“Isto, por um lado, quem entre na vida pública tem que procurar nos Estados Unidos as boas graças de indivíduos muito diferentes dos que na Inglaterra abrem aos principiantes as portas de política; além disso, tem que aprender por um catecismo muito mais relaxado. A intervenção do grande pensador, do grande escritor, do homem competente, faz-se sentir na Inglaterra mais que nos Estados Unidos, onde as massas obedecem a influência que não têm nada de intelectual e não têm apreço por nenhuma espécie de elaboração mental. Tudo o que é superior tem, como efeito, o cunho da individualidade envolve, portanto, desdém pela sabedoria das massas. O gênio político, qualquer que seja, está para elas eivada de rebeldia. Singularmente, o cidadão vale menos nos Estados Unidos .do que na Inglaterra. Para ser uma unidade na política americana, é preciso que o indivíduo se matricule em um partido e, desde esse dia, renuncia à personalidade. Na Inglaterra não há semelhante escravidão do partido. O país é governado, como nos Estados Unidos, por dois partidos que se alternam e se equilibram, mas os partidos ingleses são partidos de opinião, não são machines, como os americanos, das quais certo número de bosses governam e dirigem os movimentos.”
*Joaquim Nabuco (1849-1910) “Minha Formação” p. 140 – Ediouro, 1966.