kotscho publicada ontem, Marina disse que sua decisão passa por três etapas: sair do PT, filiar-se ao PV e, por fim, discutir a candidatura:

- Ninguém sai de um partido, depois de 30 anos, e vai para outro só para se candidatar a presidente da República. Essa é uma reflexão visceral para mim e para este século, principalmente para os jovens. Agora vou me recolher em mim mesma para decidir.

Precisamos atender ao mesmo tempo às legítimas necessidades das gerações presentes sem inviabilizar o futuro. Precisamos construir uma aliança intergeracional com compromisso ético.

O que diz Meirelles

Miriam Leitão
DEU EM O GLOBO


O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, está com a agenda cheia até outubro. Tem pelo menos umas dez reuniões com economistas e órgãos internacionais em diversas cidades do exterior. "Continuo focado no meu papel de autoridade monetária. Não há possibilidade de eu sacrificar a política monetária para ser candidato", me disse Meirelles.

Um presidente do Banco Central não usa capacete de obra. Por isso, é tão destoante a imagem de Henrique Meirelles, de terno, gravata e capacete, em campanha com o presidente Lula. Não há conciliação dos dois papéis. Meirelles sabe. O que ele garante é que a decisão de ser candidato não foi tomada. A explicação que ele dá é que se houver filiação, haverá possibilidade legal de ser candidato; se não houver, não há. E que é apenas isso que ele está considerando. Deixar uma janela aberta.

- A filiação é condição necessária, mas não suficiente para ser candidato.

Uma campanha não acontece apenas a partir do momento do lançamento oficial da candidatura. Ela é uma costura que envolve articulações, negociações com partidos, formação de chapas. Coisas do mundo da política que são incompatíveis com o mundo da autoridade monetária. Candidatos são vulneráveis aos pedidos dos políticos e das bases, presidentes de banco central não podem ser. Quando disse isso para Meirelles, ele me respondeu que sabe exatamente disso.

Meirelles viaja para Jackson Hole, onde participa de uma tradicional e seletíssima reunião de economistas. Depois, vai para Aspen, para outra reunião de economistas. Volta para o Copom. Vai a Londres, para o Banco de Compensações Internacionais, o BIS; depois, para a França; em seguida, à reunião do G-20; aí será a vez do encontro de Basileia, em nova reunião bimensal do BIS, que discute a solidez do sistema bancário. Segue para Londres para uma palestra para investidores.

- Em Goiás, me disseram que com uma agenda dessas não farei nenhuma articulação a tempo de lançar candidatura, e aí não tornarei nenhuma candidatura viável. Eu disse: paciência! Meu papel é ser presidente do Banco Central e é o que serei - garante ele.

Meirelles me disse que qualquer coisa que ele fizer daqui para a frente, seja uma carreira eleitoral, seja um retorno à economia privada, será decorrente do patrimônio que conseguiu fazendo de forma focada o que tem feito nos últimos sete anos:

- Qualquer coisa que fizer terá como lastro o fato de ter resistido a todas as pressões e ter perseguido de forma persistente a manutenção da estabilidade. Não vou arriscar isso de maneira alguma.

Diante da incredulidade, o presidente do Banco Central responde o seguinte:

- Estou acostumado a dizer coisas que primeiro as pessoas não acreditam, depois passam a desconfiar que possa ser verdade, e depois constatam que eu falava sério.

Em uma conversa que tive com ele meses atrás, Meirelles me disse que enquanto não tivesse certeza de que a economia brasileira estava fora de perigo de contaminação pela crise internacional, ele nem pensaria no assunto de possível volta à atividade política. De fato, permaneceu concentrado pilotando, com sucesso, momentos de turbulência. Houve períodos de perigo, como o das empresas exportadoras alavancadas em dólar num momento em que a moeda americana disparou e o crédito internacional secou. Com perícia, ele desfez o nervosismo e a especulação. Mas agora, ele mesmo avalia que a situação econômica está melhorando sensivelmente, com o país saindo do pior da crise.

- Hoje o risco é menor, a situação econômica está forte e o Brasil tem ótima reputação, mas meu compromisso continua sendo com a estabilidade. Mas se é isso, você pode me perguntar: por que então essa conversa de ser candidato que só traz ruídos?

Ele pergunta e ele mesmo responde com um argumento inesperado. Diz que ele nem considerar a possibilidade de tentar um cargo eletivo no Brasil tem um custo também, até no exterior. Passaria o sinal, na visão dele, de que no Brasil uma pessoa que defenda uma agenda de avanços institucionais, como Banco Central independente, nem pensa em se candidatar porque isso não teria espaço na política brasileira.

- Eu não sou político, participei da vida política por quatro meses. O normal é não participar do processo eleitoral - diz ele.

O que ele não diz é que a articulação para ser candidato a governador de Goiás pode ser infrutífera além de tudo. Como a coalizão que o presidente Lula busca é PT-PMDB, isso significaria que o candidato governista será Iris Rezende. Meirelles tem uma situação delicada nos próximos meses. Se tentar tocar ao mesmo tempo suas funções de autoridade monetária e as de pré-candidato fará uma confusão institucional insustentável. Se não fizer as articulações não viabilizará candidatura alguma. Se ele não se filiar não estará com o pré-requisito indispensável para aproveitar qualquer oportunidade que surgir depois de outubro; se ele se filiar, passará a ideia de que já iniciou a dupla militância. O que sim, ele deve evitar, são novas aparições de capacete de obras, em ambiente de campanha, como a de quinta-feira.

Zelaya revela a Lula escala em base dos EUA

Eliane Cantanhêde
DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Voo que o levou a Costa Rica parou em instalação americana; Brasil qualifica informação de "inquietante"

O governo brasileiro considerou "inquietante e inacreditável", nas palavras do assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, a informação do presidente deposto Manuel Zelaya de que o avião militar de Honduras que o sequestrou em 28 de junho fez um pouso numa base aérea americana no país, entre a decolagem em Tegucigalpa e o desembarque na Costa Rica.

No encontro que teve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na quarta, em Brasília, Zelaya contou a história, disse que não acreditava na hipótese de ser uma "parada técnica para abastecer", porque Honduras é um pequeno país, além de ser próximo à Costa Rica. O avião militar que o transportou teria autonomia para um voo direto entre os dois países.

"A informação de Zelaya [sobre o pouso do avião militar na base americana] confirma o quanto é importante haver garantias sobre essas bases estrangeiras na região. É uma confirmação de que elas sempre podem servir para ações descontroladas", disse Marco Aurélio Garcia.

"Mas, veja bem, estou me referindo exclusivamente à questão hondurenha", acrescentou logo depois, tentando amenizar a evidente insinuação ao motivo da nova crise política na América do Sul: a ampliação do acordo EUA-Colômbia para que tropas americanas utilizem bases militares colombianas.

Depois de isentar o presidente Barack Obama de responsabilidade, na conversa com Lula, Zelaya acusou explicitamente setores do governo dos EUA de apoio e participação no golpe.

Segundo Garcia, o presidente deposto se referiu a "condutas autônomas de funcionários americanos" no golpe. Uma leitura possível dessa referência na diplomacia brasileira é que ainda perdure no governo Obama um conflito de poder entre o Departamento de Estado e o Pentágono, comandado pelos "falcões".

Isso explicaria, por exemplo, a conduta relutante do governo Obama diante do golpe.

Primeiro, demorou a condená-lo. Depois, acompanhou a posição consensual dentro e fora do continente e condenou verbalmente. Enfim, dividiu-se internamente e passou a se envolver o menos possível com a questão. Hoje, é acusado de fazer corpo mole para o retorno de Zelaya ao poder.

Na reunião da Unasul (União de Nações Sul Americanas) na última segunda-feira, em Quito, Zelaya foi saudado como chefe de Estado pelos presidentes presentes, e um deles, Evo Morales, da Bolívia, disse em discurso que tinha documentos comprovando o envolvimento dos EUA no golpe.

A questão trazida por Zelaya a Lula, sobre a parada na base americana, é assim um fator a mais de polêmica no já conturbado clima entre os países da região, sobretudo após o anúncio de ampliação do acordo da Colômbia com os EUA.

Pentágono vê ''exagero'' em reações sobre bases

Patrícia Campos Mello
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Para responsável pelo Hemisfério Ocidental no Departamento de Defesa dos EUA, novo acordo Washington-Bogotá não afetará países da região

Estão sendo disseminados vários "exageros e incorreções" a respeito do acordo militar entre Colômbia e EUA, diz Frank Mora, vice-secretário de Defesa dos EUA para o Hemisfério Ocidental. Em entrevista ao Estado, ontem, Mora afirmou que "todas essas incorreções foram um esforço de alguns governos para voltar à tradicional retórica anti-EUA na região".

De acordo com Mora, o acordo, que segundo o Pentágono prevê a utilização de sete bases militares pelos EUA na Colômbia, vai apenas aprofundar a relação entre Bogotá e Washington. "Não haverá nenhuma base americana na Colômbia", garantiu. O vice-secretário afirmou que a única mudança será a modernização da Base Aérea de Palanquero, à qual os EUA destinarão US$ 46 milhões para melhorar a pista de pouso.

Mora não afasta a possibilidade de os EUA usarem em Palanquero aeronaves de transporte C-17, que têm grande autonomia e permitiriam missões de longa distância no continente.

"Não posso responder se vamos ou não usar os C-17 em Palanquero. Essa é uma decisão que ainda não foi feita", disse. "Contudo, a modernização da base era necessária, independentemente do tipo de aeronaves que vamos usar. E, tanto o C-17 quanto o P-3, outra aeronave muito usada para operações antidrogas, têm grande autonomia de voo."

Mora afirmou que será mantido o limite de 800 soldados e 600 civis americanos nas bases. "A missão é combater o tráfico de drogas apenas na Colômbia", afirmou. "Também usaremos as bases para auxiliar no combate a organizações terroristas, como as Farc, dentro das fronteiras colombianas."

Muitos analistas acham que os EUA foram inábeis ao não informar antecipadamente ao Brasil e a outros países da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) sobre as negociações com a Colômbia.

Houve comparações com o anúncio da reativação da 4ª Frota, em 2008, que foi recebido com desconfiança na região. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a decisão estaria ligada à descoberta de petróleo no pré-sal. Pressionado, o Pentágono teve de lançar uma ofensiva de relações públicas para consertar o estrago. Mora nega que tenha havido falta de transparência no acordo com a Colômbia. "Não podíamos comunicar algo quando ainda estávamos no meio da negociação."

Doutrina Bolivariana vira lei

DEU EM O GLOBO

Pais, alunos, professores e donos de escolas protestam contra novas regras da educação

Associações de pais, estudantes, professores, universidades e donos de escolas da Venezuela protestaram ontem contra a aprovação de uma lei que transforma as escolas do país em centros comunitários supervisionados por líderes chavistas locais e ameaça direcionar o currículo das universidades, acabando com a autonomia do ensino superior. Partidos políticos de oposição e até mesmo a reitora da principal universidade do país afirmaram que desobedecerão a lei enquanto ela não for considerada inconstitucional ou até que seja convocado um referendo para derrubar a polêmica Lei Orgânica da Educação do país.

A nova legislação foi aprovada no meio da noite, às 2h da madrugada de ontem, depois de uma sessão de dez horas de duração na Assembleia Nacional (o Congresso venezuelano). Os poucos deputados de oposição da Casa (ex-aliados de Chávez, pois a oposição boicotou as últimas eleições parlamentares) abandonaram o plenário em protesto. A votação fez o país amanhecer ontem em clima de enfrentamento.

A reitora da Universidade Central da Venezuela, a maior do país, afirmou que a lei é inaceitável.

- As universidades jamais estarão a serviço de qualquer governo - disse ela, que ironizou dispositivos da lei, que, segundo ela, abandonam qualquer tipo de meritocracia na carreira universitária. - Como uma pessoa chega a ter o máximo cargo militar? Os soldados votam? Como são designados os ministros? Porque, se vai haver essa democratização, tem que ser feito em todas as instituições.

Partido de oposição anuncia desacato

O líder do partido Podemos, o deputado Ismael García, declarou ontem que sua legenda se "declara em rebeldia e desacato" à lei, considerada absurda por ele.

Já a diretoria da Câmara Venezuelana de Educação Particular (Cavep), que reúne centenas de instituições de ensino do país, afirmou que a lei é inconstitucional. Com a nova legislação, os colégios particulares venezuelanos são obrigados não apenas a alterar profundamente o currículo escolar, como até mesmo a ceder instalações para o uso de organizações comunitárias comandadas por integrantes do chavismo.

Segundo o presidente do Cavep, Octavio Delamo, a entidade trabalhará para que seja realizado um referendo popular para derrubar a lei.

- Temos que nos manter dentro do marco legal (e apelar) a todas as instâncias para exigir a derrubada desta lei e buscar um referendo para cancelá-la - disse Delamo. - Segundo o artigo 74 da Constituição, serão submetidas a referendo leis cuja derrubada seja solicitada por iniciativa de um número não menor de 10% dos eleitores registrados.

Segundo ele, o objetivo do governo é colocar "a serviço de um projeto político" as crianças, os jovens, os profissionais docentes.

- O governo quer um marco legal que o permita expressar todo seu ressentimento social - disse Delamo.

Integrantes do maior movimento de pais da Venezuela - a Rede de Pais, Mães e Representantes - também garantiram que levarão a lei até o Tribunal Supremo de Justiça, alegando seu caráter inconstitucional.

- Ela desvincula a escola de seu papel educativo e a converte no centro da atividade política e comunitária - disse Lila Vega, da Rede. - E faz isso para um interesse partidário. Esta não é uma lei para as crianças e os adolescentes, porque desvirtua o propósito central da escola: a educação.
Os estudantes propuseram uma ação mais direta: tomar as ruas do país. Foi o que disse ontem o presidente da Federação dos Centros Universitários, Ricardo Sánchez.

- Os estudantes propõem a mobilização nas ruas. Não nos resta outra coisa para enfrentar a possibilidade de que demitam professores, fechem meios de comunicação, acabem com a autonomia universitária.

Jornalistas exigem prisão de chavistas

As primeiras manifestações ocorreram ontem em alguns pontos de Caracas, com estudantes distribuindo papel higiênico como símbolo de rechaço, segundo Sánchez.

No mesmo dia, a Assembleia Nacional aprovou também uma nova Lei de Terras Urbanas. A medida facilitará desapropriações dentro das cidades.

Ontem, as ruas em torno da Procuradoria Geral foram ocupadas por jornalistas, designers gráficos de periódicos e outros trabalhadores de empresas de comunicação. Eles exigiram que o grupo de chavistas que atacou e feriu 12 repórteres de diferentes meios quinta-feira sejam presos.

Cariocas - Adriana Calcanhoto

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