quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Opinião do dia: Roberto DaMatta

Como contrapeso, porém, temos a campanha dilmista falando de um futuro governo aberto às forças do empreendedorismo, do lucro e do mercado que o PT sempre rejeitou, ao lado de uma visão francamente autoritária e contraditória relativamente ao papel da mídia. Ao jornal cabe informar! - diz a presidenta. E nós, na nossa luta para desmistificar o mundo público nacional, livrando-o dos seus sofismas personalistas, familísticos e autoritários, ficamos abestalhados com a revelação da índole (do Geist, como diria um sociólogo alemão) deste governo que tem desmantelado o Banco Central, a Petrobras, os Correios e agora um impecável IBGE nesta ultima década, e que ainda quer mais tempo para prosseguir.

Roberto DaMatta é antropólog. Autoritarismo. O Globo, 24 de setembro de 2014.

Dilma usa discurso na ONU para autoelogios

Na ONU, discurso para brasileiros

• Dilma nega uso eleitoral de pronunciamento em que defendeu economia e exaltou feitos desde Lula

Isabel de Luca e Flávia Barbosa – O Globo

NOVA YORK - A dez dias das eleições, a presidente Dilma Rousseff, candidata a um segundo mandato, aproveitou seu discurso na abertura da 69ª Assembleia Geral da ONU, ontem, em Nova York, para enaltecer os feitos do governo do PT. Citando a proximidade do pleito logo no início, Dilma dedicou quase a metade de seu pronunciamento de 24 minutos à listagem da "Grande Transformação (com letras maiúsculas no texto distribuído à imprensa) em que estamos empenhados".

Numa fala destinada ao público brasileiro, diante de chefes de Estado de 120 países, a presidente defendeu a política econômica implementada desde a era Lula como fiadora das conquistas sociais. Em meio ao escândalo da Petrobras, prometeu "o combate sem tréguas à corrupção". E afirmou que os direitos dos homossexuais, assim como os de mulheres e negros, "devem ser protegidos de toda seletividade e de toda politização".

Dilma negou que seu discurso tenha tido caráter eleitoral. Ela afirmou que todos os anos enaltece os feitos do Brasil na ONU, porque eles são "valores" reconhecidos internacionalmente.

- Nós, em 12 anos, tivemos uma redução (da desigualdade) que poucos países do mundo tiveram. Como chefe de governo, eu tenho um imenso orgulho disso e acho que parte do respeito que o Brasil tem no plano internacional decorre do fato de a gente ter feito isso - afirmou a presidente.

Brasil fora do mapa da fome
Primeira líder mundial a falar na assembleia - papel que cabe ao Brasil desde 1947 -, Dilma afirmou que as medidas econômicas impediram "as piores consequências" da crise financeira de 2008, mantendo "ambiente de solidez fiscal" e inflação "nos limites" da meta. O baixo crescimento do Brasil, apontou, deve-se "à persistência de dificuldades econômicas" no mundo.

- Há poucos dias, a FAO (Organização da ONU para Agricultura e Alimentação) informou que o Brasil saiu do mapa da fome. Essa mudança foi resultado de uma política econômica que criou 21 milhões de empregos e valorizou o salário básico, aumentando em 71% seu poder de compra. Com isso, reduziu a desigualdade. Trinta e seis milhões de brasileiros deixaram a miséria desde 2003. Vinte e dois milhões, somente em meu governo. Para esse resultado, contribuíram também políticas sociais e de transferência de renda reunidas no Plano Brasil sem Miséria - destacou Dilma.

Apesar da queda acentuada do investimento e da confiança empresarial em 2014, e dos recentes números que mostram estagnação do crescimento e do ritmo de redução da desigualdade, Dilma ressaltou que o Brasil resistiu aos efeitos colaterais mais severos da crise internacional:

- Continuamos a distribuir renda, estimulando o crescimento e o emprego, mantendo investimentos em infraestrutura. O Brasil saltou de 13ª para 7ª maior economia do mundo, e a renda per capita mais que triplicou. A desigualdade caiu. Se em 2002 mais da metade dos brasileiros era pobre, hoje três em cada quatro brasileiros integram a classe média e os estratos superiores.

Dilma defendeu ainda dois pontos críticos da política econômica: a situação fiscal e a inflação em patamares próximos ao teto de 6,5% (o centro da meta é de 4,5%, podendo variar dois pontos).

- Todos esses ganhos estão ocorrendo em ambiente de solidez fiscal. Reduzimos a dívida pública líquida de aproximadamente 60% para 35% do PIB. A dívida externa bruta em relação ao PIB caiu 42%, para 14%. As reservas internacionais foram multiplicadas por dez, e, assim, nos tornamos credores internacionais. A taxa de inflação anual também tem se situado nos limites da banda de variação mínima e máxima fixada pelo sistema de metas em vigor no país - disse.

Opinião - Palanque em Nova York

O VESTIDO "vermelho PT" usado na tribuna da Cúpula do Clima e a no mínimo polêmica defesa dos radicais do Estado Islâmico, contra os ataques de americanos e uma coligação árabe, denunciaram o uso eleitoreiro da ida da candidata-presidente Dilma Rousseff à ONU.

FICOU-SE SABENDO, mais uma vez, o que também significa "fazer o diabo" para ganhar uma eleição: a) usar a tribuna das Nações Unidas para gravar programa eleitoral, a fim de demonstrar poder a eleitores incautos: b) criticar os Estados Unidos, de olho na esquerda, e para isso ficando ao lado de sectários muçulmanos que adotam costumes medievais, inclusive decapitar pessoas sob o foco de câmeras e espalhar a selvageria pelo mundo.

TCU identifica irregularidades em contratos de R$ 368 mi da Petrobrás

• Tribunal de Contas da União avalia nesta quarta relatório que mostra reajuste de preços dos contratos da estatal na refinaria; obra já é alvo de ação penal na Justiça Federal

Nivaldo Souza - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Reajustes irregulares em quatro contratos assinados pela Petrobrás com consórcios encabeçados pelas empreiteiras Camargo Corrêa, OAS e Odebrecht para construir a Refinaria Abreu e Lima geraram superfaturamento de R$ 367,865 milhões, segundo auditoria apresentada ontem pelo Tribunal de Contas da União. O valor foi identificado após a análise de contratos que somam R$ 3 bilhões em obras na refinaria de Pernambuco.

O órgão afirmou ter encontrado “fortes indícios de desequilíbrio econômico e financeiro em desfavor da Petrobrás” e “indícios de pagamentos indevidos” às construtoras.
“Os pesos adotados na fórmula de reajustes dos contratos não refletem as condições adequadas das obras e, portanto, não retratariam a variação dos custos de produção decorrente da inflação do período”, registrou na auditoria o ministro-relator José Jorge.

Nova tabela. A Petrobrás já pagou R$ 242,886 milhões acima do valor acertado com as construtoras e tem outros R$ 124,979 milhões a serem pagos em quatro contratos vigentes até maio de 2015 e com indícios de superfaturamento, conforme o Tribunal de Contas da União.

O TCU aprovou, por unanimidade, uma medida cautelar obrigando a estatal a adotar uma nova tabela de preços para evitar o pagamento do valor que ainda falta desses contratos, referentes à construção da unidade de coqueamento retardado, da unidade de hidrotratamento de diesel, da unidade de destilação atmosférica e da rede de tubos de interligação de Abreu e Lima.

No total, o TCU analisa 52 contratos de quatro refinarias em construção pela Petrobrás. Além de Abreu e Lima, o órgão avaliou os contratos das refinarias Getúlio Vargas (Repar), Paulínia (Replan), Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), e Premium I.

“Como resultado da auditoria, espera-se uma melhoria dos procedimentos internos da Petrobrás relativamente à delimitação das condições de reajustes pactuadas em suas contratações de obras”, afirmou o ministro no relatório da auditoria.

Nos 14 contratos de Abreu e Lima citados pelo tribunal, em quatro foram identificados reajustes de preço acima do valor normal do custo de produção, já adicionando o efeito da inflação. O TCU observou que o critério pré-definido de aumento de custos sofreu “alterações injustificadas nas condições de reajuste previamente estipuladas na licitação” da refinaria de Pernambuco.

Mão de obra. A principal irregularidade ocorreu no quesito custo de mão de obra, cujos reajustes variaram entre 70% e 80%. Em outros contratos, a média de aumento no valor pago pela Petrobrás foi de 54%.

Segundo José Jorge, “pesos desproporcionais” foram usados no contratos irregulares, “acarretando desequilíbrio econômico-financeiro” negativo para a Petrobrás. O ministro comparou o valor pago pela mão de obra, com reajuste, na construção da rede de tubo do Comperj com o valor pago em Abreu e Lima. “O peso atribuído à mão de obra no único contrato com características similares (Tubovia-Comperj) foi 50%, portanto, 20 pontos porcentuais a menos do que o contrato Tubovia-Rnest (Abreu e Lima)”, observou.

Ressarcimento. A devolução do pagamento já realizado pela Petrobrás ainda não foi decidida pelo TCU. O tribunal diz que vai apurar as responsabilidades pelas irregularidades nos contratos da refinaria. O acórdão coloca entre os responsáveis os membros da comissão de licitação da estatal, autores das fórmulas de reajuste de preço superfaturados.

O tribunal ainda não definiu também como será cobrado o ressarcimento dos valores junto às construtoras. As empreiteiras e os responsáveis serão alvo de Tomada de Contas Especial, um processo administrativos que dá poderes à Advocacia-Geral da União (AGU) para cobrar o dinheiro diretamente das empresas e executivos.

Consórcio nega. A Petrobrás não se pronunciou sobre a auditoria do Tribunal de Contas da União. A reportagem fez contato com a Galvão Engenharia, a Construtora Andrade Gutierrez e a Construtora OAS, mas não havia ninguém nas sedes destas empresas para atender à imprensa. As assessorias das empresas Galvão Engenharia e Andrade Gutierrez não atenderam às ligações da reportagem.

Em nota, o Consórcio CNCC esclareceu que é responsável pela implantação de apenas duas das várias unidades da Abreu e Lima. “O contrato foi objeto de licitação pela Petrobrás pelo critério de menor preço, cujo valor representa algo em torno de 13% do valor do empreendimento”, destaca. “A obra está com mais de 83% de sua execução concluída, a Unidade 1 será entregue em 2014 e a Unidade 2 no primeiro semestre de 2015”, diz a nota.

O prazo original do contrato era de 49 meses.

A autorização de serviço para o início das obras foi emitida pela Petrobrás em 5 de fevereiro de 2010 e, devido a mudanças no projeto executivo feitas pela Petrobrás, o prazo original foi estendido para abril de 2015. “A extensão de prazo implica acréscimo de custos elevando o valor do contrato original em 12%, de R$ 3,4 bilhões para R$ 3,8 bilhões”, anota o Consórcio, que informou estar à disposição das autoridades para “demonstrar a lisura de sua atuação.”

Dilma usa fala nas Nações Unidas para exaltar sua gestão

Em discurso na ONU, Dilma aborda temas de campanha

• Candidata à reeleição, presidente destacou avanços sociais de gestões petistas

• Fala é similar às de anos anteriores, diz mandatária; ela voltou a criticar ação dos EUA contra milícia radical

Isabel Fleck, Giuliana Vallone – Folha de S. Paulo

NOVA YORK - A pouco mais de uma semana do primeiro turno das eleições no Brasil, a presidente Dilma Rousseff (PT) usou cerca de metade de seu discurso na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York (EUA), para falar sobre temas internos que são a tônica de sua campanha pela reeleição.

Em sua fala --que durou 24 minutos e abriu a reunião da ONU, como é de praxe com o representante do Brasil--, Dilma disse que seu governo "assumiu a responsabilidade" de combater a corrupção no país e destacou avanços sociais dos "últimos 12 anos".

Na parte dedicada aos temas internacionais, a presidente não condenou diretamente os ataques dos EUA e seus aliados à milícia radical Estado Islâmico na Síria, mas disse que "o uso da força é incapaz de eliminar as causas profundas dos conflitos".

Depois de discursar, no entanto, em conversa com jornalistas, Dilma fez críticas à ação americana --em sua fala à ONU, o presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou que "a única língua entendida por esses assassinos [do Estado Islâmico] é a força".

"Gente, vocês acreditam que bombardear o Isis [antiga sigla do Estado Islâmico, em inglês] resolve o problema? Porque, se resolvesse, eu acho que estaria resolvido no Iraque. E o que se tem visto no Iraque é a paralisia", disse, em referência ao país invadido pelos EUA em 2003.

A presidente brasileira também defendeu que os conflitos sejam resolvidos dentro dos marcos legais, "o direito internacional e o fato de qualquer ação ter de se submeter a acordo do Conselho de Segurança da ONU".

Aos jornalistas a mandatária negou o conteúdo eleitoral da sua apresentação.

"Sugiro que vocês olhem meus quatro discursos aqui. São muito parecidos no que se refere a eu falar sobre uma questão fundamental: que o Brasil reduziu a desigualdade, aumentou a renda, ampliou o emprego. Como chefe de governo, tenho um imenso orgulho disso", disse.

Sem comentários
Inquirida pelos jornalistas, a presidente não quis comentar a pesquisa do Ibope divulgada na terça (23), que aponta que ela ampliou para nove pontos percentuais a vantagem sobre Marina Silva (PSB) no primeiro turno das eleições. "Não comento pesquisa, já disse isso a vocês."

No discurso para a ONU, sem citar as acusações de corrupção a ex-diretores da Petrobras --desvendadas pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal--, Dilma louvou as ações de seu governo contra a corrupção e o "fortalecimento das instituições que fiscalizam, investigam e punem".

Afirmou ainda que sua gestão manteve a solidez fiscal e "continuou a distribuir renda, estimulando o crescimento e o emprego". Assim como nos debates de que participou, Dilma culpou a crise mundial por "impactar negativamente" o crescimento.

Tocando um tema sensível da campanha brasileira, a presidente disse que os direitos de homossexuais, negros e mulheres "devem ser protegidos de toda seletividade e toda politização, no plano interno [e no] internacional".

Também citou no discurso dados da FAO (órgão da ONU para agricultura e alimentação) segundo os quais o Brasil "saiu do mapa da fome".

O mundo encantado de Dilma: O Estado de S. Paulo - Editorial

Um turista francês de 55 anos, chamado Hervé Goudel, foi decapitado na Argélia por um grupo extremista que disse estar sob as ordens do Estado Islâmico (EI), a organização terrorista que controla atualmente parte da Síria e do Iraque e lá estabeleceu o que chama de "califado". Um vídeo que mostra a decapitação de Goudel foi divulgado ontem, para servir como peça de propaganda do EI - cujos militantes já decapitaram em frente às câmeras dois jornalistas americanos e um agente humanitário britânico e estarreceram o mundo ao fazer circular as imagens de sua desumanidade.

Pois é com essa gente que a presidente Dilma Rousseff disse que é preciso "dialogar".

A petista deu essa inacreditável declaração a propósito da ofensiva militar deflagrada pelos Estados Unidos contra o EI na Síria. Numa entrevista coletiva em Nova York, na véspera de seu discurso na abertura da Assembleia-Geral da ONU, Dilma afirmou lamentar "enormemente" os ataques americanos contra os terroristas.

"O Brasil sempre vai acreditar que a melhor forma é o diálogo, o acordo e a intermediação da ONU", disse a presidente - partindo do princípio, absolutamente equivocado, de que o EI tem alguma legitimidade para que se lhe ofereça alguma forma de "acordo".

É urgente que algum dos assessores diplomáticos de Dilma a informe sobre o que é o EI, pois sua fala revela profunda ignorância a respeito do assunto, descredenciando-a como estadista capaz de portar a mensagem do Brasil sobre temas tão importantes quanto este.

O EI surgiu no Iraque em 2006 por iniciativa da Al-Qaeda, para defender a minoria sunita contra os xiitas que chegaram ao poder depois da invasão americana. Sua brutalidade inaudita fez com que até mesmo a Al-Qaeda renegasse o grupo, que acabou expulso do Iraque pelos sunitas. A partir de 2011, o EI passou a lutar na Síria contra o regime de Bashar al-Assad. Mas os jihadistas sírios que estão na órbita da Al-Qaeda também rejeitaram o grupo, dando início a um conflito que já matou mais de 6 mil pessoas.

Com grande velocidade, o EI ganhou territórios na Síria e, no início deste ano, ocupou parte do Iraque, ameaçando a própria integridade do país. No caminho dessas conquistas, o EI deixou um rastro de terror. Além de decapitar ocidentais para fins de propaganda, seus métodos incluem crucificações, estupros, flagelações e apedrejamento de mulheres.

"A brutalidade dos terroristas na Síria e no Iraque nos força a olhar para o coração das trevas", discursou o presidente americano, Barack Obama, na Assembleia-Geral da ONU, ao justificar a ação dos Estados Unidos contra o EI - tomada sem o aval do Conselho de Segurança da ONU. Em busca de apoio internacional mais amplo - na coalizão liderada por Washington se destacam cinco países árabes que se dispuseram a ajudar diretamente na operação -, Obama fez um apelo para que "o mundo se some a esse empenho", pois "a única linguagem que os assassinos entendem é a força".

Pode-se questionar se a estratégia de Obama vai ou não funcionar, ou então se a ação atual é uma forma de tentar remendar os erros do governo americano no Iraque e na Síria (ver o editorial A aventura de Obama, abaixo). Pode-se mesmo indagar se a operação militar, em si, carece de legitimidade. Mas o fato incontornável é que falar em "diálogo" com o EI, como sugeriu Dilma, é insultar a inteligência alheia - e, como tem sido habitual na gestão petista, fazer a diplomacia brasileira apequenar-se.

Em sua linguagem peculiar, Dilma caprichou nas platitudes ao declarar que "todos os grandes conflitos que se armaram (sic) tiveram uma consequência: perda de vidas humanas dos dois lados". E foi adiante, professoral:

"Agressões sem sustentação, aparentemente, podem dar ganhos imediatos. Depois, causam enormes prejuízos e turbulências. É o caso, por exemplo, do Iraque. Tá lá, provadinho, no caso do Iraque". Por fim, Dilma disse que o Brasil "é contra todas as agressões" e, por essa razão, faz jus a uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU - para, num passe de mágica, "impedir essa paralisia do Conselho diante do aumento dos conflitos em todas as regiões do mundo".

Em campanha, presidente ignora embaixadores de 28 países

• Diplomatas estão há meses esperando na fila para apresentar credenciais

Eliane Oliveira – O Globo

BRASÍLIA - Há pelo menos 28 embaixadores estrangeiros aguardando uma convocação do Palácio do Planalto para apresentarem suas credenciais e se tornarem, oficialmente, os representantes de seus países no Brasil. Em campanha, a presidente Dilma Rousseff parou de receber os embaixadores em audiência para o ato que oficializa junto ao governo brasileiro a troca de comando na representação estrangeira. A longa fila vem provocado constrangimentos no meio diplomático.

Segundo fontes de delegações estrangeiras em Brasília, entre os embaixadores que aguardam ser recebidos por Dilma estão os de Venezuela, Nigéria, Japão, Chile, Alemanha, Cuba, Turquia e Paraguai. Alguns, como o embaixador paraguaio Manuel Maria Cáceres, estão há quase um ano no país e ainda não podem representar seus países. Esse tipo de tratamento, segundo fontes diplomáticas, é uma descortesia e prejudica a imagem do Brasil no exterior.

A última vez em que Dilma recebeu credenciais de embaixadores estrangeiros foi em outubro do ano passado. Na época, 19 diplomatas foram convidados para um almoço, no Itamaraty, pelo ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo. Eles representavam, entre outros países, Estados Unidos, França, Reino Unido, Botsuana, Líbano, Honduras e Coreia do Norte.

Em nota, o Palácio do Planalto informou que, desde 2011, Dilma participou de sete cerimônias públicas e recebeu 97 credenciais de embaixadores. "Em 2014, em razão dos grandes eventos internacionais realizados no país e do calendário eleitoral em curso, não se realizaram, até o momento, cerimônias de entrega de credenciais. A próxima cerimônia já vem sendo programada pela Presidência da República e deverá ser anunciada oportunamente", diz a nota.

Na última sexta-feira, um dos maiores jornais do Paraguai, o "Última Hora", publicou um editorial chamando de "desconsideração" o fato de Dilma não ter recebido as credenciais do embaixador Manuel María Cáceres, oito meses depois dele ter desembarcado em Brasília. Para o diário, é uma afronta ao país vizinho.

"O governo do presidente Horácio Cartes deveria instruir a Chancelaria Nacional para que adote medidas recíprocas, para manifestar o desagrado que essa ação hostil supõe. A mandatária de uma nação que pretende ser séria não deve transformar as relações bilaterais com os vizinhos em questões de caráter puramente eleitoral", diz um trecho do editorial, sugerindo que Cartes chame o embaixador paraguaio de volta a Assunção.

"O que o governo de nenhuma maneira deve fazer é assistir impassível o comportamento impróprio das autoridades de um país vizinho, especialmente quando esse comportamento implica diretamente ignorância ou desprezo pela respeitabilidade de toda a nação", destaca o diário. "Os paraguaios não temos nada a ver com a agenda eleitoral do Brasil, ou com o desejo de suas autoridades se reelegerem".

Demora é 'descortesia', afirma Rubens Barbosa

• Dificuldade de Dilma na campanha explica falta de tempo, diz especialista

- O Globo

BRASÍLIA - Para Virgílio Arraes, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, a agenda eleitoral de Dilma Rousseff pode explicar a demora. Na opinião dele, se a presidente estivesse mais bem colocada nas pesquisas, talvez tivesse mais tempo para receber os embaixadores.

- A presidente Dilma não está tão bem na campanha como nas últimas eleições das quais ela e seu antecessor, o ex-presidente Lula, participaram - comentou Arraes.

Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Washington, lembrou que o ex-presidente americano Bill Clinton recebia embaixadores em bloco, para que eles pudessem trabalhar e representar seus países. A seu ver, Dilma poderia pensar em algo semelhante.

Diferentemente do Brasil, nos EUA e no Reino Unido, por exemplo, sem esse procedimento os diplomatas ficam impossibilitados de serem recebidos para tratar de assuntos diversos por autoridades dos dois países. Segundo Barbosa, é praxe receber o quanto antes as credenciais.

- Caso contrário, isso se torna uma descortesia com os embaixadores - disse.

Também existe certa mágoa da parte de alguns países, que ainda não receberam embaixadores brasileiros em suas capitais. É o caso da Bolívia, que costumava receber um atendimento melhor do antecessor de Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

- Lula exercia uma influência notável sobre Evo Morales (presidente da Bolívia), mas as relações a partir de Dilma Rousseff esfriaram. Não acredito em mudanças com a vitória de Dilma nas eleições. Marina Silva é uma incógnita, mas pelo menos pode dar uma revitalizada nas relações bilaterais - avaliou o analista boliviano Carlos Cordero, da Universidad Mayor de San Andrés.

Segundo o acadêmico, há mais de um ano não há um embaixador brasileiro em La Paz. Além disso, Dilma resiste em se encontrar sozinha com o presidente boliviano.

O jornal paraguaio "Última Hora" questiona o discurso de Dilma, ao chamar o Paraguai de vizinho, sócio e aliado estratégico. Afirma que o antecessor do embaixador Manuel Cáceres, Aveio Arévalo, foi tratado com a mesma indiferença e destaca que, quando um embaixador não consegue apresentar suas credenciais, seu trabalho perde o caráter formal.

Discurso de Dilma tem ar de campanha

• A presidenta, a primeira oradora do evento que reuniu 140 líderes mundiais, negou ter feito um discurso de campanha e disse que o Brasil é respeitado lá fora pelos seus feitos

Redação, com Reuters - Brasil Econômico

Diante de uma plateia de mais de140 chefes de Estado e de governo, a presidenta Dilma Rousseff usou 23 minutos de seu discurso de meia hora na 69ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), ontem de manhã em Nova York, para fazer uma ampla defesa de seu governo e o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ressaltando as conquistas sociais do país nos últimos anos, como o combate à fome e à miséria, ao desemprego, à homofobia e à violência contra a mulher. Desde 1947, na primeira sessão especial da Assembleia Geral da ONU, o então chanceler Oswaldo Aranha inaugurou a tradição de ser um brasileiro o primeiro orador do foro internacional. A presidenta celebrou a saída do Brasil do Mapa da Fome, anunciada pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

Isso foi, segundo ela, resultado de uma política econômica que criou 21 milhões de empregos e valorizou o salário, aumentando em71% seu poder de compra nos últimos 12 anos. "Com isso, reduzimos a desigualdade", comemorou. Dilma lembrou que 36 milhões de brasileiros deixaram a miséria desde 2003, 22 milhões só no seu governo. A presidenta, candidata à reeleição, negou, após a sua fala, que tenha usado o discurso como evento de campanha eleitoral. "Eu falo que o Brasil reduziu a desigualdade, aumentou a renda e ampliou o emprego em todos os discursos. Isso é um valor que o mundo reconhece. Como chefe de governo tenho imenso orgulho disso e acho que parte do respeito que o Brasil tem no plano internacional decorre do fato de a gente ter feito isso",justificou-se.Em seu discurso, ela afirmou que "o mesmo empenho que temos em combater a violência contra as mulheres e os negros, os afro-brasileiros, temos contra a homofobia".

Dilma se referiu à decisão do Supremo Tribunal Federal que reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo. Assuntos ligados aos direitos LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgêneros) entraram no debate eleitoral após o PSB ter divulgado revisão do capítulo do programa de governo de sua candidata, Marina Silva, sobre direitos dos homossexuais. Marina tem se defendido dizendo que a mudança foi para corrigir uma "falha de editoração". Mas parte do movimento LGBT considerou a alteração do programa um retrocesso. Além de ressaltar conquistas nas áreas sociais, como saúde e educação, a presidenta afirmou que o Brasil não descuidou da solidez fiscal e da estabilidade monetária, protegendo-se da "volatilidade externa".

Dilma, no entanto, reconheceu que as dificuldades persistentes em todas as regiões do mundo "impactam negativamente" o crescimento do Brasil. "Ainda que tenhamos conseguido resistir às consequências mais danosas da crise global, ela também nos atingiu deforma mais aguda nos últimos anos", disse. A presidenta voltou a criticar ontem duramente o uso da força no lugar da diplomacia, como havia feito na cúpula do Clima realizada na terça-feira, também em Nova York. "A cada intervenção militar, não caminhamos para a paz, mas sim assistimos ao acirramento desses conflitos. Verifica-se uma trágica multiplicação do número de vítimas civis e de dramas humanitários. Não podemos aceitar que essas manifestações de barbárie permaneçam ferindo nossos valores éticos, morais e civilizatórios", protestou.

"O uso da força é incapaz de eliminar as causas profundas dos conflitos. Isso está claro na persistência da questão palestina, no massacre sistemático do povo sírio, na prática de desestruturação nacional do Iraque, na grave insegurança na Líbia, nos conflitos de Israel e nos embates na Ucrânia", completou. Dilma fez ainda um novo apelo pela ampliação do direito a voto dos países em desenvolvimento em instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. Ela classificou como "inaceitável" a demora nessa mudança. "É imperioso pôr fim ao descompasso entre a crescente importância dos países em desenvolvimento na economia mundial e sua insuficiente participação nos processos decisórios das instituições financeiras internacionais, como FMI e o Banco Mundial", afirmou.

A presidenta defendeu a reforma do Conselho de Segurança da ONU e criticou a sua incapacidade de encontrar soluções para os vários conflitos no mundo. "Todos entendemos os graves riscos da paralisia e da inação do Conselho de Segurança da ONU. Um conselho mais representativo poderia ser também mais eficaz", afirmou. O Conselho tem cinco membros permanentes: Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia e China. O Brasil e outros países defendem a sua reforma para que ele represente melhor o novo cenário global, incluindo outros países. 

Nossa candidatura é a única que cresce em SP, MG e RJ, diz Aécio

• Em ato de campanha pelo interior de Minas, candidato tucano minimiza sua estagnação em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto

Gustavo Porto - O Estado de S. Paulo

UBERABA (MG) - O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, minimizou a sua estagnação nas pesquisas de intenções de voto apontada no levantamento Ibope/Estadão/TV Globo divulgado na terça. O tucano manteve 19% de intenções de voto ante 38% de Dilma Rousseff (PT) e 29% de Marina Silva (PSB). "As pesquisas mostram que quem tem condições efetivas de vencer o PT somos nós porque, nos três maiores colégios eleitorais, a nossa candidatura é a única que cresce", disse. "É a única que cresce em Minas, em São Paulo e no Rio de Janeiro", disse Aécio, ao chegar em Uberaba, no Triângulo Mineiro.

Em Minas, segundo o Ibope, Dilma oscilou de 33% para 32%, Aécio oscilou de 29% para 31% e Marina, de 22% para 20%. Em São Paulo, Marina caiu de 38% para 32%, Dilma manteve 25% e Aécio subiu de 15% para 19%. No Rio de Janeiro, Dilma caiu de 37% para 34%, Marina oscilou de 34% para 32% e Aécio subiu de 9% para 13%.

Indagado pelo Broadcast Político, serviço em tempo real da Agência Estado sobre como conseguirá reverter uma desvantagem de dez pontos porcentuais em relação à segunda colocada a dez dias do primeiro turno, Aécio reafirmou que sua candidatura é a única que cresce. "Vamos recuperar o voto de quem quer derrotar o PT e de quem tem a compreensão mais clara que nós temos a condição de vencer", afirmou. O candidato tucano disse ainda que o PT está perdendo as eleições nos Estados onde governa, segundo pesquisas de intenção de voto.

O próprio Aécio, contudo, está perdendo em Minas Gerais, Estado que governou por oito anos e é seu principal reduto político. Além disso, o candidato do PSDB ao governo de Minas, Pimenta da Veiga está 19 pontos percentuais atrás do petista Fernando Pimentel, que lidera a disputa com 44% das intenções de voto, segundo a última pesquisa.

Em Uberaba, Aécio fez um apelo aos eleitores para elegerem, depois de 60 anos, um presidente mineiro pelo voto direto, numa referência a Juscelino Kubitschek, eleito em 1955. Diferente do que diz o candidato, Dilma Rousseff é nascida em Belo Horizonte e sua família já morou em Uberaba.

Questionado novamente sobre quando iria apresentar seu programa de governo, Aécio afirmou que o documento já está na gráfica e que será apresentado nos próximos dias. Aécio afirmou ainda, na região que é um dos principais polos produtores de grãos do País, que terá um compromisso com o agronegócio brasileiro estruturado no tripé crédito agrícola, segurança jurídica e seguro rural. Para o senador, o Brasil deve agradecer ao agricultor por dar sustentação ao crescimento brasileiro, mesmo que pequeno.

O tucano chegou a Uberaba por volta do meio-dia, com mais de uma hora de atraso, fez uma carreata pelas ruas centrais e uma caminhada pelo calçadão da cidade mineira. Após menos de uma hora no município, Aécio voltou para Belo Horizonte, onde tem compromissos políticos nesta noite.

Aécio critica decisão do governo brasileiro de não assinar acordo de desmatamento

• Tucano afirma que seu programa sairá ‘nos próximos dias’

Maria Lima – O Globo

UBERABA (MG) - O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, criticou, durante campanha em Uberaba (MG) nesta quarta-feira, a decisão do governo brasileiro de não assinar o acordo de combate ao desmatamento apresentado durante a Cúpula do Clima, em Nova York. Aécio lamentou a posição da presidente Dilma Rousseff.

- Essa é uma preocupação que temos. Para mim foi surpreendente não ter assinado. O Brasil poderia estar com outras ações, liderando esse movimento contra o desmatamento no mundo. Eu lamento a posição da presidente da república - disse o tucano.

O candidato voltou a reafirmar o compromisso de encontrar um mecanismo para a substituição do fator previdenciário.

- Eu reafirmo o compromisso de negociar com os setores envolvidos uma alternativa para substituir o fator previdenciário, atraves de um dialogo franco com as centrais, que garanta a sobrevivencia e o equilibrio da Presidência, mas que também tire das costas dos aposentados o onus do fator previdenciario - defendeu.

Aécio havia se envolvido em polêmica devido ao anúncio de que buscaria uma forma de acabar com o fator. Dias depois o candidato recuou, afirmando que seu compromisso era só de ‘discutir uma alternativa’.

Incentivo ao agronegócio
Aécio reafirmou seu compromisso com o agronegocio e com a política agrícola responsável, baseada no tripé crédito; segurança jurídica, incluindo paz no campo; e seguro, para que o agricultor produza mais com novas tecnologias e inovação, abrindo novas fronteiras para quem produz no Brasil. Questionado sobre a falta de água na região para produção, ele disse que tem um amplo projeto de construção de barragens para favorecer não só o abastecimento humano, mas também a produção agricula e tb a agricultura familiar.

Após ser cobrado repetidas vezes em entrevista ao ‘Bom dia, Brasil’, pela falta de um programa com suas propostas, o candidato garantiu que seu plano de governo já está "no prelo".

- Vamos divulgar nos próximos dias - anunciou.

O tucano se mostrou confiante de que estará no segundo turno e disse estar conquistando os votos anti-PT. Ele garantiu que continua subindo nas pesquisas, enquanto Marina estaria descendo, acrescentando, ainda, que tem pesquisas segundo as quais que já ultrapassou a Dilma em Minas Gerais.

- Nos três maiores colegios eleitorais, nossa candidatura é a única que cresce. Estamos crescendo também no sul e no centro oeste - disse, pedindo apoio dos eleitores de Minas. - No Brasil inteiro, nos estados onde o PT está governando, o PT está perdendo. Não é possével que aqui em Minas vá ganhar.

PT faz campanha "suja" e "mentirosa", mas Marina mostra resistência, diz Freire

Quando Dilma diz que vai fazer o diabo na eleição, significa fazer gol de mão na prorrogação. E fez. E continua fazendo', diz o presidente do PPS

Portal do PPS

SÃO PAULO - Em uma conversa com funcionários de uma empresa em São Paulo, na manhã desta quarta-feira (24), o deputado federal Roberto Freire (SP), presidente nacional do PPS, criticou duramente o tom dos ataques da campanha de Dilma Rousseff (PT) à ex-senadora Marina Silva (PSB), candidata ao Planalto.

Segundo o parlamentar, entretanto, as últimas pesquisas apontam que a ex-ministra do Meio Ambiente apresenta uma resistência muito grande e um percentual expressivo de votos consolidados.

“Marina demonstra uma resistência muito grande nos seus votos. Nunca houve uma campanha com uma disparidade tão grande no tempo de TV”, avalia Freire. “Os 11 minutos da propaganda de Dilma contra os dois de Marina foram utilizados de uma forma suja e mentirosa, criando terrorismo e medo.”

Questionado sobre o que espera da reta final da eleição, o presidente do PPS reafirmou a importância da união das candidaturas oposicionistas no 2º turno contra o PT. “O fundamental é irmos para segundo turno e buscarmos a unidade das oposições.”

Corrupção
No bate-papo com a diretoria e funcionários da Interflon do Brasil – empresa que desenvolve e produz lubrificantes de alta qualidade para o setor industrial e o ramo alimentício –, o deputado falou sobre a “perda de valores” da sociedade brasileira em decorrência da sucessão de escândalos de corrupção durante os 12 anos de governo do PT.

“De uns tempos para cá, assistimos a uma certa perda de valores. Quando Dilma diz que vai fazer o diabo na eleição, significa fazer gol de mão na prorrogação. E fez. E continua fazendo”, criticou. “Vocês viram o que ela fez nos Correios, utilizando uma empresa estatal para propaganda de sua candidatura à Presidência. Ou na Petrobras, que foi entregue pelo governo lulopetista para um grupo de assaltantes.”

O parlamentar lembrou que a discussão moral ganhou força justamente a partir de malfeitorias envolvendo autoridades dos governos petistas. “Estamos vivendo em um país em que a questão moral passou a ser muito discutida, enquanto temos outros problemas até muito mais importantes”, disse.

Marina endurece o discurso

• Propaganda da presidenciável na TV passa a atacar mais os rivais e também investe em promessas eleitorais

Leonardo Fuhrmann – Brasil Econômico

Apesar de manter o discurso deque é vítima de "boatos e calúnias" por parte dos adversários, a campanha da presidenciável Marina Silva (PSB) alterou o tom de seus programas de rádio e TV para atacar os oponentes. No horário eleitoral que foi ao ar na noite de anteontem, por exemplo, o PSB tratou sobre a desvalorização que a Petrobras sofreu durante o governo da presidenta Dilma Rousseff (PT). E argumentou que a diferença entre o valor de mercado da estatal no fim do governo Lula e agora seria suficiente para atender a um certo número de estudantes brasileiros com passe-livre.Assim, além de expor críticas à gestão da empresa — cuja diretoria é alvo de investigações — o programa aproveitou para colar a candidata ao tema do passe-livre,uma das principais bandeiras dos manifestantes que foram às ruas em junho do ano passado.

Um levantamento feito pelo Portal iG (com o uso da ferramenta Many Eyes, da IBM) também aponta para uma mudança na estratégia da pessebista, que passou a dar mais peso para promessas eleitorais, como a implantação da escola em tempo integral. A candidata também usou parte do seu tempo para desmentir que pretendesse acabar com programas sociais como o Bolsa Família e com a exploração do pré-sal. Ontem, a candidata e seu vice,o deputado federal gaúcho Beto Albuquerque, se reuniram com sindicalistas em São Paulo. O parlamentar foi contundente ao afirmar que, em um eventual governo, a coligação não pretende retirar nenhum direito dos trabalhadores. "Eu e a Marina temos uma história de militância de centro-esquerda, participamos das lutas para garantir os direitos dos trabalhadores e não enfrentaríamos uma disputa acirrada como essa para chegar lá e prejudicar essas conquistas", afirmou.

Segundo ele, o programa de governo do partido propõe mudanças na terceirização, a atualização da CLT e um conceito mais claro sobre trabalho análogo à escravidão, para proteger mais os trabalhadores. "Hoje, quando uma empresa terceirizada fecha, não há garantia de que os funcionários recebam pelo trabalho", exemplificou. Beto garantiu ser contra a terceirização de atividades fins. O vice afirmou ainda que um artigo mais claro sobre as condições semelhantes à escravidão vai proteger os trabalhadores, pois conceitos como "jornada exaustiva" e "condições degradantes" podem ser discutíveis perante a Justiça. "A tendência é que o mais forte leve vantagem perante o Judiciário", comentou. Apesar de não apresentar uma proposta concreta para alterar o fator previdenciário, o deputado afirmou que é necessário melhorar a remuneração dos aposentados. "Vejo o exemplo do meu pai, que colaborou a vida toda sobre seis salários-mínimos e hoje recebe apenas o mínimo por mês", afirma. Os sindicalistas presentes criticaram uma suposta falta de diálogo na gestão de Dilma.

Lula evita depor na PF sobre o mensalão

• Medo de petistas é que o interrogatório atrapalhe a campanha de Dilma

- O Globo

SÃO PAULO e BRASÍLIA - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva só deve prestar depoimento na Polícia Federal sobre o esquema do mensalão após o término da eleição, na avaliação da cúpula do PT. Desde fevereiro, Lula é convidado pela PF para colaborar nas novas investigações instauradas sobre o esquema. O medo dos petistas é que o interrogatório seja vazado à imprensa e prejudique a tentativa de reeleição da presidente Dilma Rousseff.

Ontem à tarde, em evento em Mauá, São Paulo, Lula não respondeu se vai ou não prestar depoimento à PF.

- Antes da eleição, não - disse Paulo Okamotto, diretor-presidente do Instituto Lula, não descartando a possibilidade do ex-presidente falar após a disputa eleitoral.

Questionado por uma repórter após comício em apoio ao candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, Lula ironizou:

- Só se você me convidar.

À noite, questionado novamente após evento em Santo André, Lula afirmou que não recebeu convite da PF.

- Quando eu for convidado, meu amor! Eu não recebi nada. Foi você quem me falou e a outra moça, hoje à tarde. Eu acho engraçado que é a primeira vez que alguém é convidado pela imprensa - disse o petista.

Segundo reportagem do jornal "Folha de S. Paulo", há sete meses a PF tenta ouvir o ex-presidente nas investigações instauradas a partir de novos depoimentos do operador do mensalão, Marcos Valério de Souza, dados a PF em 2012. De acordo com a reportagem, Lula recebeu sete convites. Em nenhum momento, o ex-presidente teria recebido intimação.

A delegada Andréa Albuquerque fez vários convites ao ex-presidente por intermédio de advogados, mas não obteve resposta. Depois de condenado no processo do mensalão em 2012, Valério compareceu à Procuradoria Geral da República e acusou o ex-presidente de se beneficiar de um repasse de R$ 100 mil do mensalão. Valério também acusou Lula de intermediar as negociações de uma doação de R$ 7 milhões da Portugal Telecom para o PT.

A PF não respondeu por que tentou convidar Lula, ao invés de intimá-lo, já que o ex-presidente não tem mais prerrogativa de foro. O inquérito sobre as denúncias de Valério foi aberto no ano passado. Parte do caso vinha sendo mantido em sigilo até dois dias atrás, quando surgiram os primeiros vazamentos.

Horário eleitoral: Marina reage aos ataques

Stefânia Akel – O Estado de S. Paulo

No horário eleitoral de rádio desta quinta-feira, a candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, manteve a estratégia vista no último programa de reagir aos ataques que vem sofrendo, destacando escândalos envolvendo a Petrobras. Já a propaganda de Aécio Neves (PSDB) destacou o resultado da pesquisa Vox Populi desta semana, enquanto Dilma Rousseff (PT) ignorou adversários e focou em mobilidade urbana.

O programa do PSB voltou a destacar, assim como na última terça-feira, a perda de valor e a dívida da Petrobras, repetindo manchetes de jornais e revistas com escândalos de corrupção envolvendo a estatal. "No atual governo, a Petrobras perdeu metade do seu valor e aumentou quatro vezes a sua dívida. Mas ainda tem jeito. Precisamos recuperar a Petrobras para os brasileiros", disse Marina. A inserção também repetiu trecho de um discurso recente da ex-ministra. "Tenho dito que as coisas boas vamos manter, as erradas vamos corrigir e as que não foram feitas vamos fazer." O programa terminou com um jingle ligando Marina ao número 40 na urna.

O PSDB iniciou seu programa citando a pesquisa Vox Populi divulgada no último dia 23. Os locutores afirmaram que Aécio está "colado" na Marina, com "cinco pontinhos só" de diferença. Outro levantamento divulgado esta semana, do Ibope, mostra diferença de dez pontos porcentuais entre os dois candidatos, mas não foi citado na inserção tucana. A propaganda também voltou a apresentar uma breve biografia do candidato, destacando sua experiência política e o fato de ter terminado seu segundo mandato como governador de Minas Gerais com 92% de aprovação.

O candidato falou de segurança pública e de sua atuação na aprovação da lei de reajuste do salário mínimo. No fim do programa, o PSDB voltou a apresentar um jingle dizendo que, entre a Dilma e a Marina, "nenhuma nem outra, a Marina é a Dilma com outra roupa".

Já o programa do PT preferiu ignorar os adversários, focou em mobilidade urbana e destacou o investimento de R$ 143 bilhões de reais do governo federal em metrôs, VLTs, BRTs e corredores exclusivos de ônibus, apresentando também depoimentos de beneficiados pelas obras. "Estamos realizando grandes obras de infraestrutura em todo o Brasil. Para o Brasil inaugurar um novo ciclo de desenvolvimento, é preciso também realizar grandes reformas. Essas reformas não podem mais ser adiadas, porque o Brasil tem pressa e o nosso governo, também", disse Dilma.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou ao programa da petista hoje, reiterando que o segundo mandato de Dilma será melhor que o primeiro, "exatamente como aconteceu comigo". "Dilma pôde mostrar nessa campanha o quanto ela fez pelo Brasil, mesmo enfrentando uma grave crise internacional. Dilma é a primeira a admitir que muita coisa ainda deve ser feita, mas ela sabe como fazer", afirmou Lula.

PT age com 'truculência desleal', afirma cineasta

• Apoiador de Marina, Fernando Meirelles diz que marqueteiro aconselha Dilma a mentir

- Folha de S. Paulo

SÃO PAULO -Integrante do grupo de personalidades da área cultural que apoia a candidatura de Marina Silva (PSB) ao Planalto, o cineasta Fernando Meirelles afirmou, em entrevista ao blog do jornalista Morris Kachani, da Folha, que "até amigos petistas" se dizem constrangidos com a "truculência desleal" da campanha de Dilma Rousseff (PT).

"Outro dia, li uma frase que resume bem esta campanha do PT: Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade", a frase vinha assinada por João Goebbels Santana", disse, ao mesclar o nome do marqueteiro de Dilma com o de Joseph Goebbels, ministro da propaganda da Alemanha nazista.

"É exatamente dali que vem a inspiração do marqueteiro-mor. Como se pode votar numa candidata cujo principal colaborador é um marqueteiro que lhe aconselha a mentir e ela obedece?, afirmou.

Para Meirelles, o equilíbrio no tempo de TV no segundo turno favorecerá Marina, "que não precisará gastar seu precioso tempo desmentindo o que foi inventado". Segundo interlocutores da campanha do PSB, o cineasta consultor informal da equipe que cuida dos programas eleitorais.

Meirelles falou ainda sobre seus trabalhos para PT e PMDB nos anos 80. Em 2005, ele disse em entrevista que recebeu parte dos pagamentos sem emitir nota fiscal.

"Era assim que funcionava com todos os partidos. [...] Pagamos o imposto devido e uma enorme multa, e resolvi nunca mais trabalhar com política", disse. "Qualquer coisa que eu venha a fazer ligada a partidos será por convicção."

Merval Pereira: Uso indevido

- O Globo

Temos uma presidente que usa a tribuna da Organização das Nações Unidas (ONU) para montar uma grotesca propaganda eleitoral e, ao mesmo tempo, se pronuncia de maneira absurdamente equivocada contra os ataques dos Estados Unidos e outras nações ao Estado Islâmico, com o endosso da própria ONU.

O que provoca mais a "vergonha alheia", aquele sentimento que a gente sente quando alguém faz alguma coisa que não deveria? No caso em pauta, essa vergonha é turbinada porque as gafes presidenciais levam ladeira abaixo a imagem do país que ela representa. Mais que uma "vergonha alheia", é uma vergonha direta, pois Dilma nos representa, com toda a legitimidade, mas abusa do poder ao impor suas idiossincrasias à política externa do país, com uma tradição que vem sendo distorcida nestes anos de petismo explícito. Pode ser que tenha sido alertada por um assessor — haverá os que a alertam sem receio de levar contravapor, como os muitos que conhecemos por relatos próprios? —, mas o fato é que Dilma ontem, no discurso de abertura da reunião da ONU, não foi explícita na crítica aos ataques da coalizão de países contra o Estado Islâmico.

Dilma, que na véspera dissera "lamentar enormemente" os bombardeios, apenas condenou o "uso da força" e as "intervenções militares" como forma de resolver conflitos, já um absurdo dito assim, genericamente. Mas o absurdo de dar o mesmo tratamento aos EUA e ao Estado Islâmico já havia sido perpetrado no dia anterior, quando ela disse em coletiva que "os dois lados" precisavam dialogar, como se fosse possível diálogo com terroristas que decepam cabeças ao vivo na TV. Discursando logo depois — e certamente não em resposta à nossa "soberana", mas aos críticos em geral dos ataques contra os radicais, entre os quais se encontra o "democrata" Putin, presidente da Rússia —, o presidente americano Barack Obama disse que "a única língua que assassinos entendem é a força".

Nota oficial de Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, também tratou do assunto, já que a ONU apoia os ataques. Para ele, os adeptos da barbárie só serão contidos por operações militares como as executadas pelos EUA. Quando Dilma decidiu que iria fazer o discurso de corpo presente em NY, pensava-se que ela aproveitaria essa presença no cenário internacional para reforçar uma imagem presidencial, que se sobrepõe à imagem de Marina Silva, de acordo com seus marqueteiros. Mas não bastava a imagem. Seu discurso na ONU foi de uma candidata, sobre questões nacionais, autoelogios que criaram quadro cor de rosa para a situação atual, for a completamente do contexto real em que disputa a reeleição. Ela negou depois que falasse para as câmeras do marqueteiro João Santana, e está moralmente impedida de usar essas imagens na sua propaganda eleitoral.

Mas isso não deve ser empecilho para usá-las. Tão eleitoreiro foi seu discurso que achou um meio de encaixar lá pelas tantas o elogio à decisão do Supremo Tribunal Federal de reconhecer a união estável entre pessoas do mesmo sexo, "assegurando-lhes todos os direitos civis daí decorrentes". Uma maneira de trazer à baila a questão do casamento gay, cuja aprovação constava de um esboço do programa de Marina e foi suprimida. Marina adotou a mesma posição, apoiando a legislação aprovada pelo STF, mas a campanha oficialista tenta carimbar-lhe como evangélica à serviço da homofobia. A presidente que tenta a reeleição abusa mais uma vez da sua condição para estabelecer uma disputa desigual. Como disse Marina, é uma guerra entre o mangangá, um besouro enorme "com um ferrão poderosíssimo", e o carapanã, um pequeno pernilongo.

A vaca e o brejo (2)
O fato de o Fundo Soberano estar quase todo ele baseado em títulos do Banco do Brasil é apenas mais uma das esquisitices descobertas agora, que o governo raspou o tacho para cobrir um buraco nas contas públicas de R$ 3,5 bilhões. Se é um fundo anticíclico, como pode estar lastreado em títulos que certamente sofrerão com a crise internacional que o país vive? Se é um fundo de poupança para tempos de "vacas magras", como definiu Dilma, como retirá-lo para tapar o buraco das contas, e não para apoiar investimentos? Outro dia, escrevi aqui uma coluna cujo título era "O brejo e a vaca". Não há mais dúvida de que a vaca magra está indo para o brejo.

A vaca e o brejo (3)
Há 7 meses, o Ministério Público tenta ouvir , e não consegue , o ex-presidente Lula sobre acusações do lobista Marcos Valério no caso do mensalão. Por que será?

Dora Kramer: Na mão da apatia

O Estado de S. Paulo

Sejamos claros e francos: os dois principais oponentes da presidente que pleiteia a reeleição, Aécio Neves e Marina Silva, nos últimos quatro anos não se notabilizaram pelo exercício do antagonismo ao governo de maneira a que façam jus à representação do oposicionismo como atividade política constante.
Justiça se faça, nem eles nem ninguém em especial, porque a oposição nunca se organizou desde que o PT assumiu o poder. E por se organizar entenda-se ter planos táticos e estratégicos de atuação não apenas em épocas de eleição, mas principalmente entre um período eleitoral e outro.

Aécio e Marina se dispuseram a enfrentar um governo politicamente atuante, por nascido de oposição belicosa e operante, sem contar com nenhum treino. Tal carência lhes fará falta em caso de vitória, pois vão encarar um PT violento como oposição, mas pode servir de lição para ambos ou para quem dos dois for derrotado.

Quando chegou à Presidência da República, o PT já tinha mais de 20 anos de construção de uma identidade junto à população. Forte e arraigada o suficiente para poder contrariar diversos de seus compromissos - o da ética, notadamente - sem perder por completo seu patrimônio político.

O PSDB chegou ao poder depressa. Nasceu em 1988 e em 1994 já estava no Palácio do Planalto. Em 2002, perdeu a eleição e nunca mais se achou. Disputou todas as presidenciais, mas não encontrou o caminho para construir uma ponte que pudesse ligar o partido à sociedade entre uma eleição e outra.

Aconteceu com todos os candidatos, mas fiquemos com Aécio Neves, que é o atual. Passou oito anos como governador desenvolvendo um "bom relacionamento com o governo federal". Em 2008, na eleição para a prefeitura de Belo Horizonte, aliou-se ao atual candidato do PT ao governo de Minas Gerais, Fernando Pimentel, para eleger Marcio Lacerda, sob o argumento de que era preciso avançar para além da polarização entre PT e PSDB e criar um "novo ambiente" na política.

Hoje o mineiro está em sua maioria optando por Pimentel em prejuízo do tucano Pimenta da Veiga. Tem culpa? Não foi o eleitor quem criou a confusão. Caminhemos. Eleito senador, Aécio era visto como o líder da oposição, mas não foi assim que se colocou perante a sociedade. Optou por uma atuação discreta, dedicou-se às articulações de bastidores e foi até certo ponto bem sucedido.

Quando entrou em cena o imponderável, a morte de Eduardo Campos, não tinha consigo a fidelidade do público, pois não fora a ele que se dirigira nos últimos anos. Seu alvo, os políticos, com facilidade se transfere para onde os ventos ventam. No Rio, o movimento "Aezão" virou "Marinão" ao sabor das pesquisas que indicavam a conveniência de os correligionários do governador Luiz Fernando Pezão a embarcarem em outra canoa.

E assim chegamos a Marina Silva. Depois da recusa da candidata a presidente em 2010 de apoiar Dilma ou Serra no segundo turno, nunca mais se ouviu falar dela até 2013, quando da tentativa de criar seu partido, Rede Sustentabilidade.

Oriunda do PT, discípula reverente assumida de Lula, crítica de Dilma como se esta não fosse invenção daquele, Marina não fez política da última eleição para cá. Apareceu para concorrer. A última coisa que se pode dizer é que seja uma oposicionista praticante. No exercício do mandato de senadora ela jamais se referiu aos "assaltos" constatados no processo do mensalão nas estatais como agora faz no caso da Petrobrás.

A ex-senadora não é uma oposicionista de fato. Assim como Aécio. Se perderem, nada impede os dois de virem a sê-los de direito. A depender dos planos futuros.

Eliane Cantanhêde: PT e PSDB, lá e cá

- Folha de S. Paulo

Dilma Rousseff vai caminhando para a reeleição, passo a passo, ponto a ponto, mas o fim do segundo turno é uma incógnita e a vantagem do PT na disputa presidencial não reflete nas estaduais.

Na frente no primeiro turno, Dilma enfrenta empate com Marina Silva no segundo, quando as condições serão menos gritantemente injustas e a tendência das forças políticas será aderir a Marina, contra o PT. Hoje, Dilma é favorita, mas a eleição não está definida.

Quanto aos Estados: os candidatos do PT em São Paulo, Alexandre Padilha, e no Rio, Lindbergh Faria, empacaram em iguais 8%, segundo o Ibope, e não vão a lugar nenhum. E os governadores petistas do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, e do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, estão num lugar desconfortável na disputa pela reeleição.

Para compensar São Paulo e Rio, o PT pode ter um troféu cheio de significado em Minas, onde o petista Fernando Pimentel está nadando de braçada contra o tucano Pimenta da Veiga. Há poucos meses, ninguém apostava que o PSDB ficaria fora do segundo turno nem que Aécio Neves perderia no Estado que governou por dois mandatos com altos índices de aprovação.

Tão surpreendente quanto a possibilidade de derrota de Aécio em Minas é a virtual vitória de Geraldo Alckmin em São Paulo. A eleição paulista já teve de tudo, até uma chocante falta de água --ou ameaça de falta de água, para não ferir as suscetibilidades de assessores. Mas Alckmin seguiu inabalável, do início ao fim, vencendo no primeiro turno. Deve acender velas à rejeição ao PT.

Marina tem reais chances de subir a rampa, mas um cenário bastante provável a partir de 2015 é o PT mantendo o Planalto (para um total de 16 anos no poder) e o PSDB fortalecendo o seu real bunker, que é São Paulo.

Alckmin será o principal comandante da oposição, já marchando para 2018. Mas a polarização PT-PSDB não será mais a mesma. Nem o PSDB.

Jarbas de Holanda: Corrupção na Petrobras e gigantismo estatal

Malgrado esforços, enormes, do comitê reeleitoral da presidente e do alto comando do PT, as ações como agentes do Estado (não do governo) do juiz Sérgio Moro e da Polícia Federal, de par com o trabalho da mídia de repercuti-las e desdobrá-las (com investigações próprias, ingrediente essencial da liberdade de imprensa), já evidenciaram vultosos desvios de recursos com negociatas e pagamentos de propinas a políticos, vinculados a projetos e compras da Petrobras, de 2004 em diante.

Escândalo que as autoridades que realizam a “operação Lava Jato” atribuem a uma “organização criminosa” centrada na empresa e associam a desvios semelhantes apurados (ou em fase de apuração) em outras operações do gênero. E cuja escala os presidenciáveis Aécio Neves e Marina Silva, pertinentemente, classificam como muito maior que o mensalão do PT.

A sociedade cobra que todos que acabarem julgados (com o pleno uso do direito de defesa) como participantes e beneficiários do megaescândalo sejam efetiva e exemplarmente punidos.

Mas acima desses atores de graves ilícitos há um fator que não os justifica mas explica a escalada de corrupção a que o país tem assistido. Trata-se do gigantismo estatal, combinado com progressivo aparelhamento partidário do conjunto dos órgãos da administração direta e indireta da União. Que passou, a partir do segundo mandato de Lula e sobretudo com o alto grau de intervencionismo do governo Dilma Rousseff, a condicionar crescentemente as relações do poder público com a iniciativa privada. Desde aquelas ligadas ao fornecimento ou a parcerias em torno de serviços, em especial de grande porte, até as de acesso a financiamento de bancos federais e a benefícios de desonerações fiscais seletivas.

Quase tudo, nessas relações, incluindo o papel exercido por integrantes da chamada base governista, sobretudo de petistas, como facilitadores de negócios e contratos. Papel que o lulopetismo busca reforçar com a insistência numa proposta vendida falsamente como democrática mas que a rigor objetiva limitar o pluralismo político e restringir ainda a autonomia da iniciativa privada: o financiamento público de campanhas eleitorais. Proposta que é irmã gêmea da do “controle social” dos meios de comunicação. Ambas baseadas nas perspectivas de um segundo mandato de Dilma e de uma volta de Lula em 2018.

“Onda da razão”, de Aécio. E o voto útil em Marina.
A nova pesquisa do Ibope, divulgada ontem à noite e a do Datafolha, com fechamento previsto para quinta-feira, indicarão o fôlego – suficiente ou insuficiente – para recolocar Aécio Neves na disputa do 1º turno, propiciando-lhe, ou não, chegar nas pesquisas seguintes a um empate técnico com a concorrente do PSB.

Na primeira hipótese, traduzindo em termos eleitorais o revigoramento político de sua candidatura como “verdadeira alternativa” ao petismo, conseguido por ele de uma semana para cá. Tradução que começou com a retomada de parte das intenções de votos perdidas para Marina Silva, em Minas, São Paulo, no Centro-Oeste e sobretudo nos estados da região Sul. Mas numa escala que precisará ser bastante ampliada para compensar índices muito baixos, e decrescentes, no Norte, no conjunto do Nordeste e também no Rio. Já na segunda hipótese – de que as pesquisas desta semana mantenham a taxa nacional do presidenciável do PSDB em torno dos 20% - ele terá de enfrentar o recomeço da pressão política, com efeitos eleitorais negativos, pelo voto útil em favor de Marina. Pressão que, neste cenário, será maior se os novos levantamentos mostrarem crescimento da candidata governista.

A interrupção do crescimento de Aécio – registrada na pesquisa do Ibope e em duas outras divulgadas ontem, e com provável confirmação pelo Datafolha de amanhã – tem, agora, a apenas dez dias do 1º turno, o efeito de uma forte ducha de água gelada ao movimento para recolocá-lo na disputa como finalista dessa fase.

Jarbas de Holanda é jornalista

Rogério Gentile: O coliseu de Dilma

- Folha de S. Paulo

Dilma bateu muito em Marina dias atrás colocando em dúvida a governabilidade em uma eventual administração da ex-ministra do Meio Ambiente. "Será que ela quer? Será que ela tem jeito para negociar?", questionou a propaganda eleitoral do PT, sobre a capacidade da presidenciável do PSB de formar uma maioria no Congresso.

Na última terça-feira (23), a Folha publicou uma reportagem que dá uma boa indicação de como essa tal "governabilidade" é construída no país, na prática.

Interessado em fazer algo que marcasse sua gestão, o prefeito do pequeno município de Alto Santo, no sertão cearense, resolveu construir um estádio de futebol com fachada inspirada no Coliseu romano. Sem dinheiro para a obra, afinal trata-se de uma cidade pobre, o político pediu ajuda a um colega deputado, que prontamente apresentou uma emenda ao Orçamento da União.

De olho justamente na governabilidade, o governo do PT liberou o recurso sem se importar com alguns detalhes: a capacidade prevista para o coliseu cearense é maior do que a própria população da cidade (20 mil lugares contra 16 mil moradores)! Pior, Alto Santo nem mesmo possuiu uma equipe profissional de futebol --o time mais próximo fica a 160 km de distância...

Marina, de fato, ainda não explicou como fará, se eleita, para aprovar seus projetos no Congresso sem que o país precise jogar dinheiro fora em obras ridículas e desnecessárias como a do coliseu cearense. A ex-ministra disse apenas que implantará a "nova política", o que soa bonitinho, mas não esclarece nada.

O discurso sonhático de Marina tem, ao menos, o mérito de indicar aos parlamentares que existem limites, algo que o pragmatismo petista há muito tempo abdicou de fazer.

É possível fazer diferente? Dá para manter a governabilidade sem precisar comprar o Congresso com as tais emendas ou, como ficou provado no mensalão, com coisas ainda piores?

Míriam Leitão: O clima na ONU

- O Globo

A presidente Dilma foi à ONU e disse que os dados de desmatamento do Brasil têm caído. Além disso, o país não assinou a carta pelo desmatamento zero em 2030. Dois erros. Os números do Inpe mostram que a devastação aumentou 29% em 2013. Não assinar a carta é ficar à margem do processo que deveríamos liderar. Estamos em retrocesso nas questões ambiental e climática.

De 2004 a 2013, de ponta a ponta, houve queda de 79% e é esse dado que ela mostrou. Mas o que nós sabemos no Brasil é que houve uma perigosa inflexão nessa curva, que só deveria cair. Aos jornalistas, a presidente admitiu que houve um "aumentinho". Estranha ordem de grandeza. O Inpe, com dados já recalculados, mostrou que o aumento do desmate foi de 29% em 2013. Isso não é pouco.

É inaceitável qualquer aumento porque tudo o que estamos comemorando é uma redução do ritmo de destruição da Amazônia. Mas o desmatamento continua. A história da luta contra a destruição da floresta mostra que o retrocesso é perigoso. No começo do governo Fernando Henrique o desmatamento foi ao seu recorde de 29.000 km² em um ano. Foram tomadas medidas duras como o aumento da reserva de 50% para 80% na Amazônia e depois aprovada a lei de crimes ambientais. Isso reduziu a destruição das florestas, mas depois ela voltou a subir.

No começo do governo Lula, a devastação estava em plena escalada. As medidas tomadas por inspiração da então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, permitiram a queda de 27.000 km² em 2004 para 11.000 km². Caiu ano a ano e continuou a diminuir após a saída dela do governo, em 2008. Quem acompanha o cotidiano da política ambiental sabe o quanto o recuo continuado se deve às política implantadas por Marina.

No ano passado, institutos independentes como o Imazon alertaram que havia sinais de retrocesso. O Deter, sistema de alerta de desmatamento em tempo real, deu todos os sinais de fumaça. E por fim o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais divulgou os dados oficiais do sistema Prodes, mais preciso. Após revisado, saiu há poucas semanas o número definitivo: alta de 4.571 km², em 2012, para 5.891 km², no ano passado. É um dado inaceitável que deveria ter provocado uma reação imediata do governo. Os dados iniciais de 2014 são preocupantes. Tomara que não se confirmem. A presidente quer, por razões eleitorais, fazer uma comparação que a favoreça. Mas a realidade é que a devastação florestal vinha caindo, subiu e há risco de um novo aumento em 2014.

O Brasil não assinou a carta com o compromisso do desmatamento zero. Mais um erro. O argumento de que não foi consultado a tempo só depõe contra nós. Por sermos uma potência ambiental, por termos a maior parte da mais vasta floresta tropical do planeta, o Brasil tem que assumir posição de liderança no processo. Por sermos o país com a maior taxa de desmatamento de mata tropical do mundo - como lembrou ontem a repórter Catarina Alencastro do GLOBO - temos o dever de estar presente neste debate no mundo. Se não estamos, é erro da nossa política ambiental e diplomática.

O Brasil queria que a meta fosse de desmatamento "ilegal" zero. Isso abre uma brecha gigante porque basta aumentar as licenças para a supressão de floresta ativa que estará tudo bem. O razoável é propor o que alguns municípios da Amazônia já estão estabelecendo como objetivo: o desmatamento "líquido zero, que permite o manejo e incentiva a replantio."

Está havendo um acréscimo das emissões brasileiras de gases de efeito estufa na energia, pelo uso mais intenso de termelétricas, e estamos aumentando a taxa de desmatamento. O nome disso é retrocesso.

Luiz Felipe Lampreia: Política externa contra o nosso interesse

• A presidente Dilma foi mais categórica na condenação às ações militares contra os facínoras islâmicos do que qualquer outro país

- O Globo

A presidente Dilma está levando seu pendor ideológico longe demais quando se trata de fazer política externa. Simpatizar com o populismo exacerbado de Cristina, que está levando a Argentina à ruína e ao isolamento internacional, é uma coisa. Acarinhar e proteger Nicolás Maduro, que já levou a Venezuela ao infeliz título de país mais mal gerido do mundo, é também um absurdo. Mas defender os bárbaros do Estado Islâmico (EI) ou do Khorasan contra os ataques americanos já é demais. Como ela consegue fazer isso?

Falando do pódio mais prestigioso do mundo, o da ONU, Dilma condenou os ataques aéreos às instalações militares do EI, do Khorasan e da al-Qaeda afirmando que lamenta os ataques. Alegou que o Brasil sempre vai acreditar que a melhor forma é o diálogo, o acordo e a intermediação da ONU, o que é verdade indiscutível. Porém, como dirá qualquer professor de direito internacional, nada disso se aplica a forças como o EI, a al-Qaeda, o Khorasan ou qualquer outro grupo não estatal que preconize a violência, a morte e a destruição dos que não lhe são afins. Pode-se ter um diálogo construtivo com uma milícia armada de um morro carioca, com a gangue Salvatrucha, na América Central, ou com a máfia siciliana?

A pergunta que não quer calar é: como dialogar com um bando de facínoras radicais, vestidos de negro e encapuzados, que postam vídeos cortando cabeças de jornalistas com um punhal e fazendo discursos ameaçadores? Os militantes islâmicos não constituem um Estado, um ator legítimo na cena internacional, são um bando de criminosos irregulares e altamente perigosos. Existe a menor chance de diálogo ou acordo com essa gente que não resulte da força? A ONU, que mal consegue se interpor entre estados em conflito, tem alguma vaguíssima possibilidade de atuar decisivamente no caso? As respostas são tão óbvias que nem requerem explicações maiores.

Os casos em que Dilma pretende encontrar paralelos são completamente diferentes. No Iraque, George Bush queria ingenuamente derrubar o presidente do país, Saddam Hussein, para implantar uma democracia. A intervenção foi um desastre, como se sabe. Na Líbia (onde não houve intervenção direta americana, e sim francesa e inglesa), a finalidade era derrubar Muamar Kadafi. O resultado foi também lamentável porque o país é hoje uma verdeira anarquia. A Faixa de Gaza, onde tampouco houve participação americana, foi um massacre, sem dúvida, mas também uma reação israelense contra uma organização terrorista, o Hamas, que ataca Israel e na prática mantém a infeliz população de Gaza refém de suas intenções belicistas e sujeita às represálias de Israel.

O fato é que a presidente do Brasil foi mais categórica na condenação às ações militares contra os facínoras islâmicos do que qualquer outro país, exceto Cuba e Venezuela. Com isto, certamente, a imagem internacional do Brasil foi afetada e as chances de entrada no Conselho de Segurança reduzidas definitivamente a zero. Ainda que a simpatia de Caracas, Havana e dos radicais islâmicos pelo Brasil tenha aumentado — uma vantagem altamente duvidosa — o tradicional capital de credibilidade, confiabilidade e equilíbrio nas ações diplomáticas de que o Brasil desfrutava e que vinham desde sendo nossa marca, desde o Barão do Rio Branco, está sendo dilapidado. A intervenção da ONU marcou mais um degrau na ideologização e na radicalização da política externa brasileira. É muito pouco provável que isto traga qualquer tipo de benefício para o Brasil, pelo contrário.

Luiz Felipe Lampreia foi ministro das Relações Exteriores

Luiz Carlos Azedo: Informe de balanço

• Dilma trabalha a imagem forte de uma presidente da República que disputa a reeleição; a de petista é frágil e não lhe interessa, a não ser para manter a gana de poder da militância

Correio Braziliense

A presidente Dilma Rousseff não faz mais nada no exercício do cargo que não mire o seu programa de tevê de candidata do PT. Está sempre com um olho nos interlocutores e outro na lente da câmera de filmagem do repórter de sua campanha. Precisa disso como o ar que respiramos por causa do desgaste de imagem do PT, responsável por alguns desastres eleitorais em estados importantes, como São Paulo e Rio de Janeiro, sem falar nas agruras do Distrito Federal e do Rio Grande do Sul.

Na prática, Dilma trabalha a imagem forte de uma presidente da República que disputa a reeleição; a de petista é frágil e não lhe interessa, a não ser para manter a gana de poder da militância em eventos partidários. A estratégia de marketing é tão ostensiva que o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), José Antônio Dias Toffoli, um ex-militante petista de carteirinha, chegou a chamar a atenção de Dilma de que o uso do Palácio da Alvorada, a residência oficial, como locação para peças de campanhas e entrevistas de candidata, era uma prática indevida.

De nada adiantou, pois Dilma já disse que o Alvorada é a única casa que tem para morar e não pode separar uma coisa da outra. Não é bem verdade, pois o comitê eleitoral tem um escritório para a petista que nunca foi usado, mas isso é outra história. Ontem, Dilma exagerou. Foi à solene abertura da Assembleia Geral da ONU para fazer proselitismo eleitoral, com um discurso de balanço de seu governo que lembrou Leonid Brejnev, ex-secretário-geral do Partido Comunista da extinta União Soviética nos congressos partidários.

A diferença é que os informes de balanço do líder comunista ocorriam nas dependências do Kremlin, não na Assembleia-Geral da ONU, palco de discursos memoráveis de outros líderes, mesmo de alguns ex-guerrilheiros, como o discurso em francês de Che Guevara, em 1964, em defesa da Revolução Cubana, após a fracassada invasão da Baía dos Portos; ou a histórica intervenção de Yasser Arafat, em 1974, quando a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) foi reconhecida como legítima representante de seu povo e anunciou o abandono das ações terroristas em Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém.

Mas o discurso de Dilma na ONU foi, sobretudo, chinfrim, nem de longe lembrou, por exemplo, a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Assembleia Geral da ONU de 2009, quando o líder petista falou da crise econômica mundial, das mudanças climáticas e da ausência de uma governança mundial estável e democrática. Foi uma mera prestação de contas do governo Dilma, completamente fora de contexto e distorcida por dados maquiados.

Em vez de usar a tribuna para falar dos problemas do mundo, Dilma fez propaganda do período petista no poder. “Abro este debate geral às vésperas de eleições, que vão escolher, no Brasil, o presidente da República, os governos estaduais e grande parte de nosso Poder Legislativo. Essas eleições são a celebração de uma democracia que conquistamos há quase 30 anos, depois de duas décadas de governos ditatoriais. Com ela, muito avançamos também na estabilização econômica do país.”

A partir daí, fez uma autolouvação sem fim. Mais uma vez, a presidente da República mascarou os números de sua administração agregando-os aos indicadores dos oito anos do governo Lula. Esse é o eixo de seu discurso para atacar a gestão de Fernando Henrique Cardoso e, assim, manter a polarização PT versus PSDB.

Com exceção dos ataques dos EUA ao Estado Islâmico, na Síria, que condenou, os problemas da política internacional e da integração do Brasil à economia mundial, que não são pequenos, foram simplesmente ignorados. Isso é o que interessaria aos representantes das nações, quando nada aos aliados do Brasil na América Latina e na África, todos surpreendidos pelo discurso provinciano de Dilma. Para o Itamaraty, foi mais um vexame diplomático. Na véspera, a participação de Dilma na Cúpula do Clima teve o mesmo objetivo.

Pauliceia desvairada
É desesperada a situação do PT em São Paulo, onde a candidatura do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha não decola de jeito nenhum. O governador Geraldo Alckmin (PSDB), segundo o Ibope, hoje venceria a disputa pela reeleição no primeiro turno, com 49%, seguido por Skaf, do PMDB, com 17%, e Padilha, com 8%.

A bancada de deputados federais do partido, que sempre trabalhou com resultados na faixa dos 30%, vive uma espécie de salve-se quem puder. Os principais líderes estão em risco eleitoral. Nem mesmo o senador Eduardo Suplicy, ícone do chamado “PT do bem”, escapa da debacle.

A situação de Padilha é atribuída à artificialidade da candidatura do ex-ministro, um capricho do ex-presidente Lula; à má administração do prefeito de São Paulo, o petista Fernando Haddad; e aos desgastes da legenda provocados pelo julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal.